Catacumbas de Santa Domitila: restauração e novo museu

Cidade do Vaticano (RV) – Uma viagem no tempo para redescobrir os lugares onde eram sepultados os primeiros cristãos, mas também onde eles se reuniam para rezar e celebrar durante as perseguições e momentos de maior perigo.

As restaurações e o novo museu das Catacumbas de Santa Domitila – realizados pela Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra – foram apresentados na última quarta-feira à imprensa. Entre as técnicas usadas para trazer à luz pinturas e inscrições ainda desconhecidas, pela primeira o emprego do laser.

Na apresentação do novo museu sobre o tema “O mito, o tempo e a vida”, uma série de explanações buscou explicar o significado da beleza das decorações pictóricas reveladas com o uso da nova técnica.

O Cardeal Gianfranco Ravasi, Presidente da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra, explicou a importância das descobertas:

“É importante por três razões. Antes de tudo, porque permite ver esta conjugação profunda entre a cultura clássica e a cultura cristã. É uma espécie quase de lugar de diálogo entre duas expressões religiosas e duas visões de mundo que porém tem muitas raízes comuns. Segundo, é importante porque é a catacumba mais extensa de Roma: estes 12 km, estes quatro andares, estes 26 mil, senão mais, nichos, demonstram o quanto eram importante, o quanto aqui se respirava o cristianismo e também a vida de Roma. Terceiro: Domitila é importante também agora pelo museu que organizamos, porque as restaurações que estamos realizando permitem ver um complexo iconográfico de imagens, de extraordinária intensidade e beleza e sobretudo também de grande cotidianidade, recordando-nos que aqui, sob a terra, havia uma continuação da vida que acontecia na superfície”.

RV: Que significado tem as catacumbas para os cristãos?

“Tinham a convicção de que a vida continuava e não por nada os fiéis, os parentes, os amigos, voltavam aqui para este espaço, celebrando também refeições, segundo um ritual bem conhecido, ou mesmo reproduziam ali toda a vida que havia acompanhado seus entes queridos. E isto era um modo para afirmar sobretudo a fé e a ressurreição na imortalidade, neste outro plano da vida, que é a dimensão da eternidade”.

Entre as restaurações mais importantes, encontra-se o chamado “Cubículos dos padeiros” onde são descritas, por meio das decorações, as atividades ligadas à Annona, a instituição romana que administrava o fornecimentos de alimentos na cidade. Pela primeira vez foi utilizada para a restauração a técnica do laser, que permitiu restituir o colorido original às pinturas. Ouçamos o que disse Barbara Mazzei, responsável pelas restaurações dos afrescos:

“As novidades são, no entanto, a possibilidade de identificar, finalmente, os sujeitos representados; e existem alguns importante que dizem respeito à história da panificação em Roma: como se desenvolvia o comércio do trigo e a distribuição do pão. Depois, temos cenas que pertencem ao repertório da pintura paleocristã, e em particular um colégio apostólico muito importante que faz referência, com base na composição, ao mais antigo mosaico absidial que temos em Roma, que é o de Santa Prudenciana”.

Junto às catacumbas, também foi restaurado o museu anexo, onde foram reunidas peças de sarcófagos, bustos, estátuas, epígrafes, além de outros objetos encontrados durante as escavações, e que descrevem a vida cotidiana existente nas proximidades das catacumbas, como nos explica Fabrizio Bisconti, Superintendente da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra:

“Vocês podem ver dentro deste museu banqueiros, pastores, cavaleiros. Depois temos crianças que brincam no berço com um chocalho e até mesmo ourives, portanto, também a vida cotidiana representada. Se constata como havia uma integração entre pagãos e cristãos também nas catacumbas, que era o lugar destinado precisamente à morte, que depois era a vida dos cristãos, porque não esqueçamos que os cemitérios são dormitórios à espera da ressurreição”. (MartT/JE)

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