A CNBB “volta” no tema da violência já tratado em 1983

  1. Arquidiocese da Paraíba Rádio

Este ano a Campanha da Fraternidade realizada anualmente pela Igreja Católica, aprofundará a reflexão e discussão de um tema importante e um dos mais sérios desafios que o Brasil e a população em geral enfrentam neste momento.

O tema da Campanha será: Fraternidade e superação da violência e o lema: Vós sois todos irmãos, realidade esta que deverá ser analisada a partir da Doutrina social da Igreja.

Em 1983, a CNBB também inseriu este mesmo desafio em sua Campanha da Fraternidade, com o tema “Fraternidade e violência” e o lema: fraternidade sim, violência não. E desde então, a questão da violência esteve presente de forma direta ou indireta em todas as demais campanhas.

Cartaz de 1983

Para que este desafio, a onda de violência e de insegurança que assola o país de norte a sul, de leste a oeste, nas grandes metrópoles, cidades médias ou pequenas, possa ser enfrentado com seriedade e de forma eficaz, precisamos estimular a participação das pessoas nesta discussão e na apresentação de propostas concretas que sirvam de base para a ação de governo.

Como a campanha da Fraternidade abrange dezenas de milhares de Arquidioceses, Dioceses, prelazias, paroquias, comunidades locais e milhões de pessoas, além de diversas instituições públicas e organizações não governamentais, este é um momento mais do que oportuno para que este tema faça parte da agenda de discussão de nosso país, a começar pelas paróquias e comunidades de base, onde de fato o povo vive, sofre e esperneia ante o caos dos serviços públicos, como saúde, segurança pública, saneamento básico e educação, dentre  outros.

Além disso, como este será um ano de eleições gerais, para Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados federais e estaduais, todos ávidos por apresentarem seus “planos” e propostas para solucionarem os grandes desafios nacionais, este também é um momento apropriado para que os partidos políticos e os candidatos dediquem uma atenção maior para que a questão da violência seja um ponto central das propostas e sugestões para políticas públicas nesta área.

Só vamos superar a questão da violência quando for feito um correto diagnóstico da situação e elaborados planos nacionais, estaduais, municipais e locais de segurança pública, tendo a integração entre os diversos níveis de poder e de governo e o compartilhamento das responsabilidades e recursos necessários para que o Brasil possa enfrentar de verdade o problema da violência em todas as suas dimensões e variantes.

Portanto, a Campanha da Fraternidade de 2018, será um bom momento e uma ótima iniciativa para que população discuta, reflita de forma crítica e criadora e ajude a encontrar as saídas para este desafio.

Não podemos deixar apenas nas “mãos” dos governantes e políticos a solução desses grandes desafios nacionais, principalmente se considerarmos o descrédito, a demagogia, a corrupção e fisiologismo que tem marcado o cenário político e administrativo de nosso pais, além do preceito constitucional de que o poder emana do povo, ou seja, o povo, os eleitores e contribuintes são a única fonte do poder!

 

JUACY DA SILVA
Professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação.
Adaptação, ilustração e revisão
Portal Kairós

A superação da violência passa pelo desenvolvimento humano

Os caminhos para a superação da violência no Brasil estarão em discussão neste ano por meio da Campanha da Fraternidade. A iniciativa pretende motivar os católicos a recuperar o significado central da fé cristã: o amor.

“O esquecimento do mandamento do amor e da ética gestam e despertam a violência. Os descaminhos, no entanto, podem ser superados com a volta às origens, com a reconciliação e a misericórdia. Somos chamados à superação da violência, pois somos filhos e filhas de Deus”, indica o secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner na apresentação do tema no texto-base.

O convite que também é aberto a toda sociedade traz um alerta para o país que está em quinto lugar no ranking da violência contra meninos e meninas entre 10 e 19 anos, segundo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e que detém a primeira posição em número de mortes violentas no mundo, de acordo com estudo da Small Arms Survey.

Diante destas estatísticas e de tantas outras, como prevenir a violência? E como pensar no combate à violência sem falar de desenvolvimento humano.

Nessa tarefa, as ONGs, projetos sociais, instituições e associações filantrópicas são grandes aliados na promoção de um caminho seguro para inúmeras crianças e jovens, que por causa da desigualdade, não encontrariam por si próprios oportunidades para uma vida digna e longe do círculo da violência.

No sul catarinense, o Bairro da Juventude é um desses aliados que oferece por meio de seus diversos programas o que a criança e o jovem mais precisam nessa idade: educação, cultura, esporte e profissionalização, e ainda uma grande dose de amor e solidariedade.

“Nós atendemos crianças de três meses até 18 anos. Parece muito difícil à primeira vista, mas é mais fácil do que depois buscar na rua”, afirma a diretora executiva do Bairro da Juventude Sílvia Regina Luciano Zanette.

O Bairro da Juventude acolhe aproximadamente 1,5 mil crianças e jovens, e acredita que é por meio da transmissão de valores e da partilha de conhecimento, que surgem as condições necessárias para que se estabeleça a responsabilidade, a educação e a igualdade.

“O nosso caminho é envolver, fortificar valores e fazer um trabalho em que a instituição seja bonita e agradável, para que essa criança tenha vontade de vir pra cá, e que ela não venha porque não tem outra alternativa, mas porque aqui ela se entende como pessoa, como cidadã”, frisa a diretora.

A instituição ganhou em dezembro passado o título de campeã nacional na categoria Grande Porte na 12ª edição do Prêmio Itaú-Unicef. A premiação confirma a relevância do trabalho que conta com o apoio dos Padres Rogacionistas.

“Se nós ganhamos esse prêmio significa que estamos trilhando um caminho que oferece a essas crianças e famílias que atendemos a chance de ter uma vida melhor”, celebra a diretora.

A superação da violência pede comprometimento e ações que envolvam tanto a sociedade civil, como os membros da Igreja e os poderes constituídos, para que os direitos humanos e a promoção da cultura da paz sejam assegurados por políticas públicas emancipatórias.

 

A12

As várias formas de violência na sociedade

Dando continuidade às reflexões sobre o tema da Campanha da Fraternidade deste ano que é a superação da violência, é importante e fundamental que se possa perceber a violência como um fato social complexo, cujas origens, manifestações, formas, causas e consequências diferem histórica, cultural, temporal, econômica, política e socialmente.

Diante de uma realidade tão complexa, não se pode ter a ingenuidade de que existe uma fórmula mágica para resolver o problema em todas as suas dimensões. É importante que se faça uma análise a partir de cada dimensão e que as ações também sejam realizados de forma coerente, integradas e jamais compartimentadas, isoladas ou de forma descontínua.

Podemos também identificar os espaços ou territórios, para usar uma linguagem atual e muito em voga, onde a violência se manifesta e como esses espaços estão inter-relacionados ou superpostos tornando o problema mais complexo ainda, principalmente pelos atores ou agentes envolvidos. Muitas vezes a vítima de uma forma de violência também é agente que pratica outros atos de violência contra outras pessoas e, desta maneira, se forma uma teia que facilita a reprodução da violência de forma generalizada, o que caracteriza a chamada “cultura da violência”, onde todos estamos inseridos, sem exceção.

O primeiro espaço onde a violência está presente e , muitas vezes de forma oculta e dissimulada , é a família. Estudos indicam que os índices de violência doméstica é muito maior do que as denúncias feitas perante organismos públicos, principalmente junto aos organismos de saúde, policiais e de defesa dos direitos humanos.

Aqui cabe um destaque, tem muita gente que confunde o conceito de direitos humanos com a defesa pura e simples de bandidos, quando na verdade direitos humanos são os direitos fundamentais de todas as pessoas, incluindo a vida, a liberdade de ir e vir, liberdade de expressão, liberdade de opção sexual, liberdade de crença, liberdade para ter uma vida digna, liberdade de a pessoa não sofrer discriminação, ser maltratada, liberdade para buscar ser feliz, sem que isto prejudique o próximo. A superação da violência pressupõe a garantia e a defesa integral dos direitos humanos.

Pois bem, a violência doméstica se manifesta na forma como os pais tratam, cuidam e criam seus filhos e filhas. É comum, não apenas no Brasil como também em diversas países, que pais espanquem filhos/as, sejam extremamente autoritários, violentos em suas relações. Existe muita violência tanto dos pais quanto das mães em relação aos filhos, inclusive uma forma dissimulada de violência que é o abandono, a negligência ou até mesmo atos de violência física e psicológica, incluindo assassinatos.

Tais práticas irão moldar o caráter e a personalidade da criança e adolescente e acompanha-las pelo resto da vida, vários estudos indicam que crianças e adolescentes que sofrem maus tratos, sofrem violência doméstica se tornam adultos também violentos e irão reproduzir os mesmos modelos ou padrões de relações familiares quando adultos; é o que podemos dizer como “reprodução da violência”, culturalmente, geração após geração.

De forma semelhante as notícias e estudos indicam que, no caso brasileiro, por exemplo, existe um alto grau de violência contra a mulher, a chamada violência de gênero, onde boa parte desta violência tem suas raízes históricas e culturais, pelo machismo que está na base da formação cultural de nosso país, onde ao homem, ao marido, companheiro, amante, namorado é dado o direito de posse em relação `a mulher, inclusive seu corpo. Por muitas décadas ou séculos a sociedade brasileira e ainda isto está presente nos dias de hoje, tolera inúmeros crimes contra a mulher em nome da “defesa da honra”, tanto em relação `a esposa quanto `as filhas.

Essas são as raízes do feminicídio, dos estupros, das agressões, dos assassinatos com requinte de crueldade contra mulheres e meninas indefesas, tanto na dimensão da violência doméstica quanto na violência contra as mulheres em espaços públicos, que é o círculo ampliado do universo da violência.

No contexto da violência doméstica existe também a violência sexual, que não pode e nem deve ser negligenciada, principalmente de pais, padrastos, parentes próximos contra crianças e adolescentes, principalmente contra meninas, as vezes com tenra idade. Há casos de violência sexual até mesmo contra bebes e crianças com menos de quatro ou cinco anos, uma verdadeira aberração em se tratando de violência contra seres humanos indefesos.

Outra forma de violência doméstica muito frequente são as agressões, por vezes até fatais, de irmãos e irmãs entre si ou de filhos e filhas contra pais e mães, inclusive quando esses são idosos e acabam sendo vitimas indefesas de seus próprios familiares, em um ambiente que deveria primar pelo amor, carinho e compreensão mútua entre seus membros.

Portanto, se desejarmos superar a violência precisamos repensar as nossas relações familiares e substituir a brutalidade, o autoritarismo, a perversidade, os maus tratos, as agressões físicas, verbais ou psicológicas pelo diálogo, pela solidariedade, pela compreensão mútua, pelo amor, pelo perdão e pela reconciliação, ensinamentos sagrados constantes, principalmente, do Novo Testamento da Bíblia Sagrada, fonte única da fé cristã.

Não existe sociedade que busque a paz se no seio das famílias existe uma verdadeira guerra que é a violência doméstica, que se manifesta nas formas de violência de gênero, violência contra a mulher e as meninas, violência contra crianças, adolescentes, violência sexual e contra familiares idosos.

 

Juacy da Silva
Professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, revistas, sites, blogs e outros veículos de comunicação.

Os melhores materiais/subsídios para a CF 2018

Novos subsídios para a Campanha da Fraternidade 2018

Baixe os melhores materiais/subsídios para a Campanha da Fraternidade 2018:

Vamos trabalhar em favor da superação da violência!?

 

– Superação da Violência no seu dia a dia – Padre Cristovam Lubel
– O Julgar da CF 2018
– O Agir da CF 2018
– Abordagem Sócio Psicológica da Violência

 

– Lecionário para Missa com Crianças
– Infográfico da Pastoral Litúrgica
– E-book dicas para Equipes de Liturgia
– E-book Vida Consagrada
– Ano do Laicato Banner
– Curso de Canto

 

Oração da CF 2018 em áudio:

Spot de rádio da CF 2018:

Carta Pastoral sobre a Superação da Violência:

Cartaz oficial – Especial Cartoon:

 

Imagens especiais da CF-2018 para imprimir:

 

Cartazes tipos de violência para imprimir:

Conversão para a Fraternidade

Sabemos que todos os dias são dias de conversão, e que estes dias que precedem a Páscoa são um tempo em que a Igreja, com amorosa insistência, nos chama a mudar de vida.

A palavra conversão significa mudança de sentido. Quem se converte, abandona o caminho que estava e escolhe outro, porque descobre que se permanecesse no caminho onde estava, não chegaria ao destino desejado.

Enquanto estamos vivos, temos a possibilidade de converter-nos. Nunca é tarde para optar pelo bem e abandonar o mal. Deus nos ama tanto que está sempre pronto para nos abraçar em sua misericórdia.
A Campanha da Fraternidade nos convida a buscar a conversão do coração.

