Os pobres são os primeiros a sentir efeitos da corrupção

“Encorajo-os no compromisso de vocês em favor do bem comum em nosso continente americano, e a colaboração entre todos possa favorecer a construção de um mundo sempre mais humano e mais justo.”

Foi a exortação do Papa Francisco aos cerca de 200 membros da Organização Internacional Ítalo-Latino-Americana, recebidos em audiência na sexta-feira (30/06/2017) na Sala Clementina, no Vaticano, por ocasião do 50º aniversário da organização.

No discurso que dirigiu aos presentes, o Santo Padre destacou, entre as finalidades da organização, promover o desenvolvimento e a coordenação, bem como identificar as possibilidades de assistência recíproca e de ação comum entre os países membros.

Atendo-se a este fim, o Pontífice articulou seu discurso em três aspectos que considera importantes para o momento atual: identificar as potencialidades, coordenar e promover.

Discorrendo sobre o primeiro aspecto, Francisco destacou que os países da América Latina são ricos de história, cultura e recursos naturais; ademais, têm um povo “bom” e solidário com os outros povos, como “foi comprovado por ocasião das recentes calamidades naturais, como se ajudaram reciprocamente, dando exemplo a toda a comunidade internacional”.

O Santo Padre observou que todos esses valores sociais estão presentes, mas devem ser apreciados e reforçados:

Apesar desses bens do continente, a atual crise econômica e social atingiu a população e produziu o aumento da pobreza, do desemprego, da desigualdade social, bem como a exploração e o abuso da nossa casa comum. Diante dessa situação é preciso uma análise que leve em consideração a realidade das pessoas concretas, a realidade do nosso povo.”

Destacando o segundo aspecto, o Papa frisou que é preciso coordenar os esforços para dar respostas concretas e para fazer frente às instâncias e às necessidades dos filhos e das filhas dos nossos países.

“Coordenar não significa deixar que os outros façam e no final aprovar, ao invés, comporta muito tempo e muito esforço; é um trabalho que não aparece e é pouco apreciado, mas necessário”, observou ainda, atendo-se em seguida ao fenômeno da emigração na América Latina:

“Diante de um mundo globalizado e sempre mais complexo, a América Latina deve unir os esforços para fazer frente ao fenômeno da emigração; e grande parte de suas causas já deveriam ter sido enfrentadas há muito tempo, mas nunca é tarde demais.”

Após recordar que a emigração sempre existiu, frisou que esta nos últimos anos teve um incremento jamais visto antes. “Nosso povo, impelido pela necessidade, vai em busca de ‘novos oásis’, onde possa encontrar maiores estabilidades e um trabalho que assegure maior dignidade à vida”.

Mas nessa busca, acrescentou o Pontífice, muitas pessoas sofrem a violação de seus direitos”; muitas crianças e jovens são vítimas do tráfico de seres humanos e são exploradas, “ou caem nas redes da criminalidade e da violência organizada.

“A emigração é um drama de divisão: dividem-se as famílias, os filhos se separam dos pais, distanciam-se da terra de origem, e os próprios governos e os países se dividem diante dessa realidade. É preciso uma política conjunta de cooperação para enfrentar esse fenômeno. Não se trata de buscar culpados e de esquivar-se de responsabilidades, mas todos somos chamados a trabalhar de maneira coordenada e conjunta.”

Por fim, atendo-se ao terceiro aspecto, Francisco observou que entre as muitas ações que se poderiam realizar, considera emergir por importância “a promoção de uma cultura do diálogo.

Em seguida, o Santo Padre reconheceu que alguns países da América Latina estão passando por momentos difíceis em nível político, social e econômico:

“Os cidadãos que dispõem de menos recursos são os primeiros a perceber a corrupção que existe nos vários estratos sociais e a má distribuição das riquezas. Sei que muitos países trabalham e lutam para realizar uma sociedade mais justa, promovendo uma cultura da legalidade”, reconheceu Francisco.

O Papa prosseguiu destacando que “a promoção do diálogo político é essencial, tanto entre os vários membros desta Associação, quanto com os países de outros continentes, de modo especial com os da Europa, por laços que os unem”.

O diálogo é indispensável, concluiu Francisco, “mas não o ‘diálogo entre surdos’! Requer uma atitude receptiva que acolha sugestões e partilhe aspirações”.

 

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Papa sobre Charlie: Defender a vida, sobretudo se ferida por uma doença

Papa sobre Charlie: Defender a vida, sobretudo se ferida por uma doença

“Defender a vida humana, sobretudo quando é ferida pela doença, é um compromisso de amor que Deus confia a cada ser humano”.

Com um tweet publicado em sua conta na noite de sexta-feira, o Papa Francisco lançou um apelo em favor da defesa da vida, sobretudo na doença, intervindo assim no dramático caso do pequeno Charlie, de apenas 10 meses – vítima de uma doença rara, considerada incurável pelos médicos – internado em um hospital em Londres, e que terá os aparelhos que o mantém vivo desligados.

Os pais nunca perdem a esperança e assim gostariam que a criança fosse elevada aos Estados Unidos para ser submetida a uma terapia experimental.

Os médicos ingleses alegam que este seria apenas um artifício para prolongar o sofrimento de Charlie, atingido por uma doença que enfraquece progressivamente músculos e nervos. Também a Corte Europeia dos Direitos Humanos manifestou-se contrária à iniciativa.

Os pais, então, pediram que o pequeno pudesse ao menos morrer em casa, desejo também este negado pela Corte.

O não respeito à escolha dos pais de Charlie levanta diversos questionamentos, além de ter provocado uma onda de indignação em todo o mundo.

Conversamos a este respeito com o Presidente do Centro de Estudos sobre a Família, Prof. Francesco Belleti:

“É terrível, porque nós aceitamos uma intervenção do Estado nas crianças, nos filhos dos pais, quando os pais são incompetentes, quando rejeitam a cura, quando maltratam. Assim, todos nós esperamos que o Estado intervenha em favor da criança. Mas quando a criança é superprotegida pelos pais, quando os pais fazem de tudo – haviam feito uma coleta de recursos, haviam conseguido dinheiro para poder fazer esta viagem da esperança à América – o Estado decide no lugar dos pais que perdem a sua titularidade. Este é um dado devastador, que poderia ser aplicado em qualquer circunstância, por exemplo, nas escolhas educativas de qualquer tipo… Portanto, é muito preocupante esta invasão arrogante do Estado no lugar dos pais. Recordo que em todas as Declarações dos direitos do homem e da criança, os pais têm a plena e inviolável titularidade à responsabilidade. Aqui os pais fizeram de tudo pelo seu filho e o Estado propõe a eles uma cultura de morte. Isto é absolutamente intolerável”.

Entre outras coisas, o senhor disse que se trata de um modo de conceber a lei que reduz uma pessoa à sua doença…

“Exato. Esta criança seguramente sofre, mas quantas famílias com doentes terminais hoje, em todo o mundo, olham um familiar que sofre! Os primeiros que sofrem pelo mal de seu filho são os pais de Charlie. Certamente também a eles o sofrimento do filho provocava uma ferida terrível no coração; porém, contemporaneamente, estão próximos a ele e o veem como uma pessoa plena, não a reduzem ao fato de uma doença. Esta é outra coisa que antropologicamente é intolerável.

Pensemos também em todos os agentes de saúde, nas quantas pessoas que estão nos asilos, nas estruturas onde devem acompanhar até a morte os idosos, as pessoas gravemente dependentes. Dentro desta condição, a pessoa é sempre maior que a doença e a doença nunca tem a última palavra. Fizeram vencer a doença, os juízes decidiram que Charlie não era tanto uma pessoa, mas era caracterizado somente pela sua doença.

São estas coisas, porque depois, o horizonte de uma decisão deste tipo é infinita: um Estado que pretende decidir sobre tua dignidade e define os limiares quando existem as condições para um cuidado mais humano possível. Infelizmente, existe também esta ideia, provavelmente exista algum pensamento por detrás disto: se temos menos pessoas que devamos cuidar por tantos anos, gastaremos menos como sistema social. E não podemos calar em relação a isto! Ou seja, por trás desta ideia de evitar o sofrimento, poderiam existir motivos econômicos e não humanitários”

 

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O agradecimento ao “editor do Papa”, que levou a LEV para o mundo

O agradecimento ao "editor do Papa", que levou a LEV para o mundora

Depois de dez anos de serviços prestados à Santa Sé como “editor do Santo Padre” – em dois mandatos sucessivos – o Padre Giuseppe Costa SDB deixa a direção da Livraria Editora Vaticana (LEV).

A cerimônia de despedida foi realizada na manhã de sexta-feira, na presença, entre outros, do Substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, Arcebispo Angelo Becciu e Mons. Dario Viganò, Prefeito da Secretaria para a Comunicação.

