Politizar: atitudes de um verdadeiro cristão

Em meio à crise política e ética que o Brasil vive nos últimos anos, pode-se afirmar que o brasileiro não gosta de política. E não tem motivos para gostar, uma vez que a conta não fecha: pagam-se os impostos e, ao invés de receber serviços públicos de qualidade, vê um Estado quebrado, defasado, ineficiente, comandado por gente cuja competência só se percebe nos esquemas de corrupção.

É claro que também percebemos, em uma parte considerável da sociedade, uma grande imaturidade cidadã. Seja na hora de votar, ou na busca por um “direito”, consideram apenas o interesse individual, e se esquecem do coletivo. Dessa forma, “furar fila” não é pecado, ou “conseguir” um trabalho com o apoio de um político significa “ajuda”. Atitudes assim afastam o brasileiro da Política, a boa e ideal Política, para que possamos viver em uma verdadeira nação democrática.

Aprendemos que a “democracia” no Brasil é exercitada apenas por meio do voto. Mas ela precisa ser muito mais que isso, como afirma a Doutrina Social da Igreja: “toda democracia deve ser participativa. Isto implica que os vários sujeitos da comunidade civil, em todos os seus níveis, sejam informados, ouvidos e envolvidos no exercício das funções que ela desempenha” (DSI, 190).

Porém, muito mais que saber das coisas, entender como elas funcionam, e reivindicar seus direitos, é preciso pensar no conjunto da sociedade. Aí sim, passaremos a compreender o que é “público” e o que é “privado”, e a raiz do desejo de tirar vantagem, que está na corrupção, pode ser superado. Assim, deixa-se de lado a política “partidária”, e se passa a fazer a verdadeira política.

Sempre será decepcionante conhecer casos de corrupção, e pior ainda ver que a punição nem sempre vem na proporção do estrago que o desvio de recursos provoca na sociedade. Mas não podemos perder a esperança, nem a coragem de querer ser diferente, e fazer a diferença. Vamos politizar a sociedade, criando consciência de cidadania, em assim construir um país melhor a cada dia.

a12.com

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Papa em Al-Azhar: somos chamados a caminhar juntos

O Papa Francisco proferiu seu primeiro discurso em terras egípcias, nesta sexta-feira (28/04), aos participantes da Conferência Internacional pela Paz promovida pela Universidade sunita de Al-Azhar, no Cairo.

“É um grande dom estar aqui e iniciar neste lugar minha visita ao Egito, nesta Conferência Internacional pela Paz. Agradeço ao Grande Imã por tê-la pensada e organizada e por me convidar”, disse Francisco.

O Papa ressaltou em seu discurso, que o Egito se mostrou ao mundo, ao longo dos séculos, “como terra de civilização e terra de alianças”.

Terra de civilização porque desde tempos antigos, “a civilização surgiu das margens do Nilo e foi sinônimo de civilização. No Egito, se elevou a luz do conhecimento, fazendo germinar um patrimônio cultural inestimável, composto de sabedoria e sagacidade, de aquisições matemáticas e astronômicas, de formas maravilhosas de arquitetura e arte”.

“A busca do saber e do valor da educação foram escolhas fecundas de desenvolvimento empreendidos pelos antigos habitantes desta terra. São também escolhas necessárias para o futuro, escolhas de paz e pela paz, pois não haverá paz sem uma educação adequada das novas gerações. Também não haverá uma educação adequada para os jovens de hoje se a formação a eles oferecida não responder à natureza do homem, ser aberto e relacional.”

Segundo Francisco, “a educação se torna sabedoria de vida quando é capaz de extrair do ser humano, em contato com Aquele que o transcende e com tudo o que o circunda, o melhor de si, formando uma identidade não voltada para si mesma. A sabedoria procura o outro, superando a tentação de se enrijecer e se fechar; aberta e em movimento, humilde e curiosa ao mesmo tempo”.

