Editorial: Viver como criança

No último dia 04 de junho comemoramos o “Dia Internacional das Crianças Inocentes vítimas de Agressões”. Por ocasião deste dia o Papa Francisco publicou em sua em sua conta @Pontifex um tweet, recordando a necessidade de proteger as crianças: “Vamos promover com coragem todos os meios necessários para proteger a vida de nossas crianças”.

Francisco lança mais uma vez um apelo em prol dos pequenos inocentes, vítimas dos adultos, daqueles que deveriam protegê-las, ajudá-las a crescer, a serem felizes, a serem crianças.

“Se o Santo Padre lança o apelo de promover, significa que ainda está se fazendo pouco”, disse na ocasião Padre Fortunato Noto, fundador e Presidente da Associação Meter, que há mais de 15 anos combate a chaga da pedofilia e pornografia infantil. “O estado de agressão, ofensa e maus-tratos – disse – é certamente um problema global, um problema diante do qual não podemos fechar os olhos, e tampouco considerá-lo como menor”.

No mundo inteiro, ficamos chocados com os milhões de crianças que são vítimas de crimes e do egoísmo de adultos maldosos. Em alguns países varridos pela guerra, as crianças são sequestradas para servir como soldados dos exércitos combatentes. Um relatório das Nações Unidas estima que mais de dois milhões de crianças a cada ano são vítimas da prostituição e da pornografia.

A data foi instituída em 1982 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, com o objetivo de “reconhecer a dor sofrida pelas crianças em todo o mundo, vítimas de abusos físicos, psicológicos e emocionais”.

Longe de ser um dia de celebração, é um dia de protesto, de conscientização e de reflexão. Todos os dias as crianças são vítimas de agressão física e psicológica no mundo inteiro, inclusive nas suas próprias casas, por obra dos seus pais. Este dia relembra todas as vítimas infantis de afogamento, envenenamento, espancamento, queimadura, trabalho infantil e abuso sexual, mas também chama a atenção para a necessidade de proteção e de educação das crianças, que se encontram numa fase vulnerável, de construção de mentalidade, carácter e de valores. Garantir um ambiente seguro e são para o crescimento das crianças é um dever dos pais, famílias, comunidades locais, professores, educadores, governantes e população em geral.

É necessário agir e cada um fazer a “própria parte”, em nível pessoal, mas também exortar as instituições a desenvolverem um percurso de mudança de direção, investindo em processos educativos e culturais. Em menos de 140 caracteres o Papa disse que é preciso “promover com coragem todos os meios necessários para proteger a vida de nossas crianças”. Isto quer dizer em todos os âmbitos: social, político, econômico e religioso.

Todos os meios significa em todas as frentes. A fragmentação das ações leva ao fracasso.

As crianças são extremamente vulneráveis. Elas têm pouca ou nenhuma capacidade de proteger-se ou de suster-se e pouca influência em grande parte do que é vital para seu bem-estar. As crianças precisam de outros que falem por elas e precisam de outros que tomem decisões e que coloquem o bem-estar delas acima dos interesses egoístas dos adultos.

A realidade atual demostra claramente que é mais do que nunca necessário melhorar a capacidade de proteger as crianças e impedir que sejam exploradas e maltratadas, roubando assim a sua inocência, a sua felicidade, roubando o espaço de vida da despreocupação, deixando marcas que muitas vezes o tempo não apaga.

Urgem ações, estratégias, decisões para proteger e dar esperança de vida a esses seres inocentes, futuro da humanidade, hoje viajantes em um caminho sem horizontes definidos.

É um dever de todos cuidar e proteger as crianças. É um dever educar e mostrar o mundo tal como ele é a quem ainda não o conhece. Uma criança é uma criança e deve viver e ser respeitada como criança.

 

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