Ser bondoso e justo é o compromisso de todo aquele que segue os ensinamentos do Evangelho. Nós, que viemos aqui buscar e glorificar o Senhor, somos convidados a aprender que o seu Reino se manifesta quando praticamos o bem com generosidade, gratuidade e amor. Esta liturgia nos ajude a perseverar na prática de tudo o que Jesus viveu e ensinou.
A vinha do Senhor é o Reino de amor, justiça e fraternidade que podemos ajudar a edificar entre nós.
A JUSTIÇA DO REINO
A justiça do Reino se manifesta no agir de Deus, o dono da vinha que cumpre a palavra e atende a todos, convidando a atitudes novas. Trabalhar em sua vinha, o Reino de Deus, não torna uns mais merecedores que outros. Cada um de nós, com a própria história, seguindo a justiça do Reino, entra na dinâmica do amor de Deus, tornando-se também objeto de sua bondade e misericórdia.
Os que foram contratados primeiro esperam receber mais do que o “justo” combinado. Pensam na justiça que retribui segundo o mérito, a qual se baseia na comparação e é sempre acompanhada do ciúme.
Os que foram contratados por último, por sua vez, descobrem que o “justo” combinado vai além do que acreditam merecer. De fato, o dono da vinha, ao agir com bondade, mostra que sua justiça não é punição ou simples retribuição, mas solidariedade com os que vivem situações de preocupação e sofrimento, como o desemprego.
Tem sentido, então, a pergunta do dono da vinha, diante de um ciúme que não admite o amor autêntico de Deus. Reconhecer-se agraciada por Deus e comprometer-se com uma justiça diferente faz a pessoa superar preconceitos e abrir-se às necessidades dos outros. Seria mais fácil, de antemão, tachar de vagabundos aqueles trabalhadores contratados por último. O dono da vinha os questiona, descobre que estão desempregados, e o pagamento “justo” que ele faz se expressa em solidariedade, pelo drama que viviam.
A justiça de Deus, enfim, iguala por alto, eleva à dignidade todos os seus filhos e filhas. E nos convida a uma lógica diferente, não baseada no mérito, mas na solidariedade que questiona, aproxima e inclui. Pois essa é a dinâmica do Reinado de Deus. Portanto, longe de nos indicar que somos merecedores diante de Deus, a justiça do Reino nos leva a superar preconceitos, a superar a lógica da simples retribuição, para enxergarmos nos dramas alheios algo que nos interpela. Afinal, é aí que podemos experimentar de fato o agir daquele que é Bom.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp / Portal Kairós
https://portalkairos.org/wp-content/uploads/2020/09/25-domingo-do-tempo-ano-a.png500750Portal kairóshttps://portalkairos.org/wp-content/uploads/2019/09/portalkairos-site.pngPortal kairós2020-09-17 14:17:002020-09-17 14:25:3320 de setembro – Missa do 25° Domingo do Tempo Comum 2020
Deus nos ama e sempre nos perdoa as faltas que cometemos. Hoje ele nos convida a evitar tudo o que pode causar ódio, rancor, indiferença e desunião. Quando amamos nossos semelhantes, vivemos unidos e perdoamo-nos mutuamente. Esta Eucaristia nos fortaleça em nosso esforço de viver a fraternidade e o perdão.
Quando perdoamos aos nossos semelhantes, aproximamo-nos ainda mais do amor de Deus.
HÁ LIMITES PARA O PERDÃO?
Pedro queria estabelecer um limite ao perdão dado a um irmão: no máximo, sete vezes. O Mestre o corrige: não sete vezes, mas setenta vezes sete. Segundo Mateus, a questão em pauta são as dívidas entre irmãos de comunidade e o modo como são chamados a conviver.
Jesus ilustrou o caso com a parábola do rei e seus empregados, para mostrar a disparidade existente entre o agir de Deus e o agir humano.
O texto do Evangelho trata de um princípio básico da vida cristã: a necessidade de perdão e reconciliação. Dois elementos fundamentais para a convivência fraterna e pacífica numa comunidade.
A dívida do empregado era impagável. O valor em dinheiro dos bens familiares somados seria irrisório em relação ao montante devido. Com sua súplica, ele consegue comover o patrão, que lhe perdoa a enorme dívida. Nossa dívida com Deus pode ser considerada impagável; em contrapartida, o perdão divino é imensamente generoso.
Não obstante essa experiência, o devedor perdoado torna-se um credor impiedoso com seu companheiro, que lhe devia pequeno valor. A súplica do companheiro foi inútil, e o outro mandou prendê-lo até pagar tudo o que lhe devia. Não levou em conta a compaixão de que tinha sido alvo nem conseguiu estender ao próximo o perdão que havia recebido.
A parábola ilumina a relação entre Deus e os seres humanos e a relação destes entre si. Na oração do pai-nosso, encontramos o critério que pode nortear essas relações. A prática do perdão não é, entretanto, tão fácil: exige humildade e despojamento da arrogância. A constante disposição de perdoar não deve ter limites. O objetivo da parábola é justamente desafiar os discípulos de Jesus a ter sempre essa disposição de abertura para o perdão.
O Reino dos céus é como um rei que perdoa as dívidas de quem perdoa a seus irmãos: perdoai-nos como perdoamos, rezamos no pai-nosso. As famílias e as comunidades cristãs são convidadas a estender o perdão e assumir a reconciliação; caso contrário, não estaremos participando da proposta do Reinado de Jesus.
Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós
https://portalkairos.org/wp-content/uploads/2020/09/24-domingo-do-tempo-ano-a.png500750Portal kairóshttps://portalkairos.org/wp-content/uploads/2019/09/portalkairos-site.pngPortal kairós2020-09-10 10:00:322020-09-17 14:26:0613 de setembro – Missa do 24° Domingo do Tempo Comum 2020
Ouvi, Senhor, as preces do vosso servo e do vosso povo eleito: dai a paz àqueles que esperam em vós, para que os vossos profetas sejam verdadeiros (Eclo 36,18).
Nesta liturgia, somos convidados pelo Senhor bondoso e misericordioso a celebrar a vida nova do seu Reino, a qual se manifesta em todos os que buscam viver a reconciliação e o perdão. Jesus nos pede que rancor e raiva não tenham lugar em nosso coração, pois todos pertencemos a ele, que morreu e foi ressuscitado por amor à humanidade.
Primeira Leitura: Eclesiástico 27,33-28,9
Leitura do livro do Eclesiástico – 33O rancor e a raiva são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las. 28,1Quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados. 2Perdoa a injustiça cometida por teu próximo: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados. 3Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura? 4Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados? 5Se ele, que é um mortal, guarda rancor, quem é que vai alcançar perdão para os seus pecados? 6Lembra-te do teu fim e deixa de odiar; 7pensa na destruição e na morte e persevera nos mandamentos. 8Pensa nos mandamentos e não guardes rancor ao teu próximo. 9Pensa na aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia! – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 102(103)
O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.
1. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / e todo o meu ser, seu santo nome! / Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / não te esqueças de nenhum de seus favores! – R.
2. Pois ele te perdoa toda culpa / e cura toda a tua enfermidade; / da sepultura ele salva a tua vida / e te cerca de carinho e compaixão. – R.
3. Não fica sempre repetindo as suas queixas / nem guarda eternamente o seu rancor. / Não nos trata como exigem nossas faltas / nem nos pune em proporção às nossas culpas. – R.
4. Quanto os céus por sobre a terra se elevam, / tanto é grande o seu amor aos que o temem; / quanto dista o nascente do poente, / tanto afasta para longe nossos crimes. – R.
Segunda Leitura: Romanos 14,7-9
Leitura da carta de São Paulo aos Romanos – Irmãos, 7ninguém dentre nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. 8Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Portanto, vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor. 9Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto, para ser o Senhor dos mortos e dos vivos. – Palavra do Senhor.
Evangelho: Mateus 18,21-35
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos dou este novo mandamento, / nova ordem, agora, vos dou; / que, também, vos ameis uns aos outros, / como eu vos amei, diz o Senhor (Jo 13,34). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Porque o Reino dos céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o acerto, levaram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. 25Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!’ 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. 29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei!’ 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: ‘Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’ 34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”. – Palavra da salvação.
Reflexão
Outra proposta a ser vivida na comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus é o perdão. Nossa mesquinhez procura estabelecer limites: “Até sete vezes?” Toda vez que rezamos o Pai-nosso, pedimos o perdão a Deus e nos dispomos a perdoar. Se Deus levasse em conta nossa medida de perdão (“como nós perdoamos”), coitados de nós.
Sempre desejamos o perdão divino, mas nem sempre estamos dispostos a estendê-lo aos outros. É o que mostra a parábola do evangelho. Pode-se pensar que aqui se aborda o perdão entre as pessoas da comunidade, nas situações em que o pobre, de tão endividado, necessitava ter sua dívida cancelada. Não se trata dos grandes roubos praticados nos círculos de poder e na esfera pública, os quais lesam o cidadão. O perdão também não significa permitir tudo o que ocorre na sociedade, principalmente os desvios, que prejudicam o investimento no bem comum. O perdão é fundamental para construirmos uma “cultura da paz” e combatermos a “cultura da violência”.
Oração
Ó Jesus, mestre na prática do perdão, corrige nossa intolerância diante da falta alheia, e afasta definitivamente de nós qualquer desejo de vingança. Teu e nosso Pai celeste nos perdoa sempre, de modo generoso, e exige que façamos a mesma coisa com quem nos fendeu. Amém.
https://portalkairos.org/wp-content/uploads/2020/09/24-domingo-do-tempo-ano-a-biblia-perdao.png500750Portal kairóshttps://portalkairos.org/wp-content/uploads/2019/09/portalkairos-site.pngPortal kairós2020-09-10 10:00:132020-10-15 19:34:57Leituras de Domingo: 24° Domingo do Tempo Comum 2020
A Bíblia chega a nós trazendo a experiência do amor de Deus com a humanidade. Inspirados pelo Espírito Santo, os ensinamentos bíblicos nos oferecem o frescor da graça de Deus para conduzir o hoje de nossa história.
Ligada ao tema da correção fraterna, hoje a liturgia nos convida a meditar sobre o perdão. Dois são os impeditivos para se viver e praticar o perdão: rancor e raiva. O rancor, porque amarga o coração e o fixa no momento em que foi ofendido, já não sendo capaz de ir além e ver o arrependimento do outro. A raiva, porque contamina o agir humano e mostra somente a vingança como via de solução.
Podemos dizer que o ponto central para se compreender o perdão é entendê-lo em sua dinâmica de verdadeiro dom. O Senhor nos perdoa, e esse perdão o recebemos sem merecer. É um verdadeiro e preciso presente que recebemos. Sentimo-nos restaurados e cheios de vida. Ora, por que então não agimos com a mesma lógica quando o outro também precisa de meu perdão?
A parábola contada por Jesus causa indignação em nós também, pois aquele que teve uma imensa dívida perdoada não foi capaz de perdoar a seu devedor que devia algumas moedas. Mas, quando percebemos que também nós agimos assim em tantas situações, então reconhecemos que precisamos de conversão, e que ainda não estamos convencidos de que o perdão deve ser de coração e não fruto de interesses e conveniências.
“Perdão: dom de Deus, que restaura e salva!”
Quantas vezes perdoar?
O perdão e o amor são faces da mesma moeda, que se chama convivência fraterna. Perdão sem amor é falsidade. Amor sem perdão é interesse e egoísmo. Amar perdoando e perdoar amando é a essência da vida cristã. Os conflitos são inevitáveis, e o modo como buscamos resolvê-los nem sempre é o melhor. Tantas vezes somos ofendidos e outras tantas ofendemos. Que seria da comunidade sem o grande dom do perdão?
Para nós, cristãos, o perdão não se restringe somente às dimensões da boa convivência social. Nosso objetivo é Cristo. É para ele que vivemos. O perdão, muito mais que um arranjo de boa vizinhança, leva-nos a viver relações fraternas intensas que manifestem que Cristo é a razão de nossa fé. Se a prática do perdão desafia nossas forças, não podemos perder de vista que é em Cristo que perdoamos e somos perdoados. O perdão, nesse sentido, sai do âmbito matemático para se tornar um meio de manifestar o amor. O convite da palavra de Deus é para que o perdão não seja fruto de atos pontuais, mas de uma profunda atitude cristã de vida.
Sugestões litúrgicas para a Missa do 24° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A
– Ato penitencial: após ler uma breve mensagem que mostre o perdão como dom de Deus, fazer a aspersão da assembleia. – Entrada da Palavra: os catequistas podem dinamizar a entrada da Bíblia, na qual se ressalte sua missão enquanto colaboradores das famílias no anúncio da Boa-Nova. A frase a ser introduzida nesta celebração é: “Perdão: dom de Deus, que restaura e salva!” – Abraço da paz/Envio: realizar o abraço da paz imediatamente antes da bênção final, como envio da comunidade que experimenta a paz como fruto do perdão celebrado em Cristo.
Sugestões de repertório para a Missa do 24° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A (O Domingo)
Abertura: Senhor, escuta
Aclamação: Aleluia, eu te louvo
Oferendas: As mesmas mãos
Comunhão: Vá e mostre
https://portalkairos.org/wp-content/uploads/2020/09/jesus-perdao-01.png501750Portal kairóshttps://portalkairos.org/wp-content/uploads/2019/09/portalkairos-site.pngPortal kairós2020-09-06 21:12:222020-09-07 10:53:20Reflexão e sugestão para a Missa do 24° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A
Vós sois justo, Senhor, e justa é a vossa sentença; tratai o vosso servo segundo a vossa misericórdia (Sl 118,137.124).
Reunidos em nome de Jesus, temos a garantia de sua presença entre nós. Somos convidados por ele a superar os conflitos com diálogo e amor acolhedor, a fim de que a harmonia e a paz reinem em nosso meio. A liturgia nos motive a valorizar a correção fraterna, a qual estreita os laços que nos unem como discípulos do Senhor.
Primeira Leitura: Ezequiel 33,7-9
Leitura da profecia de Ezequiel – Assim diz o Senhor: 7“Quanto a ti, filho do homem, eu te estabeleci como vigia para a casa de Israel. Logo que ouvires alguma palavra de minha boca, tu os deves advertir em meu nome. 8Se eu disser ao ímpio que ele vai morrer, e tu não lhe falares, advertindo-o a respeito de sua conduta, o ímpio vai morrer por própria culpa, mas eu te pedirei contas da sua morte. 9Mas, se advertires o ímpio a respeito de sua conduta, para que se arrependa, e ele não se arrepender, o ímpio morrerá por própria culpa, porém tu salvarás tua vida”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 94(95)
Não fecheis o coração; ouvi hoje a voz de Deus!
1. Vinde, exultemos de alegria no Senhor, / aclamemos o rochedo que nos salva! / Ao seu encontro caminhemos com louvores / e, com cantos de alegria, o celebremos! – R.
2. Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra, / e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! / Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor, † e nós somos o seu povo e seu rebanho, / as ovelhas que conduz com sua mão. – R.
3. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: / “Não fecheis os corações como em Meriba, / como em Massa, no deserto, aquele dia, † em que outrora vossos pais me provocaram, / apesar de terem visto as minhas obras”. – R.
Segunda Leitura: Romanos 13,8-10
Leitura da carta de São Paulo aos Romanos – Irmãos, 8não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a Lei. 9De fato, os mandamentos: “Não cometerás adultério”, “não matarás”, ”não roubarás”, “não cobiçarás” e qualquer outro mandamento se resumem neste: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. 10O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei. – Palavra do Senhor.
Evangelho: Mateus 18,15-20
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Senhor reconciliou o mundo em Cristo, / confiando-nos sua Palavra; / a Palavra da reconciliação, / a Palavra que hoje, aqui, nos salva (2Cor 5,19). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: 15“Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. 16Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. 17Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público. 18Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. 19De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. 20Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles”. – Palavra da salvação.
Reflexão
O texto litúrgico faz parte do capítulo que trata do “discurso comunitário”, ou seja, das orientações do Mestre sobre as relações entre seus discípulos. Jesus convida os seus à moderação no uso de certas normas disciplinares dentro da comunidade. A perícope de hoje fala do cuidado que a comunidade deve ter na condenação de algum membro. Diz o evangelho que só pode ser excluída dela a pessoa que perseverar no erro e recusar qualquer correção. Esse texto mostra como as comunidades cristãs excluem pessoas com muita facilidade. O esforço da comunidade deve caminhar sempre no sentido de salvar e recuperar a pessoa. A comunidade tem poder para tomar a decisão final, mas isso não pode ser feito à base do autoritarismo, e sim com compreensão e respeito. Em geral é mais fácil excluir que incluir. A proposta da “correção fraterna” é válida para a comunidade cristã, para as famílias e para qualquer grupo de convivência e, por ser evangélica, exclui qualquer desejo de vingança e abertura à intolerância.
