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Reflexão e sugestão para a missa do 6º Domingo do Tempo Comum 2020

6º Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A

Eclo 15,16-21; SI 118; ICor 2,6-10; Mt 5,17-37

A liberdade que compromete verdadeiramente a vida

O valor da liberdade autêntica, e por isso responsável, é apresentado na primeira leitura de hoje. Deus é o Senhor da história, mas antes é Pai amoroso de todos nós. Para estabelecer conosco uma relação de amor, coloca seus mandamentos não como imposições a serem cumpridas cegamente, mas como valores a serem assumidos na liberdade. Vida e morte e os demais binómios presentes na leitura querem explicitar a opção que precisamos fazer entre o bem e o mal. Trata-se de uma opção fundamental que nos coloca inteiramente dispostos para entrar na dinâmica do Deus, que é sumo bem. Cada opção tem suas consequências, que não podem ser desconsideradas pela pessoa que a escolhe.

As palavras de Jesus reforçam a importância da maturidade da pessoa de fé em relação aos andamentos. Ao vir completar a Lei, Jesus convida cada pessoa a assumir a Lei na vida, a dialogar com ela e retirar seu sentido mais profundo. Os mandamentos não são imposições, mas explicitam o valor primordial da dignidade humana. Não se trata de observações rituais, mas sim de colocar a pessoa humana como referência primeira de todos os valores.

Por isso, não matar não é suficiente, pois também é preciso respeitar o outro e promovê-lo; não é suficiente que não se cometa adultério, é preciso que se respeite a fidelidade do amor e as relações que dele deriva; não basta não jurar, escondendo-se debaixo da autoridade de Deus, é preciso ser sincero consigo mesmo dizendo sim, sim-não, não.

Maduros na fé, anunciadores dos valores da vida

A falsa segurança, buscada nas normas estabelecidas, limita a compreensão da realidade de fé. A dinamicidade da vida exige obviamente as normas. Porém, é fundamental que se coloque ao centro o valor que ela comporta. Caso contrário, a vida é massacrada e excluí-da sob o pretexto da fidelidade. São Paulo faz referência à sabedoria do Pai, a qual se revela por meio da ação dinâmica do Espírito Santo de modo pleno em Jesus. Cheios desse mesmo Espírito, cada cristão precisa anunciar valores sem apegar-se excessivamente aos invólucros das normas. A sociedade relativista, na qual vivemos, carece desse testemunho cristão profundo, para quebrar o conservadorismo e o laxismo, que prejudicam a conduta daqueles que procuram uma orientação fecunda para sua vida. A sabedoria divina proporciona o são equilíbrio, colocando a dignidade humana em relação estreita com a palavra de Deus. Assim se colocam os mandamentos a serviço dos filhos e das filhas de Deus, e não o contrário.

SUGESTÕES LITÚRGICAS

Ornamentação: diante do ambão da Palavra, representar as Tábuas da Lei de um lado e o Mandamento Novo de outro lado, não em sentido de oposição, mas de complementação. Podem ser introduzidos na procissão de entrada.
Ato penitenciai: centrar o ato penitenciai na força salvadora da Lei de Deus, levando libertação e não aprisionamentos, a força da vida e não a morte.
Entrada da Palavra: representar os dois caminhos, o da vida e da morte, como sugere a primeira leitura, mostrando que Deus está ao centro, convidando cada filho à vida plena em seu Filho Jesus.
Preces dos fiéis: as preces dos fiéis podem fazer referência à importância de a comunidade crescer na dedicação livre e fiel às coisas de Deus no cotidiano da história.

SUGESTÕES DE REPERTÓRIO

Abertura: Sê a rocha
Aclamação: Aleluia! Pois o verbo
Oferendas: A vós, Senhor
Comunhão: Felizes os pobres

 

Padre Anísio Tavares, C.Ss.R. / Portal Kairós

16 de fevereiro: Missa do 6º Domingo do Tempo Comum 2020

Missa do 6º Domingo do Tempo Comum 2020

Jesus se alegra quando vê que nos esforçamos para viver, todos os dias, o que ele nos ensinou.

O JEITO DE JESUS INTERPRETAR A LEI

O texto do evangelho de hoje é a continuação do Sermão da Montanha. A Lei foi dada a Israel para ensinar-lhe o caminho da justiça. Jesus nunca pretendeu aboli-la, como muitos pensavam. Ele, novo legislador, não deseja anular a Escritura (Leis e Profetas), e sim ensinar como reinterpretá-la, propondo o pleno cumprimento dessas normas. Seu intento é nos libertar do legalismo doentio que não nos torna santos diante de Deus nem nos garante o acesso ao Reino. Além disso, destacam-se outros três aspectos importantes.

Compromisso com a vida. O mandamento “não matar” vai além do derramamento de sangue, pois exprime compromisso radical com a vida, recomendando atitude de respeito à dignidade de todos. Toda discriminação é uma forma de violência. Toda palavra ofensiva é uma forma de diminuir o ser humano. O culto que agrada a Deus exige a vivência da reconciliação; sem ela, a oferenda se torna inútil.

Compromisso com a fidelidade. O adultério se inicia antes do ato em si, começa com o olhar. O Mestre propõe cortar o mal pela raiz (arrancar o olho e cortar a mão). Ele condena não apenas o adultério, mas também pensamentos e desejos perversos, que levam a praticar injustiças e maldades. A justiça do Reino exige profundo respeito no trato com as pessoas, principalmente com as mais fragilizadas.

Compromisso com a palavra. Aqui Jesus se dirige principalmente aos homens – os que podiam decretar o divórcio. O cristão esforça-se para superar os conflitos, evitando apontar defeitos no cônjuge para justificar a separação. Quando se tem compromisso com a palavra dada, não há necessidade de juramento. Os juramentos não combinam com relações humanas baseadas na confiança. A palavra do cristão deveria ser sempre digna de crédito, e os problemas contornados mediante o diálogo e o perdão.

Por meio desses exemplos, percebemos o jeito novo de Jesus ver e interpretar as leis, sem querer aboli-las.

 

Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós