O mês da Bíblia de 2025
Tema: A Carta aos Romanos
Lema: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5)
Em sua incansável missão de levar o Evangelho aos povos não judeus, o apóstolo Paulo dedicou-se à fundação e ao acompanhamento de comunidades cristãs em diversas cidades. As cartas que escreveu tornaram-se ferramentas essenciais em sua atuação apostólica. Cada uma delas revela um recorte específico da trajetória de Paulo e da realidade vivida por essas comunidades. Por meio dessas correspondências, ele transmitia orientações, aprofundava ensinamentos e procurava resolver tensões internas. Com o suporte de seus colaboradores, Paulo fazia das cartas uma forma eficaz de manter sua presença viva entre os fiéis, mesmo à distância.
Assim acontece com Romanos, a carta paulina mais longa que conhecemos. Quando Paulo ditou essa carta ao seu secretário Tércio, ele tinha alguns novos planos para a missão, e isso envolvia a comunidade dos seguidores de Jesus que viviam em Roma, a capital do Império.
Mesmo que Paulo não tenha fundado a comunidade dos cristãos em Roma, ele tinha notícias do que lá acontecia. Quando enviou a carta,
Paulo estava para ir a Jerusalém entregar a coleta das nações em favor dos judeus que tinham abraçado a fé em Jesus. Muitos em Jerusalém, porém, criticavam a abertura missionária de Paulo, de modo que ele tinha receio do que lá lhe poderia acontecer (cf. Rm 15,31).
De algum modo, ao inserir Roma na sua rota de missão rumo ao Ocidente e ao dirigir sua carta aos cristãos de Roma esclarecendo seus planos e sua firme posição em relação à força salvadora e libertadora do Evangelho, Paulo quis que sua voz chegasse também aos irmãos de Jerusalém. Paulo enviou a carta aos Romanos por volta do ano 57 d.C. Ele se encontrava provavelmente em Corinto ou arredores. Quem levou a carta foi a diaconisa Febe, da comunidade de Cencreia (cidade vizinha a Corinto). Era ela também, provavelmente, quem lia e explicava a carta à comunidade de Roma, além de providenciar os preparativos de ordem prática para a futura chegada de Paulo à cidade (cf. Rm 16,1-2). De fato, seu plano de expandir a missão até a Espanha, passando por Roma, precisava do apoio de colaboradores. Como ele diz em Rm 15,23, não havia mais tanto campo de ação nas regiões em que até então ele tinha evangelizado. É assim que ele projeta uma
nova etapa em seu apostolado, imaginando Roma como sua nova base para as novas missões no Ocidente.
Cartaz do Mês da Bíblia 2025:
Encontros para o Mês da Bíblia 2025:
Mas o que Paulo pretendia ao enviar a carta aos Romanos? Durante muitos séculos, imaginou-se que nessa carta Paulo não quisesse tratar de situações e problemas concretos da comunidade, como acontece com as outras epístolas. A carta aos Romanos foi entendida, sobretudo,
como um grande tratado de teologia universal, válido para todos os tempos e lugares, e esse entendimento ajudou a estabelecer o distanciamento posterior entre as comunidades cristãs e as comunidades judaicas. Hoje, os estudiosos têm buscado mostrar como essa carta trata de situações concretas, e que com ela Paulo não queria simplesmente ensinar teologia, mas exortar ao amor fraterno, ao respeito mútuo e à edificação da comunidade (Rm 12-15), depois de ter mostrado o agir de Deus em relação à humanidade (Rm 1-11).
Para entender melhor o que acontecia na comunidade dos seguidores de Jesus em Roma, é preciso voltar a 54 d.C., antes da redação da carta em 57 d.C., no final do governo do imperador Cláudio, que expulsou os judeus de Roma. Entre os que deixaram Roma, encontrava-se o casal Priscila e Áquila (ela romana e ele judeu), que haviam abraçado a fé em Jesus Cristo. Quando Paulo chegou a Corinto, o casal já se encontrava lá. Eram, como Paulo, fabricantes de tendas, e o apóstolo se hospedou na casa deles (cf. At 18,1-4). Colaborando com Paulo nos inícios da comunidade de Corinto, o casal certamente foi uma fonte de informações para Paulo sobre a situação da comunidade em Roma. Quando Paulo enviou a carta, Priscila e Áquila já se encontravam novamente em Roma, e uma comunidade se reunia na casa deles (cf. Rm 16,3-5).
Não sabemos ao certo se o decreto de Cláudio foi seguido à risca e se muitos judeus tiveram de sair de Roma. 0 fato é que, com esse decreto, as comunidades dos seguidores de Jesus em Roma, compostas de judeus e pessoas de outros povos (os gentios), passaram a ter, com o tempo, presença e características mais próximas aos gentios do que aos judeus.
CNBB / Portal Kairós