Oração
Ó Jesus, mestre em relações humanas, tu nos ensinas que a correção fraterna deve ser gradual, a fim de corrigir a pessoa que errou. Que tudo passe pelo crivo da compreensão e do diálogo. E se resolva em clima de oração comunitária, guiada por ti, que conheces o íntimo das pessoas. Amém.
https://portalkairos.org/wp-content/uploads/2020/09/mes-biblia-leituras.png500750Portal kairóshttps://portalkairos.org/wp-content/uploads/2019/09/portalkairos-site.pngPortal kairós2020-09-06 12:24:152020-10-15 19:35:03Leituras de Domingo: 23° Domingo do Tempo Comum 2020
20 de setembro – Missa do 25° Domingo do Tempo Comum 2020
/em Liturgia CatólicaMissa do 25° Domingo do Tempo Comum 2020
A JUSTIÇA DO REINO
A justiça do Reino se manifesta no agir de Deus, o dono da vinha que cumpre a palavra e atende a todos, convidando a atitudes novas. Trabalhar em sua vinha, o Reino de Deus, não torna uns mais merecedores que outros. Cada um de nós, com a própria história, seguindo a justiça do Reino, entra na dinâmica do amor de Deus, tornando-se também objeto de sua bondade e misericórdia.
Os que foram contratados primeiro esperam receber mais do que o “justo” combinado. Pensam na justiça que retribui segundo o mérito, a qual se baseia na comparação e é sempre acompanhada do ciúme.
Os que foram contratados por último, por sua vez, descobrem que o “justo” combinado vai além do que acreditam merecer. De fato, o dono da vinha, ao agir com bondade, mostra que sua justiça não é punição ou simples retribuição, mas solidariedade com os que vivem situações de preocupação e sofrimento, como o desemprego.
Tem sentido, então, a pergunta do dono da vinha, diante de um ciúme que não admite o amor autêntico de Deus. Reconhecer-se agraciada por Deus e comprometer-se com uma justiça diferente faz a pessoa superar preconceitos e abrir-se às necessidades dos outros. Seria mais fácil, de antemão, tachar de vagabundos aqueles trabalhadores contratados por último. O dono da vinha os questiona, descobre que estão desempregados, e o pagamento “justo” que ele faz se expressa em solidariedade, pelo drama que viviam.
A justiça de Deus, enfim, iguala por alto, eleva à dignidade todos os seus filhos e filhas. E nos convida a uma lógica diferente, não baseada no mérito, mas na solidariedade que questiona, aproxima e inclui. Pois essa é a dinâmica do Reinado de Deus. Portanto, longe de nos indicar que somos merecedores diante de Deus, a justiça do Reino nos leva a superar preconceitos, a superar a lógica da simples retribuição, para enxergarmos nos dramas alheios algo que nos interpela. Afinal, é aí que podemos experimentar de fato o agir daquele que é Bom.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp / Portal Kairós
13 de setembro – Missa do 24° Domingo do Tempo Comum 2020
/em Liturgia CatólicaMissa do 24° Domingo do Tempo Comum 2020
HÁ LIMITES PARA O PERDÃO?
Pedro queria estabelecer um limite ao perdão dado a um irmão: no máximo, sete vezes. O Mestre o corrige: não sete vezes, mas setenta vezes sete. Segundo Mateus, a questão em pauta são as dívidas entre irmãos de comunidade e o modo como são chamados a conviver.
Jesus ilustrou o caso com a parábola do rei e seus empregados, para mostrar a disparidade existente entre o agir de Deus e o agir humano.
O texto do Evangelho trata de um princípio básico da vida cristã: a necessidade de perdão e reconciliação. Dois elementos fundamentais para a convivência fraterna e pacífica numa comunidade.
A dívida do empregado era impagável. O valor em dinheiro dos bens familiares somados seria irrisório em relação ao montante devido. Com sua súplica, ele consegue comover o patrão, que lhe perdoa a enorme dívida. Nossa dívida com Deus pode ser considerada impagável; em contrapartida, o perdão divino é imensamente generoso.
Não obstante essa experiência, o devedor perdoado torna-se um credor impiedoso com seu companheiro, que lhe devia pequeno valor. A súplica do companheiro foi inútil, e o outro mandou prendê-lo até pagar tudo o que lhe devia. Não levou em conta a compaixão de que tinha sido alvo nem conseguiu estender ao próximo o perdão que havia recebido.
