Fátima: o primeiro dia, da primeira vez do Papa no país

Fátima (RV) – Fátima está pronta para receber o Sucessor de Pedro, Papa Francisco. Nesta tarde o Santo Padre pisa em solo português dando início à sua peregrinação apostólica que o traz ao Santuário mariano de Fátima, única etapa de sua peregrinação. O Papa vem para a celebração do primeiro Centenário das Aparições de Fátima.

O avião papa está previsto aterrisar às 16h20 hora local na base aérea de Monte Real. Ainda em Monte Real teremos a cerimônia de boas-vindas e um encontro privado com o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.

Francisco fará ainda uma visita à Capela do Ar, ainda dentro da base aérea onde rezaram Paulo VI em 1967 e João Paulo II em 1991. Da Base aérea Francisco irá se deslocar de helicóptero até o Estádio de Fátima, um voo de cerca 20 minutos. Do Estádio até o Santuário o Papa vai de papamóvel, fazendo um percurso semelhante ao efectuado pelo Papa Bento XVI. Esperam-se milhares de pessoas pelas ruas para saudar Francisco.

O primeiro momento da agendo do Papa no Santuário será a visita à Capelinha, onde Nossa Senhora 100 anos atrás apareceu a Lúcia, Francisco e Jacinta, os futuros dois santos mais jovens da Igreja e cuja cerimônia de canonização será precisamente na Cova da Iria, neste sábado de manhã.

Ainda na noite de hoje Francisco, peregrino da esperança e da paz, presidirá à bênção das velas e à meditação do Terço na Capelinha com início às 21h30, hora local. O Papa também dirigirá uma saudação aos peregrinos.

Amanhã o grande dia com o ápice da peregrinação. A Santa Missa com a canonização de Francisco e Jacinta.

São mais de 6 mil os agentes de polícia que estarão cuidando da segurança do Papa Francisco e dos mais de 600 mil peregrinos, (alguns falam de um milhão) esperados nestes dois dias em Fátima.

A chegada do Papa a Portugal é acompanhada de chuva em todo o país. Há previsão de melhoria gradual das condições meteorológicas até o final do dia.

Amanhã de manhã, dia da canonização dos pastorzinhos são esperadas chuvas ligeiras.

Todavia, entre os milhares de peregrinos provenientes de mais de 30 países do mundo, estão os “irmãos na fé” da Associação Ecumênica Amigos de Fátima.

O Bispo de Leiria-Fátima, Dom Antônio Marto, e o Reitor do Santuário de Fátima, Pe. Carlos Cabecinhas, deram as boas-vindas aos membros da Associação, uma organização da Igreja Anglicana inglesa que anualmente peregrina a Fátima nos dias 12 e 13 de maio.

A delegação anglicana ofereceu uma imagem de Nossa Senhora de Walsingham, localidade da zona de Norfolk, Inglaterra, um dos mais importantes santuários marianos do país. Foram ainda oferecidas três pinturas com perspectivas diferentes da Cruz Alta.

De Fátima, para a Rádio Vaticano, Silvonei José.

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Papa a cientistas: jamais ter medo da verdade

Cidade do Vaticano (RV) – Antes de partir para Fátima, o Papa recebeu os participantes do Congresso promovido pelo Observatório Astronômico, a Specola Vaticana.

No evento, foram debatidos temas como o início do universo e a sua sucessiva evolução, a estrutura do espaço e do tempo. Temas que – segundo o Papa – interpelam profundamente a nossa consciência e que confluem numa “arena”, pois envolvem campos diferentes, como a ciência, a filosofia, a teologia e também a vida espiritual.

Na imensidão espaço-temporal do universo, disse Francisco em sua saudação, “nós seres humanos podemos experimentar um sentimento de estupor e experimentar a nossa pequenez, enquanto emerge no nosso ânimo a pergunta do salmista: ‘que é um mortal, para dele te lembrares, e um filho de Adão, que venhas visitá-lo?’ (Sal 8,5)”.

Caos x sabedoria divina

O Pontífice citou ainda Albert Einstein, que dizia que o eterno mistério do mundo é a sua compreensibilidade. “A existência e a inteligibilidade não são fruto do caos ou do caso, mas da sabedoria divina”, afirmou Francisco.

“Jamais se deve ter medo da verdade”, concluiu o Papa encorajando o trabalho dos cientistas. “Caminhando rumo às periferias do conhecimento humano, pode-se realmente fazer uma experiência autêntica do Senhor, que é capaz de preencher o nosso coração.”

Congresso

De 9 a 12 de maio, a convite da Specola Vaticana os cientistas debateram em Castel Gandolfo o tema: “Buracos Negros, Ondas Gravitacionais e Singularidade do Espaço-Tempo”.

De modo especial, o evento celebrou a herança científica do cosmólogo e sacerdote belga Mons. Georges Lemaître, considerado o pai da teoria do Big-Bang e ex-diretor da Pontifícia Academia das Ciências de 1960 a 1966, ano de sua morte.

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Com Maria, peregrino na esperança e na paz. O Papa rumo a Fatima

Fátima (RV) – Chegou o grande dia. Papa Francisco chega nesta sexta-feira a Fátima na sua Peregrinação Apostólica que o traz ao local das aparições de Nossa Senhora a três pastorzinhos, exatamente 100 anos atrás. O primeiro compromisso do peregrino da esperança e da paz em Fátima será a visita à Capelinha das Aparições, por volta das 18h45, hora local, após a sua chegada à Base Militar. Francisco irá se deter em oração na Capelinha e vai pronunciar entre outras palavras na sua oração: “Seremos, na alegria do Evangelho, a Igreja vestida de branco, da alvura branqueada no sangue do Cordeiro derramado ainda em todas as guerras que destroem o mundo em que vivemos”. O Papa irá recordar ainda o exemplo dos bem-aventurados Francisco e Jacinta, os pastorzinhos que ele vai canonizar amanhã sábado, 13 de maio, e de todos os que se confiam à mensagem do Evangelho.

“Percorreremos, assim, todas as rotas, seremos peregrinos de todos os caminhos, derrubaremos todos os muros e venceremos todas as fronteiras, saindo em direção a todas as periferias, aí revelando a justiça e a paz de Deus”, diz a prece, que se conclui com a consagração do Papa a Virgem do Rosário de Fátima.

Em seguida Francisco irá depositar seu presente junto à imagem, uma Rosa de Ouro, dom específico dos Pontífices a Santuários marianos. Antes de se retirar para a Casa de Nossa Senhora das Dores, onde passará a noite, Francisco permanece ainda alguns minutos em oração silenciosa na Capelinha.

Francisco retornará depois às 21h30 para a bênção das velas e ele mesmo vai acender uma. Em seguida, o Papa fará uma breve alocução para a introdução dos mistérios do terço, que prosseguirá conduzido pelo Cardeal Secretário de Estado, Dom Pietro Parolin.

Uma das primeiras imagens que o Santo Padre irá ver quando chegar à Cova da Iria será a “Suspensão”, um terço de resina de polietileno, com grande dimensões, quase 26 metros de altura, instalado no alto do Recinto de Oração do Santuário de Fátima.

Marco Daniel Duarte, diretor do Museu do Santuário de Fátima, afirmou que “o terço, é o símbolo maior da Mensagem da Cova da Iria, por três referências: primeiro, segundo o testemunho das crianças videntes, a Mãe de Deus trazia nas suas mãos um terço de contas brancas; em segundo a oração do rosário foi pedida pela Virgem Maria como oração quotidiana para alcançar a paz no mundo, e por último o terço é o objeto comum a todos os peregrinos de Fátima”.

O nome dado obra, “Suspensão” não esta só relacionado com o fato de estar suspensa no ar, mas também por estar suspensa entre o Céu e Terra e lança um desafio que é o mesmo deixado aqui hà 100 anos pela Mãe de Deus, isto é, “se aceitarmos esse desafio”, podemos alcançar a paz no mundo. A obra é da artista portuguesa, Joana Vasconcelos.

“Suspensão” irá ser iluminada pela primeira vez nesta noite com a chegada o Papa e a partir dessa data o terço ilumina-se dia 12 de cada peregrinação às 21h30.

Francisco vem como peregrino da esperança e da paz ao Santuário de Fátima, por ocasião do centenário das Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria acolhendo o convite do Presidente da República e dos Bispos portugueses. Um momento vivido pelos portugueses com grande alegria porque, neste centenário, através da presença do Santo Padre a Igreja portuguesa está unida à toda a igreja do mundo. Para o Bispo de Leiria-Fátima, Dom Antônio Marto, “sempre que o Papa peregrina como pastor universal é toda a igreja que peregrina com ele”.