“A sabedoria sabe valorizar o passado e colocá-lo em diálogo com o presente, sem renunciar a uma hermenêutica adequada. Esta sabedoria prepara um futuro em que não se mira ao prevalecer da própria parte, mas ao outro como parte integrante de si. A sabedoria não se cansa, no presente, de encontrar ocasiões de encontro e partilha; do passado se aprende que do mal vem somente o mal e da violência somente a violência, numa espiral que termina por aprisionar. Esta sabedoria coloca no centro a dignidade do ser humano, precioso aos olhos de Deus, e uma ética digna do homem.”

“No campo do diálogo, especialmente inter-religioso somos sempre chamados a caminhar juntos, na convicção de que o futuro de todos depende também do encontro entre religiões e culturas. Neste sentido o trabalho da Comissão mista para o diálogo entre o Pontifício Conselho para o Diálogo inter-religioso e a Comissão de Al-Azhar para o Diálogo nos oferece um exemplo concreto e encorajador”, disse ainda o Papa Francisco.

Três orientações fundamentais podem ajudar o diálogo: o dever da identidade, a coragem da alteridade e a sinceridade das intenções. “O dever da identidade, porque não é possível iniciar um diálogo verdadeiro baseado na ambiguidade ou no sacrificar o bem para agradar a outro; a coragem da alteridade, porque quem é diferente de mim, culturalmente ou religiosamente, não deve ser visto e tratado como um inimigo, mas acolhido como um companheiro de viagem, na convicção genuína de que o bem de cada um reside no bem de todos; sinceridade de intenções, porque o diálogo, como expressão autêntica do ser humano, não é uma estratégia para alcançar segundas intenções, mas uma forma de verdade que merece ser pacientemente realizada para transformar a competição em colaboração.”

Egito, terra de alianças.

Educar para a abertura respeitosa e ao diálogo sincero com o outro, reconhecendo os direitos e as liberdades fundamentais, especialmente a religiosa, é a cia melhor para edificar juntos o futuro, para ser construtores de civilização.

No Egito, não surgiu somente o sol da sabedoria; também a luz policromática das religiões iluminou esta terra: ao longo dos séculos, “as diferenças de religião constituíram uma forma de enriquecimento recíproco a serviço da comunidade nacional”. Credos diferentes se encontraram e várias culturas se misturaram, sem se confundir, mas reconhecendo a importância de aliar-se para o bem comum. Tais alianças são ainda mais urgente hoje. Ao falar sobre isso, eu usaria como símbolo a “Montanha da Aliança” que sobe nesta terra. O Sinai nos lembra que uma aliança autêntica sobre a terra não pode prescindir do Céu, que a humanidade não pode encontrar paz excluindo Deus do horizonte, e nem pode subir à montanha para e apoderar de Deus.”

“Num mundo que globalizou muitos instrumentos técnicos úteis, mas, ao mesmo tempo tanta indiferença e negligência, e que corre numa velocidade frenética, dificilmente sustentável, sente saudade daquelas grandes perguntas de sentido, que as religiões fazer recordar e que suscitam a memória das próprias origens: a vocação do homem, criado não para se exaurir na precariedade de assuntos terrenos, mas para caminhar em direção ao Absoluto ao qual se dirige. Por estas razões, especialmente hoje, a religião não é um problema, mas parte da solução.

É imprescindível excluir qualquer forma de justificação da violência. “A violência, de fato, é a negação de toda religiosidade autêntica”.

“Como responsáveis religiosos somos chamados a desmascarar a violência que se disfarça de suposta sacralidade, acentuando o egoísmos e não uma abertura autêntica ao Absoluto. Devemos denunciar as violações contra a dignidade humana e contra os direitos humanos, e denunciar as tentativas que justificam toda forma de ódio em nove da religião”.

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Papa em viagem: confira o programa do primeiro dia no Egito

O Papa Francisco deixou o Vaticano na manhã desta sexta-feira (28/04) e, do aeroporto romano de Fiumicino, partiu para a cidade do Cairo “como peregrino da paz ao Egito da paz”, segundo afirma no Twitter.

Ao sair do Vaticano, encontrou para uma breve saudação 9 migrantes egípcios, acompanhados pelo Esmoleiro de Sua Santidade, o Arcebispo polonês Konrad Krajevskj. Ainda na noite de quinta-feira dirigiu-se à Basílica Santa Maria Maior, centro de Roma, onde confiou sua viagem a “Salus Popoli Romani”.

Depois de 3’15’’ de voo, durante o qual saúda brevemente os jornalistas e a delegação, o Pontífice chegará ao destino, começando assim a sua 18ª viagem apostólica fora da Itália. Em uma estadia de apenas 27 horas, Francisco, segundo Papa a ir ao Egito 17 anos depois da visita de João Paulo II, deve fazer cinco discursos.

Direto do aeroporto, em carro fechado, o Papa se dirige ao Palácio Presidencial em Heliópolis, bairro na zona nordeste da capital construído numa área aonde até o início do século XX havia um deserto. Fora do Palácio, está prevista uma cerimônia com piquetes de honra e a execução dos hinos do Egito e da Santa Sé. O Presidente da República Abdel-Fattah Al-sisi, 63, eleito em 2014, recebe o Pontífice e o acompanha à Sala de Honra para um rápido encontro e troca de presentes. Não há discursos públicos.

Na sequência, ainda em carro fechado, o Papa e sua comitiva se dirigem ao Complexo de Al-Azhar. É a chamada “Esplêndida”, a mais conceituada instituição teológica e de instrução religiosa do Islã sunita no mundo e a mais antiga universidade islâmica, tendo sido construída em 969. Desde a década de ’60, o ateneu também oferece cursos não religiosos, como pedagogia, letras, ciências, medicina, economia, engenharia, etc. As mulheres têm acesso aos estudos, mas em sedes separadas. Hoje, quase 300 mil alunos de todos os países islâmicos estão matriculados na Universidade, que possui um próprio canal Youtube, denominado “Al-Azhar TV”.

Antes de participar da Conferência Internacional sobre a Paz, em andamento no Complexo, Francisco faz uma visita de cortesia ao Reitor da Universidade, que é também o Grão-Imame da Mesquita anexa, Shaykh Ahmad Al-Tayeb. É o segundo encontro entre os dois, depois da visita do Imame ao Vaticano, em 2016.

Em seguida, o programa prevê uma reunião com representantes do governo egípcio e um encontro com Tawadros II de Alexandria (papa da Igreja Copta Ortodoxa) na sede do Patriarcado. O bairro cristão do Cairo foi alvo de um grave atentado terrorista em dezembro de 2016, quando uma bomba explodiu na capela de São Pedro, a pouca distância do escritório de Tawadros II, e deixou 29 mortos. Ali, Francisco, o Patriarca e outros líderes de confissões cristãs farão uma oração ecumênica pelas vítimas daquele e dos recentes atentados contra cristãos no Egito.

O primeiro dia da viagem se encerra às 18h40, horário local, com a chegada do Pontífice à Nunciatura, onde será acolhido por um grupo de crianças da Escola Comboniana do Cairo.

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Papa Francisco: a missão é a tarefa da Ação Católica

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (27/04), na Sala do Sínodo, no Vaticano, trezentos participantes do II Congresso do Fórum Internacional da Ação Católica (Fiac). O tema do congresso é “Ação Católica em missão com todos e por todos”.

“Historicamente, a Ação Católica teve a missão de formar leigos que assumiram a própria responsabilidade no mundo. Hoje, concretamente, trata-se da formação de discípulos missionários. “Obrigado, por assumirem com decisão a Evangelii gaudium como carta magna”, disse ele o Pontífice.

“O carisma da Ação Católica é o carisma da própria Igreja encarnada profundamente no hoje e no aqui de cada Igreja diocesana que discerne em contemplação e com olhar atento a vida de seu povo e procura novos caminhos de evangelização e missão a partir das várias realidades paroquiais.”

“A missão não é uma tarefa entre as várias da Ação Católica. É a tarefa. A Ação Católica tem o carisma de levar adiante a pastoral da Igreja. Se a missão não for a sua força distintiva, se distorce a essência da Ação Católica, e se perde a sua razão de ser”, frisou Francisco.

“Todos os membros da Ação Católica são dinamicamente missionários. Aprende-se a evangelizar evangelizando. É vital renovar e atualizar o compromisso da Ação Católica com a evangelização, alcançando todas as periferias existenciais, repensando os planos de formação, formas de apostolado e oração a fim de que sejam essencialmente e não ocasionalmente missionários”.

“Abandonar o velho critério: porque sempre se fez assim, e assumir a totalidade da missão da Igreja na pertença generosa à Igreja diocesana, partindo da paróquia”.

O Papa insistiu na concretude: “A Ação Católica deve assumir como própria a pastoral de cada Igreja diocesana na sua inserção concreta nas paróquias. Vocês devem se encarnar concretamente. O critério é a concretude. Quando rezamos o Credo, professamos algo muito concreto. Se a fé não for concreta não é católica. O católico é sempre concreto.”

O Papa destacou ainda a necessidade de que a Ação Católica esteja presente no mundo político, empresarial e profissional. Disse também que é “essencial que a Ação Católica esteja presente nos cárceres, nos hospitais, nas estradas, nas favelas e fábricas”.

“Se não for assim, será uma instituição de exclusivistas que não diz nada a ninguém, e nem mesmo para a própria Igreja. Quero uma Ação Católica entre as pessoas, na paróquia, na diocese, no país, no bairro, na família, no estudo e no trabalho, no campo, nos ambientes próprios da vida”.

“Que a Ação Católica ofereça um espaço de acolhimento e experiência cristã a todos que, por motivos pessoais, se sentem cristãos de segunda categoria”.

“Vocês se propuseram uma Ação Católica em saída, e isso é bom. Em saída significa abertura, generosidade, encontro com a realidade além das quatro paredes da instituição e das paróquias.”

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Guardas Suíços têm nova formação, adequada aos novos tempos

Quarenta novos recrutas da Guarda Suíça prestarão juramento em 6 de maio, dia em que é recordada a morte de 147 soldados suíços na defesa do Sumo Pontífice durante o Saque de Roma, em 1527. Quatro deles farão o juramento em italiano.

A cerimônia terá como hóspede o Cantão de Obvalden, marcando assim a ligação da Guarda Suíça com a terra de proveniência.

Em 2017 também são festejados os 600 anos de nascimento de São Nicolau de Flüe, um dos Santos Padroeiros dos Guardas, originário, justamente, do Cantão de Obvalden.

Este ano farão o juramento os primeiros guardas que completaram o treinamento seguindo um novo modelo de formação, que incluiu um mês de treinamento no Centro de formação da Polícia do Cantão Ticino, informou uma nota do “exército do Papa”, o menor do mundo.

A nova formação dos recrutas é uma adaptação aos desafios dos novos tempos, que exigem uma preparação sempre maior dos responsáveis pela segurança, que passou a ser uma prioridade.

Mesmo discreta – também pelo estilo e à pedido do Papa argentino – a proteção é eficaz e está bem longe de ser apenas um simples folclore ligado à tradição.

“Depois dos atentados de Paris e Bruxelas há a necessidade de guardas com uma formação profissional”, havia declarado há algumas semanas à mídia suíça o Comandante do Corpo da Guarda, Christoph Graf.

Além das técnicas normais de segurança, os novos recrutas são treinados em procedimentos de primeiros-socorros e combate à incêndio.

A escolha por uma formação mais profissional responde às necessidades de uma época em que os níveis de alerta terrorismo atingem os mais altos níveis. A segurança do Papa e do Vaticano também trabalha em contato com a Polícia e os serviços de inteligência italianos.

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