Reflexão e sugestão para a Missa do 26° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A

Missa do 26° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A

Ez 18,25-28; SI 24; Fl 2,1-11; Mt 21,28-32

26° Domingo do Tempo Comum 2020 - Ano A

Conversão e acolhimento da Boa-Nova

Correção fraterna, perdão, gratuidade… os temas que meditamos, neste mês, culminam hoje, no dia da Bíblia, no grande tema da conversão. A Lei e os Profetas se orientam para o mesmo fim: levar a pessoa humana a converter-se do próprio pecado, mudar de vida e renovar-se a cada dia. Jesus insiste que a conversão só se realiza quando está sintonizada à vontade do Pai. Esse processo não acontece quando a resposta ao pedido do Pai se dá somente da boca para fora. Mesmo que as palavras expressem um desinteresse no momento, é a atitude arrependida que leva à conversão e provoca atitudes comprometidas.

Na parábola do evangelho de hoje, o filho que fez a vontade do pai foi aquele que de fato foi trabalhar na vinha, ainda que tenha dito que não iria. Mas aquele que respondeu falsamente que iria, mesmo que tenha respondido com aparente respeito ao pai, não foi capaz de responder com a vida, com as atitudes concretas. Definitivamente, conversão da boca para fora não existe! É enganar-se. Paulo afirma, na segunda leitura, que a conversão é um processo que nos leva a ter os mesmos sentimentos de Cristo Jesus. Para isso, deixar de almejar vanglórias e abandonar o espírito de competição na vida fraterna é condição básica para correr à meta que nos é proposta. Conversão é imergir-se na fraternidade, para que as aspirações sejam comuns e todos sigam juntos para a mesma meta, que é a vida feliz e realizada em Cristo.

Tua Palavra é Lâmpada para os pés, luz para o caminhar!

Celebramos hoje o dia nacional da Bíblia. Não é um livro do passado, mas palavra viva de Deus, que se encarna em nossa realidade e nos impulsiona à prática do bem, do amor, da justiça e da paz, Agradeçamos o trabalho árduo de São Jerônimo, o qual colaborou para que os textos bíblicos se tornassem mais acessíveis e presentes no cotidiano das pessoas.

Agradeçamos a todos os biblistas que continuam suas árduas pesquisas para nos ajudar a compreender ainda mais o sentido que esses livros trazem para o contexto em que hoje vivemos; somos convidados a responder a seus questionamentos com espírito cristão.

É fato que nós, católicos, precisamos crescer no hábito de leitura da Bíblia pessoal e comunitariamente. A tradução dos textos para a vida, sob a luz do Espírito Santo, e a orientação da igreja são fundamentais. Não busquemos jamais “respostas prontas e acabadas” nas páginas bíblicas. É preciso que a leitura, sob a força do Espírito, seja a luz que nos possibilite olhar a realidade segundo a vontade do Pai. Somente assim seremos capazes de continuar a construção do Reino de Deus no hoje de nossa história.

Sugestões litúrgicas para a Missa do 26° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A

Entrada da Palavra: ministros da Palavra podem dinamizar a entrada da Bíblia, destacando a importância do anúncio profético do evangelho. A frase a ser introduzida juntamente com a Bíblia nesta celebração é: “Palavra viva, que nos leva à Conversão”.
– Juntamente com a Bíblia, introduzir a imagem de São Jerônimo.
– Liturgia da Palavra: antes da proclamação das leituras, cantar um mantra (sugestão: “Tua palavra é lâmpada para meus pés”).
– Oferendas: ofertar todas as frases que foram introduzidas em cada um dos domingos, com o objetivo de apresentar a Deus os frutos da escuta da palavra que se faz caridade, e realizar coleta de alimentos para os necessitados.
– Envio da comunidade: o presidente da celebração pode fazer uma oração de envio sobre o povo, enfatizando a vocação batismal de sermos todos discípulos missionários de Jesus Cristo, anunciadores de sua Palavra.