A parábola ilumina a relação entre Deus e os seres humanos e a relação destes entre si. Na oração do pai-nosso, encontramos o critério que pode nortear essas relações. A prática do perdão não é, entretanto, tão fácil: exige humildade e despojamento da arrogância. A constante disposição de perdoar não deve ter limites. O objetivo da parábola é justamente desafiar os discípulos de Jesus a ter sempre essa disposição de abertura para o perdão.
O Reino dos céus é como um rei que perdoa as dívidas de quem perdoa a seus irmãos: perdoai-nos como perdoamos, rezamos no pai-nosso. As famílias e as comunidades cristãs são convidadas a estender o perdão e assumir a reconciliação; caso contrário, não estaremos participando da proposta do Reinado de Jesus.
Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós
Leituras de Domingo: 24° Domingo do Tempo Comum 2020
/em Leituras de Domingo, Liturgia CatólicaLeituras de Domingo
(Verde, glória, creio – 4ª semana do saltério)
Ouvi, Senhor, as preces do vosso servo e do vosso povo eleito: dai a paz àqueles que esperam em vós, para que os vossos profetas sejam verdadeiros (Eclo 36,18).
Nesta liturgia, somos convidados pelo Senhor bondoso e misericordioso a celebrar a vida nova do seu Reino, a qual se manifesta em todos os que buscam viver a reconciliação e o perdão. Jesus nos pede que rancor e raiva não tenham lugar em nosso coração, pois todos pertencemos a ele, que morreu e foi ressuscitado por amor à humanidade.
Primeira Leitura: Eclesiástico 27,33-28,9
Leitura do livro do Eclesiástico – 33O rancor e a raiva são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las. 28,1Quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados. 2Perdoa a injustiça cometida por teu próximo: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados. 3Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura? 4Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados? 5Se ele, que é um mortal, guarda rancor, quem é que vai alcançar perdão para os seus pecados? 6Lembra-te do teu fim e deixa de odiar; 7pensa na destruição e na morte e persevera nos mandamentos. 8Pensa nos mandamentos e não guardes rancor ao teu próximo. 9Pensa na aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia! – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 102(103)
O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.
1. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / e todo o meu ser, seu santo nome! / Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / não te esqueças de nenhum de seus favores! – R.
2. Pois ele te perdoa toda culpa / e cura toda a tua enfermidade; / da sepultura ele salva a tua vida / e te cerca de carinho e compaixão. – R.
3. Não fica sempre repetindo as suas queixas / nem guarda eternamente o seu rancor. / Não nos trata como exigem nossas faltas / nem nos pune em proporção às nossas culpas. – R.
4. Quanto os céus por sobre a terra se elevam, / tanto é grande o seu amor aos que o temem; / quanto dista o nascente do poente, / tanto afasta para longe nossos crimes. – R.
Segunda Leitura: Romanos 14,7-9
Leitura da carta de São Paulo aos Romanos – Irmãos, 7ninguém dentre nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. 8Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Portanto, vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor. 9Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto, para ser o Senhor dos mortos e dos vivos. – Palavra do Senhor.
Evangelho: Mateus 18,21-35
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos dou este novo mandamento, / nova ordem, agora, vos dou; / que, também, vos ameis uns aos outros, / como eu vos amei, diz o Senhor (Jo 13,34). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Porque o Reino dos céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o acerto, levaram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. 25Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!’ 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. 29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei!’ 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: ‘Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’ 34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”. – Palavra da salvação.
Reflexão
Outra proposta a ser vivida na comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus é o perdão. Nossa mesquinhez procura estabelecer limites: “Até sete vezes?” Toda vez que rezamos o Pai-nosso, pedimos o perdão a Deus e nos dispomos a perdoar. Se Deus levasse em conta nossa medida de perdão (“como nós perdoamos”), coitados de nós.