O Papa Francisco hoje e amanhã se faz peregrino entre os peregrinos de Fátima e isso é um motivo de grande alegria para os portugueses.

Nós conversamos com alguns deles que já estão acampados ao longo do trajeto que fará Francisco….

Francisco é o quarto Papa a visitar Fátima depois de Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991 e 2000) e Bento XVI (2010). E tal como a visita de Paulo VI, Francisco centra a visita exclusivamente na Cova da Iria, onde no dia 13 de maio de 2013 o então Cardeal-patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo, consagrou o pontificado do Papa argentino à Virgem Maria.

Neste sábado de manhã, o ápice da peregrinação. Francisco irá canonizar os bem-aventurados Francisco e Jacinta, os pastorzinhos que viram a Mãe de Deus.

De Fátima, para a Rádio Vaticano, Silvonei José

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Fátima: Os pais de Lucas relatam o milagre e a cura do menino

Fátima (RV) – Na tarde de ontem, quinta-feira, em Fátima, os brasileiros João Batista e Lucila Yurie, os pais de Lucas, a criança cuja cura foi atribuída à intercessão dos Beatos Francisco e Jacinta, encontram-se com a imprensa para dirigir algumas palavras sobre a “imensa alegria por ser esse o milagre que os leva à canonização”.

“Damos graças a Deus pela cura do Lucas e sabemos com toda a fé do nosso coração, que foi obtido este milagre pelos Pastorinhos Francisco e Jacinta”, salientou João Batista, o pai do jovem Lucas, falando em seu nome e da sua mulher, Lucila Yurie.

O caso ocorreu a 3 de março de 2013, pelas 20.00 horas, quando Lucas, na altura com 5 anos, caiu de uma janela, de uma altura de 6.50 metros.

“Bateu com a cabeça no chão – disse o Pai – e teve um traumatismo craniano grave, com perda de tecido cerebral no lóbulo frontal esquerdo”, relatou, referindo que a criança foi internada em coma muito grave, sofrendo duas paradas cardíacas. Os médicos deram-lhes poucas esperanças de sobrevivência.

“Começamos a rezar a Jesus e a Nossa Senhora de Fátima, a quem temos muita devoção. No dia seguinte ligamos para o Carmelo de Campo Mourão, pedindo que as irmãs que rezassem pelo Lucas. A irmã que recebeu o telefonema não passou o recado” pensando que a criança não iria sobreviver, contou, indicando que a mensagem só foi passada à comunidade no dia seguinte.

“Uma irmã correu para as relíquias dos Beatos Francisco e Jacinta, que estavam junto do Sacrário e sentiu esse impulso de oração: “Pastorinhos, salvem esse menino, que é uma criança como vocês”.

Vamos ouvir o João Batista…

Conseguiu convencer toda a comunidade do Carmelo a rezar apenas com a intercessão dos Pastorinhos”, relatou.

“Assim fizeram. Da mesma forma como todos nós, na família, começamos a rezar aos Pastorinhos e, dois dias depois, no dia 9 de março o Lucas foi desentubado e acordou bem, lúcido, e começou a falar, perguntado pela sua irmãzinha. No dia 11 de março saiu da UTI e dia 15 ele teve alta”, disse João Batista.

Uma cura, referiu, para a qual os médicos, mesmo os não-crentes, não conseguem encontrar explicação.

A criança está completamente bem, “sem nenhum sintoma ou sequela”: “O que o Lucas era antes do acidente ele o é agora: sua inteligência, seu caráter, é tudo igual”.

No final do encontro as palavras da postuladora da causa de canonização, Irmã Angela Coelho drigiu algumas palavras para falar do milagre do menino brasileiro Lucas.

De Fátima, para a Rádio Vaticano, Silvonei José

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Francisco e Jacinta Marto candeias que Deus acendeu

Cidade do Vaticano (RV) – “Francisco e Jacinta Marto candeias que Deus acendeu” é o título do artigo escrito pela Postuladora da Causa de Canonização de Francisco e Jacinta, Ângela de Fátima Coelho, publicado esta quinta-feira no L’Osservatore Romano.

