Alemanhã: reunião do Conselho internacional de cristãos e judeus

Teve início, neste domingo (02/07), em Bonn, na Alemanha, a reunião anual do Conselho internacional de cristãos e judeus, dedicada aos 500 anos da Reforma Protestante.

“As religiões têm uma dívida de reconhecimento para com os pioneiros da reconciliação”, disse o Presidente da Conferência Episcopal Alemã, Cardeal Reinhard Marx, na abertura do encontro intitulado “Martinho Lutero e os 500 anos de tradição e reforma no judaísmo e no cristianismo”.

O purpurado manifestou sua gratidão aos pioneiros da reconciliação que tiveram “a coragem de iniciar um diálogo cujo futuro ninguém poderia prever. Gratidão também pela paciência com a qual suportaram o ceticismo e as críticas”.

“A sua coragem e paciência deram muitos frutos, dentre os quais, o fato de que a Teologia, a catequese e a pregação terem sido enriquecidas pelo diálogo com o judaísmo. Houve uma melhor compreensão da fé cristã e uma nova convivência cordial entre cristãos e judeus”, sublinhou o purpurado.

O Cardeal Marx elogiou o fato de a Igreja Evangélica Alemã ter enfrentado abertamente e criticamente o antijudaísmo de Martinho Lutero e a distância que tomou dele. “Este fato nos incentiva a prosseguir nesse caminho com paciência e perseverança”, frisou.

Os trabalhos do Conselho internacional de cristãos e judeus continuam até a próxima quarta-feira, 5 de julho.

 

br.radiovaticana.va

Baixe materiais especiais para seu grupo

Artigo: O Papa

A liturgia católica celebra no dia 29 de junho, ou no domingo seguinte, os apóstolos São Pedro e São Paulo. São dois personagens fundamentais na história do cristianismo e da Igreja. No mesmo dia, a Igreja convida os fiéis católicos a rezarem pelo papa, o sucessor de São Pedro. Além de ser um dia de oração, também é dia de reflexão sobre o serviço papal.

Onde reside a grandeza de São Pedro e São Paulo? Por que são recordados depois de tanto tempo? A distância do tempo pode levar à ilusão de que estamos diante de personagens que nasceram prontos. Porém, as poucas palavras escritas sobre suas vidas revelam, claramente, profundas mudanças nas escolhas, na adesão ao projeto de Jesus Cristo e no exercício da missão. Ambos foram se convertendo de tal modo que Jesus Cristo se tornou o centro de suas vidas. Diante da insistente pergunta de Jesus (cf. João 21, 15-18) “Simão, filho de João, tu me amas”? Pedro responde: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo. Jesus lhe disse: cuida das minhas ovelhas”. São Paulo, depois de anos de ministério apostólico, confessa, escrevendo aos Filipenses 1,21: “Para mim, de fato, o viver é Cristo e o morrer é lucro”. Pedro e Paulo marcam a história por causa desta opção de vida.

O papa Francisco é o papa de número 266. Muitos papas foram canonizados, outros exerceram com dignidade e competência a missão e alguns não foram dignos e fiéis ao cargo. A exemplo de São Pedro e São Paulo, cada papa tem uma história de vida pessoal: uma origem familiar, uma nacionalidade, um processo formativo, um contexto histórico. Nenhum deles nasceu pronto e nenhum foi perfeito.

Tendo como referência os apóstolos Pedro e Paulo e a história da Igreja, duas características foram e são fundamentais nos papas: homens de profunda fé e de um grande zelo pastoral. Os papas que viveram deste modo, hoje são reconhecidos e elogiados. Para exemplificar, fica mais fácil falar dos papas recentes. Na agenda diária destes papas, o tempo e o espaço dedicado à oração, à celebração eucarística diária e aos exercícios espirituais não cede espaço para audiências com personalidades religiosas ou civis. Cultivam a intimidade com Deus diariamente. É só observar como os papas se comportam nas grandes celebrações públicas. Não entram como astros que atraem sobre si a atenção, pois tem consciência que devem apontar para quem é maior e a quem estão servindo.

Como segunda característica é o zelo pastoral e para exercê-lo é preciso estar com os pés no chão, no tempo presente. Conduzir a Igreja, num mundo tão vasto e plural, exige muita sabedoria e determinação. A missão fundamental da Igreja é evangelizar e esta tem inúmeros desafios internos e externos. Os papas com suas palavras e exortações apostólicas oferecem caminhos seguros. Também, o pastoreio envolve a organização estrutural da Igreja, que constantemente necessita ser revisada e corrigida. Envolve a escolha de pessoas ou a remoção de pessoas que não estão no rumo certo, tarefa sempre complexa e, muitas vezes, conflitiva. Não pode faltar a atenção e o posicionamento diante dos grandes acontecimentos e problemas do mundo.

O papa Francisco é exemplar na fé e na pastoral. Isto alegra a Igreja Católica e, certamente, muitas pessoas que comungam do mesmo ideal.

 

Dom Rodolfo Luís Weber / Arcebispo de Passo Fundo

br.radiovaticana.va

Baixe materiais especiais para seu grupo

A condição do discípulo exige uma relação prioritária com o mestre

“A condição do discípulo exige uma relação prioritária com o mestre”, um vínculo de amor que faz com que este seja “um representante dele, um “embaixador” dele, sobretudo com o modo de ser, de viver”.

Ao dirigir-se aos milhares de peregrinos e turistas reunidos na Praça São Pedro para o Angelus dominical, o Papa destacou “os aspectos essenciais para a vida do discípulos missionários”.

Para tal, Francisco inspirou sua reflexão no capítulo 10 do Evangelho de São Mateus, onde “Jesus instrui os doze apóstolos no momento em que, pela primeira vez, os envia em missão aos povoados da Galileia e da Judéia”.

O Papa observa que na parte final da passagem, Jesus sublinha dois aspectos essenciais para a vida do discípulo missionário:

“O primeiro, que a sua ligação com Jesus seja mais forte do que qualquer outra ligação; o segundo, que o missionário não leve a si mesmo, mas Jesus, e por meio d’Ele, o amor do Pai celeste. Estes dois aspectos estão ligados, porque quanto mais Jesus está no centro do coração e da vida do discípulo, mais este discípulo é “transparente” a sua presença. Estas duas coisas caminham juntas”.

O Papa explica que quando Jesus diz que “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim”, não quer dizer que isto não seja bom e legítimo, que “Ele nos queira sem coração e privados de reconhecimento”, mas que isto “não pode se antepor a Cristo”, “porque a condição do discípulo exige uma relação prioritária com o mestre”, tornando-se um com Ele:

“Quem se deixa atrair por este vínculo de amor e de vida com o Senhor Jesus torna-se um representante seu, um “embaixador” seu, sobretudo com o modo de ser, de viver. A tal ponto, que Jesus mesmo, enviando os discípulos em missão, diz a eles: “Quem vos recebe, a mim recebe. E quem me recebe, recebe aquele que me enviou””.

Assim – prossegue o Papa – “é necessário que as pessoas possam perceber que para aquele discípulo, Jesus é realmente “o Senhor”, é realmente o centro, o tudo da vida. Não importa se depois, como toda pessoa humana, tenha os seus limites e também os seus erros – desde que tenha a humildade de reconhecê-los; o importante é que não tenha o coração duplo, isto é perigoso”, adverte Francisco. Não deve ter um coração duplo, mas um coração simples, unido; que não tenha o pé em dois calçados, mas seja honesto consigo mesmo e com os outros”:

“A duplicidade não é cristã. Por isto Jesus reza ao Pai para que os discípulos não caiam no espírito do mundo. Ou estás com Jesus, com o espírito de Jesus, ou estás com o espírito do mundo”.

Nisto o Papa ressalta que “a experiência de sacerdotes nos ensina uma coisa muito bonita e uma coisa muito importante: é justamente esta acolhida do santo povo fiel de Deus, é justamente o “copo de água fresca” – do qual fala hoje o Evangelho – dado com fé afetuosa, que te ajuda a ser um bom padre:

“Há uma reciprocidade também na missão: se tu deixas tudo por Jesus, as pessoas reconhecem em ti o Senhor; mas ao mesmo tempo te ajuda a te converteres cada dia a Ele, a te renovar e purificar dos pactos e a superar as tentações. Quanto mais um sacerdote é próximo ao povo de Deus, tanto mais se sentirá próximo a Jesus. E quanto mais um sacerdote é próximo a Jesus, tanto mais se sentirá próximo ao povo de Deus”.

“A Virgem Maria – concluiu o Papa – experimentou em primeira pessoa o que significa amar Jesus separando-se de si mesma, dando um novo sentido às ligações familiares, a partir da fé n’Ele. Que a sua materna intercessão, nos ajude a sermos livres e alegres missionários do Evangelho”.

 

br.radiovaticana.va

Baixe materiais especiais para seu grupo

Editorial: A vida cristã é tão simples

Cidade do Vaticano (RV) – Nos dias passados recebendo membros do Serra Clube Internacional Francisco cunhou mais uma de suas frases que tocam e ficam gravadas: “melhor caminhar mancando do que permanecer parados fechados no próprio nicho”. O Papa disse que é muito triste ver homens e mulheres de igreja que não sabem ceder o seu lugar, reafirmando que o cristão deve sempre colocar em discussão si mesmo se deseja viver verdadeiramente o encontro com Cristo.

Francisco convida todo cristão a sair de si mesmo para iniciar a viver a festa do encontro com Cristo e percorrer as estradas às quais ele envia todos nós. Mas para caminhar, – fez uma advertência -, é preciso colocar-se em discussão: “Não avança em direção da meta quem tem medo de perder si mesmo”.

Nenhum navio navegaria em alto mar se tivesse medo de deixar a segurança do porto. Da mesma maneira, nenhum cristão pode entrar na experiência transformadora do amor de Deus se não estiver disposto a colocar em discussão si mesmo, se continuar ligado aos próprios projetos e às próprias aquisições consolidadas.

O cristão, ao invés, “sabe poder descobrir as surpreendentes iniciativas de Deus quando tem a coragem de ousar, quando não permite ao medo de prevalecer sobre a criatividade”. Quando não se fecha diante das novidades e sabe abraçar os desafios que o Espírito apresenta, até mesmo quando lhe pedem para mudar de direção e sair dos esquemas.

É melhor caminhar mancando, às vezes caindo, mas confiando sempre na misericórdia de Deus, do que ser “cristãos de museus”, que temem as mudanças e que, recebendo um carisma ou uma vocação, ao invés, de colocar-se ao serviço da eterna novidade do Evangelho, defendem si mesmos e os próprios cargos.

O Papa Francisco, olhando para dentro de casa disse como é triste ver que, às vezes, precisamente os homens de Igreja não sabem ceder o seu lugar, não conseguem deixar as suas tarefas com serenidade; fadigam para deixar nas mãos dos outros as obras que Deus lhe confiou.

Celebrando a Santa Missa nos dias passados na capela da Casa Santa Marta, Francisco voltou a tocar a tecla sobre o estilo do cristão. “O cristão verdadeiro – disse – não é aquele que se instala e fica parado, mas aquele que confia em Deus e se deixa guiar num caminho aberto às surpresas do Senhor”.

O ser cristão tem sempre a dimensão do despojamento. Os cristãos, acrescentou o Papa, “devem ter a capacidade de serem despojados, caso contrário não são cristãos autênticos, como não são aqueles que não se deixam despojar e crucificar com Jesus.

“O cristão não tem um horóscopo para ver o futuro. Não procura a necromante que tem a bola de cristal, para que leia a sua mão. Não. Não sabe aonde vai. Deve ser guiado. Somos homens e mulheres que caminham para uma promessa, para um encontro, para algo”.

O caminho começa todos os dias na parte da manhã; o caminho de confiar em Deus; o caminho aberto às surpresas do Senhor, muitas vezes não boas, muitas vezes feias.

Muitas vezes, acrescenta o Pontífice, estamos acostumados “a não falar bem” do próximo, quando “a língua se move um pouco como quer”, em vez de seguir o mandamento de Deus de caminhar, deixando-se “despojar” pelo Senhor e confiando em suas promessas, para sermos irrepreensíveis. Pensamentos profundos a serem resumidos em poucas palavras: a vida cristã é “tão simples”, basta vivê-la com intensidade. (Silvonei José)

br.radiovaticana.va

Baixe materiais especiais para seu grupo

Sacerdote de Aleppo designado com o Prêmio Jan Karski 2017

Aleppo (RV) – “Ser digno de esperança em uma cidade morta e sem futuro, quer dizer atingir a esperança, a Fonte da Vida e da Esperança que é Jesus Cristo. Os nossos olhos viram a realidade cruel (…) nestes momentos difíceis, foi somente na esperança em Deus que encontramos força para seguir em frente”.

Foi o que sublinhou o Padre Ibrahim Alsabagh, 44 anos, franciscano, guardião e pároco da Paróquia latina de Aleppo, vencedor da edição 2017 do Jan Karki’s Eagle Award, Prêmio dedicado à memória do célebre advogado e ativista polonês, um dos primeiros a narrar o drama da Polônia sob domínio nazista.

Testemunha e voz do conflito sírio e do drama de Aleppo

O reconhecimento, conferido à personalidades que se distinguem no “serviço humanitário” pelos outros, foi entregue nos dias passados em Cracóvia, na Polônia, na presença do Arcebispo emérito da cidade, Cardeal Stanislaw Dziwisz.

O sacerdote recebeu o Prêmio – assim diz a motivação oficial – por ter “levado a esperança a um mundo sem esperança e às pessoas esquecidas”.

No discurso de agradecimento – enviado à Agência Asianews – Padre Ibrahim sublinhou que a honorificência é “um encorajamento na batalha pelo meu povo, na minha missão de levar à minha gente a ajuda, a consolação, a esperança”.

Ele recordou ainda o “dever moral” que experimentou nestes anos de “fazer conhecer a todo o mundo a situação trágica (do povo sírio)”, oferecendo para este fim “a minha vida e tudo aquilo que tenho”.

O sacerdote foi por longo tempo testemunha e voz do conflito sírio e do drama de Aleppo, epicentro do conflito sírio e por anos dividida em dois setores separados entre eles, até a libertação em dezembro passado.

Povo polonês e sírio, história parecidas

“A história do povo sírio – recordou o pároco de Aleppo – é muito similar à história do povo polonês, que por um certo período de tempo sofreu (…). Tantas pessoas, tantas famílias sírias, como Jó na Bíblia, perderam tudo em um só instante, a promessa de uma vida inteira: casa, família, saúde. 70% das famílias estão sem casa, sem um abrigo. Ao redor da cidade a guerra continua. De noite, escutamos os bombardeios e os barulhos dos disparos. A cada pouco, a estrada principal – e também a única – para Aleppo é fechada pelos combates”.

Premiação presidida pelo Cardeal Dziwisz

Ao entregar o Prêmio ao Padre Ibrahim, o Cardeal Dziwisz sublinhou que ele contempla não somente “as funções e os deveres cumpridos pelo premiado devido a sua vida sacerdotal e religiosa”, mas também por ter sabido “levar a esperança em um mundo sem esperança”.

O purpurado recorda que “não obstante tivesse sido oferecido a ele um lugar seguro na Europa”, o pároco de Aleppo “decidiu retornar para sua pátria, na Síria prisioneira da guerra há vários anos. Retornou para consagrar-se, arriscando a própria vida, ao serviço pastoral de Aleppo, que é até agora uma das cidades destruídas, praticamente desprovida de tudo o que pé necessário para a sobrevivência”. (JE)

br.radiovaticana.va

Baixe materiais especiais para seu grupo