Sempre desejamos o perdão divino, mas nem sempre estamos dispostos a estendê-lo aos outros. É o que mostra a parábola do evangelho. Pode-se pensar que aqui se aborda o perdão entre as pessoas da comunidade, nas situações em que o pobre, de tão endividado, necessitava ter sua dívida cancelada. Não se trata dos grandes roubos praticados nos círculos de poder e na esfera pública, os quais lesam o cidadão. O perdão também não significa permitir tudo o que ocorre na sociedade, principalmente os desvios, que prejudicam o investimento no bem comum. O perdão é fundamental para construirmos uma “cultura da paz” e combatermos a “cultura da violência”.
Oração
Ó Jesus, mestre na prática do perdão, corrige nossa intolerância diante da falta alheia, e afasta definitivamente de nós qualquer desejo de vingança. Teu e nosso Pai celeste nos perdoa sempre, de modo generoso, e exige que façamos a mesma coisa com quem nos fendeu. Amém.
Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp / Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós
Reflexão e sugestão para a Missa do 24° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A
/em Liturgia Católica24° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A
Eclo 27,33-28,9; SI 102; Rm 14,7-9;Mt 18,21-35
Perdoar de coração!
A Bíblia chega a nós trazendo a experiência do amor de Deus com a humanidade. Inspirados pelo Espírito Santo, os ensinamentos bíblicos nos oferecem o frescor da graça de Deus para conduzir o hoje de nossa história.
Ligada ao tema da correção fraterna, hoje a liturgia nos convida a meditar sobre o perdão. Dois são os impeditivos para se viver e praticar o perdão: rancor e raiva. O rancor, porque amarga o coração e o fixa no momento em que foi ofendido, já não sendo capaz de ir além e ver o arrependimento do outro. A raiva, porque contamina o agir humano e mostra somente a vingança como via de solução.
Podemos dizer que o ponto central para se compreender o perdão é entendê-lo em sua dinâmica de verdadeiro dom. O Senhor nos perdoa, e esse perdão o recebemos sem merecer. É um verdadeiro e preciso presente que recebemos. Sentimo-nos restaurados e cheios de vida. Ora, por que então não agimos com a mesma lógica quando o outro também precisa de meu perdão?
A parábola contada por Jesus causa indignação em nós também, pois aquele que teve uma imensa dívida perdoada não foi capaz de perdoar a seu devedor que devia algumas moedas. Mas, quando percebemos que também nós agimos assim em tantas situações, então reconhecemos que precisamos de conversão, e que ainda não estamos convencidos de que o perdão deve ser de coração e não fruto de interesses e conveniências.
Quantas vezes perdoar?
O perdão e o amor são faces da mesma moeda, que se chama convivência fraterna. Perdão sem amor é falsidade. Amor sem perdão é interesse e egoísmo. Amar perdoando e perdoar amando é a essência da vida cristã. Os conflitos são inevitáveis, e o modo como buscamos resolvê-los nem sempre é o melhor. Tantas vezes somos ofendidos e outras tantas ofendemos. Que seria da comunidade sem o grande dom do perdão?
Para nós, cristãos, o perdão não se restringe somente às dimensões da boa convivência social. Nosso objetivo é Cristo. É para ele que vivemos. O perdão, muito mais que um arranjo de boa vizinhança, leva-nos a viver relações fraternas intensas que manifestem que Cristo é a razão de nossa fé. Se a prática do perdão desafia nossas forças, não podemos perder de vista que é em Cristo que perdoamos e somos perdoados. O perdão, nesse sentido, sai do âmbito matemático para se tornar um meio de manifestar o amor. O convite da palavra de Deus é para que o perdão não seja fruto de atos pontuais, mas de uma profunda atitude cristã de vida.
Sugestões litúrgicas para a Missa do 24° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A
– Ato penitencial: após ler uma breve mensagem que mostre o perdão como dom de Deus, fazer a aspersão da assembleia.
– Entrada da Palavra: os catequistas podem dinamizar a entrada da Bíblia, na qual se ressalte sua missão enquanto colaboradores das famílias no anúncio da Boa-Nova. A frase a ser introduzida nesta celebração é: “Perdão: dom de Deus, que restaura e salva!”
– Abraço da paz/Envio: realizar o abraço da paz imediatamente antes da bênção final, como envio da comunidade que experimenta a paz como fruto do perdão celebrado em Cristo.
Sugestões de repertório para a Missa do 24° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A (O Domingo)
Abertura: Senhor, escuta
Aclamação: Aleluia, eu te louvo
Oferendas: As mesmas mãos
Comunhão: Vá e mostre
Cifras e partituras das sugestões CNBB
Semanário litúrgico – catequético – Cantos para a Celebração – 24° Domingo do Tempo Comum 2020
Áudios para a Missa do 24° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A CNBB:
Padre Anísio Tavares, C.Ss.R. / Portal Kairós
Leituras de Domingo: 23° Domingo do Tempo Comum 2020
/em Leituras de Domingo, Liturgia CatólicaLeituras de Domingo
(Verde, glória, creio – 3ª semana do saltério)
Vós sois justo, Senhor, e justa é a vossa sentença; tratai o vosso servo segundo a vossa misericórdia (Sl 118,137.124).
Reunidos em nome de Jesus, temos a garantia de sua presença entre nós. Somos convidados por ele a superar os conflitos com diálogo e amor acolhedor, a fim de que a harmonia e a paz reinem em nosso meio. A liturgia nos motive a valorizar a correção fraterna, a qual estreita os laços que nos unem como discípulos do Senhor.
Primeira Leitura: Ezequiel 33,7-9
Leitura da profecia de Ezequiel – Assim diz o Senhor: 7“Quanto a ti, filho do homem, eu te estabeleci como vigia para a casa de Israel. Logo que ouvires alguma palavra de minha boca, tu os deves advertir em meu nome. 8Se eu disser ao ímpio que ele vai morrer, e tu não lhe falares, advertindo-o a respeito de sua conduta, o ímpio vai morrer por própria culpa, mas eu te pedirei contas da sua morte. 9Mas, se advertires o ímpio a respeito de sua conduta, para que se arrependa, e ele não se arrepender, o ímpio morrerá por própria culpa, porém tu salvarás tua vida”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 94(95)
Não fecheis o coração; ouvi hoje a voz de Deus!
1. Vinde, exultemos de alegria no Senhor, / aclamemos o rochedo que nos salva! / Ao seu encontro caminhemos com louvores / e, com cantos de alegria, o celebremos! – R.
2. Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra, / e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! / Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor, † e nós somos o seu povo e seu rebanho, / as ovelhas que conduz com sua mão. – R.
3. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: / “Não fecheis os corações como em Meriba, / como em Massa, no deserto, aquele dia, † em que outrora vossos pais me provocaram, / apesar de terem visto as minhas obras”. – R.
Segunda Leitura: Romanos 13,8-10
Leitura da carta de São Paulo aos Romanos – Irmãos, 8não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a Lei. 9De fato, os mandamentos: “Não cometerás adultério”, “não matarás”, ”não roubarás”, “não cobiçarás” e qualquer outro mandamento se resumem neste: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. 10O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei. – Palavra do Senhor.
Evangelho: Mateus 18,15-20
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Senhor reconciliou o mundo em Cristo, / confiando-nos sua Palavra; / a Palavra da reconciliação, / a Palavra que hoje, aqui, nos salva (2Cor 5,19). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: 15“Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. 16Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. 17Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público. 18Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. 19De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. 20Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles”. – Palavra da salvação.
Reflexão
O texto litúrgico faz parte do capítulo que trata do “discurso comunitário”, ou seja, das orientações do Mestre sobre as relações entre seus discípulos. Jesus convida os seus à moderação no uso de certas normas disciplinares dentro da comunidade. A perícope de hoje fala do cuidado que a comunidade deve ter na condenação de algum membro. Diz o evangelho que só pode ser excluída dela a pessoa que perseverar no erro e recusar qualquer correção. Esse texto mostra como as comunidades cristãs excluem pessoas com muita facilidade. O esforço da comunidade deve caminhar sempre no sentido de salvar e recuperar a pessoa. A comunidade tem poder para tomar a decisão final, mas isso não pode ser feito à base do autoritarismo, e sim com compreensão e respeito. Em geral é mais fácil excluir que incluir. A proposta da “correção fraterna” é válida para a comunidade cristã, para as famílias e para qualquer grupo de convivência e, por ser evangélica, exclui qualquer desejo de vingança e abertura à intolerância.
Oração
Ó Jesus, mestre em relações humanas, tu nos ensinas que a correção fraterna deve ser gradual, a fim de corrigir a pessoa que errou. Que tudo passe pelo crivo da compreensão e do diálogo. E se resolva em clima de oração comunitária, guiada por ti, que conheces o íntimo das pessoas. Amém.
Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp / Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós