Recriar a vida: estamos brincando de Deus?

Mais uma descoberta científica, entre tantas outras, na fronteira do conhecimento humano na área da genética nos surpreende, levantando uma série de dúvidas, questionamentos, inquietações e esperanças. A manchete de primeira página em vários Jornais Brasileiros informa: “Ciência cria primeira célula sintética: Bactéria com DNA montado a partir de informações vindas de computador ganha vida e passa a se replicar”; “Pesquisadores produzem a primeira forma de vida ‘sintética’ em laboratório”. Estamos definitivamente entrando na chamada era genômica e muito próximos da criação da chamada “vida artificial” neste início de século XXI, afirmam muitos pesquisadores nesta área da genômica.

Vejamos ainda que de forma sintética algumas informações básicas para entendermos esta descoberta que deverá entrar para a história como um dos maiores e mais polêmicos feitos científicos da biologia moderna. Este invento foi realizado pela equipe de pesquisadores liderada pelo cientista e empresário norte-americano Craig Venter, sempre polëmico e audacionso, no instituto que leva seu nome em Mariland, EUA. É bom lembrar que este cientista também liderou um projeto privado que seqüenciou um dos primeiros genomas humanos no ano 2000.

Como foi feita a pesquisa? Para criar um organismo sintético, a equipe de pesquisadores de Venter começou por reconstruir, com a ajuda de um computador, o genoma de uma bactéria comum, Mycoplasma mycoides. A informação foi colocada em um sintetizador de DNA, que produziu filamentos de DNA. Esses filamentos foram costurados ao serem inseridos em levedura e depois em bactérias E.coli. Os mecanismos naturais de reparo da bactéria resultante viram os filamentos como fragmentos partidos e os reuniu. Após várias rodadas, os cientistas montaram todas as letras do genoma da bactéria. Para marcar o genoma como sintético, inseriram novos filamentos de DNA, cada um deles uma marca d’água que carrega mensagens codificas. O passo crucial ocorrei a seguir: eles transferiram o genoma sintético para outro tipo de bactéria comum. À medida que se multiplicava, ela passava a usar o genoma sintético. Venter chama o organismo de “célula sintética” porque ele sobrevive graças a um genoma criado pelo homem.

A nova bactéria, diz Venter “é a prova do conceito de que podemos fazer, em teoria, mudanças por todo o genoma humano de um organismo, adicionar novas funções, eliminar as que não queremos e criar novos organismos industriais que fariam o que quiséssemos. Até que esse experimento funcionasse, o campo era teórico. Agora, é real”.

As reações frente a este feito são contrastantes. Vão desde as que suscitam excesso de otimismo, beirando cenários de ficção científica, apontando para benefícios potenciais enormes, tais como, a possibilidade de sintetizar combustíveis a partir da criação de algas que absorvem CO2 da atmosfera, vacinas, produção de alimentos. No pólo oposto surgem inquietações sérias, apontando perigos que vão desde o bioerro ao bioterror. O próprio Venter afirma que necessitaremos de regulamentação ética severa para assegurar que os organismos sintéticos não escapem e causem danos. “É claro que essa tecnologia tem dois gumes e isto requer uma reponsabilidade imensa de quem a usa.

Nós estamos entrando em uma nova era estimulante, na qual estamos limitados principalmente pela nossa imaginação”, afirma Venter.

Ainda é muito cedo para sabermos das reais consequências deste feito. Não podemos e não devemos “endeusar” e muito menos “satanizar”. Necessitamos de muita prudência, colocando em ação o princípio ético da precaução que se traduz na ética da responsabilidade que dialogue com a ciência. Este é o caminho que gera esperança e não o otimismo falso que é ilusório Nesta perspectiva o ser humano é “cocriador”, enquanto aperfeiçoa o mundo criado. Não se trata da criação da vida do nada, mas de recriação a partir de uma vida existente. No princípio da vida, nós cristãos acreditamos que temos a ação do Deus criador e não o feito orgulhoso do ser humano de “querer ser Deus”.

 

Pe. Léo Pessini
a12.com

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Solenidade da Transfiguração do Senhor, a mensagem do Ângelus

Hoje, domingo, dia 6 de Agosto de 2017, a Igreja celebra a solenidade da Transfiguração do Senhor. Como de costume, às 12 horas de Roma, o Papa Francisco celebrou, na Praça de S. Pedro, repleta de fiéis e peregrinos provenientes de diversas partes da Itália e do mundo, a habitual cerimônia Mariana do Ângelus.

A página evangélica deste domingo, disse o Papa, narra-nos a experiência de um evento extraordinário de que foram testemunhas os apóstolos Pedro, Tiago e João. Jesus tomou-os consigo e levou-os, em particular a um alto monte e enquanto rezava o seu rosto mudou de aspecto, ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.

Apareceram Moisés e Elias e entraram em diálogo com Jesus. Eis então que Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Mas antes mesmo que Pedro terminasse de falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sobra.

O evento da Transfiguração do Senhor oferece-nos uma mensagem de esperança: convida-nos a encontrar Jesus, para estarmos ao serviço dos irmãos. A subida dos discípulos para o Monte Tabor leva-nos a reflectir sobre a importância de destacarmo-nos das coisas mundanas, para percorrermos um caminho para o alto e contemplar Jesus. Trata-se de dispormo-nos à escuta atenta e orante de Cristo, o Filho amado do Pai, procurando momentos íntimos de oração que permita o acolhimento dócil e alegre da Palavra de Deus.

Neste sentido, somos chamados, observa ainda Francisco, a redescobrir o silêncio pacificador e regenerador da meditação do Evangelho que conduz para uma meta rica de beleza, de esplendor e de alegria.

Nesta perspectiva o tempo do verão, das férias, é um momento providencial para incrementar o nosso empenho de busca e de encontro com o Senhor. Neste período os estudantes estão livres dos empenhos escolares e tantas famílias gozam das suas férias; é importante que no período do repouso e distanciamento das ocupações quotidianas, se possa regenerar as forças do corpo e do espírito, aprofundando o caminho espiritual.

No fim da admirável experiência da Transfiguração, observa o Santo Padre, os discípulos desceram da montanha com os olhos e os corações transfigurados pelo encontro com o Senhor. É o caminho que podemos realizar também nós. A redescoberta sempre viva de Jesus não é um fim em si, mas nos conduz a “descer da montanha”, refortificados com a força Espírito Divino, para decidir novos passos de autêntica conversão e para testemunhar constantemente a caridade como lei de vida quotidiana.

Transformados pela presença de Cristo e pelo ardor da Sua Palavra, disse ainda Francisco, seremos um sinal concreto do amor vivificante de Deus para todos os nossos irmãos, especialmente para quem sofre, para aqueles que se encontram na solidão e no abandono, para os enfermos e para a multidão de homens e mulheres que, em diversas partes do mundo, são humilhados pela injustiça, pela prepotência e pela violência.

Na Transfiguração se ouve a voz do Pai celeste que diz: “Este é o meu Filho amado. Escutai-O! “(V.5). Olhemos para Maria, a Virgem da escuta, sempre pronta para acolher e guardar no coração cada palavra do Filho divino (Lc 1, 51). Que a celeste Mãe de Deus nos ajude a entrar em sintonia com a Palavra de Deus para que Cristo se torne luz e guia de toda a nossa vida. A Ela confiamos as férias de todos, para que sejam serenas e profícuas, mas sobretudo o verão daqueles que não podem gozer das férias porque impedidos pela idade, por motivos de saúde ou de trabalho, por restrições económicas ou por outros problemas, para que, mesmo assim, seja um tempo de relaxe, animado de presenças amigas e de momentos felizes.

Após a recitação mariana do Ângelus, Francisco dirigiu palavras de saudação e de agradecimento aos milhares de fiéis e peregrinos congregados na Praça de S. Pedro para assistir a cermónia nestes termos não obstante o sol e o imenso calor romano:

Queridos irmãos e irmãs, disse o Santo Padre,
saúdo todos vós, romanos e peregrinos de vários países: famílias, associações, fiéis.

Hoje estão presentes aqui, vários grupos de adolescentes e jovens. Saúdo-vos com grande afecto! Em particular, o grupo da pastoral juvenil de Verona; os jovens de Adria, Campodarsego e Offanengo.

Finalmente, Francisco desejou à todos um bom domingo. Pedindo que por favor, não se esqueçam de rezar por Ele. Bom almoço e até breve, concluiu dizendo o Santo Padre!

 

Rádio Vaticano

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10 curiosidades sobre a vida e obra de Santo Afonso de Ligório

Santo Afonso Maria de Ligório

Fundador da Congregação do Santíssimo Senhor Redentor, é santo e doutor da Igreja.
Nasceu em Marianella, Itália,em 27 de setembro de 1696.
Primogênito de uma família bastante numerosa e parte da nobreza napolitana, traz algumas curiosidades em sua vida e missão.

01 – Era Advogado
Formou-se em Direito aos 16 anos e se tornou Doutor em Direito Civil e Canônico.
Era um grande advogado, nunca havia perdido uma causa sequer, até certo dia em que um juiz se corrompeu e lhe negou a causa. Este fato o fez repensar sua vida e abandonou os tribunais, momento em que disse sua célebre frase:

“Ó mundo falaz, agora eu te conheço!
Adeus tribunais!”

02 – Era compositor
Como sua família era parte da nobreza de Nápoles, teve acesso à cultura e arte. Por isso, se tornou pintor, poeta e compositor. Inclusive algumas de suas músicas são cantadas até hoje na Itália como a famosa canção de Natal “Tu Scendi dalle Stelle” (Eis que lá das Estrelas).

03 – Morou na casa de seus Pais, até mesmo depois de ordenado
Filho primogênito, trazia as expectativas de seu pai para que fosse o herdeiro da família. Quando abandonou a profissão, seu pai não concordou e tentou ao máximo fazê-lo desistir. Vendo que não seria possível fez um acordo: Afonso poderia frequentar o Seminário, desde que continuasse a viver em sua casa e assim aconteceu.

04 – Criou as Capelas do Entardecer
Eram casas feitas para os mendigos e abandonados de Nápoles. Eram lugar de oração, atividades pastorais e comunitárias e até mesmo local de educação. Os próprios marginalizados eram responsáveis por organizar e gerenciar as casas.

05 – Morou num convento de Chineses refugiados
Depois de três anos ordenado sacerdote, saiu da casa de seus pais e foi morar no Colégio dos Chineses, em Nápoles. Era uma casa de sacerdotes, fundada por um missionário que havia sido expulso da China, Mateus Ripa. Neste tempo, Afonso intensificou o trabalho com as Capelas para os moradores de rua.

06 – Viveu com cuidadores de cabras
Afonso estava fatigado pelo trabalho com os mais pobres e viajou de férias para as montanhas de Scala, na Itália. Chegando à cidade, se espantou com a pobreza do povo, que segundo ele, eram mais miseráveis do que o mais pobre da cidade de Nápoles. Foi evangelizar e ensinar os moradores da cidade, de maneira especial, os cuidadores de cabras. Anos mais tarde, chegou até a morar com os cabreiros.

07 – A ordem feminina nasceu antes da masculina
Em Scala conheceu irmã Maria Celeste Crostarosa, que estava fundando a Ordem do Santíssimo Redentor feminina. Viraram grandes amigos e foi ela quem disse a Afonso:
Em 9 de novembro de 1732, ele fundou então a Congregação do Santíssimo Redentor, para poder anunciar a Boa Nova aos pobres e mais abandonados.

08 – Escreveu mais de 100 obras em 15 anos
Depois de fundar a Congregação, dedicou-se a produzir suas obras. No período de 1743 a 1758, escreveu mais de 100 obras sobre espiritualidade e teologia. Obras estas que já tiveram mais de 21500 edições e foram traduzidas em 72 línguas.

09 – Doutor da Igreja
Foi canonizado em 1831, e, em 1871, foi proclamado Doutor da Igreja.
Mas suas obras não foram escritas para doutores, apesar de assim o ser, Afonso escrevia para o povo, para os humildes, de maneira simples. Escrevia para responder às questões que os fiéis lhe faziam durante suas missões.

10 – Foi Bispo e é Padroeiro dos confessores
Em 1762, foi ordenado bispo de Santa Ágata dos Gôdos, apesar de ter relutado muito à nomeação. Afonso achava que era muito idoso e estava doente para cuidar de uma diocese. Apesar disso, promoveu uma renovação do clero diocesano, além de ser um bispo completamente diferente, deixou as riquezas e as pompas, foi humilde e doava a renda da diocese aos pobres. Em 1950, foi proclamado como Patrono dos Confessores e Moralistas.

 

A12

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Pastoral da Criança ressalta importância do aleitamento materno

É unanime que o aleitamento materno proporciona inúmeros benefícios tanto às mães quanto aos seus filhos. “Ele possui todos os nutrientes que o bebê precisa para se desenvolver, possui substâncias que o defendem contra doenças e ajuda a criar e fortalecer a relação de afeto entre a mãe e o bebê”. É o que a afirma a Nutricionista da Pastoral da Criança, Marcia Moscatelli de Almeida.

Até o dia 7 de agosto, o Brasil recorda a 25ª Semana Mundial do Aleitamento Materno com o tema “Trabalhar juntos para o bem comum”.

Em todo o Brasil, a Pastoral da Criança desenvolve um trabalho voltado para o desenvolvimento integral das crianças por meio de orientações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania.

Como defensora e promotora do aleitamento materno, a Pastoral da Criança possui uma equipe técnica que está sempre estudando novas pesquisas sobre o aleitamento materno, para fazer chegar a informação até os líderes e famílias.

A Pastoral da Criança, assim como o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde , recomenda o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade, ou seja, sem o complemento de outro tipo de leite, água, suco ou chá.

“Nossos líderes visitam as famílias todos os meses para apoiar gestantes e mães a amamentarem seus bebês. É comum surgirem algumas dificuldades durante a amamentação. Quando o líder conversa com essa mãe consegue perceber qual é a dificuldade e orientar sobre como tornar essa experiência mais agradável e fácil”, afirmou Marcia Moscatelli.

A nutricionista explica que a partir dos 6 meses deve ser iniciada a introdução da alimentação complementar, com a manutenção do aleitamento materno até os 2 anos de idade ou mais, de acordo com a vontade da mãe e da criança. “Para ajudar nessa transição o líder entrega para a mãe uma cartela com dicas sobre como preparar as papinhas e ensinar a criança a ter bons hábitos alimentares desde cedo”.

Márcia alerta que as práticas alimentares inadequadas – falta de aleitamento materno e introdução dos alimentos antes dos 6 meses – estão relacionadas a muitos problemas de saúde, como desnutrição, excesso de peso, anemia, complicações por carência de vitamina A, entre outros. Como consequência, muitas crianças menores de cinco anos não atingem seu potencial de crescimento e desenvolvimento. “A criança que é amamentada desenvolve melhor a capacidade de perceber quando está satisfeita durante a refeição, tem menos chance de desenvolver obesidade e diabetes tipo 2, tem quatro vezes menos chance de precisar usar aparelho nos dentes, por não usar a mamadeira”

 

Palavra da Dra Zilda Arns

“Eu gostaria de dizer que a amamentação é a coisa mais importante que uma mãe pode dar para a criança, ela ajuda para que a criança se desenvolva com todo o potencial que ela tem. Portanto todas as mamães, todas as gestantes, por favor, amamentação exclusiva até 6 meses é um direito da criança e continuar dando de mamar se possível até 2 anos ou mais para que a criança fique mais ágil, ela tenha uma psicomotricidade maior e ela tem muito mais talentos ela pensa mais rápido, anda mais rápido, fala mais cedo e tudo mais que uma criança precisa. Um carinhoso abraço para todos.”

 

Dra. Zilda Arns Neumann, fundadora da pastoral da Criança
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Teologia do crescimento

Crescer, crescer e crescer. Essa tem sido a receita principal das mais importantes economias modernas, convertida em verdadeiro dogma, corroborada pelo pensamento econômico tradicional que identifica no acúmulo de produção e consumo de mercadorias a errônea noção de progresso.

Para tanto, a atividade econômica exerce domínio técnico sobre a natureza, convertendo os finitos e não renováveis recursos naturais em mercadorias, fazendo do consumismo uma espécie de “religião” daqueles que se regozijam com o supérfluo e opíparo.

Baseado no lucro, na exploração do capital natural, no excesso de produção/vendas/consumo, esse modelo de crescimento – quase uma teologia sagrada para a economia neoclássica – bestifica adultos e crianças que são impulsionados ao consumo cada vez mais crescente, perdendo – e deixando de lado – o real e verdadeiro sentido da vida.

Em relação a isso, é oportuno trazer à tona o comentário feito por Ladislau Dowbor: “enquanto aumenta o volume de brinquedos tecnológicos nas lojas, escasseiam o rio limpo para nadar ou pescar, o quintal com as suas árvores, o ar limpo, água limpa, a rua para brincar ou passear, a fruta comida sem medo de química…”.

Assim, vamos perdendo, pouco a pouco, a noção do que é ter uma vida regrada numa convivência harmoniosa com as coisas da natureza, trocando, pois, o “natural” pelo “artificial”, pelo “fabricado”, “industrializado”, “enxertado”. Lamentavelmente nos deixamos submeter aos interesses do mercado de consumo que dita regras, e que, também por isso, submete a natureza ao jogo da produção econômica, desrespeitando a noção de limites ecológicas, apressando com isso o desastre ecológico que ceifa vidas.

O ser mais ameaçado pela destruição do meio ambiente é o ser humano e dentre os seres humanos os mais pobres são as suas principais vítimas, assevera o pedagogo Moacir Gadotti, em “Pedagogia da Terra”. Ernesto Sábato, por ocasião da apresentação do projeto Carta da Terra, no já distante ano de 1998, dizia que “milhões de vidas humanas são desprezadas por interesses econômicos”. O desrepeito aos limites – ecológicos, sociais e mesmo os econômicos – impõem sérios danos à vida humana. Por isso é necessário entender justamente a existência desses limites e a importância em não ultrapassá-los.

Há limite “ao” crescimento, pelas restrições físicas da natureza , dada a disponibilidade limitada, como dissemos,de recursos naturais; e há limite “do” crescimento, pela impossibilidade de um super consumo de suntuosidades promover – como querem alguns – a plena felicidade dos povos .

Nesse pormenor, situa-se a política de crescimento econômico em conflito com os fatores ecológicos, impossibilitada de ampliar os ganhos sociais. É de fundamental importância o entendimento de que crescimento tem que necessariamente ser um instrumento, mas nunca o propósito em si, a finalidade suprema, como se não houvesse nada mais além disso.

Não há como escapar à seguinte afirmação: mais crescimento significa menos meio ambiente, tendo em vista que a biosfera é finita, não cresce, além de ser fechada funcionando regiamente sob as leis da termodinâmica.

Sintomaticamente, portanto, mais crescimento econômico responde pela exaustão de recursos naturais e energéticos e pela depredação dos serviços ecossistêmicos, o que compromete, sobremaneira, a qualidade e a expectativa de vida, principalmente dos mais pobres que não encontram meios para se defenderem do desequilíbrio ambiental.

Por isso é limitada à capacidade de o ecossistema terrestre suportar as pressões advindas do crescimento econômico. Quanto mais a “teologia do crescimento” avança na direção de sua propagação como eficaz alternativa de melhorar a vida humana, mais os limites biofísicos constrangem o próprio sistema econômico que, por sua vez, irrompe-se com força destrutiva, expondo o meio ambiente em constante degradação, comprometendo mais e mais a capacidade de salvaguardar a vida humana. Ora, a questão é uma só: se o crescimento contínuo da atividade econômica é incompatível com uma biosfera finita, insistir num crescimento físico da economia, enaltecendo e aplicando a “teologia do crescimento”, somente irá gerar mais custos que benefícios .

A poluição do ar e dos oceanos, a extinção de espécies, cardumes ameaçados, a perda considerável de ecossistemas, chuvas ácidas, buraco de ozônio, esgotamento dos solos e a constante mudança climática – todos fatores desencadeados em larga medida pelo expansionismo econômico -, mostram que os limites, principalmente os ecológicos, convertem o crescimento da economia numa verdadeira condição antieconômica.

Inequivocamente, as perdas , nesse caso, superam os ganhos . Não refutamos, contudo, a importância em fazer a economia crescer, desde que, obviamente, isso ocorra “dentro” dos limites ; mas não se deve perder de vista, no entanto, que não é o crescimento da economia em si que faz progredir qualitativamente a vida das pessoas.

Crescer por crescer até as células cancerígenas assim o fazem. Crescer por crescer é expandir fisicamente a economia, quantitativamente apenas. Reafirmando esse argumento, Herman Daly, o maior expoente hodierno da economia ecológica, diz que “se os recursos pudessem ser criados a partir do nada e os resíduos pudessem ser aniquilados no nada, então poderíamos ter uma produção de recursos sempre em crescimento através da qual alimentaríamos o crescimento contínuo da economia. Mas a primeira lei da termodinâmica diz NÃO. Ou se pudéssemos apenas reciclar a mesma matéria e energia através da economia de forma mais rápida, poderíamos manter o crescimento em andamento. O diagrama de fluxo circular de todos os textos de iniciação à teoria econômica infelizmente aproxima-se muito desta afirmação. Mas a segunda lei da termodinâmica diz NÃO”.

 

Marcus Eduardo de Oliveira
A12 / Portal Kairós