Jovens católicos alemães participarão em massa de questionário sindal

Berlim (RV) – “Acolhemos com grande satisfação que o Vaticano tenha lançado este amplo processo de consulta”: assim se expressa o presidente nacional da Federação dos Jovens Católicos Alemães, Wolfgang Ehrenlechner, sobre a publicação on-line da sondagem sobre o Sínodo para os jovens.

Conferência episcopal e Federação juvenil traduzirão sondagem para o alemão

O texto foi até então publicado em inglês, francês, italiano, espanhol e português. Proximamente se terá também a versão em alemão. Wolfgang expressou porém uma crítica sobre esse aspecto: “esperávamos que todos os jovens pudessem participar diretamente na própria língua após a publicação”, disse ele, informando que o próximo passo será a colaboração entre a Conferência episcopal alemã e a federação dos jovens católicos alemães para uma tradução a ser colocada em rede, que estará prontamente inserida no site oficial do Sínodo.

Jovens alemães deverão participar em massa

Para Wolfgang, a participação dos jovens alemães será maciça: “É importante que o maior número possível de jovens na Alemanha participe e partilhe com a Igreja aquilo que espera dela e aquilo que lhes interessa e esperamos que as respostas sejam amplamente inseridas nas discussões sinodais”, disse o presidente dos jovens católicos alemães.

Muitas perguntas são difíceis

Referindo-se ao questionário, Wolfgang evidenciou que “muitas perguntas não são fáceis de responder”. Mas me sinto feliz porque é uma sondagem muito ampla: em 60% do questionário o Vaticano quer saber como os jovens imaginam a vida e seu futuro. Depois as perguntas dizem respeito à fé e àquilo que se espera da Igreja”. (RL – Sir)

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Papa: corrupção, câncer que mata o homem e a sociedade

Cidade do Vaticano (RV) – Foi lançado nesta quinta-feira(15/06), o livro-entrevista do prefeito do dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, Cardeal Peter Turkson, e Vittorio V. Alberti, com o prefácio do Papa Francisco, intitulado “Corrosão”.

“A corrupção, na sua raiz etimológica, define uma dilaceração, uma ruptura, decomposição e desintegração. A corrupção revela uma conduta antissocial tão forte que dissolve as relações e os pilares sobre os quais se fundam uma sociedade: a coexistência entre as pessoas e a vocação a desenvolvê-la”, escreve o Papa.

Coração corrupto

Segundo o Pontífice, “a corrupção quebra tudo isso, substituindo o bem comum com o interesse pessoal que contamina toda perspectiva geral. Nasce de um coração corrupto. É a pior praga social, pois cria problemas graves e crimes que envolvem todas as pessoas”.

“A palavra corrupção recorda o coração fragmentado e manchado por algo, como um corpo arruinado que entra num processo de decomposição e exala mau cheiro”, sublinha Francisco.

A seguir, o Papa faz uma série de perguntas: “O que há na origem da exploração do ser humano contra outro ser humano? O que há na origem da degradação e da falta de desenvolvimento? O que há na origem do tráfico de pessoas, de armas e drogas? O que há na origem da injustiça social e da mortificação do merecimento? O que há na origem da ausência de serviços para as pessoas? O que há na raiz da escravidão, do desemprego, da negligência das cidades, do bem comum e da natureza? O que destrói o direito fundamental do ser humano e a integridade do ambiente? A corrupção é a arma, a linguagem mais comum das máfias e das organizações criminosas do mundo.”

Cultura de morte

Segundo Francisco, “a corrupção é um processo de morte que dá linfa à cultura de morte das máfias e organizações criminosas. Existe uma profunda questão cultural que deve ser enfrentada. Hoje, muitas pessoas não conseguem imaginar o futuro. Para um jovem, hoje, é difícil crer realmente em seu futuro, em qualquer futuro, e o mesmo para sua família. Essa nossa mudança de época, tempo de crise muito vasto, mostra a crise mais profunda que envolve a nossa cultura. Nesse contexto, a corrupção deve ser enquadrada e entendida em seus vários aspectos. Todos estamos expostos à tentação da corrupção”.

“A corrupção tem na origem o cansaço da transcendência, como a indiferença. Por isso, o corrupto não pede perdão. A Igreja deve ouvir, elevar-se e inclinar-se sobre a dor e sofrimento das pessoas segundo a misericórdia e deve fazer isso sem ter medo de purificar-se, buscando sempre o caminho para se melhorar”, ressalta o Papa, citando o teólogo francês Henri de Lubac: “O maior perigo para a Igreja é a mundanidade espiritual, portanto, a corrupção, que é mais desastrosa que a lepra infame.”

“A nossa corrupção é a mundanidade espiritual, a tepidez, a hipocrisia, o triunfalismo, o fazer prevalecer somente o espírito do mundo em nossas vidas e o sentido de indiferença”, destaca Francisco.

Beleza

Segundo o Pontífice, o antídoto contra a corrupção é a “beleza”, que “não é um acessório cosmético, mas algo que coloca no centro a pessoa humana para que ela possa levantar a cabeça contra todas as injustiças. Essa beleza deve casar-se com a justiça”.

“Nós, cristãos e não cristãos, somos flocos de neve, mas se nos unirmos, podemos nos tornar uma avalanche: um movimento forte e construtivo”, ressalta Francisco. “Eis o novo humanismo, este renascimento, esta recriação contra a corrupção que podemos realizar com audácia profética.”

“Devemos trabalhar todos juntos, cristãos e não cristãos, pessoas de todos os credos e ateus para combater esta forma de blasfêmia, este câncer que mata as nossas vidas. É preciso tomar consciência urgentemente. Para isso, são necessárias educação e cultura da misericórdia. É necessária também a colaboração de todos, segundo as próprias possibilidades, talentos e criatividade”, conclui o Papa.

(MJ)

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Primaz luterana com o Papa: renovamos compromisso com a unidade

Cidade do Vaticano (RV) – Entre as presenças na Audiência Geral de quarta-feira (14/06), uma delegação ecumênica sueca guiada pelo novo Cardeal Anders Arborelius e pela Arcebispa luterana de Uppsala Antje Jackelen.

Gratidão

“Viemos da Suécia para expressar nossa gratidão após o histórico encontro em Lund, e do qual nasceu uma certa sinergia entre luteranos e católicos”, afirmou Antje Jackelen após o encontro.

“Foi um belo momento. A alegria em nos reencontrarmos foi recíproca” afirmou ela, ao comentar o reencontro com o Santo Padre na Praça São Pedro, momento em que lhe foi presenteado um ícone de São Francisco de Assis pintado por um artista sueco.

Frutos ecumênicos do encontro em Lund

O encontro de 2016 na Suécia foi realmente histórico e suscitou iniciativas no campo ecumênico.

“Em Lund já se tornou um encontro fixo, realizado mensalmente, a celebração das Vésperas ecumênicas em uma paróquia católica ou na catedral luterana”, contou Antje Jackelen na entrevista concedida ao Vatican Insider, explicando que “existem encontros frequentes entre grupos de jovens luteranos e católicos que querem aprofundar o conhecimento recíproco e comprometerem-se juntos em algumas áreas.”

A Arcebispa de Uppsala falou ainda da existência de um Conselho Cristão das Igrejas, “que está trabalhando em favor daquela unidade de que falava o Papa”.

A este respeito, Jackelen recordou as palavras do Papa Francisco, de que “a unidade se faz caminhando. A unidade se torna visível um passo após outro, seguindo em frente juntos”.

Maior motivação dos jovens

“Os jovens – sublinhou – acreditam muito nisto, têm este desejo forte de celebrar juntos a Eucaristia. Vejo que da parte deles existe um impulso maior” se comparado aos adultos, mesmo porque os jovens expressam este desejo de outra forma, e no final das contas, “o futuro são eles”.

Primeiro Cardeal dos países nórdicos

E referindo-se a Dom Arborelius, a Arcebispa luterana também expressou sua alegria, assim como de todo o país, pelo novo Cardeal. “Era chegada a hora de que também os católicos dos países nórdicos tivessem uma representação aqui em Roma, que representa a universalidade da Igreja. É um sinal importante”.

Rezar um pelo outro

Antje Jackelen revela que ao final do encontro com o Papa Francisco, ele pediu a ela para que “rezemos um pelo outro”, tendo sido também renovado o compromisso assumido em Lund. “Depois o Papa sorriu e me saudou com o polegar para cima”.

(JE com Vatican Insider)

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Artigo: Católicos rezam pelo Brasil

Rio de Janeiro (RV) – Vivenciando a 91ª Semana Eucarística em nossa arquidiocese com o tema “Somos família de Deus”, que nos preparou para o dia solene de Corpus Christi, tivemos os vários grupos, comunidades, movimentos, associações, clero, padres e diáconos, seminaristas e tantas outras representações com seu tempo de adoração eucarística para os pedidos de paz para nossa nação.

A CNBB recordou nestes dias o pedido de nossa Assembleia Geral em fazer do Dia de Corpus Christi uma “Jornada de Oração pelo Brasil”, que tem nos inícios o seguinte pedido:

Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil!

“Estamos indignados diante de tanta corrupção e violência que espalham morte e insegurança. Pedimos perdão e conversão. Cremos no vosso amor misericordioso que nos ajuda a vencer as causas dos graves problemas do País: injustiça e desigualdade, ambição de poder e ganância, exploração e desprezo pela vida humana”.

Durante a Semana Eucarística tivemos vários momentos de adoração, com vários grupos, associações, comunidades que se sucedem neste Santuário Arquidiocesano, adorando a Jesus na Eucaristia, refletindo particularmente que somos, como batizados, família de Deus. O nosso compromisso enquanto família de Deus é inserir todos os batizados no anúncio, no testemunho e na vivência do Evangelho e deste compromisso evangelizador. No dia da adoração das crianças da catequese, pastoral vocacional e alguns ministérios, entre os quais o da consolação e da esperança, pudemos refletir um pouco sobre a necessidade de sermos sinais de esperança em tempos melhores neste momento nacional.

A Palavra de Deus do dia da semana nos norteou, na reflexão neste momento importante da história que vivemos, para poder sair às ruas e anunciar que conosco está Jesus vivo, com a Santa Eucaristia no Dia de Corpus Christi. O livro de Tobias (Tb 12,1.5-15.20) nos lembra a situação de uma família no exílio, longe de sua terra, que conserva os valores, as tradições, as festas do seu povo. A leitura fala da intervenção do anjo, que falará de tudo que Tobit viveu: quando deixou a mesa para sepultar os mortos, a maldição de Sara e seus maridos, e a bênção no casamento de Sara com Tobias.

Nós estamos num mundo contrário aos valores cristãos e que nos critica e ataca e, em alguns lugares, mata os cristãos. De certa forma, hoje estamos num exílio existencial, ou seja, vivemos em um país de maioria cristã onde somos condenados ao silêncio obsequioso de opiniões porque temos uma fé, além das tantas contestações e legislações e decisões judiciárias contra os valores cristãos. Descobrimos que apesar de viver em terras que no início se celebrou uma primeira missa ao chegarem os portugueses no Brasil, hoje, infelizmente, se vive uma ideologia em que se confunde o estado laico com o laicismo e que querem impedir as pessoas de viverem com coerência a sua fé. Mais maléfico ainda é o conceito de que quem tem fé é um cidadão “alienado e de segunda categoria”. Na realidade querem sepultar as raízes cristãs de nosso país e, consequentemente sepultar a ética da vida cotidiana. Este é um plano ideológico e filosófico que já entrou na mentalidade em geral pelos meios de comunicação, pela educação e que se faz cultura hoje. Isso tem sido divulgado muito pelas mídias sociais. A Igreja deve pensar seu papel e sua missão para manifestar a verdade que anunciamos com o Cristo Ressuscitado, pois sabemos que nEle está a via e salvação.

Tobias (ou Tobit) e Sara estavam em lugares adversos, não confortáveis, mas não impediram, mesmo sob ameaça, de continuar a viver sua fé. Ele arriscou a sua própria vida para fazer o bem. A palavra é categórica: “Pois bem, quando tu e Sara fazíeis oração, eu apresentava o memorial da vossa prece diante da glória do Senhor. E fazia o mesmo quando tu, Tobit, enterravas os mortos. Quando não hesitaste em levantar-te da mesa, deixando a refeição e saindo para sepultar um morto, fui enviado a ti para te pôr à prova. Mas Deus enviou-me, também, para te curar a ti e a Sara, tua nora. Eu sou Rafael, um dos sete anjos que permanecem diante da glória do Senhor e têm acesso à sua presença”. (Cf. Tb 12,12-15)

Diante das pressões contrárias de um Estado que quer manipular as crianças e adolescentes nas escolas, os pais são chamados para orientarem seus filhos na evangelização e educação da nossa fé. Isso não podemos renunciar, apesar de uma minoria barulhenta que quer constranger a maioria dos batizados.

Não é tão simples e tão fácil hoje anunciar os valores cristãos. Vamos, pois, proclamar o valor da vida, o valor do matrimônio, o valor da vida religiosa, que num passado não muito distante era imbuído no clima do país e era natural em nossas famílias. Com as ideologias ateias e contra a vida cristã vai se tentando apagar na cultura, na educação e na sociedade para que se apaguem os valores cristãos, indo contra a vontade dos pais.

Quando não se leva em consideração a ética, o amor ao outro, o respeito pela pessoa humana se colhe este quadro sombrio em que vivemos na vida pública do país, e da violência e guerras no mundo. Somos chamados a testemunhar a nossa fé em meio das contradições da nossa vida, tendo consciência de que estes valores cristãos são essenciais na vivência da nossa fé.

Vamos viver na simplicidade, na abertura, e tomar cuidado com os doutores da lei, conforme alerta o Evangelho: Jesus dizia, no seu ensinamento, à multidão: “Tomai cuidado com os doutores da Lei! Eles gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas; gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. Eles devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso, eles receberão a pior condenação”. (Cf Mc 12,38-40)

Lembremos do óbolo da viúva: as moedinhas simples da viúva agradaram a Deus muito mais, porque ela deu tudo o que tinha.

Sejamos como a viúva que doa, com generosidade, tudo o que tem. Nossa vida deve ser uma vida de simplicidade, de doação, doar o seu tempo, que servem, que se colocam a serviço. A viúva pobre faz tudo. No Evangelho “Jesus estava sentado no Templo, diante do cofre das esmolas, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre. Muitos ricos depositavam grandes quantias. Então chegou uma pobre viúva que deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada. Jesus chamou os discípulos e disse: “Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas”. “Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”. (Cf. Mc 12,41-44)

Somos chamados neste mundo, em que vivemos quase que exilados, para que possamos, com o pouco que temos, ser o nosso tudo para continuar servindo, anunciando e proclamando a Palavra de Deus.

Vamos celebrar, com grande entusiasmo, a Solenidade de Corpus Christi (dia de preceito), antecedida com a 91ª. Semana Eucarística, manifestando nossa adesão a Cristo e seus ensinamentos. Hoje, quando em alguns lugares algumas pessoas fazem vandalismos com a Santa Eucaristia, queremos ser uma grande multidão para testemunhar no Rio de Janeiro que Jesus, caminhando conosco, na Eucaristia, está vivo. Ele é a pedra angular, a mais importante da humanidade, que faz o bem e caminha nos caminhos de Jesus, que são os caminhos da verdade, da justiça e da paz!

Como nos pede a CNBB na oração pelo Brasil:

“Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil! Vosso filho Jesus está no meio de nós no Santíssimo Sacramento, trazendo-nos esperança e força para caminhar. A comunhão eucarística seja fonte de comunhão fraterna e de paz em nossas comunidades, nas famílias e nas ruas. Seguindo o exemplo de Maria, queremos permanecer unidos a Jesus Cristo, que convosco vive, na unidade do Espírito Santo. Amém”!

Como grande “família de Deus”, celebremos com alegria a Solenidade de Corpus Christi!

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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O verdadeiro sentido da Liturgia

Cidade do Vaticano (RV) – No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos tratar no programa de hoje sobre “o verdadeiro sentido da liturgia”.

A constituição Sacrosanctum Concilium – promulgada pelo Papa Paulo VI no dia 4 de dezembro de 1963, no final da segunda sessão conciliar – centra-se em torno da Liturgia, que é analisada pelos Padres conciliares sob “uma tríplice dimensão teológica, eclesial e pastoral: a liturgia é obra da redenção em ato, celebração hierárquica e ao mesmo tempo comunitária, expressão de culto universal, que envolve toda a criação”.

Os padres conciliares descrevem ainda a Liturgia como “a primeira e necessária fonte onde os fiéis hão de beber o espírito genuinamente cristão”.

A mesma Constituição, afirma que Jesus instituiu o sacrifício da Santa Missa, a fim de perpetuar nos séculos, até a sua volta, o sacrifício da cruz, como nos explica o Padre Gerson Schmidt, incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre:

“A constituição dogmática Sacrosanctum Concilium – no número 47 – afirma que Jesus instituiu o sacrifício da Santa Missa, a fim de perpetuar nos séculos, até a sua volta, o sacrifício da cruz[1]. Por isso, o “sacrifício dos cristãos não pretende completar o sacrifício da cruz, porém, torná-lo presente, atualizá-lo, desenvolver no hic et nunc (aqui e agora) a sua dimensão interna”[2]. No número 06 desse precioso documento Sacrossanctum Concilium – a constituição dogmática pilar de toda a valorização e renovação litúrgica – está um título significativo: “A obra da salvação continuada pela Igreja realiza-se na liturgia”.

Começa dizendo assim esse número 06 da Sacrosanctum Concilium: “Portanto, como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também ele enviou os apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só porque, pregando o Evangelho a todos os homens anunciassem que o Filho de Deus com a sua morte e ressurreição nos livrou do poder de satanás e da morte e nos transferiu para o reino do Pai, mas também para que levassem a efeito, por meio do sacrifício e dos sacramentos, sobre os quais gira toda a vida litúrgica, a obra de salvação que anunciavam”.

Aqui já vemos que essa obra da salvação é continuada na liturgia da Igreja. A Igreja perpetua a salvação de Cristo na sua ação sacramental e também querigmática. Na liturgia, de maneira especial, se perpetua e se atualiza a redenção de Cristo, a sua Páscoa pela humanidade. E continua o documento da renovação litúrgica nesses termos: “Assim pelo batismo os homens são inseridos no mistério pascal de Cristo: com ele mortos, sepultados, e ressuscitados; recebem o espírito de adoção de filhos, “no qual clamam: Abba, Pai ” (Rm 8,15), e se tornam assim verdadeiros adoradores que o Pai procura. Do mesmo modo, toda vez que come a ceia do Senhor, anunciam a sua morte até que venha. Por esse motivo, no próprio dia de Pentecostes, no qual a Igreja se manifestou ao mundo, “os que receberam a palavra” de Pedro “foram batizados”. E “perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comum fração do pão e na oração… louvando a Deus e sendo bem vistos por todo o povo” (At 2,41-47). Desde então, a Igreja jamais deixou de reunir-se para celebrar o mistério pascal: lendo “tudo quanto nas Escrituras a ele se referia” – palavras de Jesus aos discípulos de Emaús – em Lc 24,27, celebrando a eucaristia na qual “se representa a vitória e o triunfo de sua morte” e, ao mesmo tempo, dando graças “a Deus pelo seu dom inefável” (2Cor 9,15) em Cristo Jesus, “para louvor de sua glória” (Ef 1,12) por virtude do Espírito Santo”(SacrosanctumConcilium, 06).

A liturgia, portanto, é a celebração por excelência do Mistério Pascal de Cristo agora realizado em nossas vidas, em nossa história concreta, na atualidade da vida concreta dos que ali celebram a salvação. Portanto, se pudéssemos resumir numa só palavrinha o que vem a ser a Eucaristia, não seria “sacrifício”, como pretenderia aqueles padres altareiros do século XII. Não será a palavra “adoração e louvor” como poderiam pretender os carismáticos. Não seria “unidade e comunhão” como poderiam sugerir os focolarinos. Não seria “rito de expiação” como poderiam pretender a ordem dos padres penitentes e confessores. Que nenhum desses grupos se sintam aqui atingidos, pois todas essas realidades também fazem parte da liturgia. Mas a palavra que melhor define a Eucaristia é MISTÉRIO PASCAL, como é a definição conciliar, mistério este recordado, renovado e atualizado em cada banquete eucarístico que é celebrado em qualquer canto de nosso planeta”.


[1] SC, 47.

[2] BETZ, J. Em MysteriumSalutis 8. In: Dicionário de Liturgia, Organizado por DominicoSartore e Achille M. Triancca, Paulus, SP, 1992, p. 1078.

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