Encontro de Formação sobre a CF 2017

A Equipe Arquidiocesana de Animação das Campanhas realizou dia 20 próximo passado, no Centro de Pastoral Maria Mãe da Igreja, um dia de formação sobre a Campanha da Fraternidade 2017.
A Campanha da Fraternidade 2017 traz como tema ”Fraternidade: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida” e como lema ”Cultivar e guardar a Criação” (Gn 2, 15).

Com muita simplicidade e competência as assessoras e colaboradoras Maria Elenise Mesquita e Haydée Moraes Bonfim conduziram os trabalhos ao longo do dia a partir do texto base da CF que apresenta, através da metodologia VER, JULGAR e AGIR um rico subsídio sobre os biomas brasileiros.

Participaram aproximadamente 50 pessoas das paróquias Jesus, Maria, José – Antonio Bezerra, Paróquia São Francisco de Assis – Canindezinho, São Miguel Arcanjo – Itapebussu, Santíssima Trindade – José Valter, São Pedro – Barra do Ceará, Sagrado Coração de Jesus – Nova Metrópole, São Francisco das Chagas – Canindé, Nossa Senhora das Graças – Pirambu, Nossa Senhora da Conceição – Conjunto Ceará, Nossa Senhora de Fátima – Fátima, Nossa Senhora da Palma – Baturité. Participaram também membros das Pastorais da Criança, Operária, das Comunidades Eclesiais de Base-CEBs, do Secretariado de Pastoral e da Comunidade Shalom.
São várias as Campanhas da Fraternidade assumidas pela Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, e portanto, por toda a Igreja do Brasil, que trouxeram, concretamente, temas socioambientais:
1979 – “Por um mundo mais humano” “Preserve o que é de todos”. A Igreja abordou com profetismo a defesa e a preservação da ecologia como um dos grandes desafios da humanidade
1986 –”Fraternidade e a terra” “Terra de Deus, terra de irmãos”. A terra – dom de Deus está mal distribuída
2004 – “Fraternidade e a Água” – “Água, fonte de vida”. Água fonte de vida – necessidade de todos os seres vivos e um direito da pessoa humana
2007 – “Fraternidade e Amazônia” – “Vida e missão neste chão”. Conhecer a realidade em que vivem os povos da Amazônia. Cuidado com a vida humana, principalmente com a dos mais pobres, e com a natureza.
2011 – “Fraternidade e a Vida no Planeta” – “A criação geme dores de parto” (Rm 8,22). Alerta sobre a gravidade do aquecimento global e das mudanças climáticas
2016 – “Casa Comum, nossa responsabilidade” – “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am, 5, 24). Assegurar o direito ao saneamento básico e o empenho na busca de politicas públicas – garantia da Casa Comum.
2017 – “Fraternidade: biomas brasileiros e a defesa da vida” – “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2, 15). Com o objetivo de cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho.

Todas as Campanhas da Fraternidade, além do objetivo geral e dos objetivos específicos visam:
despertar a solidariedade dos fiéis e da sociedade em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução;
educar para a vida em fraternidade, com base na justiça e no amor, exigências centrais do Evangelho;
renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja Católica na evangelização e na promoção humana, tendo em vista uma sociedade justa e solidária.

A Campanha da Fraternidade 2017 nos desafia, mais uma vez, a agirmos urgentemente, com empenho e coragem, no sentido de cultivar e guardar a criação. Cultivar e guardar significa cuidar, proteger, ser gerador de vida, vida plena para todos os seres criados.

Artigo especial sobre a Campanha da Fraternidade 2017

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil acabou de publicar o Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2017. Esta Campanha tem como tema: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, e como lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2, 15). A palavra bioma é uma palavra estranha para muitas pessoas.

O Texto-Base define bioma como “a vida que se manifesta em um conjunto semelhante de vegetação, água, superfície e animais”, e acrescenta “Um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cujo clima é mais ou menos uniforme, e cuja formação tem uma história comum”.

Portanto, podemos compreender que “um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região cuja vegetação e é similar e contínua, cujo clima é mais ou menos uniforme, e cuja formação tem uma história comum”. (cf. MALVEZZI, R., Semiárido: Uma Visão Holística, CONFEIA, Brasília, 2007). Muitas pessoas ficarão surpresas em saber que o Brasil tem seis biomas, a Amazônia, a Caatinga, o Cerrado, a mata Atlântica, o Pantanal, e o bioma Pampa.

O objetivo geral da CF 2017 é “Cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho”

A Campanha tem nada menos de oito objetivos específicos: “a) Aprofundar o conhecimento de cada bioma, de suas belezas, de seus significados e importância para a vida no planeta, particularmente para o povo brasileiro; b) Conhecer melhor e nos comprometer com as populações originárias, reconhecer seus direitos, sua pertença ao povo brasileiro, respeitando sua história, suas culturas, seus territórios e seu modo específico de viver; c) Reforçar o compromisso com a biodiversidade, os solos, as águas, nossos paisagens e o clima variado e rico que abrange o chamado território brasileiro; d)  Compreender o impacto das grandes concentrações populacionais sobre o bioma em que se insere; e) Manter a articulação com outras igrejas, organizações da sociedade civil, centros de pesquisa e todas as pessoas de boa vontade que querem a preservação das riquezas naturais e o bem-estar do povo brasileiro;  f) Comprometer as autoridades públicas para assumir a responsabilidade sobre o meio ambiente e a defesa desses povos; g) Contribuir  para  a construção de um novo paradigma econômico ecológico que atenda às necessidades de todas as pessoas e famílias, respeitando a natureza; h) Compreender o desafio da conversão ecológica a que nos chama o Papa Francisco na carta encíclica Laudato Si` e sua relação com o espírito quaresmal” (cf. p.16 do Texto-Base).

O Capítulo 111 do Texto-Base mostra claramente que o agir da CF de 2017 está em completa sintonia com a Doutrina Social da Igreja Católica, com a encíclica Laudato Si`, e com a CF Ecumênica de 2016. Há uma rica bibliografia com 63 referências (cf.ps. 127/133).

Pe. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1

Treinamento sobre a CF 2017 na Arquidiocese de Olinda e Recife

A Campanha da Fraternidade 2017 tem como tema Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida e no âmbito da Arquidiocese de Olinda e Recife, as pastorais e paróquias já estão se preparando para disseminar entre os paroquianos e comunidade religiosa as informações sobre a iniciativa. Uma dica interessante para se aprofundar na Campanha da Fraternidade é participar da chave de leitura (palestra) gratuita que a Paulinas Livraria Recife está promovendo, nos meses de janeiro e fevereiro. A formação apresenta o tema de maneira didática, fornece embasamento teórico e sugere leituras, estratégias de divulgação e práticas pedagógicas a serem desenvolvidas na comunidade pastoral. Segundo a Irmã Ivonete Kuerten, irmã Paulina que dirige a Paulinas Livraria Recife e também ministra a palestra, é possível mobilizar a comunidade, sensibilizando e evangelizando a todos, provocando uma mudança de hábitos a partir de pequenos gestos.
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“O tema do zelo pela Natureza, abordado na CF deste ano é riquíssimo de possibilidades a serem trabalhadas e deve ser desenvolvido ao longo de todo o ano, não apenas na Quaresma.“, ressalta a dirigente.  Na introdução da palestra, a irmã Ivonete apresentou o Hino, o vídeo e a oração da campanha. O público presente à palestra pôde acompanhar  o histórico das Campanhas da Fraternidade, desde o seu surgimento, em 1964, lembrando que os temas trabalhados pela Igreja vêm evoluindo e provocando desdobramentos que geram repercussões e mudanças de alcance mundial, que extrapolam a atuação eclesial e a evangelização, conectando-se com a sociedade em geral, preocupando-se com a dignidade humana, como o tráfico humano, por exemplo (CF 2014: Fraternidade e Tráfico Humano).

CF17O lançamento da CF 2017 pela Arquidiocese de Olinda e Recife está programado para o dia 1° de março (14h), no Jardim Botânico, bairro do Curado, Recife.
O Comunicador Social Antônio Junior, um dos facilitadores da palestra, apresentou os Biomas brasileiros, respaldando-se em dados de pesquisas sobre o meio-ambiente e informando sites para o aprofundamento dos dados.  Serão enfocados os biomas brasileiros do Pantanal, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Amazônia e Pampas. Para mostrar que é possível preservar a Natureza sem grandes custos, que basta ter a vontade inabalável e a fé em Cristo, Antônio Junior convidou a senhora Irle Firmo, bandeirante pernambucana, ambientalista que fundou em 2009 o projeto Criando Raízes.

Desde 2009, Irle distrubui mudas de pau-brasil por onde circula. “Além de dar nome ao nosso país, o pau-brasil (Caesalpinia echinata) é uma espécie nativa do bioma Mata Atlântica, sendo uma das árvores mais valiosas, pois sua madeira é nobre, de qualidade reconhecida internacionalmente, usada na confecção de violinos, violas, arcos para violino e harpas. É importante replantar esta espécie porque ela foi explorada predatoriamente pelos colonizadores portugueses“, ensina a ambientalista. As mudas distribuídas pelo projeto nascem de sementes coletadas e plantadas por Irle, a partir de um pé de pau-brasil que ela possui em sua residência, no bairro da Várzea. Esta árvore de Caesalpinia echinata eu ganhei de um padre que foi meu professor, na juventude. Com ele aprendi a amar a natureza.

No momento, Irle está cuidando de trinta mudas de pau-brasil para serem plantadas em um bosque, ao lado na capela Nossa Senhora das Graças, dentro do Instituto Ricardo Brennand, na Várzea. Porém, algo aborrece a inquieta ambientalista: ultimamente os galhos do seu pé de pau-brasil têm dispersado as sementes apenas no terreno de seu vizinho. Pergunto a Irle se este “capricho” da árvore não seria um recado na natureza, um convite indireto ao vizinho, para se tornar, ele também, um zelador da Mata Atlântica… Ela não se dá por vencida e com a atitude que e própria dos incansáveis ambientalistas, mostra um delicado relicário que carrega na bolsa, como chaveiro: um pequeno círculo de vidro envolto numa estrutura metálica e traz em seu interior uma semente de pau-brasil em formato de coração. “Não resisti e guardei esta semente para mim”, confessa sorrindo.

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Das articulações e encontros, nascem as iniciativas. Após diálogos com Irle Firmo, do projeto Criando Raízes, Antônio Junior, da Paulinas Livraria, está organizando com a Juventude Vicentina Mariana da paróquia de Nossa Senhora do Rosário, da Várzea, um passeio ciclístico ecológico pelo bairro da Várzea, no período da quaresma. A iniciativa tem por objetivo despertar na população a consciência ambiental e colocar em prática os temas propostos pela Campanha da Fraternidade 2017. São iniciativas simples, como esta, que a Natureza carece e o planeta urge. A Campanha da Fraternidade 2017 mostra-se como uma oportunidade para cada pessoa plantar dentro de si e multiplicar o amor pelos objetos da criação divina. E você, o que pretende fazer para preservar o bioma onde está inserida a sua comunidade paroquial?
Para quem desejar, na Paulinas Livraria Recife é possível adquirir a camiseta da CF 2017 (R$ 30,00), o texto-base da CF 2017 (R$ 11,80) e a revista voltada para o ensino religioso Diálogo, religião e cultura (R$ 15,00), que na edição deste mês dá ênfase ao tema Biomas brasileiros.

As inscrições para a palestra Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida são grátis e podem ser realizadas pelo telefone da Paulinas Livraria: (81) 3224-5812. Confira as datas das próximas chaves de leitura (palestras) sobre a Campanha da Fraternidade 2017, na Paulinas Livraria do Recife:

1º de fevereiro (das 14 às 17h)
08/02 (das 09 às 12h)
15/02 (das 14 às 17h)
22/02 (das 09 às 12h)

 

Pascom Arquidiocese

Abrindo o coração à esperança neste Natal

O Papa Francisco, na mais recente audiência geral, desenvolveu catequese sobre a esperança cristã. O Santo Padre recordou o profeta Isaías que nos convida a abrirmo-nos à esperança, acolhendo a Boa-Nova da salvação que está perto de chegar. No fim do exílio na Babilônia, é a possibilidade de Israel reencontrar Deus. O senhor aproxima-se – sublinhou o Papa – e o povo que atravessou a crise, continuou a crer e a esperar poderá ver as maravilhas do Senhor.

Abrindo o coração à esperança neste Natal

O Santo Padre refere-se a esse povo como “pequeno resto”, fazendo referência aos que resistiram na fé, continuaram a crer e a esperar “mesmo no meio da escuridão”. O Papa na sua catequese sublinhou algumas das palavras do canto de Isaías no capítulo 52:

“O Senhor mostra a força do seu braço poderoso (…) e todos os confins da terra verão o triunfo do nosso Deus”. “Diz a Sião: ‘O rei é o teu Deus!’”

Estas palavras mostram a fé em Deus, que Se inclina misericordiosamente sobre o homem, para o libertar de tudo o que desfigura nele a imagem de Deus, observou o Santo Padre. E a plenitude de tanto amor é precisamente o Reino instaurado por Jesus, aquele Reino de perdão e paz que chega no Natal e se realiza definitivamente na Páscoa, declarou.

Os motivos da nossa esperança são esses – disse Francisco – “quando tudo parece perdido, quando, à vista de tantas realidades negativas, torna-se difícil acreditar e vem a tentação de dizer que já nada tem sentido, faz-se ouvir a Boa-Nova: Deus está a chegar, para realizar algo de novo, instaurar um Reino de paz, vem trazer liberdade e consolação. O mal não triunfará para sempre, acabará a tribulação”.

Somos chamados a ser homens e mulheres de esperança, que proclamam a vinda deste Reino feito de luz e destinado a todos. “Esta mensagem é urgente!” – lembrou o Papa dizendo que devemos também correr, como o mensageiro sobre os montes de que fala o profeta, porque o mundo não pode esperar, a humanidade tem fome e sede de justiça e de paz.

E a promessa cumpre-se no Menino de Belém, uma criança que nasce “necessitada de tudo” colocada “numa manjedoura”: ali está todo poder do Deus que salva. “É preciso abrir o coração – o Natal é o dia para abrir o coração!” – declarou o Santo Padre.

O Papa afirmou que no Natal é preciso abrir o coração a toda “pequenez” que está ali naquele Menino. Um Natal que devemos preparar “com esperança neste tempo de Advento”. “É a surpresa de um Deus Menino, de um Deus pobre, de um Deus débil, de um Deus que abandona a sua grandeza para se fazer próximo de cada um de nós” – disse Francisco no final da sua catequese.

 

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Erros que causam a nulidade do matrimônio

casamentoNão, não é qualquer erro que pode ser causa da nulidade do matrimônio. Tem de tratar-se de algum ponto bem importante para a constituição da comunhão de vida que é o matrimônio.

Vamos expor, muito sinteticamente, os casos previstos pela legislação da Igreja:

A) ERRO SOBRE O PRÓPRIO MATRIMÔNIO: enquanto instituição, quer dizer, tal como ele querido por Deus e regulamentado pela Igreja. É o que chamamos de “erro de direito”. Lembremos que o casamento é um pacto, mediante o qual os cônjuges se comprometem a formar uma comunhão da vida toda, que tende a ser fecunda. Ainda mais, conforme a doutrina da Igreja, expressa no cânon 1056, essa comunhão é necessariamente uma e indissolúvel; e, para os cristãos, é um sacramento. Quantos, porém, pensam atualmente de modo diferente? Sobretudo, após a introdução da lei civil do divórcio.

Quantos casam pensando que, “se não der certo, a gente parte para uma outra”? Há, nesses casos, verdadeiro consentimento matrimonial?

O problema não é fácil de resolver. A legislação canônica faz uma distinção fundamental: não é o mesmo pensar do que querer. Eu posso pensar que o matrimônio se pode dissolver, mas isso não significa necessariamente que eu queira que ele seja dissolvido de fato. Pode até acontecer exatamente o contrário, ou seja, que, pensando que o matrimônio é dissolúvel, eu queira que o meu matrimônio dure para toda a vida. É desta distinção que deriva a norma do código canônico: “O erro a respeito da unidade, da indissolubilidade ou da dignidade sacramental do matrimônio, contanto que não determine a vontade, não vicia o consentimento matrimonial” (cân. 1099)

B) ERRO SOBRE A IDENTIDADE DA PESSOA: é algo tão óbvio que quase não precisa de explicação. Se André quer casar com Maria e, no momento de casar, quem dá o “sim” é Joana, é evidente que André não consentiu em unir sua vida com a de Joana. O caso é, porém, pouco menos do que teórico.

Contudo, mais do que a identidade física, deveríamos olhar a identidade moral das pessoas, ou seja, o que chamamos comumente de personalidade. Ora, quando a personalidade de um cônjuge se revela completamente diferente de como era conhecida antes do casamento, pode-se dizer que o consentimento matrimonial do cônjuge que errou é verdadeiro? Não acabou por casar com uma pessoa inexistente, que formou em sua imaginação? Ao nosso modo de ver, nesse caso, poderia ser invocado, como causa de nulidade o erro sobre a pessoa de que trata o cânon 1097 §1. O problema está em terminar o limite entre o que é apenas uma qualidade, mas não muda fundamentalmente a personalidade, e a própria personalidade. A dificuldade, porém, não nos deve impedir de reconhecer que pode haver matrimônios nulos por erro sobre a personalidade do cônjuge.

C) ERRO SOBRE AS QUALIDADES DA PESSOA: aqui o caso se complica. Sempre existe margem de erro. Há, por exemplo, quem pensa que sua noiva é rica e acaba resultando que é de condição bastante modesta; um outro acha que ela será uma boa ama de casa, e acaba comprovando que nem sequer sabe fritar ovos; um outro ainda acredita que sua noiva é virgem, mas está rotundamente errado. Por sua vez, uma moça acha que seu noivo é muito responsável, mas, quando casa, percebe que ele é incapaz de organizar a própria vida e que tem de receber tudo prontinho; uma outra o imagina muito atencioso, mas, após o casamento ele passa a comportar-se grosseiramente. Os casos se podem multiplicar à vontade. Até onde se pode invocar o erro sobre uma qualidade acidental, que não muda basicamente a personalidade, para dizer que um casamento foi nulo? O Código de Direito Canônico resolve a questão declarando que a nulidade existe se o erro for em relação a “uma qualidade direta e principalmente visada” (cân.1097§2). Ou seja, quando se faz muita questão de que essa qualidade exista no parceiro com que se vai unir a vida.

D) UM ERRO DOLOSO: a nova legislação canônica ainda introduziu uma norma nova sobre o erro acerca das qualidades de uma pessoa. Pode acontecer que alguém nem sequer pense sobre uma qualidade concreta – por exemplo, sobre uma doença contagiosa, ou melhor, sobre a ausência dela. É claro que não se pode falar então de que visasse direta e principalmente a essa qualidade (a saúde).
Mas não há dúvida de que essa doença (por exemplo, sífilis) perturba gravissimamente a convivência conjugal. Suponhamos agora que aquele que sofre essa doença a oculte propositadamente até o momento do casamento. Pois bem, para prevenir esses casos, o Código de Direito Canônico declara: “Quem contrai enganado por dolo perpetrado para obter o consentimento matrimonial, e essa qualidade, por sua natureza, possa perturbar gravemente o consórcio de vida conjugal, contrai invalidamente”. Além do exemplo que já demos (a doença grave contagiosa), pode-se pensar em outros, como o crime inafiançável, a existência de filhos nascidos de outras uniões etc.

HORTAL, J. Casamentos que nunca deveriam ter existido: uma solução pastoral. Ed. Loyola: São Paulo, 1987. p.18-20

Prof. Felipe Aquino