CF 2017: A Ecologia do homem

“Para defender os biomas brasileiros é preciso, antes de mais nada, recuperar a dignidade de cada um”

No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar no programa de hoje da relação entre a Campanha da Fraternidade de 2017 e a Constituição Gaudium et Spes.

Temos dedicado este nosso espaço à ligação existente entre a Gaudim et Spes e a Campanha da Fraternidade deste ano – dedicada ao cuidado dos biomas brasileiros – mas também ao cuidado com a criação em seu sentido mais amplo.No programa de hoje, o Padre Gerson Schmidt, que tem nos acompanhado neste percurso, nos recorda o pronunciamento de Bento XVI à Cúria romana, em dezembro de 2008, em que falava, que a Igreja “tem uma responsabilidade pela criação e deve fazer valer esta responsabilidade também em público. E fazendo isto deve defender não só a terra, a água e o ar como dons da criação que pertencem a todos. Deve proteger também o homem contra a destruição de si mesmo”:”A Constituição Apostólica Gaudium et Spes faz uma afirmação importante que nos ajuda a vivermos como cristãos, aqui no Brasil, a temática ecológica da campanha da Fraternidade de 2017. Diz assim a GS no número 09: “Entretanto, vai crescendo a convicção de que o gênero humano não só pode e deve aumentar cada vez mais o seu domínio sobre as coisas criadas, mas também lhe compete estabelecer uma ordem política, social e econômica, que o sirva cada vez melhor e ajude indivíduos e grupos a afirmarem e desenvolverem a própria dignidade”. A ordem social e econômica, portanto, deve respeitar a dignidade humana. Respeitar a ecologia ao nosso redor é respeito sobretudo o homem, rei da criação.

Nessa perspectiva na defesa do ecossistema, quero lembrar aqui hoje na íntegra uma declaração de Bento XVI por ocasião das felicitações natalinas à Cúria Romana, no dia 22 de dezembro de 2008. Já o fizemos na quarta-feira anterior. Hoje aprofundo essa declaração. Cabe muito bem aqui o contexto dessa frase dita pelo Papa Bento na defesa de uma ecologia do homem, contra a ideologia do gênero. Dizia assim o Papa:

“Dado que a fé no Criador é uma parte essencial do Credo cristão, a Igreja não pode e não deve limitar-se a transmitir aos seus fiéis apenas a mensagem da salvação. Ela tem uma responsabilidade pela criação e deve fazer valer esta responsabilidade também em público. E fazendo isto deve defender não só a terra, a água e o ar como dons da criação que pertencem a todos. Deve proteger também o homem contra a destruição de si mesmo. É necessário que haja algo como uma ecologia do homem, entendida no sentido justo. Não é uma metafísica superada, se a Igreja falar da natureza do ser humano como homem e mulher e pedir que esta ordem da criação seja respeitada. Trata-se aqui do fato da fé no Criador e da escuta da linguagem da criação, cujo desprezo seria uma autodestruição do homem e portanto uma destruição da própria obra de Deus. O que com frequência é expresso e entendido com a palavra “gender” , resolve-se em definitiva na auto-emancipação do homem da criação e do Criador.

O homem pretende fazer-se sozinho e dispor sempre e exclusivamente sozinho o que lhe diz respeito. Mas desta forma vive contra a verdade, vive contra o Espírito criador. As florestas tropicais merecem, sim, a nossa proteção, mas não a merece menos o homem como criatura, na qual está inscrita uma mensagem que não significa contradição da nossa liberdade, mas a sua condição. Grandes teólogos da Escolástica qualificaram o matrimônio, ou seja, o vínculo para toda a vida entre homem e mulher, como sacramento da criação, que o próprio Criador instituiu e que Cristo sem modificar a mensagem da criação depois acolheu na história da salvação como sacramento da nova aliança.

Pertence ao anúncio que a Igreja deve levar o testemunho a favor do Espírito criador presente na natureza no seu conjunto e de modo especial na natureza do homem, criado à imagem de Deus. Partindo desta perspectiva seria necessário voltar a ler a Encíclica Humanae vitae: a intenção do Papa Paulo VI era defender o amor contra a sexualidade como consumo, o futuro contra a pretensão exclusiva do presente e a natureza do homem contra a sua manipulação”(Mensagem de Bento XVI por ocasião das felicitações natalinas à Cúria Romana, no dia 22 de dezembro de 2008).

A ideologia do Gênero fere a obra de Deus criador, falseando o homem, tornando-o uma manipulação. A criatura volta-se contra o criador, querendo ela mesmo a independência do modo como Deus a criou. Para defender os biomas brasileiros é preciso, antes de mais nada, recuperar a dignidade de cada um”.

Cerrado: Campanha da Fraternidade busca a preservação dos biomas

O tema deste ano é: Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida

Com o objetivo de alertar a necessidade do respeitar o meio ambiente, especialmente, os biomas brasileiros, a Campanha da Fraternidade 2017 terá início em todo Brasil dia 1º de março. Com o tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação”, a iniciativa traz uma reflexão sobre o meio ambiente e sugere uma visão global das expressões da vida e dos dons da criação de Deus.

A Campanha da Fraternidade é marcada pelo empenho de todos em favor da solidariedade e fraternidade, sempre abordando temas atuais, que a cada ano propõe uma transformação social, partindo das comunidades, seja ela em desafios sociais, econômicos, culturais e até mesmo religiosos, que nos convida a vivenciar três momentos de fé: ver, julgar e agir.

Para despertar o desejo em pessoas de boa vontade a colocar em prática as propostas cristãs como estender a mão a quem mais precisa, engajamento político e um comprometimento com a vida em sociedade, a CF é um convite à conversão pessoal e social, dos cristãos e não cristãos, para cultivar e cuidar da criação.

Entre as ações concretas estão: o aprofundamento de estudos, debates, seminários e celebrações nas escolas públicas e privadas sobre a temática abordada pela CF. O fortalecimento das redes e articulações, em todos os níveis, também é proposto com o objetivo para suscitar uma nova consciência e novas práticas na defesa dos ambientes essenciais à vida. Além disso, o subsídio da CF chama atenção para a necessidade de a população defender o fim do desmatamento para todos os biomas e sua composição florestal.

No campo político, a CF incentiva a criação de um Projeto de Lei que impeça o uso de agrotóxicos. Também indica que combater a corrupção é um modo especial para se evitar processos licitatórios fraudulentos, principalmente, aqueles que tem como consequência enchentes e secas que acabam sendo mecanismos de exploração e desvio de recursos públicos.

No texto-base da CF 2017, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) destaca a importância que cada comunidade, a partir do bioma em que vive e em relação aos povos originários desses biomas, faça o discernimento de quais ações são possíveis, e entre elas quais são as mais relevantes e de impacto positivo e duradouro.

Papa Francisco proferiu uma mensagem no Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação em que ressalta que pretende renovar o diálogo sobre os sofrimentos que afligem os pobres e a devastação do meio ambiente: “A criação é obra amorosa de Deus confiada a seus filhos e filhas. Nossa Senhora Mãe de Deus e dos homens acompanhará as comunidades e famílias no caminho do cuidado e cultivo da casa comum no tempo quaresmal”.

BIOMAS – Pode-se Definir Bioma como um conjunto de ecossistemas que funcionam de forma estável. Um bioma é caracterizado por um tipo principal de vegetação, sendo que em um mesmo bioma podem existir diversos tipos de vegetação. Os seres vivos vivem de forma adaptada às condições da natureza (vegetação, chuva, umidade, calor, etc) existentes. O Brasil é formado por seis biomas de características distintas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.

CERRADO

Conhecido como berço das águas brasileiras, o cerrado possui a segunda biodiversidade mais rica de todo o planeta, atua como um elo conectando outros quatro biomas brasileiros, faz a ponte entre floresta amazônica, caatinga, mata atlântica e pantanal. Se o cerrado acabar é como se quebrasse o elo que ligam todos esses ecossistemas. Causaria ainda problemas hídricos de grandes proporções, pois o cerrado alimenta três grandes aquíferos e seis das oito bacias hidrográficas.

Infelizmente, por causa do avanço da agricultura nesta região, principalmente da soja, o cerrado vem diminuindo de tamanho com o passar dos anos. O crescimento da pecuária de corte também tem colaborado para a diminuição deste tipo de vegetação. Ambientalistas afirmam que nos últimos 50 anos a vegetação do cerrado diminuiu para a metade do tamanho original.

As duas principais ameaças à biodiversidade do Cerrado estão relacionadas a duas atividades econômicas: a monocultura intensiva de grãos e a pecuária extensiva de baixa tecnologia. O uso de técnicas de aproveitamento intensivo dos solos tem provocado, há anos, o esgotamento dos recursos locais. O uso indiscriminado de agrotóxicos e fertilizantes tem contaminado também o solo e a água.

Além do reduzido número de áreas de conservação, o problema maior tem raízes nas políticas agrícolas e de mineração impróprias e no crescimento da população. Historicamente, a expansão agropastoril e o extrativismo mineral têm se caracterizado por um modelo predatório. A ocupação da região é desejável, mas desde que aconteça racionalmente.

A destruição e a fragmentação de habitats consistem, atualmente, na maior ameaça à integridade desse bioma: 60% da área total são destinados à pecuária e 6% aos grãos, principalmente, soja. De fato, cerca de 80% do Cerrado já foi modificado pelo homem por causa da expansão agropecuária, urbana e construção de estradas – aproximadamente 40% conserva parcialmente suas características iniciais e outros 40% já as perderam totalmente. Somente 19,15% correspondem a áreas nas quais a vegetação original ainda está em bom estado.

 

Dirceu Coelho
atribunamt.com.br
Adaptação, ilustração e revisão
Portal Kairós

Ecologia e teologia

A teologia oferece preciosos elementos em favor da vida na terra. O criador da ecologia, da natureza é Deus, e a criação, a terra é para todos. Na criação, Deus nos fala do seu amor e do seu desígnio de vida e salvação para a humanidade.

A criação é, pois, o primeiro livro da Palavra de Deus, é o primeiro sacramento do amor, é a casa de todos, é a gramática e a catequese mais original. A ordem divina é de ‘guardar e cultivar’ a criação (Gn 2,15). A ordem, a beleza, a sabedoria, a providência e a finalidade da criação é para que o homem descubra Deus e conviva com seus irmãos na grande família que é o mundo. Recebemos de Deus um jardim que foi transformado em deserto. Agora é hora de transformar o deserto em jardim.

Da natureza aprendemos a ‘lei natural’ que deve ser respeitada no processo de interação, complementação, comunhão das criaturas. O salmista convida as criaturas a louvar o Criador: “Sol, lua, estrelas, rios, matas, peixes, pássaros, frio, calor, noite, dia, montanhas, colinas, bendizei ao Senhor”.

Céus e terra proclamam vossa glória Senhor, rezamos na liturgia eucarística. São Francisco de Assis compreendeu bem o tesouro da criação quando chama as criaturas de ‘irmão sol, irmã lua, irmã água’, etc. A natureza é nossa mãe e nossa irmã, nossa casa comum. Vamos conservá-la, protegê-la, restaurá-la. Quão dignificada é a matéria que o Filho de Deus se fez carne, assumiu corpo humano e habitou no planeta, em Nazaré na Galileia. “Temos o direito e o dever de nos apaixonar pelas coisas da terra”, dizia T. de Chardin.

Mais admirável ainda é a consagração do pão, que na Eucaristia se torna corpo de Cristo ressuscitado. Toda a criação está destinada à participação da glória de Deus e ser novo céu e nova terra. Eucaristia e ecologia se completam. Jesus, voltando ao Pai com seu corpo humano glorificado, é a coroação e exaltação de toda a criação. Destruir, depredar, matar a criação é um ‘pecado cósmico’.

A criação está a serviço da vida.

A natureza, porém, não é mais importante que o homem. Estaríamos caindo no panteísmo. A criação está a serviço da vida. Nosso corpo é a síntese da criação. Daí vem a ‘ecologia humana’ que consiste em respeitar a vida desde a fecundação até seu fim natural. Seja respeitado o direito à vida e à morte natural. É uma contradição pedir respeito pelo meio ambiente e não respeitar a vida humana. É contraditório salvar os ovos da tartaruga, o que é necessário, mas, não respeitar o embrião humano.

A Teologia ensina que para salvar a ecologia é necessária uma revisão do nosso estilo de vida consumista e predatório. Urge uma mudança de mentalidade e transformação do coração. O tipo de desenvolvimento que temos transformou-se em agente de morte. Os agrotóxicos na verdade são agrovenenos.

A ética da solidariedade e da sustentabilidade não permite abusar da natureza e prescreve que busquemos novas tecnologias, pensemos nas futuras gerações, apoiemos todas as iniciativas de recriação da natureza. Como é comovente ver crianças, catadores de papel, jovens, pessoas simples plantando árvores, cuidando da água, reciclando lixo. O problema é que os grandes e poderosos continuam poluindo, depredando e não querem mudar.

O atual modelo de desenvolvimento é destrutivo, gerador de fome e miséria, de falta de alimentos, antinatalista e fomentador de envelhecimento do mundo. Com um modelo humano e integral de desenvolvimento, a população pode crescer, alimentos sobrarão. É possível vencer a desertificação, o empobrecimento, as guerras. Mudando o lado humano, muda-se o lado da natureza. Proteger o cosmos é proteger o homem da destruição de si. É hora de reatar a aliança entre o ser humano e o meio ambiente. Chega de arbitrariedade, haja mais sabedoria e determinação de mudar.

Dom Orlando

Introdução aos Biomas brasileiros e defesa da vida

Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida

Quando Pero Vaz de Caminha chegou à costa do território brasileiro, maravilhou-se com tudo o que viu. Descreveu minuciosamente os indígenas, a flora, a fauna e as águas que tinha diante dos olhos. Estava de tal forma maravilhado que, ao final da carta, escreveu literalmente ao rei de Portugal: “Águas são muitas: infinitas. Em tal maneira graciosa [a terra] que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!”

Biomas brasileiros e defesa da vida

Alguns anos mais tarde, após a chegada dos colonizadores, começa a ocupação e exploração do paraíso descrito por Pero Vaz de Caminha. A princípio no litoral. E começa a extração do pau-brasil, a árvore mais abundante que encontraram naquela imensa floresta, cuja tintura extraída era levada para a Europa. A madeira também era utilizada para fabricar móveis e instrumentos musicais. Para realizar esse trabalho, começa a exploração e escravização das nações indígenas, o sequestro de seus territórios, as dizimações por guerras e doenças. Depois vieram os negros, também na linha da mão de obra escrava.

Com o caminhar da história, começa o avanço para o interior do nosso imenso território, seja pelo sul do país, pelo Pampa, seja pelos leitos de diversos rios. Então, aventureiros, bandeirantes e outros conquistadores interiorizaram o Brasil. Mais tarde o próprio Imperador chamou cientistas para decifrarem o que se tinha diante dos olhos. Percebeu-se que esse território tem imensa variedades de formas de vida, de florestas, de animais e de povos.

Em tempos mais recentes são delimitados e descritos os chamados biomas brasileiros, com suas interfaces e ligações, mas guardando características próprias de cada um. A expressão bioma vem de “bio”, quem em grego quer dizer “vida” e “orna”, sufixo também grego que quer dizer “massa” grupo ou estrutura de vida”. Um bioma é “um conjunto de vida (animal e vegetal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria”.


Conversão para preservar a vida

Assim, um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação é similar e contínua, cujo clima é mais ou menos uniforme, e cuja formação tem uma história comum. Por isso, a diversidade biológica também é parecida. Há teses de sete e até oito biomas, considerando os manguezais como um deles e outro marinho, mas esse não é o reconhecimento oficial. No Brasil temos seis biomas: a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e o Pampa. Nesses biomas vivem pessoas, povos, resultantes da imensa miscigenação brasileira.

Hoje, mais de 5OO anos depois da chegada dos colonizadores, seria interessante nos perguntar: O que restou daquela floresta? O que restou daqueles povos? O que restou daquelas águas? O que restou daquela imensa biodiversidade que maravilhava os olhos? O ambiente que vivemos interessa a todos os seres humanos, independentemente de sua religião, credo, ou mesmo sem nenhum deles. Precisamos nos perguntar qual destino estamos dando a tantas riquezas e qual Brasil queremos deixar para as gerações futuras.

Nesse começo do 3º milênio, somos uma população de mais de 200 milhões de brasileiros, 80% vivendo em cidades. O impacto dessa concentração populacional sobre o meio ambiente produz dilemas que põem em risco as riquezas naturais. O avanço das tecnologias em todos os campos, tende a distanciar as pessoas dos problemas socioambientais que estão ao seu redor. Os povos que perderam seus territórios, tantas vezes dados por extintos, reivindicam seu lugar na sociedade, sua cidadania, com a prerrogativa de viverem conforme suas leis e suas tradições, sendo plenamente reconhecidos como brasileiros. Além do mais, pertencemos a uma mesma casa comum, condividindo esse planeta com sete bilhões de pessoas e bilhões e bilhões de seres vivos. Somos cidadãos globais. Esse fato implica que a tensão entre a economia e a ecologia se colocou como o maior desafio para a humanidade. É de sua equação harmônica que depende o futuro da humanidade e de todos os seres vivos que habitam a Terra.

O Papa Francisco, no início de sua carta encíclica Laudato Sí, diz que escolheu o nome de Francisco também por razões ecológicas. A proposta ecológica do Papa é integral, entrelaçando todas as dimensões do ser humano com a natureza. Para ele, cada criatura tem sua mensagem, que precisa ser respeitada e entendida. Mas todas elas estão interligadas. Toda a Laudato Sí é um hino de espanto maravilhado diante da natureza criada que nos fala de Deus, que é um dom de Deus, da qual nós seres humanos somos parte integrante, mas também seus zeladores e cultivadores. O Papa Francisco também nos coloca diante dos desafios colossais enfrentados pela humanidade, que está em uma verdadeira encruzilhada, em uma mudança de época.

A Igreja Católica já há algum tempo tem sido uma voz profética a respeito da questão ecológica. Não apenas tem chamado a atenção para os desafios e problemas ecológicos, como tem apontado suas causas e, principalmente, tem apontado caminhos para sua superação. As Igrejas particulares, Comunidades Eclesiais de Base, Pastorais Sociais, Semanas Sociais Brasileiras, Fóruns das Pastorais Sociais, o Grito dos Excluídos, muito se aproximaram do nosso povo para defender seus direitos e para promover a convivência harmônica com o meio ambiente em todo o Brasil.

Vamos, então, de forma simples, abordar cada um de nossos biomas, com seus respectivos povos, sua situação atual, procurar entender suas características e problemas fundamentais. À luz da fé, nos interrogaremos sobre o significado dos desafios apresentados pela situação atual dos biomas e dos povos que neles vivem. No agir, abordaremos as principais iniciativas já existentes para manutenção de nossa riqueza natural básica. Apontaremos propostas sobre o que podemos e devemos fazer em respeito à criação que Deus nos deu para “cultivá-la e guardá-la”.

Mais formação:


Formação e estudo para a Campanha da Fraternidade 2017 – Biomas Brasileiros: visão geral

 

CAMINHA. Carta de Pêro Vaz de Caminha ao Rei de Portugal, 1500. Disponível em: http://www.memorialdodescobrimento.com.br/lingua_portuguesa/carta-de-pero-vaz-de–caminha-ao-rei-de-portugal/. Acesso em: 24/03/2016.
 BIOMA, 2016.
 IBGE. Mapa de Biomas e de Vegetação, 2004. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/21052004biomashtml.shtm. Acesso em: 06/04/2016.
MALVEZZI. Semiárido: Uma Visão Holística. Brasília: CONFEA/CREA, 2007.
Adaptação, ilustração e revisão
Portal Kairós

O que você precisa saber sobre a Campanha da Fraternidade

Em alguns dias inicia-se a Quaresma. Com ela, entramos também na Campanha da Fraternidade (CF), uma ação organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que, este ano, tem como tema: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e lema: “Cultivar e guardar a Criação” (Gn 2,15).

Selecionamos algumas informações importantes sobre o histórico da campanha, os objetivos, ações concretas, que farão ver como os temas estão sempre ligados ao que o povo de Deus vive no Brasil.

A inspiração dos temas da CF está sempre ligada a problemas concretos pelos quais a sociedade passa
A ideia começou no início da década de 1960, quando padres da Cáritas Brasileira idealizaram um fundo para realizar, como Igreja, atividades assistenciais. O embrião da Campanha que temos hoje ocorreu, pela primeira vez, na Quaresma de 1962 em Natal (RN). Cresceu aos poucos e ganhou o apoio de organismos nacionais e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Foi sob a atmosfera do Concílio Vaticano II que a ideia da Campanha da Fraternidade amadureceu e ganhou forma

“Ainda que, na Igreja, nem todos sigam pelo mesmo caminho, todos são, contudo, chamados à santidade” (Lumen Gentium, n. 32). A grande novidade do Concílio (convocado em 1961 e finalizado em 1965) foi fundamental para que a CF tivesse seu formato definido e amparado teologicamente. Havia ali, naquela época, uma urgência de unidade e missionariedade na vida da Igreja.  A Campanha da Fraternidade, no modelo que conhecemos hoje, aconteceu pela primeira vez em 1964 e teve o tema: “Campanha da Fraternidade” e o lema: “Lembre-se: você também é Igreja”. A ideia central era colocar os fiéis em uma posição protagonista diante das obras sociais mantidas pela Igreja.

Ao longo dos mais de 50 anos de história, percebe-se uma intensa ligação entre os temas da CF e a realidade contemporânea

Ao observarmos as fases, fica evidente essa comunhão: nos primeiros anos (1964 a 1972), um caminho de renovação interna, das estruturas e também da mentalidade do povo de Deus. Com início em um ano marcado por revoluções políticas e sociais, os temas seguiram um ritmo de “responsabilidade com o outro”, “reconciliação” e “ser Igreja”. Já na segunda fase, até 1984, a direção vivida foi de denúncia de injustiças como o trabalho escravo, assistência à saúde e o chamado à liberdade do amor. De 1985 até hoje, os temas têm se voltado às realidades existenciais do Brasil: fome, desemprego, a importância da família, drogas, aborto e os males da falta de cuidado com o meio ambiente.

O gesto concreto da Campanha é realizado na coleta da solidariedade

Esta coleta acontece no Domingo de Ramos. Todas as comunidades cristãs católicas e ecumênicas do Brasil se unem neste esforço e arrecadam para o Fundo Nacional de Solidariedade e os Fundos Diocesanos de Solidariedade. 60% dos recursos são destinados ao apoio de projetos sociais da própria comunidade e 40% dos recursos são revertidos para o fortalecimento da solidariedade entre as diferentes regiões do país.

 

A história dos temas coligados com a CF 2017

Desde 1979, a Igreja tem abordado temáticas socioambientais.
A CF deste ano de 2017 está coligada com algumas campanhas:

1979 – Por um mundo mais humano – Preserve o que é de todos
1986 – Fraternidade e a terra – Terra de Deus, terra de irmãos
2004 – Fraternidade e a água – Água, fonte de vida
2007 – Fraternidade e Amazônia – Vida e missão neste chão
2011 – Fraternidade e a vida no planeta – A criação geme em dores de parto (Rm 8,22)
2016 – Casa Comum, nossa responsabilidade – Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca (Am 5,24)

Com temática em relação à vida de nossos povos, tivemos algumas campanhas:
1988 – A Fraternidade e o negro – Ouvi o clamor deste povo
1995 – A Fraternidade e os excluídos – Eras tu, Senhor?
1999 – Fraternidade e os desempregados – Sem trabalho… Por quê?
2002 – Fraternidade e os povos indígenas – Por uma terra sem males

 

CNBB / Portal Kairós