Monsenhor Viganò agradeceu a Dom Giuseppe, sublinhando a importância dos seus dez “gloriosos anos de serviço junto à Santa Sé”, que foram valorizados ainda mais pela presença do Substituto da Secretaria de Estado, Dom Angelo becciu, que expressou por sua vez a gratidão pela “contribuição qualificada” que Padre Costa deu à Sé de Pedro e por “estes dez anos dedicados com tanto profissionalismo, paixão e inteligência, em elevar em escala internacional a Livraria Editora Vaticana”.

Padre Francesco Cereda SDB. Vigário do Reitor Maior dos Salesianos, recordou o percurso de Padre Giuseppe Costa, como “diretor do Boletim Salesiano”, diretor editorial da Sociedade Editora Internacional, docente na Pontifícia Universidade Salesiana, Diretor da Livraria Editora Vaticana” e agradeceu a ele pela contribuição dada à Santa Sé e à Sociedade salesiana.

Padre Giuseppe Costa agradeceu ao Arcebispo Angelo Becciu, a Mons. Edoardo Viganò, aos seus colaboradores mais estreitos, todos os dependentes da Livraria Editora Vaticana e a todos os presentes, anunciando irá à Sicília onde se dedicará à cultura e à escola.

O maior reconhecimento de Padre Costa é dirigido ao Santo Padre Francisco por tê-lo recebido em audiência e por tê-lo agradecido por meio de uma carta pessoal pela sua contribuição à difusão da cultura católica e do Magistério.

Também presente na cerimônia de despedida o Cardeal Raffaele Farina, o Prof. Giovanni Maria Vian, Diretor do L’Osservatore Romano, além de alguns diretores da Secretaria para a comunicação.

 

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Solenidade de São Pedro e São Paulo: os dois pilares da Igreja de Cristo

Solenidade de São Pedro e São Paulo: os dois pilares da Igreja de Cristo

Quando desejamos refletir bem, sem influência alguma de pessoas ou situações, nos retiramos para um local afastado e silencioso. Queremos estar a sós conosco na natureza e na presença de Deus. Foi o que Jesus fez com seus discípulos quando escolheu aquele que iria governar seu rebanho. O Senhor se dirigiu com eles a Cesaréia de Filipe, um lugar afastado do mundo judeu e significativo pela natureza, próximo ao monte Hermom e a uma das fontes do Jordão. Lá, na solidão e apenas na presença do Pai, checou o coração de Simão e o fez seu vigário. O eleito estava tão purificado, tão livre de apegos e amarras mundanas e tão cheio do Espírito que declarou a identidade de Jesus, reconhecendo-o como o Messias de Deus.

Por outro lado, Jesus confirmou seu nascimento na fé, dando-lhe outro nome, o de Pedro, pedra e indicando seu novo e definitivo encargo: confirmar seus irmãos na fé.

Além de graças para viver plenamente essa missão, Pedro as recebeu também para levá-la até o fim, quando dará glória a Deus através de sua morte na cruz, como o Mestre, só que de cabeça para baixo.

Simão nasceu de novo, recebeu outro nome, outra função na sociedade, aumentou enormemente seu compromisso na fé. Ao entregar-se na condução de seus irmãos, Pedro viveu momentos de alegria e de tristeza, de certezas e de abandono total na fé. O que passou a guiar sua vida, a ser fiel na missão recebida e abraçada foi a certeza da fidelidade do Senhor. Agora Pedro vai deixando Deus ser o oleiro, fazer dele um homem à imagem de Jesus. Por isso ele é pedra, não por causa de sua dureza, mas por causa de sua solidez e confiabilidade. Da dureza da pedra Pedro apenas guardou a resistência às investidas do inimigo. Nada pode vencê-lo.

Como chefe da Igreja, Pedro recebeu o poder de ligar e desligar, isto é, declarar o que está de acordo ou em desacordo com o projeto de Jesus. Por isso ele foi sempre esse homem renascido para a missão. Não será por este motivo que os papas mudam de nome?

Mas hoje também é o dia de São Paulo, a outra coluna da Igreja. Pedro é a coluna que nos confirma na fé e Paulo é a que evangeliza.

A liturgia nos propõe como reflexão a carta a Timóteo, onde o Apóstolo faz seu testamento e a revisão de sua vida cristã. De qualquer modo, Paulo, antes da conversão Saulo, também será assemelhado a Jesus, vítima sacrificada em favor de muitos. Ele deduz que o momento de seu martírio, de dar testemunho de Deus, está próximo.

Nessa ocasião foi feita a revisão de vida. Paulo teve consciência de que foi fiel à missão, que cumpriu o encargo de anunciar ao mundo o Evangelho. Teve consciência do quanto sofreu e padeceu por esse motivo e agradeceu a Deus por ter guardado a fé.

Em seguida Paulo expressou sua certeza no encontro com o Senhor, quando então será recompensado por tudo, através da convivência eterna com Ele.

Festejar os santos é praticar seus ensinamentos e seguir seus testemunhos de fé.

Que o Senhor nos ajude a louvar São Pedro e São Paulo, fazendo com que cada dia, cada despertar nós seja par nós um novo dia, o reinício da vida nova iniciada com o nosso batismo. Para isso é necessário abandonarmo-nos nas mãos de Deus, permitindo a Ele nos refazer, nos moldar segundo seu coração e confiando no resultado final que, como Paulo, só veremos no final da vida.

Que as alegrias e os êxitos, as dificuldades e os sofrimentos do dia-a-dia não impeçam nosso crescimento na fé, mas amadureçam e solidifiquem a ação do Espírito.

Finalmente, sirva-nos de referencial para a fidelidade a Cristo e sua Igreja, a conformidade de nossa vida aos ensinamentos de Pedro.

Que a celebração dessas duas colunas da Igreja seja uma ocasião de graças para o crescimento do Reino de Deus de nossa vida cristã!

 

(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para a Solenidade de São Pedro e São Paulo)

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Museus Vaticanos: restauração revela duas pinturas inéditas de Rafael

Cidade do Vaticano (RV) – Das restaurações em andamento na Sala de Constantino, dos Museus Vaticanos, chegou uma confirmação que era muito aguardada: duas figuras femininas, alegorias das virtudes da Amizade e da Justiça, são obra de Rafael.

O Vatican Magazine – quadro semanal televisivo de aprofundamento da Secretaria para a Comunicação/CTV – apresentou as primeiras imagens da figura da Comitas – a Amizade em latim – recém restaurada, e das primeiras sondagens de limpeza da figura da Justiça.

Graças ao trabalho dos restauradores dos Museus Vaticanos, coordenados por Maria Ludmilla Pustka – restauradora chefe do laboratório de restauração de pinturas dos Museus Vaticanos -, o histórico de arte Arnold Nesselrath, delegado para a área técnico-científica dos Museus Vaticanos e Diretor do Departamento para a Arte dos séculos XV e XVI, se obteve a confirmação daquilo que fontes da época relatavam.

Pouco antes de morrer de forma inesperada aos 37 anos, no dia de seu aniversário, devido a uma febre (entre 1519 e 1520) – o mestre Rafael Sanzio – que projetou e desenhou a decoração da sala destinada a banquetes, nomeações de cardeais e recepção de embaixadores e autoridades políticas, pintou com as próprias mãos duas figuras na sala, posteriormente completadas pelos alunos, entre os quais despontam Giulio Romano e Giovan Francesco Penni.

O restaurador Fabio Piacentini, trabalhando desde março de 2015 na Sala de Constantino, explicou ao Vatican Magazine:

“Analisando precisamente a pintura “de visu”, nos damos conta que era certa a participação do mestre, do grande Rafael. Nos deparamos com uma pintura feita a óleo sobre a parede, que é uma técnica realmente particular. Efetuadas as primeiras provas de limpeza e retirando todas as substâncias acumuladas no decorrer dos séculos durante restaurações mais antigas, eis que surge a preciosidade da pintura e o traço pictórico típico do mestre. A técnica usada é aquela que Rafael havia usado para a decoração de toda a sala. Sobre a parede aplica um estrato suficientemente espesso de uma resina natural conhecida também como “pez grega” e sobre ele, depois, pintou como se fosse uma pintura sobre tela, ou melhor ainda, sobre mesa”.

Confirma isto o Professor Arnold Nesselrath, delegado para a área técnico-científica dos Museus Vaticanos:

“Sabia-se, de fontes do século XVI, que Rafael havia pintado ainda duas figuras nesta sala. Sabíamos que antes de morrer tinha feito ainda duas tentativas na técnica a óleo nesta sala. Estas duas figuras são, com efeito, pintadas a óleo, como dizem as fontes, e são de uma qualidade muito superior àquelas que estão junto delas. Rafael era um grande aventureiro na pintura, sempre experimentava algo diferente. Quando entendia como funcionava uma coisa, tentava o próximo desafio. E assim, quando chega na sala maior do apartamento pontifício, decide pintar esta sala a óleo. Conseguiu pintar somente duas figuras e os alunos, mais tarde, continuaram no método tradicional e deixaram estas duas figuras autógrafas do mestre”. (JE)

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