Educação Afetiva: “façais também vós”

Papa Francisco tem encantado e vem educando o mundo pela afetividade. Sua humildade e simplicidade se revelam ao conviver com as diferenças, ao convocar para paz, ao não ter medo de seguir em missão, ao espalhar sorrisos, ao lavar os pés dos mais pobres, ao ir ao encontro dos que sofrem, ao telefonar para alguém ou ao responder uma carta. Esses e muitos outros gestos causam-nos admiração; eles nos provocam e desafiam para que também façamos o mesmo. Esse foi o pedido de Jesus no Lava Pés: Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós. (Jo 13,15).

Papa Francisco é autoridade! Ele representa 1,27 bilhão de Católicos e tornou-se liderança religiosa respeitada por todas as denominações cristãs e religiões. Sua autoridade é exercida pelo serviço e suas atitudes transbordam de ternura. Pela afetividade ele nos mostra a urgência de amor.

Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, sobre o anuncio do Evangelho no Mundo Atual, Papa Francisco reflete e nos exorta sobre o afeto: “Para partilhar a vida com a gente e dar-nos generosamente, precisamos reconhecer também que cada pessoa é digna da nossa dedicação. E não pelo seu aspecto físico, suas capacidades, sua linguagem, sua mentalidade ou pelas satisfações que nos pode dar, mas porque é obra de Deus, criatura sua. Ele criou-a à sua imagem, e reflete algo da sua glória. Cada ser humano é objeto da ternura infinita do Senhor, e Ele mesmo habita na sua vida. Na cruz, Jesus Cristo deu o seu sangue precioso por essa pessoa.

Independentemente da aparência, cada um é imensamente sagrado e merece o nosso afeto e a nossa dedicação. Por isso, se consigo ajudar uma só pessoa a viver melhor, isso já justifica o dom da minha vida. É maravilhoso ser povo fiel de Deus. E ganhamos plenitude, quando derrubamos os muros e o coração se enche de rostos e de nomes! (274)”.

Precisamos levar a Pedagogia de Papa Francisco para as escolas. A Educação escolar não é um amontoado de ações cognitivas e racionais que pode dispensar a afetividade. A capacidade evolutiva não está ligada somente à capacidade cognitiva do sujeito e sem a dimensão afetiva todas as demais podem ser bloqueadas. Amar e ser amado: uma das grandes experiências humana!

Quando somos amados, ainda que tenhamos que enfrentar o medo, teremos equilíbrio, pois sentimo-nos seguros, motivados, encorajados e sabemos que não estamos sozinhos. O afeto não nos permite cair nos abismos que nos minimizam. Pessoas quando amadas, espalham amor e alegria ainda que estejam passando por problemas. Na escola, precisamos ter sensibilidade e ir ao encontro dos mais frágeis.

Não podemos ocultar nos esquemas escolares, o suspiro daqueles que estão sufocados por práticas pedagógicas não humanizadas. Assim como também disse Papa Francisco, precisamos ir às periferias materiais, mas também as periferias existenciais. Nossas escolas estão marcadas pelas periferias existenciais. O afeto livra os alunos das periferias existenciais, e também por ele, tira muitos dela.

Vale recorrer à ciência, pois também ela comprova a importância da afetividade. Para Henri Wallon, a afetividade tem ligação direta com a formação da personalidade. Ele afirma que a afetividade se manifesta antes mesmo da inteligência. Ela é o ponto de partida para a harmonização do indivíduo com o mundo e consigo mesmo. Sua teoria revela-nos a importância de conhecer os fatores orgânicos e biológicos de quem pretendemos educar, mas também revela que precisamos conhecer sua condição humana.

A educação não pode pretender formar o indivíduo a partir de uma única dimensão. No processo de formação, é preciso levar em conta a cognição, mas também as dimensões motora e emotiva. E em nosso caso, como educadores cristãos, podemos utilizar esta dimensão para chegar àquela espiritual, ou “abertura à transcendência”, como já afirmou Papa Francisco.

Pela afetividade os indivíduos transitam em seus estágios de crescimento e assim, as experiências cognitivas, motoras e emocionais se agregam na afetividade. Henri, WALLON (1995, p. 288) na obra “A evolução psicológica da criança”,esclarece: “A afetividade é um domínio funcional, cujo desenvolvimento dependente da ação de dois fatores: o orgânico e o social. Entre esses dois fatores existe uma relação recíproca que impede qualquer tipo de determinação no desenvolvimento humano, tanto que a constituição biológica da criança ao nascer não será a lei única do seu futuro destino. Os seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas circunstâncias sociais da sua existência onde a escolha individual não está ausente”.

Há confusões que precisam ser dissipadas para não criar equívocos quanto à afetividade: autoridade não é autoritarismo. A autoridade não impede que o educador seja afetuoso. Ser exigente não significa ser ríspido. A exigência não impede o afeto de se revelar. Organização não é sinônimo de ambiente frio. A organização não camufla a essência da afetividade. Muitas vezes, o argumento da falta de afetividade, justifica nosso vazio, nossas incertezas e em alguns casos, até nossos erros. Essa justificativa comprova que temos consciência, de que a ausência do afeto, dificulta a formação humana. Todos nós precisamos de afeto. Podemos até esconder ou ter vergonha de assumir, mas não há como negar.

Não podemos confundir afetividade com sentimentalismo. Assim como também não podemos confundir o afeto com discursos bonitos, que pela retórica definem o mesmo. O afeto é o canal para o desenvolvimento dos valores essenciais à convivência humana. Também na obra “A evolução psicológica da criança”, Afirma Henri Wallon (1995. p. 45). “A importância das relações humanas para o crescimento do homem está escrita na própria história da humanidade. O meio é uma circunstância necessária para a modelagem do indivíduo. Sem ele a civilização não existiria, pois graças à agregação dos grupos que a humanidade pôde construir os seus valores, os seus papéis, a própria sociedade”.

A Afetividade interfere diretamente em nosso desenvolvimento e a falta dela, em nossa estagnação. Com a educação afetiva abrimos os horizontes de nossa sensibilidade e reforçamos os laços humanos. A educação afetiva forma pessoas que têm mais condições de enfrentar seus conflitos com harmonia, evitando o uso de remédios, pois esses têm assumido o lugar terapêutico exclusivo na vida de muitas pessoas.

Os conflitos, as emoções, a dificuldade de lidar com os desafios não encontram respostas interior, talvez pela falta da afetividade no processo de formação.Receber afeto e ofertar afeto é garantia de viver bem no coletivo e na vida pessoal. Uma Educação afetiva é sensível à realidade do educando, pois esse não é um papel em branco à espera da transferência de conhecimento. Ele é parte de um todo construído por muitas realidades e a afetividade perpassa toda sua história, desde sua concepção.

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Dom Pedro Cippolini fala sobre aspectos fundamentais da fé cristã

O bispo de Santo André (SP) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Doutrina da Fé, Dom Pedro Carlos Cippolini, atendeu a imprensa na tarde desta quarta-feira, 03, durante a 55ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida (SP).

O bispo falou sobre a Exortação Apostólica  pós-sinodal ‘Amoris laetitia – A Alegria do Amor. O documento escrito pelo Papa Francisco reúne os resultados dos dois Sínodos sobre a família convocados pelo Pontífice em 2014 e 2015 e contribuições de fiéis no mundo inteiro.

Dom Pedro Cippolini comentou alguns dos principais pontos da exortação e afirmou que após a sua publicação a postura com relação alguns temas que envolvem a família mudaram, citando o exemplo dos casais de segunda união.

“A doutrina do matrimônio permanece a mesma, mas o modo de abordar algumas questões e de tratar as pessoas, principalmente em relação aos casais de segunda união mudou. Essa mudança é no sentido de uma acolhida, um olhar misericordioso, o

dialogo e o desejo de que todos tenham na Igreja o seu lugar. Isso é importante. A Igreja como mãe deve ser acolhedora”, afirmou.

Dom Cippolini ainda falou sobre o trabalho da Comissão Episcopal para Doutrina da Fé: “A comissão quer ajudar a conferência a refletir temas relacionados a fé, no sentido de esclarecer e ilustrar alguns pontos que precisam melhorar no desenvolvimento do trabalho da evangelização”. Atualmente a comissão é constituída por cinco bispos e 19 peritos.

O bispo ainda apresentou dois subsídios produzidos pela comissão a pedido da Conferência: ‘Exorcismos: reflexões teológicas e orientações pastorais’ e ‘O Ensino de Filosofia na Formação Presbiteral’.
“O estudo da filosofia é importante para o currículo e formação do sacerdote. Esse subsídio apresenta uma reflexão sobre o ensino da Filosofia na formação presbiteral, sobre sua importância e articulação no contexto dos estudos do futuro padre”.

Sobre a temática do exorcismo, Dom Pedro comentou que a publicação atende à solicitação de alguns bispos que apresentaram a necessidade de ter orientações pastorais sobre essa temática.

“O subsídio quer auxiliar na reflexão e no discernimento sobre tantas questões presentes na vida das nossas comunidades como bênçãos, missas de cura, pedidos de oração para libertação e até mesmo exorcismo”, completou.

Ainda de acordo com o bispo, o objetivo do subsídio, lançado pela Edições CNBB, é recordar os aspectos fundamentais da fé cristã sobre o influência do maligno no mundo e sobre os exorcismos.
Reveja a entrevista com Dom Pedro Cippolini:

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Dom Fisichella: com Jubileu, Papa deu forte impulso à vida da Igreja

Com a convocação do Jubileu, “o Papa Francisco deu um forte impulso à vida de toda a Igreja”. Essa é a convicção do presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, expressa numa “lectio” esta quarta-feira (03/05) na Universidade dos Estudos (Link Campus Universidade) de Roma.

O arcebispo citou as palavras conclusivas da bula “Misericordiae vultus” com a qual o Papa Francisco convocou o Jubileu:

“Neste Ano Jubilar, que a Igreja se faça eco da Palavra de Deus que ressoa, forte e convincente, como uma palavra e um gesto de perdão, apoio, ajuda, amor. Que ela nunca se canse de oferecer misericórdia e seja sempre paciente a confortar e perdoar. Que a Igreja se faça voz de cada homem e mulher e repita com confiança e sem cessar: « Lembra-te, Senhor, da tua misericórdia e do teu amor, pois eles existem desde sempre ».”

“Este Jubileu não tem um particular prazo de validade ao qual referir-se”, recordou o prelado: “Foi realmente ‘extraordinário’ porque se colocou fora de todo e qualquer circuito temporal e histórico para provocar a viver a própria essência da Revelação de Deus”.

De fato, acrescentou, a misericórdia “não é uma ideia abstrata, mas uma realidade concreta com a qual Deus revela o seu amor. O rosto de Cristo torna-se o emblema da pregação da Igreja e a credibilidade dela no mundo contemporâneo está propriamente nesse testemunho”.

Segundo o presidente do dicastério vaticano para a nova evangelização “o Papa Francisco permitiu que neste Jubileu as obras de misericórdia corporal e espiritual fossem redescobertas na pregação e na vida diária:

“Elas foram durante séculos o patrimônio da vida da Igreja, mas, infelizmente, foram esquecidas. Certamente os cristãos sempre viveram também inconscientemente de tais obras. Este foi o tempo para redescobri-las e revivê-las num contexto cultural profundamente transformado e com novos rostos de pobreza e de violência.”

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Projeto ajuda na manutenção de seminaristas nas dioceses mais pobres

Auxiliar dioceses e prelazias que não possuem recursos suficientes para a formação de seminaristas. Este é um dos objetivos do Projeto Comunhão e Partilha da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O 5º Meeting Point com jornalistas na 55ª Assembleia Geral da CNBB recebeu o bispo emérito da Diocese de Parnaíba (PI), Dom Alfredo Schaffler, na manhã desta quarta-feira, 03.

Todas as dioceses do Brasil destinam 1% de sua receita bruta mensal para um fundo administrado pela CNBB, com o objetivo de colaborar com as dioceses que não tem recursos para custear plenamente a formação de seus seminaristas.

Atualmente, de acordo com Dom Alfredo, são atendidos pelo projeto 403 seminaristas em formação, sendo ao todo 50 dioceses e prelazias ajudadas com os recursos do fundo. “Mãos abertas nunca são mãos vazias”, afirmou.
Além de Dom Alfredo Schaffler, idealizador do projeto, outros bispos integram a Comissão, tendo como presidente o bispo de São José dos Campos (SP), Dom José Valmor Cesar Teixeira.

“Grandes gestos através de pequenas ações. Assim somos capazes de lançar um sinal de esperança”, concluiu o bispo referindo-se do projeto de solidariedade entre as dioceses.

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Aparecida: AG celebra progressos no ecumenismo

Chegamos ao 8º dia da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida. O dia, como de costume teve início com a Santa Missa no Santuário Nacional presidida nesta quarta-feira por Dom Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo de Uberaba.

Os trabalhos prosseguem no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida.

Sobre o andamento dos trabalhos e temas discutidos nós conversamos com o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani Tempesta…

No final da tarde de ontem tivemos a celebração Ecumênica, recordando os 500 anos da Reforma Protestante. Sobre a importância do evento nós conversamos com Dom Reginaldo Andrietta, Bispo de Jales, SP…

Em um encontro com os jornalistas no âmbito da 55ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, o Arcebispo de Sorocaba (SP), Dom Julio Endi Akamine falou sobre Ensino Religioso e a Reforma def Base Curricular Comum na educação do Brasil.

O encontro teve início com discussões sobre a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) que é o resultado de 12 milhões de sugestões e contribuições.

O Arcebispo explicou que a base comum curricular é um conjunto de orientações para as mais 176 mil escolas do país terem como norte na hora de formar uma base curricular, avaliar o aprendizado dos estudantes, formar os mais de 2 milhões de professores e elaborar políticas nacionais. “Uma base comum é necessária, mesmo que o estudante possa fazer alguma escolha, esses são os parâmetros para todo o Brasil”, detalha.

Ele repassou números e citou que 49 milhões de estudantes estão matriculados na educação básica (Ensino Fundamental e Médio) e mais de 8 milhões na superior. “O documento contém quais são as competências gerais que o aluno deve desenvolver em todas as áreas do conhecimento e tem como finalidade dar indicações claras do que os alunos devem e têm direito a aprender. Deve também promover uma maior colaboração entre municípios, Estados e Federação”. Dom Julio, também indicou que é um instrumento para diminuir as desigualdades.

Outro assunto contemplado com os jornalistas foi o ensino religioso nas escolas. Ele frisou que a própria constituição estabelece que deve existir nas escolas, mas o desafio está em poder definir se deve ser confessional ou não.

Na opinião do Arcebispo outra questão é a de compreender que um Estado laico não é Estado ateu e sim que está aberto a todas as expressões religiosas e que reconhece que dentro da cultura brasileira está muito forte o cristianismo. “Não tem como negar as nossas raízes, então é importante ter um conceito correto do que é laicidade”.

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