“Olhamos a vida dos irmãos Francisco e Jacinta Marto como quem se deixa desafiar pela sua entrega humilde e comprometida — até ao extremo (Jo 13,1) — aos desígnios de misericórdia de Deus anunciados pela Senhora de Fátima. São duas crianças com uma maturidade de fé impressionante, que assumem a mensagem trazida pela Senhora do Rosário, vestida de luz, como seu programa de vida. As suas biografias apontam à Igreja um jeito de viver à luz do Evangelho, um estilo de viver que se faz de humildade, disponibilidade e compromisso, um jeito de viver cristiforme. São duas crianças que conheceram a beleza de Deus e aceitaram ser reflexos dela para o mundo.

Francisco e Jacinta Marto nasceram em Fátima — uma paróquia que pertence hoje à diocese de Leiria-Fátima, Portugal — no início do conturbado século xx. São os mais novos dos sete filhos do casal Manuel Pedro Marto e Olímpia de Jesus. Francisco nasceu em 11 de junho de 1908 e foi batizado no dia 20 desse mês. A sua irmã Jacinta Marto nasceu em 11 de março de 1910 e foi batizada no dia 19 desse mês. Os irmãos receberam uma educação cristã simples, mas marcada pelo exemplo de vida comprometida com a fé: a participação dominical na eucaristia, a oração em família, a verdade e o respeito por todos, a caridade para com os pobres e os necessitados. Francisco era um menino pacato e pacífico, apaixonado pela contemplação da criação. Com seus companheiros era sinal de concórdia, mesmo na ofensa e na desavença. Jacinta, por seu lado, tinha um caráter carinhoso e terno, embora bastante caprichoso. Tinha um particular carinho pela prima Lúcia e uma sensibilidade muito impressiva.

Ainda muito novos, começam a pastorear o rebanho de seus pais: tinha o Francisco 8 anos de idade e a Jacinta 6. Passavam grande parte dos seus dias na tarefa de acompanhar as ovelhas, na companhia da prima Lúcia, que também era pastora.

Na primavera de 1916, Francisco e Jacinta, na companhia da prima Lúcia foram arrebatados pela contemplação de uma «luz mais branca que a neve, com a forma de um jovem» e imersos numa atmosfera intensa em que a força da presença de Deus os «absorvia e aniquilava quase por completo». Era o Anjo da Paz, que os visitaria por três vezes, na primavera, verão e outono de 1916. Nas suas palavras e com os seus gestos, o Anjo fala-lhes do coração de Deus atento à voz dos humildes sobre quem tem «desígnios de misericórdia», convida-os à atitude da adoração. No último encontro, o Anjo oferece-lhes o Corpo e o Sangue de Cristo, o Dom primordial à luz do qual os videntes serão convidados a oferecer-se em sacrifício por todos os «homens ingratos». A vida de Francisco e Jacinta conhece ali a sua vocação: encher de Deus os olhos e o coração e tornar-se espelho dessa presença cuidadora, oferecendo as suas vidas como dom pelos demais.

Em 13 de maio de 1917, encontrando-se as três crianças na Cova da Iria, foram surpreendidos pela presença de uma “Senhora mais brilhante que o sol” que lhes disse ser do Céu. A Senhora pediu-lhes que voltassem à Cova da Iria seis meses seguidos, em cada dia 13, que, na aparição final, lhes revelaria quem era e o que queria. Entretanto, convocou os pastorinhos a oferecerem a sua vida inteiramente a Deus. “Quereis oferecer-vos a Deus?”, foi a pergunta fundamental das suas vidas. Os três videntes acolheram o convite da Senhora: “Sim, queremos”, e viram a sua disponibilidade ser confirmada por uma luz imensa que as mãos da Virgem ofereciam e que penetrou o seu íntimo, fazendo-os ver a si mesmos «nessa luz que era Deus».

Na aparição de julho, a Senhora revela às três crianças o que ficou conhecido como o Segredo de Fátima, que consta de uma visão em tríptico — o inferno; o Imaculado Coração de Maria; e a Igreja mártir a caminho da Cruz. Esta visão causará grande impacto em Francisco e Jacinta e levá-los-á a comprometerem-se, pela oração e pelo sacrifício, na conversão dos pecadores e na oração pela Igreja.

Depressa se espalhou a notícia da presença da Senhora do Rosário e o número de curiosos e peregrinos que afluíam à Cova da Iria aumentava a cada mês. Para os irmãos Marto, as constantes solicitações, os intermináveis e extenuantes interrogatórios, as acusações de fraude ou de avidez, ou mesmo as pressões e ameaças a que foram sujeitos foram fonte de grande sofrimento. Viveram este sacrifício na presença de Deus, tudo relativizando diante do amor de Deus e a Deus.

O último encontro, em 13 de outubro de 1917, é presenciado por uma grande multidão que se torna testemunha do sinal prometido pela Senhora do Rosário. Francisco e Jacinta levarão desse derradeiro encontro a bênção que recebem de Cristo e que há de marcar definitivamente os seus dias com os pedidos da Senhora do Rosário: a oração do rosário, o amor sacrificial pelos irmãos, o olhar misericordioso sobre os dramas do mundo.

A partir daqueles encontros inauditos, Francisco e Jacinta passam a viver focados em Deus. Nada mais lhes preenche o coração. Ao olhar as suas biografias de fé, a Igreja encontrará o rosto de Cristo e sentir-se-á interpelada à fidelidade do discipulado cristão. Se a espiritualidade de Francisco foi particularmente marcada pela contemplação e se a de Jacinta se caracterizou pela compaixão, a Igreja encontrará nos seus dois mais novos santos um modelo do que ela mesma é chamada a ser: contemplativa, com os olhos repletos de Deus, e compassiva, com as mãos empenhadas na transformação do mundo.

O Francisco foi um menino centrado no essencial. Tinha uma dimensão contemplativa de que ninguém suspeitaria que uma criança fosse capaz. Viveu uma vida unificada em Deus. Gostava de se esconder para «pensar em Deus» a sós, e a sua felicidade maior era estar com o seu amigo, «Jesus escondido». O Francisco percebeu muito bem que o Anjo e a Senhora do Rosário apontavam um caminho que conduzia a Deus. A certa altura, ele diz: «Gostei muito de ver o Anjo, mas gostei ainda mais de Nossa Senhora. Do que gostei mais foi de ver Nosso Senhor, naquela luz que Nossa Senhora nos meteu no peito».

A Jacinta foi uma menina apaixonada e comprometida. Ela viveu comprometida com o amor a Deus e a toda a humanidade. Impressionava-se com o sofrimento dos outros, sobretudo com o sofrimento da Igreja, na figura do Santo Padre, e com o sofrimento dos pecadores. E o seu compromisso leva-a a assumir esse sofrimento pela entrega de si. Ela vive com o desejo de incendiar em todos o amor de Deus. Diz ela, em certa ocasião: «Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!».

O processo de canonização dos pastorinhos é o reconhecimento diante do Povo de Deus de que estas crianças, que encarnam o acontecimento de Fátima, chegaram, como diz a carta aos Efésios, «ao homem adulto, à medida completa da plenitude de Cristo» (Ef 4, 13). Canonizá-los é sobretudo reconhecer a sua fidelidade ao compromisso assumido no regaço de Maria de, em tudo, ser fiel a Jesus. Canonizá-los é também confirmar o que já reconhecemos: que Fátima é uma escola de santidade que aponta para a plenitude da vida em Deus. Como dizia São João Paulo ii, ao beatificar os dois pequenos pastores, «a Igreja quer colocar sobre o candelabro estas duas candeias que Deus acendeu para alumiar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas».

Somos convidados a continuar a levar aos cristãos a vida destas crianças, como testemunho da vida em Deus, e a continuar a interceder pelos cristãos junto das crianças, como intercessores junto de Deus. No centenário das Aparições de que foram testemunhas e com cuja mensagem se comprometeram até ao extremo, evocar a vida de Francisco e de Jacinta e celebrar a sua entrega generosa a Deus é procurar a mesma contemplação e compaixão que eles viveram, e confiar as nossas vidas nas mãos de Deus, pela intercessão da Senhora do Rosário e destes pequenos pastores segundo o coração de Deus (Jr 3, 15)”.

Ângela de Fátima Coelho, Postuladora das causas de canonização de Francisco e Jacinta Marto

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