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Reflexão e sugestão para a missa do 4° Domingo da Quaresma 2020

4° Domingo da Quaresma 2020

ISm 16,1b.6-7.10-13a; SI 22; Ef 5,8-14; Jo 9,1-41 

A escuta que salva e liberta

O quarto domingo da quaresma nos convida a alegrar-nos com a salvação de Deus, revelada plenamente em Jesus Cristo. À luz de sua presença redentora, toda cegueira se dissipa, e a vida ganha novo vigor. Para manter-se na escuridão, diante de luz tão radiosa, é preciso fechar os olhos e o coração e declarar que não o aceita.

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As leituras podem ser compreendidas a partir do tema profundo da escuta de Deus. Samuel ouviu Deus no momento em que disse: é este, ungi-o. Eis que inaugura mais um momento da história do povo de Deus, sob a égide do pequeno e grande Davi. Paulo conclama os cristãos de Éfeso para uma escuta da voz de Deus, que fala em seus corações, chamando-os a viverem na luz! Bondade, justiça e verdade agora precisam resplandecer na comunidade cristã. Aquele que ouve a voz do Filho amado de Deus e assume sua própria vocação torna-se criatura nova, uma fonte de luz.

O evangelho de João apresenta-nos o sexto sinal realizado por Jesus ao dar a vista ao cego de nascença. É nítido o confronto entre a atitude de escuta do cego e a surdez proposital dos fariseus. Eles não querem admitir, primeiramente, que o tempo da graça chegou. Continuam a ver tudo na perspectiva do pecado. Assim, Jesus é um pecador porque desrespeita o sábado; o homem que agora vê é expulso da sinagoga. Perguntam, insistentemente, como foi que Jesus abriu seus olhos, mas não estão dispostos a ouvir e a assumir a simplicidade com a qual Jesus traz o Reino de Deus: “O homem chamado Jesus fez barro, passou em meus olhos e me disse: ‘Vá lavar-se em Siloé’. Eu fui, lavei-me e comecei a enxergar”.

A escuta que transforma nosso olhar

O caminho quaresmal convida-nos a ouvir a voz de Deus, a lançar-nos com confiança nos braços de Jesus, Luz do Mundo. Para isso, precisamos reconhecer que sua luz irradia em nosso coração, pois somos filhos livres e amados do Pai misericordioso. Não deixemos que a surdez espiritual tome conta de nós, impedindo-nos de ouvir a Palavra de Salvação. Há muitas vozes que privilegiam o pecado, a negatividade e o desespero. Eis nossa missão enquanto filhos e filhas da luz: mostrar que o Cristo nos oferece um outro ponto de vista, um outro modo de ver o mundo.

O cego fez um percurso: começando a enxergar, foi além, até o ponto mais importante de ver Jesus como o Filho do Homem, o Salvador. Abramos, pois, nossos ouvidos, nossos olhos e nosso coração ao Salvador. Eis que se aproxima o momento litúrgico de contemplar Jesus no alto da Cruz, em que será glorificado. Seremos capazes de reconhecer e assumir sua salvação em nossa vida? Que a quaresma nos abra os ouvidos para ouvir o irmão necessitado; abra-nos também o coração para não sermos profetas de desgraças, mas profetas da vida nova, que resplandece por meio da bondade, da justiça e da verdade.

Sugestões litúrgicas

– Enfatizar o sentido e a importância da caridade-esmola como prática evangélica neste tempo penitencial.
– Ato penitencial: no ato penitenciai, pode-se entrar cartazes, frases ou fazer uma pequena encenação, mostrando as “cegueiras” dos que não querem ver a ação de Deus: violência, corrupção, preconceito religioso e etc.
– Liturgia da Palavra: a proclamação da palavra pode ser precedida por um mantra, durante o qual se pode motivar a assembleia à frutuosa escuta no espírito quaresmal.
– Oferendas: durante as oferendas, apresentar nomes de pessoas que viveram em prol da caridade. Podem ser nomes  conhecidos no mundo e, sobretudo, na realidade local da comunidade. O santo padroeiro pode ser envolvido nessa dinâmica, a fim de motivar a comunidade à prática da caridade.

Sugestões de repertório (O Domingo)

Abertura: Alegres vamos
Aclamação: Louvor e glória
Oferendas: O Vosso coração
Comunhão: Dizei aos cativos

Cifras e partituras das sugestões CNBB

Semanário litúrgico – catequético – Cantos para a Celebração  – 4° Domingo da Quaresma 2020

 

Áudios para o 4° Domingo da Quaresma 2020 (Salmo 22 e refrão orante) CNBB:

 

Padre Anísio Tavares, C.Ss.R. / Portal Kairós

22 de março: missa do 4° Domingo da Quaresma 2020

4° Domingo da Quaresma 2020 – Ano A

Jesus é a luz que ilumina nossa existência e abre nossos olhos para enxergar as necessidades dos nossos irmãos e irmãs – particularmente das crianças que sofrem. Esta Eucaristia nos anime a buscar sempre o que agrada ao Senhor, vencendo as trevas do egoísmo e da indiferença e ajudando todos a ter uma vida digna e feliz.

Jesus abre nossos olhos e nosso coração para enxergarmos com amor as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs. Entre os próximos dias 26 e 28, o papa Francisco se encontrará (em Assis, na Itália) com economistas jovens para repensar a economia global. Que esta convocação do papa encontre acolhida em nosso coração, em favor de uma “economia que faz viver, humaniza e cuida da criação”.

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JESUS, LUZ DA HUMANIDADE

Na passagem do cego de nascença está o sexto sinal narrado pelo Evangelho de João. Para o autor, o relato não é um milagre, mas um sinal que aponta para além do fato em si. Esse episódio ocorre por ocasião da festa dos Tabernáculos, evento em que a iluminação desempenhava importante papel e que, portanto, contrastava com a situação de alguém cego, mergulhado na escuridão. O texto ressalta o contraste entre trevas (fariseus) e luz (Jesus).

O evangelho de hoje mostra o conflito existente entre os cristãos e a sinagoga no tempo da comunidade joanina. Confessar a messianidade de Jesus significava ser expulso da sinagoga. Foi o que aconteceu com o que era cego. O medo dos pais de se envolver no caso também demonstra isso. A fé autêntica em Jesus é sinal de risco e perseguição.

Na época, havia a mentalidade de que a doença seria castigo de Deus. Eis a razão da pergunta dos discípulos. Jesus esclarece que a cegueira do homem não é consequência de algum pecado dele ou dos pais, mas é meio para revelar as obras divinas. Atualmente ainda vemos, com frequência, pessoas que concebem Deus como alguém castigador e vingador, ao passo que Jesus nos mostra que ele é Pai e amigo.

O relato, assim como tantos outros no Evangelho de João, é rico em simbolismo. O cego pode representar a comunidade joanina em seu processo de descoberta de Deus na pessoa de Jesus, enviado (“Siloé”) para realizar as obras do Pai. As várias etapas do reconhecimento de Jesus por parte do homem que recuperou a vista podem simbolizar a caminhada da comunidade que, aos poucos, vai descobrindo e assumindo o projeto de vida do Mestre.

O cego recupera a visão, enquanto os fariseus se tornam sempre mais cegos, fechados em suas ideias fixas, incapazes de enxergar e reconhecer a diversidade e o diferente. A busca e a recuperação da fé constituem um processo em que pessoas e comunidades vão se inserindo à medida que se abrem aos “sinais dos tempos”. A ausência dos olhos da fé é grande entrave que não permite ver as pessoas, as coisas e o mundo com o olhar dado por Jesus.

 

Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós