Misericórdia e Justiça são inseparáveis: Canonização de João Paulo II

Misericórdia e Justiça são inseparáveis, diz Postulador da Causa de Canonização de JPII

Celebra-se este primeiro domingo após a Páscoa a Festa da Divina Misericórdia, instituída por São João Paulo II no ano 2000, por ocasião da canonização de Santa Faustina Kowalska, apóstola da Divina Misericórdia.

A Festa está intimamente ligada à Ressurreição do Senhor ocupando, de fato, um lugar privilegiado entre todas as formas de devoção à Divina Misericórdia reveladas à Santa Faustina.

Já na primeira ocasião em que Jesus falou a ela sobre a Divina Misericórdia, em 22 de fevereiro de 1931, pediu: “Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás com o pincel, seja abençoada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia. Desejo que os sacerdotes anunciem esta Minha grande misericórdia para com as almas pecadoras (Diário de Santa Faustina, 49-50).

Na Carta Apostólica Misericordia et misera, o Papa Francisco escreveu que “em primeiro lugar, somos chamados a celebrar a misericórdia. Quanta riqueza está presente na oração da Igreja, quando invoca a Deus como Pai misericordioso! Na liturgia, não só se evoca repetidamente a misericórdia, mas é realmente recebida e vivida.

Desde o início até ao fim da Celebração Eucarística, a misericórdia reaparece várias vezes no diálogo entre a assembleia orante e o coração do Pai, que rejubila quando pode derramar o seu amor misericordioso”, e que “a celebração da misericórdia tem lugar, duma forma muito particular, no sacramento da Reconciliação. Este é o momento em que sentimos o abraço do Pai, que vem ao nosso encontro para nos restituir a graça de voltarmos a ser seus filhos”.

O Postulador da Causa de Canonização de João Paulo II, o sacerdote polonês Slawomir Oder, conversou conosco sobre a Divina Misericórdia:

“Não é possível pensar em Divina Misericórdia sem pensar na Ressurreição do Senhor, porque a Ressurreição do Senhor, a Páscoa do Senhor, é o ápice da revelação da Misericórdia de Deus, aquela abertura à vida, à vida eterna. É um dom supremo que Deus em Cristo oferece ao homem. Jesus veio ao mundo justamente para revelar a face misericordiosa de Deus”.

A Divina Misericórdia é certamente um dos temas fortes que colocam em íntima relação João Paulo II e Francisco. A Encíclica Dives in Misericordia é citada constantemente pelo Papa Francisco em seus pronunciamentos e homilia, assim como no Jubileu, obviamente…

“Sim, o tema da misericórdia os une de modo íntimo, e ao mesmo tempo, constitui um formidável caminho de continuidade entre os dois Pontificados. Ambos provém de situações marcadas por questões sociais, por dificuldades históricas. É precisamente a sensibilidade humana, a concretude histórica e a atenção que prestam ambos os Pontífices à dignidade do homem às questões dos mais pobres – aqueles que esperam o cumprimento da mensagem evangélica – que os torna assim tão próximos ao abordar o tema da Divina Misericórdia”.

O Papa Francisco já afirmou que justiça e misericórdia são inseparáveis. Também João Paulo II, justamente na Dives in Miserciordia perguntava: “É suficiente a justiça?”, para então responder, que na realidade, a Igreja é chamada a proclamar e a anunciar a misericórdia como a forma mais alta de justiça no amor. Às vezes parece que a misericórdia não é bem entendida, é como se fosse uma concessão, uma benevolência…

“Absolutamente não é assim, mesmo porque, da perspectiva do século passado, podemos dizer claramente o que significa a justiça humana sem Deus: leva ao horror, à negação do homem, a um sistema de escravidão e à negação da dignidade da pessoa. Não existe uma contradição entre justiça e misericórdia, não é uma benevolência falar da Misericórdia, mas devemos sempre recordar que, de qualquer forma, a revelação da Misericórdia Divina traz consigo uma obrigação moral, religiosa do homem, de acolher este mistério, mas também de converter-se a este mistério. A Misericórdia pressupõe a acolhida e um constante processo de compreensão do coração do homem”.

“Todos precisamos de consolação, porque ninguém está imune do sofrimento, da tribulação e da incompreensão, escreveu ainda o Papa Francisco na Carta Apostólica Misericordia et Misera. Quanta dor pode causar uma palavra maldosa, fruto da inveja, do ciúme e da ira! Quanto sofrimento provoca a experiência da traição, da violência e do abandono! Quanta amargura perante a morte das pessoas queridas! E, todavia, Deus nunca está longe quando se vivem estes dramas. Uma palavra que anima, um abraço que te faz sentir compreendido, uma carícia que deixa perceber o amor, uma oração que permite ser mais forte… são todas expressões da proximidade de Deus através da consolação oferecida pelos irmãos. (JE/AG)

br.radiovaticana.va

Baixe materiais especiais para seu grupo