Sugestões de repertório para a Missa do 26° Domingo do Tempo Comum 2020 –  Ano A (O Domingo)

Abertura: Senhor, escuta
Aclamação: Aleluia! O Senhor
Oferendas: As mesmas mãos
Comunhão: Vá e mostre

Cifras e partituras das sugestões CNBB

Semanário litúrgico – catequético – Cantos para a Celebração – 26° Domingo do Tempo Comum 2020

 

Áudios para a Missa do 26° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A CNBB:

 

Padre Anísio Tavares, C.Ss.R. / Portal Kairós

Leituras de Domingo: 26° Domingo do Tempo Comum 2020

Leituras de Domingo

(Verde, glória, creio – 2ª semana do saltério)

Senhor, tudo o que fizestes conosco com razão o fizestes, pois pecamos contra vós e não obedecemos aos vossos mandamentos. Mas honrai o vosso nome, tratando-nos segundo vossa misericórdia (Dn 3,31.29s.43.42).

É na comunhão do Espírito Santo que nos reunimos para celebrar a páscoa semanal de Jesus, abrindo-nos à ternura e à compaixão de nosso Deus, que acolhe pobres e pecadores. Não nosso falar, mas nosso agir é que demonstra se cumprimos ou não a vontade divina. Celebremos com alegria o dia da Bíblia, a Palavra que nos orienta e conduz.

Primeira Leitura: Ezequiel 18,25-28

Leitura da profecia de Ezequiel – Assim diz o Senhor: 25“Vós andais dizendo: ‘A conduta do Senhor não é correta’. Ouvi, vós da casa de Israel: é a minha conduta que não é correta ou, antes, é a vossa conduta que não é correta? 26Quando um justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre. 27Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. 28Arrependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá; não morrerá”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 24(25)

Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura e compaixão!

1. Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos / e fazei-me conhecer a vossa estrada! / Vossa verdade me oriente e me conduza, † porque sois o Deus da minha salvação; / em vós espero, ó Senhor, todos os dias! – R.

2. Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura / e a vossa compaixão, que são eternas! / Não recordeis os meus pecados quando jovem / nem vos lembreis de minhas faltas e delitos! / De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia / e sois bondade sem limites, ó Senhor! – R.

3. O Senhor é piedade e retidão / e reconduz ao bom caminho os pecadores. / Ele dirige os humildes na justiça / e aos pobres ele ensina o seu caminho. – R.

Segunda Leitura: Filipenses 2,1-11 ou 1-5

[A forma breve está entre colchetes.]

Leitura da carta de São Paulo aos Filipenses – [Irmãos, 1se existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se existe ternura e compaixão, 2tornai então completa a minha alegria: aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. 3Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante 4e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro. 5Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus.] 6Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, 7mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome. 10Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra 11e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Mateus 21,28-32

Aleluia, aleluia, aleluia.

Minhas ovelhas escutam a minha voz, / minha voz estão elas a escutar; / eu conheço, então, minhas ovelhas, / que me seguem, comigo a caminhar! (Jo 10,27) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, Jesus disse aos sacerdotes e anciãos do povo: 28“Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ 29O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de opinião e foi. 30O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. 31Qual dos dois fez a vontade do pai?” Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O primeiro”. Então Jesus lhes disse: “Em verdade vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. 32Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os cobradores de impostos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele”. – Palavra da salvação.

Reflexão

Jesus dá um “puxão de orelha” nas autoridades religiosas do seu tempo e as desmascara com uma pergunta. A parábola mostra que o importante não são as palavras, mas as ações, o fazer. Podemos enganar os outros com belas palavras, mas nossa prática revela nossas intenções e opções. Jesus diz que os pecadores e prostitutas precedem as autoridades religiosas no Reino de Deus. Enquanto os pecadores e prostitutas são excluídos do Templo por não cumprir a lei, levam a sério o caminho da justiça; as autoridades fazem de sua “suposta justiça” a fonte do seu poder, do seu domínio sobre os outros. Portanto, a parábola denuncia a hipocrisia da elite, que se apresenta como cumpridora da vontade de Deus, quando de fato não a cumpre. É clara a mensagem: o importante diante de Deus é o fazer. Os grupos desprezados são os verdadeiros herdeiros do Reino dos Céus. Jesus repreende os “bons” porque acham que já estão vivendo de forma honesta e justa e que não há o que melhorar.

Oração

Ó Jesus, comunicador franco e transparente, não escondes a tua indignação contra os que querem se passar por justos, quando na verdade estão longe das exigências do Reino de Deus. Ajuda-nos a assumir, de modo responsável, a prática da justiça e da misericórdia. Amém.

 

Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp / Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós

27 de setembro – Missa do 26° Domingo do Tempo Comum 2020

Missa do 26° Domingo do Tempo Comum 2020

Convidados à obediência ao Senhor, abramos o coração para que sua vontade seja feita em nossa vida e seu Reino se torne cada vez mais presente entre nós, por meio das nossas ações e do amor que testemunhamos. Neste dia da Bíblia, queremos ser iluminados por essa Palavra que nos conduz e aprender do Pai a praticá-la no dia a dia.

Amar a Deus significa obedecer à sua vontade, praticando atitudes que manifestam o seu Reino.

A VERDADEIRA RELIGIÃO

Dirigida às autoridades, sacerdotes e anciãos do povo, a parábola do Evangelho de hoje revela quem aceita Jesus e quem o rejeita. Os dois filhos agem de forma diferente daquilo que responderam ao pai: um respondeu “não”, mas depois foi; o outro respondeu “sim”, mas depois não foi. Pergunta desafiadora do Mestre: qual fez a vontade do pai? Resposta das autoridades: aquele que agiu conforme o pai havia pedido.

Religião não é feita só de palavras, mas sobretudo de ação, de vivência, de prática. O papa Francisco adverte sobre “cristãos papagaios”, que só falam em religião, mas não a vivem. Não basta dizer “Senhor, Senhor”, mas é preciso cumprir a vontade do Pai para entrar no Reino. Uma religião que se limite ao cumprimento de rituais e não trilhe o caminho da justiça não leva ao seguimento de Jesus. Diante dessa parábola, poderíamos perguntar: para que serve a religião?

Tradicionalmente, afirma-se que religião quer dizer “religar-se com a divindade”. Essa definição, porém, pode dar a ideia de que ela não deveria se preocupar com o que ocorre no mundo. O Vaticano 2º procurou abrir a Igreja para o mundo e não deixá-la fechada em si mesma. O papa insiste muito nisso. Algumas “frestas nas janelas da instituição se abriram para os ventos do Espírito”, trazendo a Boa-nova do Evangelho. No entanto, não faltam os que tentam fechar essas frestas, considerando-as nocivas.

Na era das imagens, em muitos ambientes há o sério risco de a religiosidade católica se reduzir ao estético: batinas, roupas clericais medievais, correntes, véus… Nada disso parece ajudar a viver o Evangelho da justiça e da transformação. Empenhar-se pelo direito dos pobres, em sintonia com as bem-aventuranças, em alguns círculos soa quase uma ironia.

Jesus diz que “os cobradores de impostos e as prostitutas”, abrindo-se à misericórdia de Deus, precederão, no Reino, aos que vivem de forma farisaica. A parábola de hoje quer nos levar a refletir sobre nossa maneira de viver a religião e a visão que temos do Reino de Deus. Os dois filhos podem representar cada um de nós, que alternamos momentos de compromisso com o projeto de Jesus com momentos de fraqueza, indiferença e até crítica à proposta do Mestre.

 

Pe. Nilo Luza, ssp  / Portal Kairós

Leituras de Domingo: 25° Domingo do Tempo Comum 2020

Leituras de Domingo

(Verde, glória, creio – 1ª semana do saltério)

Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor. Se clamar por mim em qualquer provação, eu o ouvirei e serei seu Deus para sempre.

Nesta celebração busquemos o Senhor, que é bom e misericordioso para com todos e sempre está perto dos que o invocam. Dispondo-nos a acolher o convite para trabalharmos em favor do seu Reino, reunimo-nos para ouvir sua Palavra, receber seus dons e experimentar o amor que tem por nós, a fim de glorificarmos seu Filho com nossa vida.

Primeira Leitura: Isaías 55,6-9

Leitura do livro do profeta Isaías – 6Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto ele está perto. 7Abandone o ímpio seu caminho, e o homem injusto, suas maquinações; volte para o Senhor, que terá piedade dele, volte para nosso Deus, que é generoso no perdão. 8Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são como os meus caminhos, diz o Senhor. 9Estão meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos quanto está o céu acima da terra. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 144(145)

O Senhor está perto da pessoa que o invoca!

1. Todos os dias haverei de bendizer-vos, / hei de louvar o vosso nome para sempre. / Grande é o Senhor e muito digno de louvores, / e ninguém pode medir sua grandeza. – R.

2. Misericórdia e piedade é o Senhor, / ele é amor, é paciência, é compaixão. / O Senhor é muito bom para com todos, / sua ternura abraça toda criatura. – R.

3. É justo o Senhor em seus caminhos, / é santo em toda obra que ele faz. / Ele está perto da pessoa que o invoca, / de todo aquele que o invoca lealmente. – R.

Segunda Leitura: Filipenses 1,20-24.27

Leitura da carta de São Paulo aos Filipenses – Irmãos, 20Cristo vai ser glorificado no meu corpo, seja pela minha vida, seja pela minha morte. 21Pois, para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro. 22Entretanto, se o viver na carne significa que meu trabalho será frutuoso, neste caso, não sei o que escolher. 23Sinto-me atraído para os dois lados: tenho o desejo de partir, para estar com Cristo – o que para mim seria de longe o melhor -, 24mas para vós é mais necessário que eu continue minha vida neste mundo. 27Só uma coisa importa: vivei à altura do Evangelho de Cristo. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Mateus 20,1-16

Aleluia, aleluia, aleluia.

Vinde abrir o nosso coração, Senhor; / ó Senhor, abri o nosso coração, / e então do vosso Filho a palavra / poderemos acolher com muito amor! (At 16,14) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seus discípulos: 1“O Reino dos céus é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. 2Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia e os mandou para a vinha. 3Às nove horas da manhã, o patrão saiu de novo, viu outros que estavam na praça desocupados 4e lhes disse: ‘Ide também vós para a minha vinha! E eu vos pagarei o que for justo’. 5E eles foram. O patrão saiu de novo ao meio-dia e às três horas da tarde e fez a mesma coisa. 6Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: ‘Por que estais aí o dia inteiro desocupados?’ 7Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. O patrão lhes disse: ‘Ide vós também para a minha vinha’. 8Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros!’ 9Vieram os que tinham sido contratados às cinco da tarde e cada um recebeu uma moeda de prata. 10Em seguida vieram os que foram contratados primeiro e pensavam que iam receber mais. Porém cada um deles também recebeu uma moeda de prata. 11Ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: 12‘Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro’. 13Então o patrão disse a um deles: ‘Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? 14Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. 15Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?’ 16Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”.- Palavra da salvação.

Reflexão

A parábola compara o Reino dos Céus a um proprietário que vai em busca de trabalhadores para sua vinha. Revela triste realidade do tempo em que o evangelho foi redigido: o desemprego (“ninguém nos contratou”) e muita gente sem terra. O narrador insiste bastante sobre a “justiça”. O que é justiça? É aquilo que é conforme a vontade de Deus; é cada um ter o suficiente para suprir as necessidades básicas do ser humano (“uma moeda de prata por dia”). O patrão, porque é bom, vê a necessidade do outro. E se no Reino dos Céus existirem “primeiros e últimos”, os primeiros serão aqueles que a sociedade considera como últimos (“os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”). As comunidades precisam começar sempre pelos últimos, assim como fez o capataz na hora do pagamento. Alargando um pouco a parábola, podemos perceber que os primeiros a receber a revelação foram os judeus, mas nem sempre estavam dispostos a abrir a porta também aos que chegaram depois (os pagãos).

Oração

Ó Jesus, manifestação viva do amor gratuito do Pai, a salvação que nos ofereces não depende dos nossos méritos, nem do tempo que dedicamos ao teu serviço. Não é reservada a poucos privilegiados, mas está aberta a todos os que, a qualquer hora, te buscam de coração sincero. Amém.

 

Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp / Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós

Leituras de Domingo: 24° Domingo do Tempo Comum 2020

Leituras de Domingo

(Verde, glória, creio – 4ª semana do saltério)

Ouvi, Senhor, as preces do vosso servo e do vosso povo eleito: dai a paz àqueles que esperam em vós, para que os vossos profetas sejam verdadeiros (Eclo 36,18).

Nesta liturgia, somos convidados pelo Senhor bondoso e misericordioso a celebrar a vida nova do seu Reino, a qual se manifesta em todos os que buscam viver a reconciliação e o perdão. Jesus nos pede que rancor e raiva não tenham lugar em nosso coração, pois todos pertencemos a ele, que morreu e foi ressuscitado por amor à humanidade.

Primeira Leitura: Eclesiástico 27,33-28,9

Leitura do livro do Eclesiástico – 33O rancor e a raiva são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las. 28,1Quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados. 2Perdoa a injustiça cometida por teu próximo: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados. 3Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura? 4Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados? 5Se ele, que é um mortal, guarda rancor, quem é que vai alcançar perdão para os seus pecados? 6Lembra-te do teu fim e deixa de odiar; 7pensa na destruição e na morte e persevera nos mandamentos. 8Pensa nos mandamentos e não guardes rancor ao teu próximo. 9Pensa na aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia! – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 102(103)

O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

1. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / e todo o meu ser, seu santo nome! / Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / não te esqueças de nenhum de seus favores! – R.

2. Pois ele te perdoa toda culpa / e cura toda a tua enfermidade; / da sepultura ele salva a tua vida / e te cerca de carinho e compaixão. – R.

3. Não fica sempre repetindo as suas queixas / nem guarda eternamente o seu rancor. / Não nos trata como exigem nossas faltas / nem nos pune em proporção às nossas culpas. – R.

4. Quanto os céus por sobre a terra se elevam, / tanto é grande o seu amor aos que o temem; / quanto dista o nascente do poente, / tanto afasta para longe nossos crimes. – R.

Segunda Leitura: Romanos 14,7-9

Leitura da carta de São Paulo aos Romanos – Irmãos, 7ninguém dentre nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. 8Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Portanto, vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor. 9Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto, para ser o Senhor dos mortos e dos vivos. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Mateus 18,21-35

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu vos dou este novo mandamento, / nova ordem, agora, vos dou; / que, também, vos ameis uns aos outros, / como eu vos amei, diz o Senhor (Jo 13,34). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Porque o Reino dos céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o acerto, levaram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. 25Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!’ 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. 29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei!’ 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: ‘Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’ 34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”. – Palavra da salvação.

Reflexão

Outra proposta a ser vivida na comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus é o perdão. Nossa mesquinhez procura estabelecer limites: “Até sete vezes?” Toda vez que rezamos o Pai-nosso, pedimos o perdão a Deus e nos dispomos a perdoar. Se Deus levasse em conta nossa medida de perdão (“como nós perdoamos”), coitados de nós.
Sempre desejamos o perdão divino, mas nem sempre estamos dispostos a estendê-lo aos outros. É o que mostra a parábola do evangelho. Pode-se pensar que aqui se aborda o perdão entre as pessoas da comunidade, nas situações em que o pobre, de tão endividado, necessitava ter sua dívida cancelada. Não se trata dos grandes roubos praticados nos círculos de poder e na esfera pública, os quais lesam o cidadão. O perdão também não significa permitir tudo o que ocorre na sociedade, principalmente os desvios, que prejudicam o investimento no bem comum. O perdão é fundamental para construirmos uma “cultura da paz” e combatermos a “cultura da violência”.

Oração

Ó Jesus, mestre na prática do perdão, corrige nossa intolerância diante da falta alheia, e afasta definitivamente de nós qualquer desejo de vingança. Teu e nosso Pai celeste nos perdoa sempre, de modo generoso, e exige que façamos a mesma coisa com quem nos fendeu. Amém.

 

Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp / Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós