Reflexão e sugestão para a missa do 7° Domingo do Tempo Comum 2020

7° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A

Lv 19 ,1-2.17-18; SI 102;ICor 3,16-23;Mt 5,38-48

O convite universal à santidade!

A santidade não é privilégio de poucos. Todos estamos imersos na santidade de Deus,ao ponto de podermos dizer que difícil é não ser santo! A santidade em Deus é perfeição. Para nós, pecadores, ela se constitui como um caminho a ser trilhado sem se desviar nem para a direita nem para a esquerda, ou seja, com convicção e perseverança.

O livro do Levítico apresenta a santidade do povo ligada à santidade de Deus. Se somos filhos de Deus, envoltos em seu amor, seguindo seus mandamentos, logo estamos envolvidos na maneira santa de Deus ser e agir. Negar a santidade ou achar-se indigno dela significa rejeitar a própria presença de Deus no mais íntimo de nós mesmos e de nossas comunidades. Por isso que a santidade é proposta de modo claro, direto e prático. Deixar de lado o ódio, a vingança e o rancor é comprometer-se com o modo de ser misericordioso próprio de Deus, conforme canta o salmo 102.

Jesus mostra que a perfeição de Deus passa pela lógica do amor. Ao analisar a lei dos antigos, constata que a obediência, sem o elemento do amor misericordioso, não leva o ser humano à perfeição. Enquanto o mal for respondido com o mal, ele reinará. O que é racionalmente óbvio nem sempre se traduz na prática do coração humano endurecido. Ainda hoje muitos acreditam que se possa praticar o mal para conter o mal, tudo em nome da justiça. Para Jesus, a justiça se cumpre no momento em que se coloca um ponto final na maldade que fere a vida fraterna em todos os seus âmbitos. Assim a santidade floresce, no meio da comunidade, e a vida se transforma.

A santidade vem de dentro, não de fora!

Paulo entende a proposta do Nazareno. Para anunciá-la aos Coríntios, ele procura não dar novos preceitos, mas mostrar que a raiz do agir justo está em reconhecer que o Justo mora no mais íntimo de nós. Ser templo de Deus, habitação de seu Espírito, significa afirmar que a Lei da justiça está em nossa essência, e não em mandamentos externos. A sabedoria verdadeira, em última instância, é sabermos que somos de Cristo. Essa consciência da presença da Trindade em nós vai nos deixando cada vez mais evidente que nosso agir tem de ser continuação do agir de Deus, ainda que nas limitações próprias de nossa existência. A santidade vai tomando conta de nosso ser à medida que deixamos Deus agir em nós de modo efetivo.

A liturgia de hoje nos leva a compreender como estamos longe da compreensão do que seja a verdadeira santidade. Admiramos os testemunhos heroicos daqueles que foram elevados à gloria dos altares, mas ainda não conseguimos chegar a compreender que a santidade é também uma realidade comunitária, na qual a ajuda mútua nos leva todos a sermos mais humanos e fraternos, mais justos e pacíficos, ou seja, mais santos. Vivamos, cada vez mais, a santidade nossas comunidades!

SUGESTÕES LITÚRGICAS

– Liturgia propícia para mostrar a força santificadora da comunidade.
– Na intenção da missa, pode-se colocar uma intenção especial pelas pessoas falecidas que se doaram pela vida da comunidade em modo santo e profético.
– Ato penitenciai: recordar que a santidade é fruto da misericórdia vivida em comum, na compreensão e na ajuda mútua. Por isso, motiva-se o pedido de perdão.
– Oferendas: durante as oferendas, destacar os agentes de diversas pastorais, juntamente com seus participantes, que constroem juntos a vida de santidade na comunidade.
– Integrar as pastorais voltadas à vida sacramental e social, mostrando que fé e caridade cristãs caminham juntas.
– Envio da comunidade: ao final, representantes da pastoral familiar poderiam ler uma mensagem sobre a santidade na família, inspirando-se na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (baixe), de Papa Francisco.

SUGESTÕES DE REPERTÓRIO

Abertura: Sê a rocha
Aclamação: Aleluia! Pois o verbo
Oferendas: A vós, Senhor
Comunhão: Felizes os pobres

 

Padre Anísio Tavares, C.Ss.R. / Portal Kairós

23 de fevereiro: Missa do 7° Domingo do Tempo Comum 2020

Missa do 7° Domingo do Tempo Comum

Jesus nos convida à santidade, que se revela na vivência do amor a Deus e ao próximo. Esse amor é sinal da nossa pertença a Cristo e do nosso compromisso em viver como irmãos e irmãs. A liturgia de hoje nos ajude em nosso esforço de sermos construtores da paz e da concórdia e de fazermos o bem a todas as pessoas, sem distinção.

Viver a santidade requer a firme decisão de seguir Jesus, amando nosso próximo do jeito que o Senhor nos pede.

ALGO A MAIS PELA PAZ

A lei do talião, “olho por olho, dente por dente”, ainda impera impiedosa acima das leis da compaixão e do amor. O que, porém, nos diferencia na sociedade, se simplesmente devolvemos agressividade a quem nos agride? Ou se simplesmente revidamos a ofensa? Ou se nos aprisionamos na mentalidade segundo a qual é preciso receber antes para dar depois? O que fazemos de mais?

O Mestre, que amou sem impor condições, ensinou que acolher o pecador não significa aceitar o pecado dele. Daí o desafio de estar abertos à justiça do Reino com um modo diferente de ser e agir, desarmando o agressor com uma atitude de resistência pacífica, que quebre o círculo vicioso da agressão, da violência e do mal.

Todos somos, de algum modo, vítimas da maldade humana. E, mesmo sem querer ou perceber, podemos também agir mal. Não é fácil desejar o bem a quem não nos ama ou nos maltrata, amar os inimigos e rezar por eles, deixar de ter pessoas em quem despejar nossos ódios, dissabores e frustrações.

Somos, porém, filhos de um mesmo Pai, o Deus que é bondoso para com todos. Deus é íntegro, completo, e por isso não faz injustiça. Sua perfeição é sua integridade. Sua justiça é seu amor, que não exclui os que erram. Daí a integridade a que Deus nos chama: ter um coração completo para amar a todos, não um coração que ama pela metade, dividindo as pessoas em boas e más.

É fundamental, então, nos perguntarmos: o que estamos fazendo de mais, sobretudo nestes tempos em que ondas de intolerância, ódio e violência invadem até os ambientes religiosos?

Deus não nos trata segundo nossas falhas, mas segundo sua própria bondade. Por isso mesmo, enquanto rezamos por nossos inimigos e não cedemos à lógica de retribuir o mal com o mal, continuamos a descobrir a bondade que se encontra dentro de nós mesmos e nos outros. E então, com atitudes concretas, podemos dar ao mundo o testemunho de que a justiça do Reino é a resposta transformadora, criativa e pacífica contra toda maldade e violência.

 

Pe. Paulo Bazaglia, ssp / Portal Kairós

Reflexão e sugestão para a missa do 6º Domingo do Tempo Comum 2020

6º Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A

Eclo 15,16-21; SI 118; ICor 2,6-10; Mt 5,17-37

A liberdade que compromete verdadeiramente a vida

O valor da liberdade autêntica, e por isso responsável, é apresentado na primeira leitura de hoje. Deus é o Senhor da história, mas antes é Pai amoroso de todos nós. Para estabelecer conosco uma relação de amor, coloca seus mandamentos não como imposições a serem cumpridas cegamente, mas como valores a serem assumidos na liberdade. Vida e morte e os demais binómios presentes na leitura querem explicitar a opção que precisamos fazer entre o bem e o mal. Trata-se de uma opção fundamental que nos coloca inteiramente dispostos para entrar na dinâmica do Deus, que é sumo bem. Cada opção tem suas consequências, que não podem ser desconsideradas pela pessoa que a escolhe.

As palavras de Jesus reforçam a importância da maturidade da pessoa de fé em relação aos andamentos. Ao vir completar a Lei, Jesus convida cada pessoa a assumir a Lei na vida, a dialogar com ela e retirar seu sentido mais profundo. Os mandamentos não são imposições, mas explicitam o valor primordial da dignidade humana. Não se trata de observações rituais, mas sim de colocar a pessoa humana como referência primeira de todos os valores.

Por isso, não matar não é suficiente, pois também é preciso respeitar o outro e promovê-lo; não é suficiente que não se cometa adultério, é preciso que se respeite a fidelidade do amor e as relações que dele deriva; não basta não jurar, escondendo-se debaixo da autoridade de Deus, é preciso ser sincero consigo mesmo dizendo sim, sim-não, não.

Maduros na fé, anunciadores dos valores da vida

A falsa segurança, buscada nas normas estabelecidas, limita a compreensão da realidade de fé. A dinamicidade da vida exige obviamente as normas. Porém, é fundamental que se coloque ao centro o valor que ela comporta. Caso contrário, a vida é massacrada e excluí-da sob o pretexto da fidelidade. São Paulo faz referência à sabedoria do Pai, a qual se revela por meio da ação dinâmica do Espírito Santo de modo pleno em Jesus. Cheios desse mesmo Espírito, cada cristão precisa anunciar valores sem apegar-se excessivamente aos invólucros das normas. A sociedade relativista, na qual vivemos, carece desse testemunho cristão profundo, para quebrar o conservadorismo e o laxismo, que prejudicam a conduta daqueles que procuram uma orientação fecunda para sua vida. A sabedoria divina proporciona o são equilíbrio, colocando a dignidade humana em relação estreita com a palavra de Deus. Assim se colocam os mandamentos a serviço dos filhos e das filhas de Deus, e não o contrário.

SUGESTÕES LITÚRGICAS

Ornamentação: diante do ambão da Palavra, representar as Tábuas da Lei de um lado e o Mandamento Novo de outro lado, não em sentido de oposição, mas de complementação. Podem ser introduzidos na procissão de entrada.
Ato penitenciai: centrar o ato penitenciai na força salvadora da Lei de Deus, levando libertação e não aprisionamentos, a força da vida e não a morte.
Entrada da Palavra: representar os dois caminhos, o da vida e da morte, como sugere a primeira leitura, mostrando que Deus está ao centro, convidando cada filho à vida plena em seu Filho Jesus.
Preces dos fiéis: as preces dos fiéis podem fazer referência à importância de a comunidade crescer na dedicação livre e fiel às coisas de Deus no cotidiano da história.

SUGESTÕES DE REPERTÓRIO

Abertura: Sê a rocha
Aclamação: Aleluia! Pois o verbo
Oferendas: A vós, Senhor
Comunhão: Felizes os pobres

 

Padre Anísio Tavares, C.Ss.R. / Portal Kairós

16 de fevereiro: Missa do 6º Domingo do Tempo Comum 2020

Missa do 6º Domingo do Tempo Comum 2020

Jesus se alegra quando vê que nos esforçamos para viver, todos os dias, o que ele nos ensinou.

O JEITO DE JESUS INTERPRETAR A LEI

O texto do evangelho de hoje é a continuação do Sermão da Montanha. A Lei foi dada a Israel para ensinar-lhe o caminho da justiça. Jesus nunca pretendeu aboli-la, como muitos pensavam. Ele, novo legislador, não deseja anular a Escritura (Leis e Profetas), e sim ensinar como reinterpretá-la, propondo o pleno cumprimento dessas normas. Seu intento é nos libertar do legalismo doentio que não nos torna santos diante de Deus nem nos garante o acesso ao Reino. Além disso, destacam-se outros três aspectos importantes.

Compromisso com a vida. O mandamento “não matar” vai além do derramamento de sangue, pois exprime compromisso radical com a vida, recomendando atitude de respeito à dignidade de todos. Toda discriminação é uma forma de violência. Toda palavra ofensiva é uma forma de diminuir o ser humano. O culto que agrada a Deus exige a vivência da reconciliação; sem ela, a oferenda se torna inútil.

Compromisso com a fidelidade. O adultério se inicia antes do ato em si, começa com o olhar. O Mestre propõe cortar o mal pela raiz (arrancar o olho e cortar a mão). Ele condena não apenas o adultério, mas também pensamentos e desejos perversos, que levam a praticar injustiças e maldades. A justiça do Reino exige profundo respeito no trato com as pessoas, principalmente com as mais fragilizadas.

Compromisso com a palavra. Aqui Jesus se dirige principalmente aos homens – os que podiam decretar o divórcio. O cristão esforça-se para superar os conflitos, evitando apontar defeitos no cônjuge para justificar a separação. Quando se tem compromisso com a palavra dada, não há necessidade de juramento. Os juramentos não combinam com relações humanas baseadas na confiança. A palavra do cristão deveria ser sempre digna de crédito, e os problemas contornados mediante o diálogo e o perdão.

Por meio desses exemplos, percebemos o jeito novo de Jesus ver e interpretar as leis, sem querer aboli-las.

 

Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós

Reflexão e sugestão para a missa do 5º Domingo do Tempo Comum 2020

 5º Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A

Is 58,7-10; SI 111; ICor 2,1-5; Mt 5,13-16

A luz da vocação resplandece no serviço aos necessitados

O tema da luz retorna na liturgia da palavra deste domingo. A metáfora da luz está relacionada com a manifestação da fé por meio do testemunho concreto da comunidade como um todo e de cada fiel em particular. A primeira leitura atesta claramente que a fé se torna luz e se irradia quando é traduzida em solidariedade com os famintos e desabrigados, com os que estão despidos de sua dignidade humana e se veem desamparados quando mais carecem de ajuda. É preciso destacar que, neste caminho de atenção aos necessitados, está a via direta de chegar ao Senhor. Com isso, o profeta quer dizer que a fé não pode jamais estar desvinculada das realidades concretas da vida, pois são nelas que se encontra Deus. E vice-versa: a busca sincera de Deus levará, necessariamente, a abrir os olhos à realidade sofrida dos irmãos.

Jesus, além de usar a metáfora da luz, usa também a do sal. Naquela época, o sal era usado para preservar os alimentos da corrupção natural, o que dá força à metáfora. A fé cristã, enquanto sal da terra, precisa conservar o frescor do evangelho na vida das pessoas, evitando que o egoísmo corrompa os relacionamentos e os leve a “apodrecer”. A missão do cristão, enquanto sal e luz, é indispensável para a vida do mundo, não podendo dela fugir. Sal que não dá sabor e não preserva trai sua missão. Luz que fica escondida igualmente tem sua finalidade frustrada. A conclusão é óbvia: ser discípulo sem se comprometer com os sofrimentos dos irmãos é trair a si mesmo, caindo em uma total frustração vocacional.

Ser sal e luz: uma questão de fidelidade vocacional

Constata-se, em nosso tempo, a crise do sentido, que acaba comprometendo todo o projeto de vida das comunidades e de seus membros. Se a falta de bens materiais manifesta a pobreza das periferias, a falta de sentido atinge todas as classes sociais, manifestando uma pobreza muito mais crítica e preocupante. Qual o sentido da vida? Qual o sentido de se fazer o bem? Qual o sentido da fé para a vida concreta? Essas perguntas não serão respondidas sem que se reconheça que todos nós e toda a criação temos um fundamento vocacional profundo e comum: temos todos a origem no sumo bem, que nos chama para o bem. Viver fora dessa dinâmica é fugir do essencial de nós mesmos, é perder o norte de sentido existencial. Para nós, cristãos, o fundamento está em Jesus Cristo Crucificado, o qual nos deu o dom maior de sua vida para que tivéssemos vida nele. Compreendendo essa dinâmica do dom de Cristo por nós, certamente seremos fiéis a nossa vocação de ser sal e luz para as realidades concretas que encontramos em nossa vida. Há muita treva e muita falta de sabor no mundo que pode muito bem ser revertida com uma porção de fidelidade vocacional.

SUGESTÕES LITÚRGICAS

– Dia propício para destacar as pastorais sociais da comunidade.

Ato Penitenciai: durante o Ato penitenciai, promover um momento mais intenso de revisão de consciência, levando os fiéis a perceberem as implicações sociais do evangelho.

Hino de louvor: no hino de louvor, agradecer a Deus as pastorais sociais, obras sociais realizadas pela comunidade, convidando as pessoas a se engajarem.

Oferendas: Sal e Luz podem ser dois símbolos fortes nesse momento, acompanhados do gesto de oferecer a Deusa própria vida, para que seja transformada em missão.

Envio da comunidade: um pouco de sal, juntamente com uma vela pequena, pode ser entregue às famílias, convidando-as ao compromisso de viver a vocação cristã com fidelidade, bem como de rezar pelas vocações. Uma oração vocacional pode acompanhar o sal e a vela que serão entregues.

SUGESTÕES DE REPERTÓRIO

Abertura: Toda a terra
Aclamação: Aleluia! Pois o verbo
Oferendas: De Mãos estendidas
Comunhão: Felizes os pobres

 

Padre Anísio Tavares, C.Ss.R. / Portal Kairós