Papa: O único extremismo permitido aos cristãos é o da caridade

Depois de uma programação intensa em seu primeiro dia de visita ao Cairo, com encontros com o Presidente egípcio Al-Sisi, o discurso na Universidade Al-Azhar e a visita ao Patriarca copta-ortodoxo Tawadros II, neste sábado o Papa conclui a viagem dedicando-se inteiramente ao aspecto pastoral, recebendo o abraço da pequena, mas muito ativa, comunidade copta-católica.

O dia começou com a despedida da Nunciatura e a saudação de um grupo de crianças alunas da Escola Comboniana do Cairo. Em seguida, em automóvel fechado, Francisco se deslocou ao estádio de futebol “Air Defense” e com o ‘golf-car’, (pequeno carro aberto) deu uma volta no campo, em meio aos fiéis. Cerca de 30 mil aguardavam o Pontífice.

A liturgia foi celebrada em latim e árabe, com as orações dos fiéis em várias outras línguas.

Em sua homilia, proferida em italiano, o Papa dissertou sobre o itinerário dos discípulos de Emaús, descrito no Evangelho de Lucas, e que se pode resumir em três palavras: morte, ressurreição e vida.

“Aquele sobre quem construíram a sua existência morreu, derrotado, levando consigo para o túmulo todas as suas aspirações. Na realidade, eram eles os mortos no sepulcro da sua limitada compreensão”.

O único extremismo permitido aos cristãos é o da caridade

“Ressuscitado, Jesus transforma o seu desespero em vida, porque, quando desaparece a esperança humana, começa a brilhar a divina”, prosseguiu o Pontífice, explicando: “Quando o homem toca o fundo do fracasso e da incapacidade, quando se despoja da ilusão de ser o melhor, ser o autossuficiente, ser o centro do mundo, então Deus estende-lhe a mão para transformar a sua noite em alvorada, a sua tristeza em alegria, a sua morte em ressurreição, o seu voltar atrás em regresso a Jerusalém, isto é, regresso à vida e à vitória da Cruz”.

Enfim, “a experiência dos discípulos de Emaús ensina-nos que não vale a pena encher os lugares de culto, se os nossos corações estiverem vazios do temor de Deus e da sua presença; não vale a pena rezar, se a nossa oração dirigida a Deus não se transformar em amor dirigido ao irmão; não vale a pena ter muita religiosidade, se não for animada por muita fé e muita caridade; não vale a pena cuidar da aparência, porque Deus vê a alma e o coração e detesta a hipocrisia. Para Deus, é melhor não acreditar do que ser um falso crente, um hipócrita!”

“A fé verdadeira é a que nos torna mais caridosos, mais misericordiosos, mais honestos e mais humanos; é a que anima os corações levando-os a amar a todos gratuitamente, sem distinção nem preferências; é a que nos leva a ver no outro, não um inimigo a vencer, mas um irmão a amar, servir e ajudar; é a que nos leva a espalhar, defender e viver a cultura do encontro, do diálogo, do respeito e da fraternidade; é a que nos leva a ter a coragem de perdoar a quem nos ofende, a dar uma mão a quem caiu, a vestir o nu, a alimentar o faminto, a visitar o preso, a ajudar o órfão, a dar de beber ao sedento, a socorrer o idoso e o necessitado. A verdadeira fé é a que nos leva a proteger os direitos dos outros, com a mesma força e o mesmo entusiasmo com que defendemos os nossos. Na realidade, quanto mais se cresce na fé e no seu conhecimento, tanto mais se cresce na humildade e na consciência de ser pequeno”.

O Papa terminou a homilia com uma lembrança: “Deus só aprecia a fé professada com a vida, porque o único extremismo permitido aos cristãos é o da caridade. Qualquer outro extremismo não provém de Deus nem lhe agrada”.

E um pedido: “Não tenham medo de amar a todos, amigos e inimigos, porque, no amor vivido, está a força e o tesouro do crente”.

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