Cônego José Geraldo: Pureza Interior

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“Ensinai-me, Senhor, vossos caminhos, para que eu ande na vossa verdade; unificai o meu coração para que eu teme sempre o vosso nome”.

Cristo, pedagogicamente, mostrou que é do interior do ser humano que saem todas as ações torpes que o contaminam (Mc 7k21-23). O Mestre divino apresentou detalhadamente um elenco das mesmas. Todas elas são infrações de um dos dez mandamentos promulgados por Deus, fora dos quais surgem os pecados. Cumpre então uma reflexão sobre o exterior e o interior da pessoa. O exterior é o que aparece diante dos outros e suscitam seus julgamentos, tudo que exigem as conveniências humanas. Muitas vezes é perante isto que se cria uma imagem ideal de si próprio desejando cada um aparentar o que na verdade não é. Uma representação artificial fruto da preocupação com o que os outros podem pensar e julgar. Entretanto o interior de cada um é a região daquilo que é verdadeiro e autêntico. É o que cada um vem a ser, de fato, diante de Deus. Aquilo que o Onisciente Senhor contempla como realidade essencial. O interior é o lugar da fidelidade cotidiana ao Ser Supremo.

É neste interior que podem borbulhar os maus pensamentos com todo seu cortejo de misérias morais, todos os procedimentos perversos. Tudo isto deve ser banido para que do coração se afastem a banalidade e o verniz da hipocrisia, a fim de que os planos pessoais possam coincidir com o projeto de Deus. Desta maneira, o que aparece exteriormente, coincide perfeitamente com o que se passa dentro de si mesmo perante o Todo-Poderoso Senhor. Em muitos há um divórcio íntimo entre o que o cristão é e o que exteriormente apresenta. Entretanto, a fragilidade humana conduz tantas vezes a atitudes que mancham a pessoa possuída por más intenções. Daí surgem as traições das promessas matrimoniais, desde que fiquem ocultas; hábitos egoístas; prejuízos causados ao próximo pelo dever mal cumprido ou por outros desvios éticos condenáveis.

São as ações dos jovens que se tornam mundanos para comprazer amigos dissolutos ou agradar colegas que não praticam a religião ou para conseguir um namorado ou namorada a qualquer custo, mesmo que seja colocando em risco sua castidade. É a situação daqueles que não sabem partilhar com os outros suas convicções, suas experiências religiosas. Enfim, todas as ambiguidades que pesam na consciência, quando há falta de coerência entre o que se crê e o que se pratica. Muitos cristãos se fazem, desta maneira, uma mentira ambulante. Jesus foi taxativo ao condenar quem o honra com os lábios, mas cujo coração está longe dele. Este é aquele que se aparta das grandes urgências do Reino de Deus. Este Deus que perscruta o íntimo de cada um quer a consagração integral, absoluta de todo o coração. Não se deve dar a Ele restos, mas toda e qualquer atividade.

Não se pode, de fato, servir a Ele e ao diabo. Fazer preces ardentes e em seguida negá-lO apoiando os desvarios mundanos. Rezar e depois se expor às ocasiões de pecado. Ele quer todo o amor, toda a escolha, toda a decisão sem dubiedades e insinceridades. Espera a verdade total que traz a tranquilidade íntima e que significa o rompimento corajoso com tudo que vai contra Sua santíssima vontade. Não há existência cristã livre a não ser que o batizado se entregue inteiramente a este Deus para que Ele possa tudo conduzir. Para isto se torna imprescindível a coerência na vida. É lamentável ser cristão quando se reza e desregrado perante as aliciações satânicas. Eis por que se deve rezar com Davi no salmo 85: “Ensinai-me, Senhor, vossos caminhos, para que eu ande na vossa verdade; unificai o meu coração para que eu teme sempre o vosso nome”.

Esta unidade de pensamentos, desejos e ações é a fonte da pureza do coração. Nada pior do que a dicotomia que é manancial de agitação e muito remorso para quem tem fé. Se o Todo-Poderoso agrega o interior e o exterior de cada um, raia a liberdade porque o cristão não se deixa escravizar por tudo aquilo que pode conspurcar sua consciência. A graça de Deus concilia o ser e o parecer diante dele e perante os outros, no silêncio da oração e nas atividades cotidianas, fazendo cair por terra a máscara da hipocrisia. Dissipa inteiramente as ilusões terrenas e conduz à verdadeira felicidade. O batizado se mostra então em tudo como uma criatura nova, capaz de curtir tudo de bom que se acha em seu derredor. Nunca se deve esquecer que Deus sonda o íntimo de cada ser humano e antes que uma palavra, um desejo aflorem, Ele já sabe de tudo. A Deus não se engana nunca. Andar corretamente na sua presença é a maior ventura que pode gozar o verdadeiro seguidor de Cristo.

 

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos / Portal Kairós

O Santo de Deus

Comunhão

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”

Jesus havia declarado: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 54). Então muitos dos seus discípulos ao ouvirem estas palavras disseram: “É dura tal linguagem, quem pode escutá-la?” (Jo 6, 60). Isto significa que estes não haviam compreendido imediatamente a grande revelação do Mestre divino. Em Israel durante séculos todo sacrifício ao Ser Supremo passava por uma destruição. Com efeito, o trigo e outros produtos do solo eram queimados e sangue derramado de um ser vivo era também oferecido à divindade. Jesus iria estabelecer um novo ritual para o culto divino. Seu corpo e sangue, que seriam imolados no Calvário em reparação dos pecados da humanidade, ficariam presentes entre os homens sob os acidentes do pão e do vinho. Deste modo, os fiéis através dos tempos se uniriam a seu sacrifício através da Eucaristia. Esta seria seu legado supremo de amor, isto é, sacrifício, imolação incruenta do Gólgota e sacramento no qual Ele entraria em comunhão com os que nele cressem. Presença permanente que seria verdadeira, imediata, intensamente pessoal.

Num gesto de incomensurável dileção na última ceia ele tornou o pão e o vinho e os transubstanciou em seu corpo, sangue alma e divindade. Eis por que Ele podia dizer: “Se vós não comerdes a carne do Filho do homem, vós não tereis a vida em vós”! Quem não tivesse fé só contemplaria sempre pão e vinho, pois não penetrariam nunca no mistério das palavras de Jesus. Por esta razão a Eucaristia seria atraente para quem acreditasse, opaca para os sem fé. Ela uniria os autênticos seguidores de Cristo e manteria muitos que se dizem cristãos longe da presença real do Redentor. Para os católicos as sentenças de Jesus no Cenáculo seriam espírito e vida porque eles atravessariam pela fé os sinais do pão e do vinho e perceberiam só os acidentes destes elementos para adorar o próprio Filho de Deus. A Igreja católica seria portadora através dos tempos do grande legado de Cristo: “Isto é meu corpo, isto é meu sangue”, Iluminados pelo Espírito da verdade os católicos jamais duvidariam da presença real de Jesus na Eucaristia. Repetem o que falou São Pedro quando Cristo indagou aos apóstolos se também queriam abandoná-lo por ter ele dito que todos deveriam comer sua carne e beber o seu sangue: “A quem iríamos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna e nós cremos e sabemos que tu és o santo de Deus”. (Jo 6, 68-69). Foi, sem dúvida, inspirado pelo Espírito Santo que São Pedro lançou esta sublime resposta. Jesus é, de fato, o Santo de Deus por possuir a santidade na plenitude da mesma, no mais alto grau. Assim Ele não somente é o ponto culminante da perfeição, mas sua verdadeira fonte. Ele comunica a cada um de seus seguidores a força para vencer o pecado em todas as suas funestas manifestações, pecado incentivado em nossos dias por uma mídia corrupta, imoral que afronta continuamente a Lei do Senhor. Da parte de cada cristão deve haver, contudo, a colaboração com a graça que Jesus oferece para refletir em todas as ações sua santidade.

 

Quanto mais cada batizado procura sua identidade com Cristo, o Santo de Deus, tanto mais cresce a dimensão eclesial com todos os que são de Cristo.

 

A vocação de todo batizado é ser santo, porque o Mestre divino é santo. Mais do que nunca na sociedade secularizada de hoje os cristãos têm necessidade urgente de ser santos vivendo intensamente tudo que Jesus ensinou, tornando visíveis e presentes por toda parte seu amor e a beleza de sua doutrina. A santidade cristã consiste então na união com Cristo de forma consciente e livre. Em consequência desta adesão ao Redentor se passa da fé ao plano moral. Aparece então a pratica das virtudes em sua verdadeira riqueza. Elas são cultivadas como realidades vividas deliberadamente e que penetram a existência da pessoa humana. Isto justamente por força da riqueza da doação pessoal a Cristo com a espontaneidade de uma vontade livre que une ao Filho de Deus ao qual o cristão se entrega com fervor e amor. Quanto mais cada batizado procura sua identidade com Cristo, o Santo de Deus, tanto mais cresce a dimensão eclesial com todos os que são de Cristo. São milhões que pelo mundo afora testemunham o que disse São Pedro: “A quem iríamos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna e nós cremos e sabemos que tu és o santo de Deus”. Disto tudo resulta a importância da Eucaristia na vida do seguidor de Cristo, pois no momento sublime da Comunhão se realiza o desejo de Jesus: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”. Portanto, uma presença reduplicada de efeitos maravilhosos na existência de quem recebeu a Eucaristia. A santidade de Jesus, o Santo de Deus, passa a envolver o seu discípulo irradiando-se em todo seu ser, envolvendo, assim, todos os pensamentos, todos os desejos, todas as ações. Deste modo, quem comunga pode repetir com São Paulo: “Já não sou eu quem vive, é Cristo quem vive em mim” (Gl 2,20).

 

O Santo de Deus
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Semana Nacional da Família: Dificuldades e alegrias da formação humana

Dificuldades e alegrias da formação humana e cristã dos filhos

Somos Neite e Jorge Bertine, casados há 30 anos e pais de um casal de filhos: Camila com 21 anos e Jorge Augusto, com 14 anos.

Criados na religião católica, nosso propósito familiar sempre foi oferecer a nossos filhos uma educação humana e cristã que os fizesse conhecer e seguir Jesus Cristo.

Hora da Família 2015

Família Bertine

Fomos agraciados com muitas alegrias no decorrer destes anos em que nossos filhos fazem parte da nossa família. Desde cedo foram apresentados à religião católica e ao longo de suas vidas foram recebendo os Sacramentos que a idade lhes permitia. Muito nos é gratificante vê-los participar com alegria dos diversos serviços na comunidade em que participamos: Santuário e Paróquia Nossa Senhora de Loreto, em Jacarepaguá. Atualmente, Camila participa de um grupo de jovens e é membro do Setor Juventude da Paróquia. Jorge Augusto é coroinha e está fazendo a ICJA para receber o sacramento da Crisma.

Mas é claro, que também enfrentamos dificuldades para que eles se mantenham na educação humana e cristã que nos esforçamos para oferecer a eles. Algumas vezes somos indagados sobre tê-los tão participantes na vida da Igreja e pouco na “vida”. Enfrentam os comentários de estarem na contramão da modernidade e isto se torna um ponto importante para questionamentos da postura familiar.

Vê-los crescendo na fé e apresentando um comportamento de respeito à pessoa humana, faz-nos ter a certeza de que vale a pena continuar neste caminho.

Agradecemos ao Senhor a oportunidade de nos fazer viver e receber as graças necessárias para bem viver nossa vocação de pai e mãe.

 

Semana Nacional da Família: Dificuldades e alegrias da formação humana
cnpf.org.br

49º Dia Mundial da Paz refletirá sobre a indiferença na vida em sociedade

Papa Francisco

Fraternidade, fundamento e caminho para a paz

“A indiferença em relação aos flagelos do nosso tempo é uma das causas principais que prejudica a paz no mundo”, destacou o Conselho Pontifício Justiça e Paz em comunicado sobre o 49º Dia Mundial da Paz. A celebração ocorrerá em 1º de janeiro de 2016 e, para esta ocasião, o papa Francisco escolheu como tema da mensagem “Vence a indiferença e conquista a paz”. A data foi instituída pelo beato Paulo VI, sendo uma proposta da Santa Sé ao mundo.

O anúncio do título da reflexão aconteceu na terça-feira, 11, no Vaticano. Conforme informou o dicastério, “a paz é possível ali onde o direito de cada ser humano é reconhecido e respeitado, segundo a liberdade e a justiça”. Esta será a terceira mensagem do pontificado de Francisco para o Dia Mundial da Paz. Em 2014, a data foi inspirada na temática “Fraternidade, fundamento e caminho para a paz.

A paz é possível

No comunicado, o Conselho Pontifício constatou que a indiferença está “associada a várias formas de individualismo que produzem isolamento, ignorância, egoísmo e isso leva ao desinteresse”. É considerada pela Igreja como uma das “pragas do tempo atual e uma das causas principais da falta de paz no mundo.

O texto recorda, ainda, que a paz deve ser conquistada, mas não sem esforços, conversão, criatividade e diálogo. “Trata-se de sensibilizar e formar o sentido de responsabilidade em relação às graves questões que afligem a família humana, como o fundamentalismo e seus massacres, as perseguições por causa da fé e de pertença étnica, as violações da liberdade e dos direitos dos povos, o abuso e a escravidão das pessoas, a corrupção e o crime organizado, as guerras que causam o drama dos refugiados e dos emigrantes forçados”, apontou o Conselho.

 

49º Dia Mundial da Paz refletirá sobre a indiferença na vida em sociedade
CNBB com informações da Rádio Vaticano

Lidando com as divisões no Ministério de Música

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Coral Canção Nova na Via Sacra

Aprendemos com o padre Jonas Abib que somos um só corpo. Se adentrarmos o contexto no qual está inserida a realidade de um corpo, poderemos concluir que um corpo saudável precisa ter seus órgãos, membros, corrente sanguínea, coração, ondas cerebrais, tudo funcionando em um nível mínimo de harmonia, suficiente para que ele sobreviva e se sinta saudável.

Assim, podemos dizer, é o nosso ministério de música. Nele temos a cabeça, os outros membros, órgãos vitais, partes internas que nunca aparecem ou são expostas, enfim, cada um tem a sua função e formas bem definidas.

Quando alguma coisa não funciona bem neste “corpo” ou quando algo está fora do lugar, nós abrimos brechas que podem trazer sérios problemas para a saúde do nosso ministério.

Quando sentimos alguma dor, é necessário parar o que estamos fazendo, ir ao médico e verificar as causas da dor. Isto fará com que tenhamos o diagnóstico e, em seguida a receita certa para combatermos a doença e, conseqüentemente, seremos aliviados de toda dor.

Aqui é preciso esclarecer algo muito importante: o nosso ministério não pode ser rico em divergências, senão ele será um corpo doente, onde por alguma razão os órgãos não funcionam como deveriam, onde um problema segue outros secundários. O nosso “corpo” é por si só rico em diversidades. Como dissemos, cada órgão, parte, membro, tem sua forma e função específica, e por isso, são diferentes.

As diferenças são riquezas e não barreiras. Partindo delas, encontraremos o melhor caminho para a unidade. Respeitando quem pensa diferente, acolhendo quem tem a coragem de questionar e, em conjunto discernir, com muita oração, o melhor caminho. Se isso acontecer, não daremos lugar à divisão, mas valorizaremos a nossa diversidade.

Somos um corpo. Dentro de um corpo não pode haver divisões, pois a nossa divisão vem do diabo e a nossa diversidade vem de Deus!

A harmonia no corpo é obra do Espírito Santo de Deus! Por isso, precisamos estar cheios do Espírito Santo.

Que o Espírito Santo ilumine e abençoe o seu ministério!
Unidos pela missão!

 

Semana Nacional da Família 2015: Dificuldades e alegrias da formação humana e cristã dos filhos
Márcio Todeschini