Reflexão e sugestão para a missa do 1° Domingo da Quaresma 2020

1° Domingo da Quaresma 2020

Gn 2,7-9;3,1-7;SI 50;Rm 5,12-19;Mt 4,1-11

Antuérpia, Bélgica – 5 de setembro: afresco da tentação de Jesus em Joriskerk ou st. Igreja de George a partir de 19. Cent. em 5 de setembro de 2013 em Antuérpia, Bélgica

O jardim da vida ou a escravidão do pecado?

O tempo da quaresma evidencia o constante convite de Deus à conversão. A catequese apresentada na primeira leitura nos mostra duas realidades:
1) a do jardim da vida, no qual o homem e a mulher são criaturas privilegiadas de Deus, cuja missão é cuidar e zelar de toda a criação com Ele;
2) a realidade do pecado, em que o ser humano rejeita o senhorio amoroso de Deus e mergulha em seu profundo egoísmo, desejando tornar-se senhor do bem e do mal. As consequências são graves, trazendo a desarmonia no convívio comunitário e a desorientação total em relação ao sentido e ao valor da vida.

Paulo faz o paralelo entre a humanidade desobediente e egoísta, que não obedece a Deus, figurada em Adão, e Cristo, o homem pleno – novo Adão -, que vem recordar o projeto inicial de Deus para cada ser humano. Em Jesus, a humanidade novamente volta a caminhar com Deus e a buscar o sentido profundo da vida. Nele, a contrição é feita no amor misericordioso.

Apresentar-se diante de Deus com o coração contrito, como sugere o salmo 50, significa reconhecer que o pecado nos aprisiona e que a graça nos liberta. As tentações se sustentam pela promessa falsa de felicidade, mas se escondem de seu âmago a destruição. O pedido de perdão expressa o grito mais profundo do ser humano por liberdade, vida e dignidade.

A liberdade que salva!

Cristo, ao posicionar-se com firmeza diante das tentações, faz emergir o homem livre, capaz de rejeitar a ganância pelo ter, poder e prazer. No deserto de nossos pecados, o Pai nos resgata em Cristo para a vida nova da autêntica liberdade. Por isso Paulo exalta a obediência de Jesus, a qual nos reconciliou com o Pai a ponto de podermos de novo nos sentirmos filhos amados e não concorrentes gananciosos do Criador. Neste tempo quaresmal, olhemos para a realidade que nos cerca, a qual traz as marcas terríveis de nossas atitudes, quando nos deixamos levar pela ganância do ter, pelo abuso do poder e pela desvirtuação do prazer, causando a destruição da fraternidade, dos laços familiares e comunitários. Com Cristo, caminhemos para a liberdade, que nos permite dizer não para as tentações egoístas e, assim, abrirmo-nos para a doação de vida em favor dos irmãos. Eis o tempo favorável! Convertamo-nos! Cristo nos chama e nos acompanha neste tempo penitenciai.

Sugestões Litúrgicas

– Ato Penitencial: o ato penitenciai pode ser dinamizado a partir das três tentações de Jesus, ligando com a entrada da Palavra.
– Entrada da Palavra: na entrada da palavra, fazer uma encenação breve sobre o sentido atual das três tentações de Jesus no deserto, mostrando como elas podem ser superadas na escuta atenta da Palavra de Deus.
– Preces dos fiéis: as preces podem contemplar algumas “tentações” presentes na vida da comunidade, que a impedem de caminhar com mais vigor no caminho da conversão.
– Oferendas: aproveitar o momento das oferendas para motivar a doação de gêneros alimentícios, a fim de se fazer cestas básicas. Essa ação pode ser mantida durante todo o tempo quaresmal.

Sugestões de repertório

Abertura: Senhor, eis aqui
Aclamação: Louvor e glória
Oferendas: O vosso coração
Comunhão: Quando invocar

Cifras e partituras das sugestões CNBB

Semanário litúrgico – catequético – Cantos para a Celebração  – 1° Domingo da Quaresma 2020

 

Áudios para o 1° Domingo da Quaresma 2020 (Salmo e refrão orante):

 

Padre Anísio Tavares, C.Ss.R. / Portal Kairós

1° de março: missa do 1° Domingo da Quaresma 2020

1° Domingo da Quaresma 2020 – Ano A

Jesus nos mostra que a Palavra de Deus é alimento que sustenta a caminhada de todas as pessoas que se esforçam para fazer sua vontade, enfrentar as astúcias do mal e perseverar na fé. A Eucaristia nos ajude a viver intensamente este tempo da Quaresma, para que, com o coração purificado, celebremos, cheios de alegria, a festa da Páscoa.

O pão da Palavra e o da Eucaristia sustentam a fé de todos os que desejam fazer a vontade de Deus no seguimento de Jesus.

AS TENTAÇÕES DE ONTEM E DE HOJE

Jesus é conduzido pelo Espírito ao deserto, onde se prepara para assumir a missão que o Pai lhe confiou. Enquanto lá está, é tentado pelo diabo. O deserto, mais que indicação geográfica, é lugar da provação, do encontro com Deus, onde se amadurecem as opções que fazemos e se põe à prova a vocação. O povo de Israel caiu na tentação várias vezes, enquanto atravessava o deserto em busca da Terra Prometida.

O Mestre refaz o caminho do povo para mostrar que é possível vencer as dificuldades da missão. O diabo provoca Jesus: “Se és Filho de Deus…” –  desafio que volta no final do evangelho. (Seria dúvida da própria comunidade a respeito da divindade de Jesus?)

Mateus salienta três tentações a que Jesus teria sido submetido: o poder, a riqueza e o prestígio. Ele é confrontado com a decisão de ser fiel ao projeto de Deus ou aderir ao projeto do diabo. Sua opção mostra-se em sintonia com a vontade do Pai, recusando soluções simplistas e enganadoras. Fundamentado na Palavra de Deus, o Mestre supera as provas do adversário. Ele viveu sempre dessa Palavra, seu alimento cotidiano. Assim, teve forças suficientes para não cair na armadilha do tentador. Jesus não procura manipular a Deus nem busca privilégios.

As três provas são como que a síntese de tudo o que pode acontecer com qualquer ser humano. Como cristãos, seguidores de Jesus, somos convidados a resistir a propostas enganadoras, que trazem dominação, miséria e exclusão do povo.

Talvez possamos afirmar que a tentação mais diabólica seja a do acúmulo da riqueza. O poder do dinheiro consegue manipular os outros poderes. O “grande capital” consegue dominar os impérios e o mundo. Quem se deixa levar pelo desejo do acúmulo é capaz de qualquer coisa para aumentar sempre mais sua riqueza. Nós, porém, vivemos da Palavra de Deus, a qual nos aponta outros caminhos.

 

Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós

26 de fevereiro de 2020: Quarta-feira de Cinzas

26 de fevereiro de 2020: Quarta-feira de Cinzas

AS BOAS AÇÕES AGRADÁVEIS A DEUS

O evangelho do início da Quaresma apresenta a proposta de Jesus a respeito das “boas obras” ou “obras de piedade”: esmola, oração e jejum. Três práticas muito importantes para os judeus e os cristãos. Essas ações ganharam especial impulso durante o exílio na Babilônia, quando os judeus não tinham o templo para suas práticas religiosas e sacrifícios.

Jesus não pretende desprezá-las nem aboli-las. O que está em jogo não são as obras em si, mas o uso que faz delas o “hipócrita” – que pode ser qualquer um, já que nenhum ser humano é “anjo em estado puro”. O Mestre propõe apenas que sejam autênticas e não simples exibicionismo, situação em que se tornariam sem nenhum valor diante de Deus.

São três ações recomendáveis principalmente no tempo da Quaresma, quando somos convidados a intensificar nossa conversão. Elas nos põem em relação com os outros (esmola), com Deus (oração) e com nós mesmos (jejum).

A esmola vem em primeiro lugar e expressa o nosso compromisso e solidariedade com a vida dos outros, principalmente com os mais necessitados e empobrecidos. Deus age por intermédio de pessoas dispostas a “colocar a mão no bolso” para ajudar, como diz o papa Francisco – isto é, comprometidas com o bem da humanidade sofredora. Quem busca admiração e aplauso humanos dispensa a recompensa divina.

A oração estabelece nosso relacionamento com Deus. Jesus nos pede uma oração despojada de pretensões e de muito palavrório, sem alarde e sem hipocrisia, ou seja, uma oração que corresponda à nossa vivência cotidiana e seja do agrado do Pai.

O jejum nos confronta diretamente, convidando-nos a renunciar a algo que consideramos importante e abrindo-nos a mente para novos horizontes, nos quais descobrimos pessoas despojadas de tudo, jejuando diariamente. O jejum é um exercício de educação dos próprios instintos e paixões.

Reflexão e sugestão para a Quarta-feira de Cinzas 2020

 

Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós

Reflexão e sugestão para a Quarta-feira de Cinzas 2020

Quarta-feira de Cinzas 2020

Jl 2,12-18; Sl 50; 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18

Das atitudes aos gestos

A liturgia de hoje nos introduz no tempo da quaresma, convidando-nos à conversão profunda de vida. O profeta Joel ajuda-nos a compreender que esse tempo não pode ser vivido apenas ritualmente, com práticas exteriores. Ao costume da época de rasgar as vestes em sinal de penitência, o profeta conclama todos a “rasgarem o coração”. Com isso, a profecia não despreza as  práticas penitenciais, mas alerta que a sincera conversão começa no mais profundo de nosso ser.

Ao dar plenitude à Lei e aos Profetas, Jesus aponta a centralidade do amor de Deus em nosso projeto pessoal e comunitário de vida. Não é de exibicionismos que se vive a verdadeira fé, mas da comunhão profunda com Deus e com os irmãos. O encontro com o Pai misericordioso nos ensina que as obras de misericórdia não, são para nosso próprio engrandecimento, mas para crescermos no amor fraterno, que nos leva à reconciliação.

Atentos à Palavra de Jesus, façamos uma revisão de vida que nos permita rever nossas atitudes, pois são delas que brotam os gestos que concretizam a fé na vida cotidiana.

Eis o tempo favorável

As cinzas que hoje recebemos, recordam-nos a fragilidade de nossa natureza humana: “Tu és pó e ao pó retornarás”. O sentido profundo dessa frase é deixar claro que somos criaturas de Deus e alvos de sua misericórdia. Daí a frase “Convertei-vos e crede no evangelho”. Nossa fragilidade encontra a plenitude somente no amor redentor de Cristo, que nos faz criaturas novas.

Por isso São Paulo lança o apelo para que nos reconciliemos com Deus em Cristo, a fim de sermos sinais vivos da justiça misericordiosa de Deus. Se somos novas criaturas, é nele que somos renovados. Entendemos, então, que a quaresma não é um tempo de tristeza, mas de profunda interiorização para reencontrarmos a verdadeira felicidade de já termos sido todos salvos em Cristo.

O caminho quaresmal será norteado por três ações. A primeira é a oração, sem a qual não seremos capazes de reconhecera presença de Deus em nosso coração e na vida da comunidade. A segunda ação se refere ao jejum sincero de tudo que impede a vivência profunda do evangelho. Por fim, a caridade (esmola), prática que me leva a abrir o coração e as mãos diante da necessidade do outro para ajudá-lo a ter mais vida e dignidade.

Façamos desse tempo quaresmal um momento fecundo em nossa história pessoal e comunitária. Purifiquemos nosso coração por meio da escuta de Jesus, o Filho amado do Pai. Ele é a Palavra viva que transforma e faz novas todas as coisas.

Sugestões Litúrgicas

– Fazer uma pequena reflexão sobre o sentido das Cinzas, sem se preocupar com a Campanha da Fraternidade.
Ornamentação: o altar pode estar desnudo, sendo preparado imediatamente antes da procissão de entrada.
– Com as toalhas roxas do altar, ambão e credencia, uma faixa, com a palavra ORAÇÃO.
– Com as velas, o missal e o lecionário, também uma faixa com a palavra JEJUM.
– À frente da procissão de entrada, do lado da Cruz Processional, uma faixa com a palavra CARIDADE.
Liturgia da Palavra: após o evangelho e a homilia, pode-se fazer a entrada das cinzas, precedidas de uma pira de incenso e duas velas, dando o sentido místico e penitenciai do momento.
Oferendas: juntamente com o pão e o vinho, entrar a Palavra de Deus, verdadeiro alimento que sustenta a comunidade em seu caminho penitencial.
– Antes da oração pós-comunhão: pode-se rezar uma oração de adoração a Jesus Sacramentado, que ajude os fiéis a reconhecerem a misericórdia divina presente na comunidade. Essa oração pode ser entregue a cada um dos fiéis na saída da celebração.

Sugestões de repertório

Abertura: Senhor, eis aqui
Aclamação: Louvor e glória
Procissão de cinzas: Pecador, agora é tempo
Oferendas: O vosso coração
Comunhão: Reconciliai-vos

Cifras e partituras das sugestões CNBB

Semanário litúrgico – catequético – Cantos para a Celebração  – Quarta-feira de Cinzas – Ano A

Celebração Dominical da Palavra – Cantos para a Celebração Dominical da Palavra – Quarta-feira de Cinzas – Ano A

 

Áudios para a Quarta-feira de Cinzas (Salmo e refrão orante):

Refrão meditativo da CF 2020:

 

Padre Anísio Tavares, C.Ss.R. / Portal Kairós

Quarta-feira de Cinzas: o início da Quaresma 2020

A Quarta-feira de Cinzas marca em toda a Santa Igreja o início do tempo da Quaresma, um tempo em que somos convidados a praticar o jejum, a penitência e a caridade. Não devemos confundir o período quaresmal com tristeza, com um ar de velório, mas muito pelo contrário, é um tempo no qual somos chamados por Deus a mudar algumas atitudes e chegarmos renovados na celebração da Páscoa. É o tempo do deserto, do encontro com o Senhor. Ela nos encaminha para a Páscoa!

Na Quarta-feira de Cinzas, todo católico deve participar da Santa Missa e receber em sua cabeça a imposição das cinzas. O significado não é simplesmente de receber as cinzas na cabeça, mas quer nos chamar à conversão: Convertei-vos e crede no Evangelho, e também dizer que do pó viemos e ao pó voltaremos. O povo do Antigo Israel para reparação de seus pecados punha cinzas na cabeça e se vestia de saco em sinal de penitência: “No dia vinte e quatro desse sétimo mês, o povo de Israel se reuniu para jejuar a fim de mostrar a sua tristeza pelos seus pecados. Eles já haviam se separado de todos os estrangeiros. Em sinal de tristeza, vestiram roupas feitas de pano grosseiro e puseram terra na cabeça. Então, se levantaram e começaram a confessar os pecados que eles e os seus antepassados haviam cometido. Durante mais ou menos três horas, a Lei do Senhor, seu Deus, foi lida para eles. E nas três horas seguintes, eles confessaram os seus pecados e adoraram o Senhor” (cf. Ne 9, 1-2).

A cinza feita com a queima dos ramos secos que foram abençoados no Domingo de Ramos do ano passado quer recordar que o sinal de nossa vida cristã e de nossa profissão de fé precisa ser renovado. Aliás, serão muitos os sinais que nos serão tirados durante a Quaresma e que só retornarão a partir da Semana Santa, culminando com a renovação das promessas batismais na noite da Vigília Pascal.

A Igreja no Brasil com a Quarta-feira de Cinzas também inicia a Campanha da Fraternidade, que é uma forma de tomarmos consciência de situações de pecados que têm repercussão no social e nos chama à conversão, além de toda a mudança de vida que nós somos chamados a vivenciar neste tempo favorável de jejum e penitência. Na Campanha da Fraternidade todo ano é escolhido um tema social, no qual somos chamados a viver e pô-lo em prática como um gesto concreto durante o período quaresmal. Um tema que alerta a todos nós católicos, mas também a nossa sociedade e os nossos governantes para olharem por aqueles que mais sofrem e que estão feridos em sua dignidade. Neste ano de 2020, o tema da Campanha da Fraternidade é: Fraternidade e Vida – Dom e compromisso, e o lema, “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (cf. Lc 10,33-34). Somos convidados a partir deste tema e deste lema a cuidar daqueles que estão feridos, esquecidos pela sociedade, que ninguém cuida, que as pessoas fingem que veem e não veem, passam adiante. Somos convidados a sermos bons samaritanos para essas pessoas e cuidar daqueles que se encontram feridos.

A intenção ao iniciar a Quaresma impondo cinzas em nossas cabeças é levar-nos ao arrependimento dos pecados, marcando o início da Quaresma, é fazer-nos lembrar de que não podemos nos apegar a esta vida, achando que a felicidade plena possa ser construída aqui. É uma ilusão perigosa. A morada definitiva é o céu.

Ao celebrarmos a Quarta-feira de Cinzas iniciamos o tempo que tem como símbolo o número 40, como encontramos em tantas outras situações do povo de Deus. Mas, de modo especial, recordamos os 40 dias que Jesus passou no deserto, sendo tentado por Satanás (iremos ouvir esse texto no primeiro domingo da Quaresma). Somos convidados a vencermos as tentações do mal no dia a dia, assim como Jesus conseguiu vencer. É o que o período quaresmal nos convida a vencer as tentações e procurar mudar de vida.

Recordamos, também, os 40 anos de peregrinação do Povo de Israel no deserto, até chegar na Terra Prometida, recordando-nos, assim, que a nossa vida é um caminhar (sair das escravidões de nossas vidas e caminhar para a vida da graça). Em cada ano renovamos essa passagem pelo deserto até chegar na Terra em que corre leite e mel. E para nós cristãos, peregrinamos aqui na Terra rumo ao Céu, onde nos encontraremos definitivamente com Deus e aguardaremos a ressurreição, assim como Jesus.

Isso nos mostra que a vida está em nós, mas não é nossa. Quando vemos uma bela rosa murchar, é como se ela estivesse nos dizendo que a beleza está nela, mas não lhe pertence.

Com a celebração da Quarta-feira de Cinzas, somos convidados a refletir que desta vida não levaremos nada, não adianta acumularmos riquezas, rancor ou ódio, ou mesmo revanchismos. Não levaremos nada daqui, mas somente o amor, a misericórdia e a compaixão, que demonstraremos aos nossos irmãos. Somente o bem que aqui plantamos e vamos colher no céu. Definitivamente, nos recorda que do pó viemos e ao pó voltaremos, por isso: convertei-vos e crede no Evangelho. Que a nossa vida não nos pertence, mas pertence a Deus.

Na Quarta-feira de Cinzas e durante o tempo quaresmal, na liturgia não se canta e nem se recita o Hino do Glória e nem o Aleluia, que só retomaremos (salvo exceções), com alegria e entusiasmo, na Vigília Pascal, na Noite Santa da Ressurreição do Senhor, porque assim entramos no sentido espiritual que esse tempo nos convida. Portanto, vivenciamos a Quaresma como um tempo voltado para a oração, a penitência e o jejum. O sacerdote durante esse tempo usa o paramento na cor roxa, chamando-nos a atenção para fazermos penitência. Há dois momentos durante o ano em que a Igreja nos exorta a fazer uma boa confissão, que é na Quaresma e no Advento. Para nos preparar para duas grandes celebrações da nossa fé – Páscoa e Natal. É claro que isso é mínimo, pois somos convidados a, em outros momentos do ano, nos confessarmos, mas esses são dois momentos fortes e propícios para isso.

Esmola, jejum e oração: tripé da espiritualidade quaresmal. Estas três palavras são propostas como características da espiritualidade da Quaresma: esmola, jejum e oração. A oração, sobretudo, deve animar a espiritualidade da Quaresma. Uma oração feita no silêncio do próprio quarto, da interioridade para meditar a Palavra, para deixar que a Palavra compenetre e transforme a nossa vida. E então, seremos capazes de jejum. Que a oração em que pedimos que o Senhor venha ao nosso encontro ilumine nosso itinerário quaresmal, para uma profunda conversão. Lembrando que não é só jejum da carne, dos alimentos, mas de palavras inúteis, do uso do celular em excesso, do uso das redes sociais em excesso, um jejum de multiplicar as fake news. A dimensão da esmola que se torna sensibilidade social, atenção aos mais pobres e solidariedade.

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