A liturgia do mês de junho de 2022

O DIÁLOGO

Liturgia do mês de junho de 2022

“Para nos encontrarmos e ajudarmos mutuamente, precisamos dialogar” afirma o papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti (n. 198). O diálogo é sinal e instrumento privilegiado de vivência da fraternidade e da busca sincera do bem comum, sendo muito necessário entre as pessoas, na família, na comunidade e na sociedade. A falta de diálogo, nos diferentes setores da vida social, mostra ausência de preocupação com o bem comum (n. 202).

“Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo”(n. 199). Ele não pode ser confundido com uma “troca de opiniões exaltadas nas redes sociais” (n. 200) nem reduzido a “meras negociações, visando à obtenção de poder e de maiores vantagens possíveis” (n. 202). Diálogo exige proximidade, disposição para aproximar-se do outro para escutar e compreender, e não somente para falar. “O diálogo social autêntico inclui a capacidade de respeitar o ponto de vista do outro” (n. 203).

Intenção da liturgia do mês de junho de 2022: Rezemos pelas famílias cristãs de todo o mundo, para que com gestos concretos vivam a gratuidade do amor e a santidade na vida cotidiana.

A atitude de respeito às convicções do outro não exclui a coerência com a própria identidade e a sinceridade, para poder oferecer uma contribuição própria no diálogo. É preciso “desmascarar as várias formas de manipulação, distorção e ocultação da verdade nas esferas pública e privada”, afirma Francisco (n. 208). Portanto, o diálogo social não se confunde com a busca de consenso fácil nem com a obtenção de vantagens, sacrificando “valores permanentes” e “transcendentes aos nossos contextos e nunca negociáveis” (n. 211), como a dignidade do ser humano.

O itinerário litúrgico deste mês de junho é de imensa beleza e riqueza espiritual, iniciando-se com Pentecostes e passando pelas solenidades da Santíssima Trindade, de Corpus Christi e do Sagrado Coração de Jesus, bem como pelas festas de santos tão venerados entre nós, como Santo Antônio e São João Batista. Nossa participação na vida litúrgica, estabelecendo diálogo com Deus por meio da oração e da escuta da sua Palavra, leve-nos a dialogar mais e a promover o diálogo nos diversos ambientes e situações em que vivemos. O diálogo com Deus nos permite dialogar com o próximo. O diálogo com o próximo, integrando o esforço de vivência do amor fraterno, permite-nos rezar melhor. Por isso, procuremos praticar sempre mais o diálogo sincero e respeitoso como caminho de comunhão, de fraternidade e de paz.

Dia / Comemorações da liturgia do mês de junho de 2022

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A liturgia do mês de maio de 2022

Os Dons recíprocos

Liturgia do mês de maio de 2022

Na encíclica Fratelli Tutti, que tem nos inspirado a cada mês, o papa Francisco propõe “um coração aberto ao mundo inteiro”, enfatizando a importância de valorizar e acolher as pessoas dos diferentes países, culturas e línguas, com especial atenção aos migrantes. “Nossos esforços a favor das pessoas migrantes que chegam podem resumir-se em quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar”(n. 129).

A chegada de pessoas de diferentes origens é oportunidade privilegiada para um encontro fraterno enriquecedor, com o intercâmbio de dons. “Precisamos comunicar, descobrir as riquezas de cada um, valorizar aquilo que nos une e olhar as diferenças como possibilidade de crescimento no respeito por todos” (n. 134). Ao invés do confronto que desrespeita e anula o outro, o papa Francisco propõe o “intercâmbio fecundo”, não somente nos relacionamentos pessoais, mas incluindo também a “ajuda mútua entre países”(n.137).

Intenção da liturgia do mês de maio de 2022: Rezemos para que os jovens, chamados a uma vida em plenitude, descubram em Maria o estilo da escuta, a profundidade do discernimento, a coragem da fé e a dedicação ao serviço.

Necessitamos de comunidades fraternas e acolhedoras, de coração e portas abertas para os que chegam de outras regiões do Brasil e do mundo, dispostas a amar e servir os que mais sofrem. O fechamento sobre si e a indiferença aos sofrimentos do próximo não condizem com a Eucaristia celebrada a cada dia, que é comunhão com Cristo e com os irmãos.

Ao celebrar, ao longo deste mês, o tempo pascal, somos convidados a dar passos de vida nova, alargando nosso amor fraterno, conforme nos propõe Francisco, e permitindo-nos chegar àqueles que espontaneamente não sentimos como parte do nosso mundo de interesses, embora se encontrem perto de nós, especialmente “cada irmã ou cada irmão que sofre, abandonado ou ignorado”(n. 97). A perspectiva dos “dons recíprocos “inclui, em primeiro lugar, o reconhecimento do próximo como “dom” a ser acolhido e valorizado. Para vivenciar o que o papa Francisco nos propõe, são necessárias iniciativas pessoais e comunitárias de acolhida fraterna e solidariedade, especialmente voltadas aos migrantes.

No final deste mês, iniciando a preparação para Pentecostes 2022, somos convidados a suplicar o dom do Espírito, rezando pela unidade dos cristãos. O testemunho de unidade, expressão de amor fraterno, é exigência essencial da evangelização, “para que o mundo creia”, segundo a oração de Jesus: “Pai, que todos sejam um”(Jo 17,21).

Dia / Comemorações da liturgia do mês de maio de 2022

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Cristo ressuscitado: a paz esteja convosco!

“A paz esteja convosco” é primeira fala de Jesus Cristo ressuscitado dirigida aos discípulos. Mostra a eles as marcas da crucifixão e novamente diz: “A paz esteja convosco” e repete oito dias depois, no segundo encontro: “A paz esteja convosco” (João 20,19-31). Os discípulos acompanharam toda violência sofrida por Jesus, desde os falsos testemunhos, os deboches, a tortura e a morte. Tinham motivos suficientes para cultivarem o desejo de vingança e alimentarem raiva e ódio contra os torturadores. Também temiam pela sua vida por serem seguidores do mestre Jesus, por isso estavam cheios de medo. Viviam um contexto de violência e, portanto, sem paz.

Cristo ressuscitado: a paz esteja convosco!

Jesus que foi a vítima da violência, depois de ressuscitar, mantém os mesmos ensinamentos e, nesta hora, sobretudo sobre a não violência. Quando os anjos anunciam o seu nascimento em Belém falam de “paz na terra”; nas bem-aventuranças Jesus chamou de “filhos de Deus os que promovem a paz”, antes de sofrer a morte na despedida disse “deixo-vos a minha paz” e agora ressuscitado confirma “a paz esteja convosco”.

As guerras que estão em andamento, particularmente da Rússia contra a Ucrânia da qual  temos mais informações e imagens, provocam a reflexão, o estudo e a oração sobre o tema da paz. As imagens das guerras são suficientemente fortes para nos tirarem da indiferença. Todas as formas de violência geram falta de paz e por isso todas merecem a devida atenção.

A Campanha da Fraternidade de 2018 Fraternidade e superação da violência, com seu lema Vós sois todos irmãos. (Mateus 23,8) ensinava: “À luz da palavra definitiva de Deus que nos é dada por Jesus é que toda a delicada temática da violência (…) recebem uma resposta definitiva. Os escritos do Novo Testamento nasceram à luz da Páscoa de Jesus e todos a refletem de alguma forma. O centro do Novo Testamento é Jesus que é por excelência uma pessoa não violenta”.

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Qual é a relação dos ovos da Páscoa com a fé católica?

Ao concluir a Semana Santa 2022, aparece a tradição do coelho e dos ovos da Páscoa, geralmente feitos de chocolate, e muitos se perguntam se estes símbolos têm alguma relação com a nossa fé católica.

Esta dúvida compartilhada por muitos fiéis ocorre por causa do processo de secularização que aos poucos foi tirando destes elementos o caráter religioso, assim como aconteceu com a figura de São Nicolau de Bari, na qual se inspirou o “Papai Noel”, ou a ideia do “espírito” de Natal que querem vender.

Ovos de Páscoa

Os ovos da Páscoa

O ovo era considerado pelos primeiros cristãos como símbolo da Ressurreição de Jesus. Na Idade Média, quando chegava a Páscoa, os ovos eram pintados coloridos e considerados como objetos muito preciosos.

No século XVII, o Papa Paulo V abençoou o ovo em uma oração, talvez para abandonar a proibição decretada pela Igreja no século IX de consumi-los durante a Quaresma.

A chegada da Páscoa significava o fim da abstenção. Pode-se dizer que faziam a festa dos ovos para expressar a volta à alegria. Com o passar do tempo, esta proibição foi anulada, mas o costume de celebrar a Páscoa consumindo e dando ovos se manteve.

Através de sua reflexão diária “Punto de Vista” (Ponto de Vista), o diretor do Grupo ACI, Alejandro Bermúdez, explicou que em alguns países europeus, como na Itália, no Domingo de Ramos muitas famílias levam ovos para a igreja para abençoá-los e consumi-los na Domingo da Ressurreição.

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A liturgia do mês de abril de 2022

Perdão e reconciliação

Liturgia do mês de abril de 2022

Na Área Especial

Liturgia completa da Semana Santa 2022:

Meditações da Paixão de Cristo:

“O perdão e a reconciliação são temas de grande importância no cristianismo e, de várias maneiras, em outras religiões”, afirma o papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti (n. 237). Ele nos alerta sobre o risco de não compreender bem esses temas, alimentando, por um lado, “o fatalismo, a inércia ou a injustiça” e, por outro, “a intolerância e a violência”. Para tanto, é necessário voltar o olhar para Jesus, que nos ensina a pedir perdão ao Pai e a perdoar, tendo ele mesmo perdoado na cruz.

“Jesus Cristo nunca convidou a fomentar a violência ou a intolerância” (n. 238), recorda-nos o papa, acrescentando que “o Evangelho pede para perdoar ‘setenta vezes sete vezes'(Mt 18,22)” Contudo, “o cristão deve muitas vezes tomar posição decidida e coerente”, suportando contrariedades por “fidelidade à própria opção”(n. 240). Assim sendo, o caminho do perdão, que conduz à reconciliação e à paz, não exclui a correção fraterna e a justiça, que não podem ser confundidas com vingança ou praticadas com rancor. Ninguém alcança a paz destruindo o outro ou desencadeando vinganças (n. 242).

Intenção da liturgia do mês de abril de 2022: Para que o compromisso dos profissionais da saúde na assistência às pessoas doentes e aos idosos, sobretudo nos países pobres, seja apoiado pelos governos e pelas comunidades locais.

Sendo a Fratelli Tutti uma encíclica social, as palavras do papa Francisco se aplicam não somente aos relacionamentos entre pessoas, mas têm também implicações na vida de uma família, grupo ou país. Em vez da vingança e do ódio, é preciso “superar o mal com o bem”(Rm 12,21) e promover “a reconciliação, a solidariedade e a paz”(n.243).

Somos convidados a fazer a experiência do perdão e da reconciliação, como caminho de vida nova e de paz, celebrando o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus, especialmente com o Tríduo Pascal, que ocupa o centro deste mês e de todo o ano litúrgico. A centralidade da Páscoa na liturgia deveria se prolongar na vida cotidiana. Ao celebrar a Páscoa, diante de tantos desafios sociais e pastorais, renovamos a certeza da vitória da vida e do amor alcançada por Cristo. Com o Senhor ressuscitado e graças a ele, cremos na vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio, do perdão sobre a vingança, da paz sobre a violência, da graça sobre o pecado.

Participando da Eucaristia e meditando diariamente a Palavra de Deus, possamos contribuir para a vivência do perdão e da reconciliação entre as pessoas, nas famílias e na sociedade.

Dia / Comemorações da liturgia do mês de abril de 2022

02 – São Francisco de Paula

03 – 5° domingo da Quaresma

04 – Santo Isidoro
05 – São Vicente Ferrer
07 – São João Batista de la Salle

10 – Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor

14 – Ceia do Senhor 2022
15 – Paixão do Senhor 2022
16 – Vigília Pascal 2022
17 – Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor

24 – 2° domingo da Páscoa (Domingo da Divina Misericórdia)

25 – São Marcos Evangelista
28 – São Pedro Chanel / São Luís Maria Grignion de Montfort
29 – Santa Catarina de Sena
30 – São Pio 5°

 

D. Sérgio da Rocha – Cardeal Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil / Portal Kairós