Índia: Episcopado recorda os 67 anos de discriminação dos dalits cristãos

O próximo dia 10 de agosto é recordado na Índia como um “Dia Obscuro”, em recordação aos dalits cristãos discriminados na Índia há 67 anos.

A iniciativa é do Departamento para os datits e as classes desfavorecidas da Conferência Episcopal indiana (CBCI).

Discriminação com base legal

Nos dias passados os bispos haviam expresso sua solidariedade ao novo Presidente Ram Nath Kovind, de origem dalit, sem deixar de recordar que no país os dalits que abraçam o cristianismo são discriminados com base na Constituição.

A lei de 1950 sobre “scheduled caste”, assinada em 10 de agosto de 1950 pelo então Presidente da Índia Rajendra Prasad, afirma que “nenhuma pessoa que professa uma religião diferente do hinduísmo pode ser considerada membro das Scheduled Caste”.

Mais tarde a lei foi modificada para incluir os sikhs (em 1956) e os budistas (em 1990).

Os bispos lamentam que a petição civil 180/2004 – que pedia o cancelamento do parágrafo 3 da ordem de 1950 – ainda esteja em tramitação na Corte Suprema.

Direitos negados há 67 anos

Isto significa – consideram – que “os direitos constitucionais dos dalits cristãos e muçulmanos são negados há 67 anos por causa da religião”.

Especificamente, as hierarquias eclesiásticas consideram que o parágrafo 3 é “inconstitucional, uma página triste escrita fora da Constituição e inserida” de forma ilegal “por uma ordem do Executivo”.

Neste contexto, o Presidente do Departamento da CBI, Dom Anthonisamy Neethinathan, dirige a todos os cristãos da Índia o convite para “observarem em 10 de agosto um “Dia Obscuro” nas vossas regiões, dioceses e instituições”.

A data poderá ser recordada na forma de “encontros, reuniões, manifestações, greves de fome, apresentação de memorandum, vigílias e assim por diante”.

Assim – conclui o bispo – “em vossas áreas vocês poderão demonstrar apoio e solidariedade aos cristãos que sofrem por causa de suas origens humildes. Vos convido a usar os meios de comunicação, em particular as redes sociais, para divulgar as notícias na sociedade civil”.

Quem são os dalits

O termo dalit – usado pela primeira vez em finais do século XIX pelo ativista Jyotirao Phule – designa o sistema de castas do hinduísmo, em que os “shudras” ou “intocáveis”, representam o grupo formado por trabalhadores braçais, considerados pelos escritos bramânicos, sobretudo o Manava Dharmashastra, como “intocáveis” e impuros.

Assim, os intocáveis na sociedade hindu são aqueles que trabalham com trabalhos considerados indignos, sujos, lidando com os mortos (animais ou pessoas), com o lixo, ou outros empregos que requerem constante contato com aquilo que o resto da sociedade indiana considera abjeto e desagradável.

São considerados individualmente imundos, impuros, e portanto não podem ter contato físico com os ‘puros’, vivendo separados do resto das pessoas. Ninguém pode interferir na sua vida social, pois os intocáveis são considerados menos que humanos e não são considerados parte do sistema de castas.

 

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Scaraffia: ouvir também as mulheres para escolha dos bispos

Nas consultas para a escolha dos novos bispos as mulheres deveriam ser muito mais ouvidas. Essa, em síntese, é a proposta da editorialista e consultora editorial do L’Osservatore Romano, Lucetta Scaraffia, lançada num artigo publicado no último número da revista “Vida Nueva”, de 27 de julho.

Pastores eleitos pelo rebanho

O semanário espanhol havia dedicado a edição de 24 a 30 de junho ao tema da escolha dos bispos tendo como matéria de capa Pastores elegidos per el rebaño (Pastores eleitos pelo rebanho), trazendo também uma entrevista ao arcebispo de Tegucigalpa e coordenador do Conselho dos cardeais (C9), Cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga.

A historiadora italiana – que é também responsável pelo encarte mensal “mulheres igreja mundo” do L’Osservatore Romano – dá assim sua contribuição para o debate e, recordando que todas as instituições devem enfrentar “o problema da seleção das classes dirigentes”, ressalta que para a designação dos bispos a Igreja elaborou um sistema de antiga tradição “que sempre funcionou muito bem”.

Escassez da presença feminina nas consultas

“Efetivamente, a pesquisa sobre possíveis candidatos prevê hoje uma ampla consulta de eclesiásticos que desempenham encargos de responsabilidade, bem como de leigos que colaboraram com eles ou que simplesmente os conhecem. Trata-se, portanto, de uma variedade de vozes capacitadas para tal, mas na qual se verifica a escassez da presença feminina”, observa Scaraffia.

Aliás, “as mulheres seguramente entendem melhor aquilo que se pode definir os lados menos oficiais de uma personalidade, como a capacidade de relacionar-se com os outros, de ver os outros e de aceitá-los. São todas qualidades indispensáveis para dirigir uma diocese com credibilidade e humanidade” , acrescenta.

As mulheres são mais livres para pensar somente no bem da Igreja

“Ademais, as mulheres teriam uma vantagem ao desempenhar esse papel de conselheiras: a liberdade. Não podendo fazer carreira na Igreja, o juízo delas, positivo ou negativo que seja, não pode ser influenciado por projetos pessoais, por esperança de apoio ou temores de concorrência. As mulheres são livres para pensar somente no bem da Igreja, e quase sempre o fazem.”

Scaraffia conclui escrevendo que a situação atual “não corresponde à realidade: de fato, tanto as religiosas quanto as leigas engajadas na vida da Igreja são, de muitos pontos de vista, indispensáveis para o bom andamento de uma diocese. Por que, então, considerá-las somente como servidoras zelosas, que devem obedecer sem participar das escolhas?”

 

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Santiago de Compostela: bispos indicam como acolher os peregrinos

Acolher a todos, fazê-lo gratuitamente ou com preços “extremamente acessíveis”, não ser nem jornalista nem psicólogo, mas ajudar o peregrino a fazer silêncio e a encontrar Deus no profundo do seu coração. Estas são algumas diretrizes de comportamento e de estilo que os Bispos franceses e espanhóis propõem numa “Carta pastoral” dirigida aos santuários, igrejas, casas religiosas e mosteiros que se encontram no caminho de Santiago.

“Acolhimento e hospitalidade no caminho de Santiago” é o título da Carta pastoral divulgada ao final de um encontro realizado em julho pelos Bispos responsáveis pelas dioceses que integram o percurso de Compostela.

Sinais visíveis

A Carta aconselha a tornar “visíveis, mas sem exagerar” os sinais externos da hospitalidade cristã. Por exemplo, é oportuno oferecer ao peregrino guias e informações em várias línguas sobre os locais a percorrer, além da possibilidade de participar de liturgias em diversos idiomas.

Nem jornalista nem psicólogo
Quem acolhe – advertem os Bispos – não é nem jornalista nem psicólogo. Não deve encher o peregrino com perguntas e interrogá-lo sobre o motivo que o levou a percorrer a rota. O acolhimento deve ser feito com alegria. Um local que se define “cristão” – escrevem – é por natureza “aberto a todos, fraterno e alegre” e “ninguém será obrigado a se expressar”.

“Gratuitamente receberam, gratuitamente ofereçam”, recordam por fim os Bispos, encorajando a oferecer hospitalidade gratuita ou a preços “extremamente acessíveis”. “A primeira tarefa de quem abriga é conduzir o peregrino pelo caminho de São Tiago e ajudá-lo a meditar, a reencontrar a si mesmo e a descobrir Deus no profundo do seu coração”.

 

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Angelus: com Jesus, a alegria nasce e renasce. A graça em primeiro lugar

A alegria do Evangelho nos livra da tristeza e do vazio interior: palavras do Papa no Angelus do último domingo de julho (30/07).

Aos milhares de fiéis na Praça S. Pedro não obstante o calor, o Papa comentou o Evangelho do dia, sobre o discurso das parábolas de Jesus.

De modo especial, Francisco falou de duas delas: o tesouro escondido e a pérola preciosa. Ambas destacam a decisão dos protagonistas de vender qualquer coisa para obter o que descobriram. O camponês decide arriscar todos os seus pertences, assim como o comprador decide apostar tudo naquela pérola, a ponto de vender todas as outras.

Busca e sacrifício

Essas semelhanças, explicou o Papa, evidenciam duas características sobre a posse do Reino de Deus: a busca e o sacrifício. O Reino de Deus é oferecido a todos, mas não é colocado à disposição num prato de prata, requer um dinamismo: se trata de buscar, caminhar, se mexer.

“A atitude da busca é a condição essencial para encontrar; é preciso que o coração arda do desejo de alcançar o bem precioso, ou seja, o Reino de Deus que se faz presente na pessoa de Jesus. É Ele o tesouro escondido, é Ele a pérola de grande valor. Ele é a descoberta fundamental que pode dar uma reviravolta decisiva à nossa vida, preenchendo-a de significado.”

Sacrifício e renúncias

Já a avaliação do valor inestimável do tesouro leva a uma decisão que implica sacrifício e renúncias. Quando o tesouro e a pérola foram descobertos, isto é, quando encontramos o Senhor, é preciso não deixar esta descoberta estéril, advertiu Francisco, mas sacrificar tudo a ela, colocando Ele em primeiro lugar. “A graça em primeiro lugar.”

Com Jesus Cristo, sempre nasce e renasce a alegria

“O discípulo de Cristo não é alguém que se privou de algo essencial; é alguém que encontrou muito mais: encontrou a alegria plena que somente o Senhor pode doar. Aqueles que se deixam salvar por Ele foram livrados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, sempre nasce e renasce a alegria.”

O Pontífice convidou os fiéis a contemplarem a alegria do camponês e do comprador das parábolas. “Rezemos, por intercessão da Virgem Maria, para que cada um de nós saiba testemunhar, com as palavras e os gestos cotidianos, a alegria de ter encontrado o tesouro do Reino de Deus, isto é, o amor que o Pai nos doou mediante Jesus.”

 

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O Reino dos Céus é dos que lutam pela justiça e pela paz

Na primeira leitura extraída do Primeiro Livro dos Reis, fica muito claro a sabedoria de Salomão não apenas pelo conteúdo de sua oração, mas pelo modo como se dirige a Deus. No seu modo de falar com o Senhor, fica explícita sua humildade e a consciência de seu lugar: apesar de rei, diante de Deus ele é servo.

Ele também demonstra sabedoria ao não se sentir proprietário do povo, mas condutor do rebanho que pertence a Deus.

Finalmente ele pede sabedoria para praticar a justiça. Deus não só aceita a oração de Salomão, mas o abençoa com o dom do discernimento em um coração sábio e inteligente.

A parábola de Mateus, apresentada hoje pela liturgia, termina com o relato do discernimento feito pelos pescadores que “recolhem os peixes bons nos cestos e jogam fora os que não prestam.”

Jesus, ao falar do Reino dos Céus o comparou a “uma rede lançada ao mar e que apanha todo tipo de peixe”. Nossa atitude em relação ao Reino, aos seus valores, nos identificará como bons ou não. Até onde somos capazes de renúncias, mudanças de vida, despojamento por causa do Reino, por causa de justiça?

A segunda leitura nos fala de nossa predestinação à felicidade plena.

Deus nos criou para sermos salvos, para agirmos neste mundo em favor da justiça e da paz, como cidadãos do Reino que virá, ou melhor, que já está instaurado neste mundo através da ação dos homens de boa vontade, daqueles que são imagem de Deus.

Concluindo, podemos tirar para nossa vida que a sabedoria, o discernimento estão presentes no coração daqueles que se sentem servos diante de Deus e dos irmãos, daqueles que possuem e lutam pelos valores do Reino, daqueles que lutam pela justiça e pela paz. Esses confirmam a predestinação para o Céu, pois são no mundo imagem e semelhança de Cristo.

 

(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para o XVII Domingo do Tempo Comum)

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