Paz completa de Espírito só em Deus

Paz completa de Espírito só em Deus

Paz completa de Espírito só em Deus

A imperturbabilidade, a isenção de agitações, a serenidade diante dos naturais problemas de um exílio terreno apenas se encontram junto de Deus através de Jesus. Foi Ele quem afirmou: “Vinde a mim, vós todos que estais afadigados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e assim encontrareis repouso para as vossas almas!” (Mt 11,28-29). Nenhum outro personagem da história ousou fazer tal assertiva. Ele pôde assim se expressar porque era Deus e muito nos amou.

Não colocou restrições a sua promessa, uma vez que nesta sua declaração estão incluídos os sofrimentos da alma, do coração e de todo o corpo, todas as amarguras psicossomáticas. Psicólogos, psiquiatras, outros notáveis especialistas oferecem processos científicos que visam serenar os que se acham atormentados, inseguros, prisioneiros da fobia, e de outros males. Por vezes, suas orientações e medicamentos não produzem efeito, porque muitos pacientes se esquecem de que a paz interior é condição para que as técnicas humanas possam atingir plenamente seu objetivo.

Esta paz necessária só se encontra junto do coração daquele que verdadeiramente tem poder absoluto de oferecer uma total estabilização interior aos que se acham atormentados. Aliás, não apenas para as doenças psíquicas, mas também para as enfermidades corporais esta paz ajuda para a recuperação da saúde e os remédios com mais rapidez fazem seus efeitos. Adite-se que ocorre com muitos que se sentem infelizes o fato deles buscarem a satisfação de seus mais recrescentes anelos nos bens materiais, nos prazeres pecaminosos ou nos louvores dos homens.

No tumulto das paixões surgem as maiores decepções, dado que elas oferecem algo enganador. Santo Agostinhos que arduamente procurou soluções para seus conflitos interiores não as deparou no mundo exterior, conforme ele mesmo afirmou no livro “Confissões”, uma de suas obras mais lidas através dos tempos, Suas inquietações foram dissipadas, quando ele se converteu e se tornou epígono de Jesus. No citado livro, que é considerado um clássico tanto da literatura mundial, quanto da teologia e da filosofia cristãs, assim se dirigiu ao Ser Supremo: “Vós nos haveis feito para vós, ó meu Deus, e nosso coração está sempre agitado, até que repouse em Vós” (Conf 1,1). É que o Criador é a fonte da quietude absoluta.

Para que se atinja a paz integral é preciso, portanto, como fizeram tantos outros santos, a entrega total, irrestrita e confiante a Ele. Isto de tal forma que nada mais possa abalar os alicerces do ânimo que então se torna impassível diante das tormentas que assaltam o ser humano tão vulnerável às mesmas. Nem todos os cristãos usufruem de uma quietação plena, constante que os torna inalteráveis, porque deixam eles de estar totalmente sintonizados com o Pai e o Espírito Santo através de Cristo, o verdadeiro médico que sana todas as mazelas. Aí está o motivo pelo qual os santos usufruíram admirável serenidade em todos os momentos e situações adversas, enfrentando as mais árduas tarefas e humilhações com uma quietude singular.

“Eu tudo posso naquele que é a minha fortaleza”

Repetiram sempre com São Paulo: “Eu tudo posso naquele que é a minha fortaleza”. (Fl 4,13), De fato, quem se apoia em Deus jamais sucumbirá por maiores que sejam as aflições. O cristão que possui a graça santificante e tem consciência de sua participação na vida divina possui a força suficiente para repousar nas mãos do Todo-Poderoso Senhor. Sente-se imerso na luz celestial e não entrevê trevas, mas luminosidade em torno de si.

Com santo temor de perder esta iluminação espiritual tudo faz para não desprezar a amizade de Deus com qualquer pecado grave. Encontra, deste modo, o mais perfeito equilíbrio emocional. Unido a Cristo, caminho para o Pai, recebe o influxo do Espírito Santo que o faz cultivar e colher os seus frutos, entre os quais a paz., a alegria a longanimidade (Gl 5,22-23). Deste modo o repouso em Deus nesta vida se torna o sinal seguro da felicidade eterna junto dele na Jerusalém celeste. Portanto, a paz, ausência de qualquer perturbação, plenitude da felicidade, íntima tranquilidade é consequência da comunhão com Deus no tempo e na eternidade.

Cônego José Geraldo Vidigal

Autor: Cônego José Geraldo Vidigal Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos