Igreja do Rio Janeiro clama por paz em evento que marca a abertura da CF-2018

Atendendo ao apelo dos Bispos do Regional Leste 1 – CNBB, as dioceses do Estado do Rio de Janeiro realizarão no próximo dia 17 de fevereiro a Abertura da CF-2018.

 
Marcas da violência

O Rio de Janeiro vem sofrendo com os diversos casos de violência, os números de assassinatos e assaltos são crescentes. A violência atinge até mesmo os agentes de segurança que levam a população a um clima de medo e tensão. A falência do Estado contribui significativamente para o agravamento dessa problemática e em meio a esse caos não se vê luzes em meios às sombras.

CF 2018

Nesse ano a Campanha da Fraternidade traz como temática central a superação da violência, visando construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência. O lema foi extraído do Evangelho de São Mateus, “Vós sois todos irmãos”. Pois o Texto Base da campanha mostra que somente abandonando uma visão egoísta e assumindo o cuidado pelo outro é que somos capazes de superação a violência.

Abertura da CF

No Regional Leste 1 as dioceses uniram-se para juntas realizarem o evento de abertura da Campanha da Fraternidade. Será no sábado, 17 de fevereiro de 2018, a partir dás 8h na Catedral Metropolitana de São Sebastião que fica na Avenida Chile, centro do Rio de Janeiro.

Programação do evento:

-08h: Chegada e concentração

– 08h30: Entrada das Dioceses

– 09h: Celebração Eucarística presidida pelo Cardeal Orani João Tempeste e concelebrada por todos os bispos do Estado do Rio de Janeiro (com transmissão da Rede Vida)

– 10h15: Coletiva de Imprensa. Do lado de fora, na Praça, acontecerão atividades culturais com o Coral População de Rua, Grupo Luar de Dança, Casa do Menor São Miguel Arcanjo e o Grupo da Pastoral Afro de Volta Redonda.

– 11h: Leitura da Carta do Regional Leste 1

-12h: Encerramento

Encontros catequéticos para as crianças sobre a CF 2018

  1. Programa Pastoral da Criança Rádio

Prepare encontros catequéticos sobre a Campanha da Fraternidade

Durante a Campanha da Fraternidade, as crianças ocupam lugar-chave e estratégico na divulgação, propagação e reflexão do tema “Fraternidade e superação da violência”. Geralmente, as crianças levam para casa os argumentos estudados nos encontros catequéticos e, assim, ajudam os adultos a refletir sobre o assunto.

Mas como trabalhar o tema da CF 2018 nos encontros catequéticos?
Confira algumas sugestões abaixo:

Comece com uma história

Crianças – e adultos também – gostam muito de histórias. Nada melhor do que criar uma narrativa envolvendo algum personagem dentro do contexto do tema da Campanha da Fraternidade. Aproveite o lema da campanha “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8) e conte uma história sobre um personagem que sofre discriminação – que é uma forma de violência muito comum. Destaque os sofrimentos do protagonista por ser rejeitado e a maneira como ele enfrentou essa dificuldade. A moral da história deve ressaltar às crianças que não podemos discriminar ninguém, pois todos somos irmãos.

Jogos educativos

São inúmeras as formas de violência às quais estamos expostos diariamente: fome, violência física, verbal, racial etc. Que tal fazer com as crianças o “jogo do antônimo”. Funciona assim: escreva em pequenos papéis palavras sobre violência. Uma palavra para cada papelzinho. Coloque tudo em um pacote. Cada criança vai sortear uma palavra e o restante da turma terá que dizer uma palavra antônima para anular aquela forma de violência. Por exemplo: se a palavra sorteada foi “xingamentos”. Pode-se responder com “elogios”, “diálogo”. Anote no quadro a palavra sorteada e todos os antônimos encontrados para aquela atitude de violência. No fim, converse com os catequizandos sobre a diferença que podemos fazer no cotidiano quando, ao invés de uma atitude de violência, promovemos a cultura da paz.

Reflexão

No próximo encontro, apresente para as crianças dois cenários. A casa da “família tranquila”, onde todos vivem em paz apesar de suas diferenças. E a casa da “família tormenta”, onde moradores não se respeitam e não têm paciência uns com os outros. Crie situações de paz para a família que vive na paz e de conflito para a família tormenta. Em seguida, pergunte às crianças com qual dessas famílias elas se identificam, ou sob o exemplo de qual dessas famílias elas querem viver. Por fim, conversem sobre que atitudes devemos ter para ter um lar de paz e sossego, apesar das dificuldades.

Monte uma peça teatral

Agora é hora de os pequenos entrarem na história. Crie um roteiro para a apresentação de uma peça teatral. Envolva os elementos da CF 2018, destacando a diferença entre atitudes de paz e atitudes de violência. Monte, por exemplo, uma história com dois fins. Um dos finais com desfecho negativo. E outro final, para a mesma história, com desfecho positivo. A ideia é fazer com que todos reflitam sobre as atitudes do dia a dia, sobre como o nosso comportamento e atitude pode determinar o desenrolar dos fatos.

Feito o roteiro, ensaie com as crianças e convide os pais ou responsáveis para assistir à apresentação. Provavelmente levarão uma mensagem de paz para casa.

Faça a diferença

Prepare encontros catequéticos dinâmicos e aproveite a Campanha da Fraternidade para gerar novas ideias de como trabalhar com as crianças. Lembre-se de que elas são importantes para mudar o futuro da nossa sociedade. A cultura da paz promove a paz.


CNBB

Adaptação, ilustração e revisão
Portal Kairós

A CNBB “volta” no tema da violência já tratado em 1983

  1. Arquidiocese da Paraíba Rádio

Este ano a Campanha da Fraternidade realizada anualmente pela Igreja Católica, aprofundará a reflexão e discussão de um tema importante e um dos mais sérios desafios que o Brasil e a população em geral enfrentam neste momento.

O tema da Campanha será: Fraternidade e superação da violência e o lema: Vós sois todos irmãos, realidade esta que deverá ser analisada a partir da Doutrina social da Igreja.

Em 1983, a CNBB também inseriu este mesmo desafio em sua Campanha da Fraternidade, com o tema “Fraternidade e violência” e o lema: fraternidade sim, violência não. E desde então, a questão da violência esteve presente de forma direta ou indireta em todas as demais campanhas.

Cartaz de 1983

Para que este desafio, a onda de violência e de insegurança que assola o país de norte a sul, de leste a oeste, nas grandes metrópoles, cidades médias ou pequenas, possa ser enfrentado com seriedade e de forma eficaz, precisamos estimular a participação das pessoas nesta discussão e na apresentação de propostas concretas que sirvam de base para a ação de governo.

Como a campanha da Fraternidade abrange dezenas de milhares de Arquidioceses, Dioceses, prelazias, paroquias, comunidades locais e milhões de pessoas, além de diversas instituições públicas e organizações não governamentais, este é um momento mais do que oportuno para que este tema faça parte da agenda de discussão de nosso país, a começar pelas paróquias e comunidades de base, onde de fato o povo vive, sofre e esperneia ante o caos dos serviços públicos, como saúde, segurança pública, saneamento básico e educação, dentre  outros.

Além disso, como este será um ano de eleições gerais, para Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados federais e estaduais, todos ávidos por apresentarem seus “planos” e propostas para solucionarem os grandes desafios nacionais, este também é um momento apropriado para que os partidos políticos e os candidatos dediquem uma atenção maior para que a questão da violência seja um ponto central das propostas e sugestões para políticas públicas nesta área.

Só vamos superar a questão da violência quando for feito um correto diagnóstico da situação e elaborados planos nacionais, estaduais, municipais e locais de segurança pública, tendo a integração entre os diversos níveis de poder e de governo e o compartilhamento das responsabilidades e recursos necessários para que o Brasil possa enfrentar de verdade o problema da violência em todas as suas dimensões e variantes.

Portanto, a Campanha da Fraternidade de 2018, será um bom momento e uma ótima iniciativa para que população discuta, reflita de forma crítica e criadora e ajude a encontrar as saídas para este desafio.

Não podemos deixar apenas nas “mãos” dos governantes e políticos a solução desses grandes desafios nacionais, principalmente se considerarmos o descrédito, a demagogia, a corrupção e fisiologismo que tem marcado o cenário político e administrativo de nosso pais, além do preceito constitucional de que o poder emana do povo, ou seja, o povo, os eleitores e contribuintes são a única fonte do poder!

JUACY DA SILVA
Professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação.
Adaptação, ilustração e revisão
Portal Kairós

A superação da violência passa pelo desenvolvimento humano

Os caminhos para a superação da violência no Brasil estarão em discussão neste ano por meio da Campanha da Fraternidade. A iniciativa pretende motivar os católicos a recuperar o significado central da fé cristã: o amor.

“O esquecimento do mandamento do amor e da ética gestam e despertam a violência. Os descaminhos, no entanto, podem ser superados com a volta às origens, com a reconciliação e a misericórdia. Somos chamados à superação da violência, pois somos filhos e filhas de Deus”, indica o secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner na apresentação do tema no texto-base.

O convite que também é aberto a toda sociedade traz um alerta para o país que está em quinto lugar no ranking da violência contra meninos e meninas entre 10 e 19 anos, segundo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e que detém a primeira posição em número de mortes violentas no mundo, de acordo com estudo da Small Arms Survey.

Diante destas estatísticas e de tantas outras, como prevenir a violência? E como pensar no combate à violência sem falar de desenvolvimento humano.

Nessa tarefa, as ONGs, projetos sociais, instituições e associações filantrópicas são grandes aliados na promoção de um caminho seguro para inúmeras crianças e jovens, que por causa da desigualdade, não encontrariam por si próprios oportunidades para uma vida digna e longe do círculo da violência.

No sul catarinense, o Bairro da Juventude é um desses aliados que oferece por meio de seus diversos programas o que a criança e o jovem mais precisam nessa idade: educação, cultura, esporte e profissionalização, e ainda uma grande dose de amor e solidariedade.

“Nós atendemos crianças de três meses até 18 anos. Parece muito difícil à primeira vista, mas é mais fácil do que depois buscar na rua”, afirma a diretora executiva do Bairro da Juventude Sílvia Regina Luciano Zanette.

O Bairro da Juventude acolhe aproximadamente 1,5 mil crianças e jovens, e acredita que é por meio da transmissão de valores e da partilha de conhecimento, que surgem as condições necessárias para que se estabeleça a responsabilidade, a educação e a igualdade.

“O nosso caminho é envolver, fortificar valores e fazer um trabalho em que a instituição seja bonita e agradável, para que essa criança tenha vontade de vir pra cá, e que ela não venha porque não tem outra alternativa, mas porque aqui ela se entende como pessoa, como cidadã”, frisa a diretora.

A instituição ganhou em dezembro passado o título de campeã nacional na categoria Grande Porte na 12ª edição do Prêmio Itaú-Unicef. A premiação confirma a relevância do trabalho que conta com o apoio dos Padres Rogacionistas.

“Se nós ganhamos esse prêmio significa que estamos trilhando um caminho que oferece a essas crianças e famílias que atendemos a chance de ter uma vida melhor”, celebra a diretora.

A superação da violência pede comprometimento e ações que envolvam tanto a sociedade civil, como os membros da Igreja e os poderes constituídos, para que os direitos humanos e a promoção da cultura da paz sejam assegurados por políticas públicas emancipatórias.

A12

As várias formas de violência na sociedade

Dando continuidade às reflexões sobre o tema da Campanha da Fraternidade deste ano que é a superação da violência, é importante e fundamental que se possa perceber a violência como um fato social complexo, cujas origens, manifestações, formas, causas e consequências diferem histórica, cultural, temporal, econômica, política e socialmente.

Diante de uma realidade tão complexa, não se pode ter a ingenuidade de que existe uma fórmula mágica para resolver o problema em todas as suas dimensões. É importante que se faça uma análise a partir de cada dimensão e que as ações também sejam realizados de forma coerente, integradas e jamais compartimentadas, isoladas ou de forma descontínua.

Podemos também identificar os espaços ou territórios, para usar uma linguagem atual e muito em voga, onde a violência se manifesta e como esses espaços estão inter-relacionados ou superpostos tornando o problema mais complexo ainda, principalmente pelos atores ou agentes envolvidos. Muitas vezes a vítima de uma forma de violência também é agente que pratica outros atos de violência contra outras pessoas e, desta maneira, se forma uma teia que facilita a reprodução da violência de forma generalizada, o que caracteriza a chamada “cultura da violência”, onde todos estamos inseridos, sem exceção.

O primeiro espaço onde a violência está presente e , muitas vezes de forma oculta e dissimulada , é a família. Estudos indicam que os índices de violência doméstica é muito maior do que as denúncias feitas perante organismos públicos, principalmente junto aos organismos de saúde, policiais e de defesa dos direitos humanos.

Aqui cabe um destaque, tem muita gente que confunde o conceito de direitos humanos com a defesa pura e simples de bandidos, quando na verdade direitos humanos são os direitos fundamentais de todas as pessoas, incluindo a vida, a liberdade de ir e vir, liberdade de expressão, liberdade de opção sexual, liberdade de crença, liberdade para ter uma vida digna, liberdade de a pessoa não sofrer discriminação, ser maltratada, liberdade para buscar ser feliz, sem que isto prejudique o próximo. A superação da violência pressupõe a garantia e a defesa integral dos direitos humanos.

Pois bem, a violência doméstica se manifesta na forma como os pais tratam, cuidam e criam seus filhos e filhas. É comum, não apenas no Brasil como também em diversas países, que pais espanquem filhos/as, sejam extremamente autoritários, violentos em suas relações. Existe muita violência tanto dos pais quanto das mães em relação aos filhos, inclusive uma forma dissimulada de violência que é o abandono, a negligência ou até mesmo atos de violência física e psicológica, incluindo assassinatos.

Tais práticas irão moldar o caráter e a personalidade da criança e adolescente e acompanha-las pelo resto da vida, vários estudos indicam que crianças e adolescentes que sofrem maus tratos, sofrem violência doméstica se tornam adultos também violentos e irão reproduzir os mesmos modelos ou padrões de relações familiares quando adultos; é o que podemos dizer como “reprodução da violência”, culturalmente, geração após geração.

De forma semelhante as notícias e estudos indicam que, no caso brasileiro, por exemplo, existe um alto grau de violência contra a mulher, a chamada violência de gênero, onde boa parte desta violência tem suas raízes históricas e culturais, pelo machismo que está na base da formação cultural de nosso país, onde ao homem, ao marido, companheiro, amante, namorado é dado o direito de posse em relação `a mulher, inclusive seu corpo. Por muitas décadas ou séculos a sociedade brasileira e ainda isto está presente nos dias de hoje, tolera inúmeros crimes contra a mulher em nome da “defesa da honra”, tanto em relação `a esposa quanto `as filhas.

Essas são as raízes do feminicídio, dos estupros, das agressões, dos assassinatos com requinte de crueldade contra mulheres e meninas indefesas, tanto na dimensão da violência doméstica quanto na violência contra as mulheres em espaços públicos, que é o círculo ampliado do universo da violência.

No contexto da violência doméstica existe também a violência sexual, que não pode e nem deve ser negligenciada, principalmente de pais, padrastos, parentes próximos contra crianças e adolescentes, principalmente contra meninas, as vezes com tenra idade. Há casos de violência sexual até mesmo contra bebes e crianças com menos de quatro ou cinco anos, uma verdadeira aberração em se tratando de violência contra seres humanos indefesos.

Outra forma de violência doméstica muito frequente são as agressões, por vezes até fatais, de irmãos e irmãs entre si ou de filhos e filhas contra pais e mães, inclusive quando esses são idosos e acabam sendo vitimas indefesas de seus próprios familiares, em um ambiente que deveria primar pelo amor, carinho e compreensão mútua entre seus membros.

Portanto, se desejarmos superar a violência precisamos repensar as nossas relações familiares e substituir a brutalidade, o autoritarismo, a perversidade, os maus tratos, as agressões físicas, verbais ou psicológicas pelo diálogo, pela solidariedade, pela compreensão mútua, pelo amor, pelo perdão e pela reconciliação, ensinamentos sagrados constantes, principalmente, do Novo Testamento da Bíblia Sagrada, fonte única da fé cristã.

Não existe sociedade que busque a paz se no seio das famílias existe uma verdadeira guerra que é a violência doméstica, que se manifesta nas formas de violência de gênero, violência contra a mulher e as meninas, violência contra crianças, adolescentes, violência sexual e contra familiares idosos.

Juacy da Silva
Professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, revistas, sites, blogs e outros veículos de comunicação.