A superação da violência depende de cada um de nós. Pequenos gestos podem mudar o seu dia a dia e o de muitas outras pessoas, vamos refletir juntos o que está a nosso alcance para uma vida pessoal fraterna e uma boa convivência com o próximo?

Você pode marcar aquelas atitudes que irá assumir em sua vida pessoal e na convivência com o próximo:

( ) Buscar a justiça, jamais a vingança
( ) Acolher o diferente
( ) Ser flexível
( ) Ter paciência
( ) Não corrigir para humilhar
( ) Aceitar que o outro também erra
( ) Aprender a pedir perdão
( ) Evitar discutir assuntos que incitam à agressão
( ) Dirigir defensivamente
( ) Ser capaz de perder para não brigar
( ) Controlar o próprio temperamento
( ) Aceitar o conflito, nunca o confronto
( ) Discordar com respeito e caridade
( ) Evitar a maledicência
( ) Não alimentar a ira
( ) Criar um ambiente de paz
( ) Não fazer aos outros aquilo que não gostaria que fizessem a você
( ) Converter-se!

Baixe todas as músicas da Campanha da Fraternidade 2018 + extras + playback do hino e midi + músicas litúrgicas

Todas as músicas em mp3

Músicas dos livrinhos/materiais/subsídios

Músicas para: CF 2018 – Celebração Ecumênica, CF 2018 – Encontros catequéticos para crianças e adolescentes, CF 2018 – Via-Sacra , CF 2018 – Vigília Eucarística e Celebração da Misericórdia, CF 2018 – Círculos Bíblicos, CF 2018 – Jovens na CF, CF 2018 – Famílias na CF e Via-Sacra, CF 2018 – Ensino Fundamental I – 1º ao 5º ano, CF 2018 – Ensino Fundamental II – 6º ao 9º ano, CF 2018 – Ensino Médio 1° ao 3° Ano – CF 2018 – Fraternidade Viva

Trabalhando a Campanha da Fraternidade 2018 com os jovens

Durante o período da Quaresma, o tema da Campanha da Fraternidade deverá ser amplamente abordado na Igreja Católica no Brasil e, sem dúvida,os jovens são essenciais nessa discussão.

Para auxiliar o desenvolvimento da Campanha da Fraternidade nos grupos de crisma e de jovens, destacamos algumas atividades que podem ser organizadas nas paróquias e comunidades.

Palestras

A primeira coisa a fazer é entender um pouco mais sobre o tema em questão, qual é a problemática proposta, os impactos – inclusive na vida dos jovens – e na sociedade em geral. Para isso, você pode convidar profissionais que dominem o tema – dentro ou fora do meio religioso -, mas que consigam inserir os jovens no tema e os despertem para, dentro da perspectiva cristã, compreenderem o espírito que rege a Campanha.

Debates

Agora que os jovens da paróquia já se aprofundaram um pouco no tema, é hora de abrir o debate para que todos possam opinar e apresentar seus questionamentos. Esse exercício favorecerá o desenvolvimento do senso crítico e o aprendizado a partir do que for discutido.

É importante ter um moderador para conduzir a dinâmica e ajudar os jovens a respeitarem o tempo para expor a reflexão. Outra forma de promover a atividade é já deixar preparado alguns tópicos para discussão, colaborando assim para o aproveitamento dos blocos de conversa, evitando fugir da proposta inicial.

Planos de ação

Após as discussões em grupos, sugerimos a criação de planos de ação, assumindo ao menos uma atividade a desenvolvida em prol da Campanha da Fraternidade.

Essa atividade pode ser desde ajudar a promover a CF dentro da paróquia até levar o tema para ser abordado em escolas, conselhos municipais ou onde for oportuno.

É fundamental que os jovens tomem a iniciativa de alguma ação, para que o que foi abordado nas reflexões, seja consolidado e fique na memória como um ato.

Apresentações

A partir das propostas acima, os jovens serão protagonistas e estarão em sintonia com o objetivo da Campanha da Fraternidade.

Aproveite todo o conhecimento adquirido e promova formas de expor o conteúdo à comunidade paroquial. Faça cartazes, exposições, apresentações artísticas, entre outras possibilidades. Use a criatividade em favor da construção de um mundo melhor.

 

CNBB
Adaptação, ilustração e revisão
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