Somos cristãos que distanciam o povo de Jesus ou o aproxima Dele?

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“Existem cristãos que se preocupam somente com a sua relação com Jesus, uma relação fechada, egoísta, e não ouvem o grito dos outros”. Foi o que disse o Papa Francisco na missa celebrada na manhã desta quinta-feira (28/05), na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano.

Comentando o Evangelho sobre o cego Bartimeu, que grita por Jesus para ser curado mas é repreendido pelos discípulos para que se calasse, o Papa citou três grupos de cristãos.

“Aquele grupo de pessoas que, também hoje, não ouve o grito de muitos que precisam de Jesus. Um grupo de indiferentes: não ouvem e creem que a vida seja aquele seu grupinho ali. Estão felizes, mas surdos ao clamor de muita gente que precisa de salvação, que precisa da ajuda de Jesus, que precisa da Igreja. Essas pessoas são egoístas, vivem para si mesmas. São incapazes de ouvir a voz de Jesus.”

Negociantes

Depois, disse ainda o pontífice, “existem aqueles que ouvem esse grito de ajuda, mas querem que fique calado”. Como quando os discípulos distanciaram as crianças “para que não incomodassem o Mestre”. “O Mestre era deles, para eles e não para todos. Essas pessoas afastam de Jesus aqueles que gritam, que precisam de fé, que precisam de salvação”, disse ainda Francisco. “Dentre elas existem aqueles que fazem negócio, que estão perto de Jesus, estão no templo, parecem religiosos, mas Jesus os expulsa, porque negociavam ali, na casa de Deus.”

“São aqueles que não querem ouvir o grito de ajuda, mas preferem fazer seus negócios e usam o povo de Deus, usam a Igreja para fazer seus comércios. Esses especuladores distanciam as pessoas de Jesus”. Nesse grupo existem os cristãos “que não dão testemunho”:

Intransigência

“São cristãos de nome, cristãos de salão, cristãos de recepção, mas a sua vida interior não é cristã, é mundana. Uma pessoa que se diz cristã e vive como um mundano, afasta aqueles que pedem ajuda a Jesus. Depois, há os rigorosos, aqueles que Jesus repreende, que colocam fardos nas costas das pessoas.”

O terceiro grupo de cristãos é “aquele que ajuda a se aproximar de Jesus”:

“Existe o grupo de cristãos coerente com aquilo que crê e o que vive, e ajuda a se aproximar de Jesus as pessoas que gritam pedindo salvação, a graça e a saúde espiritual para a sua alma.”

“Nos fará bem fazer um exame de consciência”, concluiu Francisco, para entender se somos cristãos que distanciam as pessoas de Jesus ou as aproximam Dele, pois ouvimos o grito de muitos que pedem ajuda para a própria salvação.

 

Papa: somos cristãos que distanciam o povo de Jesus ou o aproxima Dele?
Fonte: Rádio Vaticano

Ovelhas sem pastor

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São Marcos relatou que Jesus “viu uma grande multidão e compadeceu-se dela porque eram como ovelhas sem pastor”. Ele foi tomado de piedade e comiseração no mais íntimo de seu ser e “começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6,34). Grande era, de fato a afeição do Mestre e Pastor divino com relação ao povo e antes de multiplicar os pães para alimentá-lo, ofereceu-lhe o pábulo espiritual da palavra divina. Tudo fluindo da ternura de seu coração, oceano infinito de misericórdia. Jesus contemplou ovelhas vulneráveis, expostas à cupidez de mercenários que procuravam tirar proveito delas. Elas precisavam de pastores verdadeiros que as guiassem nos caminhos da verdade e da vida. Diante de Jesus estava uma massa dispersa e informe à qual faltava uma mensagem vital para o corpo e a alma.

Naquele tempo uma elite dominante já explorava sem escrúpulos as multidões e isto consternava Jesus. Aquelas ovelhas precisavam de um Mestre e de um autêntico Pastor pelo qual inconscientemente aspiravam. Jesus, porém, lá estava perto de uma multidão que desejava palavras de vida eterna e de alguém que compartilhasse suas misérias. Estavam abatidos, prostrados. Sábio, Cristo toma logo medidas práticas, imediatas e primeira providência urgente era os instruir sobre o Reino de Deus e fez isto até o cair da tarde. Estavam todos embevecidos, encantados e atentamente O escutavam. Nós, também, devemos imitar Jesus estando cuidadosos para com as pessoas que nos rodeiam e que tantas vezes precisam de uma palavra de conforto, de uma ajuda eficiente. Jesus transmitia a fé no destino eterno, o que deve também fazer todo aquele que O segue. Quantas pessoas vivem na insegurança precisando de um auxílio oportuno, desviados na sexualidade, nos defeitos de caráter, no apego às coisas materiais! Não valorizam seus talentos, seus valores pessoais e levam assim a desordem para o meio familiar e social em geral.

O seguidor de Cristo pode levantar os ânimos, abrindo-lhes os horizontes da esperança, da fraternidade, do progresso individual. Então eles estarão mais seguros de si mesmos e não terão medo diante dos embates da existência. Eles precisam ser valorizados, percebendo sua dignidade e o gosto de viver e progredir. O batizado deve, portanto, dentro de suas possibilidades ser pastor que aponte veredas luminosas para muitos. O que o próximo espera é a escuta amiga, a cortesia, a amizade, o amparo. Jesus era um Pastor que amava suas ovelhas e, por isto, tendo visto suas necessidades se comoveu, mas logo lhes veio com auxílios oportunos. Os que estão a nossa volta querem também compreensão, confiança, arrimo. O batizado deve ser o portador do grande amor de Cristo. Ele conta com cada um de seus seguidores para serem testemunhas vivas de seu olhar amoroso. É o desafio que Ele lança sempre a quem se diz cristão, como observou o teólogo Serge Lefebvre.

Mais do que simples piedade condescendência é necessária a ação no dia a dia, quando todos estão a serviço dos outros em casa, no local de trabalho, nos estudos para serem bons profissionais, nos lugares de lazer, enfim onde quer que estejam. Olhos de lince para enxergar as necessidades alheias e não ser nunca um motivo de mais sofrimento em seu derredor. Afáveis e humildes de coração como Jesus, será possível irradiar a verdade por toda parte. Jesus teve compaixão da multidão e seu discípulo deve possuir a mesma atitude, pois a piedade para com o próximo é a perpétua melodia da humanidade. Difunde o esplendor e circunda de auréola quem sofre e padece, iluminando-lhe o futuro com os raios de bondade. Grandiosa a tarefa do verdadeiro cristão na alheta de Cristo!

 

Ovelhas sem pastor 
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

A Sabedoria de Jesus

A sabedoria de Jesus

“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”

Na Sinagoga de Nazaré todos ficaram encantados com as palavras do Mestre Divino, Jesus Cristo, e exclamavam: “Que sabedoria foi esta que lhe foi dada’? ( Mc 6, 2). Cristo era a fonte mesma da sabedoria. Todas as palavras que quisermos escolher jamais poderiam traduzir a grandeza do Filho de Deus, Sabedoria infinita. Ele era bem mais do que um simples sábio. São Lucas assinalou que o Menino Jesus se fortificava e estava cheio de sabedoria (Lc 2,40). O mesmo evangelista registrou que no templo de Jerusalém, ainda criança, suas respostas maravilharam os mestres que ali estavam (Lc 2,47). Mais tarde em Nazaré seria na Sinagoga de sua terra que seus ouvintes seriam arrebatados com suas divinais palavras. Durante sua vida pública ele empregou parábolas, citou provérbios e revelou uma cultura que não conhecia fronteiras.

Até Ernest Renan, famoso escritor francês, homem sem fé, reconheceu que a Parábola do Filho Pródigo é uma das joias da literatura universal. É que Jesus mesmo pôde atestar que sua sabedoria era muito maior do que a de Salomão (Mt 12,42). Deve-se se notar que no Antigo Testamento a Sabedoria existe em Deus desde toda a eternidade. Está no Livro do Eclesiástico a referência à Sabedoria: “ Eu saí da boca do Altíssimo e como vapor cobri a terra […] Antes dos séculos, desde o princípio (o Altíssimo) me criou e por todos os séculos não deixarei de existir” (Ecl 24, 3. 9). A Sabedoria participa da criação de tudo e foi enviada ao mundo (Pv 8,30). Pois bem, esta Sabedoria é Jesus como São João bem mostrou: “No começo era o Verbo e o Verbo era Deus […] Tudo foi criado por Ele [..] E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” ( Jo 1,2-3. 9). Então a luminosa claridade da Sabedoria Eterna brilhou nesta terra. Ele a imagem do Deus invisível, primogênito da criação, reflexo da glória divina, palavra encarnada no tempo.

Eis por que ele se distinguia dos escribas e não tivera a necessidade de seguir um programa de formação de teólogo especialista. Apresentou-se como um verdadeiro Profeta. Legislador e Taumaturgo. Quem percorre com atenção os Evangelhos percebe que Ele adotou o gênero literário sapiencial com um discurso maravilhosamente persuasivo. Jesus foi um pregador inigualável, um orador que superou os maiores tribunos da Grécia e de Roma e que nunca seria sobrepujado através dos tempos. Suas bem-aventuranças, suas promessas de felicidade e de êxito em busca de um reino eterno, suas sentenças fulgurantes, suas belíssimas comparações, suas normas de vida O distinguem de todos os outros doutores. Enigmas eram resolvidos a nível profundo. Seus adversários eram desmascarados com uma finura extraordinária como aconteceu, por exemplo, quando O quiseram jogar contra o Império romano, ao indagarem se deveriam ou não pagar tributo a César. Sua resposta foi incisiva e até irônica: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Queriam apedrejar uma mulher adúltera, Ele se inclina a escrever no chão e, depois, com voz forte argui: “Quem estiver sem pecado atire a primeira pedra”. Os acusadores se retiram, a começar pelos mais velhos. Ele, porém, não passou recibo nos pecados daquela mulher, dado que com ternura lhe diz: “Não tornes mais a pecar”.

Seus conselhos registrados pelos evangelistas, entendidos no âmbito mais vasto e universal possível, são dirigidos a todos os homens de todos os tempos e lugares de modo personalizado. Então, ao se refletir sobre a sabedoria de Jesus cumpre a cada um se indagar se realmente frequenta na prática a Escola deste Mestre admirável, Conselheiro sapientíssimo. Quem se matricula no Educandário de Jesus e vive o que Ele ensinou jamais se sentirá frustrado, pois terá captado o verdadeiro sentido da vida. Ele é, realmente, a Palavra Eterna e jamais alguém doutrinou como Ele. Nenhuma obra literária jamais publicada, nem mesmo a mais bela, a mais maravilhosa na forma, a mais rica no conteúdo, nunca teve o esplendor do Evangelho. Nele se acha toda a revelação de Deus; nele se depara a paz, por ele se resolvem os problemas humanos mais complexos. A doutrina do Filho de Deus é a manifestação fidedigna da Verdade que liberta, mostra o caminho seguro da beatitude, e conduz à vida beatífica na eternidade. Ninguém nunca falou com tanta sabedoria como Jesus falou!

 

A Sabedoria de Jesus
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Solução para um grave problema social

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No momento em que este país se aterroriza com a criminalidade, inclusive praticada pelos adolescentes acobertados pela legislação vigente, muitas vezes não se vai ao cerne do problema. O que na verdade deveria ser aprofundada é a questão da educação. O estado deplorável em que se acham as Escolas, inclusive as Universidades, é bem a amostra da falha dos governantes. Verbas altíssimas são aplicadas em setores sociais, muitas vezes incentivando a indolência com um paternalismo censurável.

Enquanto isto, as verbas para o Ensino são cortadas. No entanto, ou se valoriza a Educação ou o abalo ético crescerá assustadoramente para ruina de toda a população. Como muito bem salientou Daniel Fernandes, “problemas como desigualdade e exclusão social, impunidade, falhas na educação familiar, desestruturação da família, deterioração dos valores ou comportamento ético, individualismo, consumismo e a cultura do prazer estão diretamente ligados à violência do Brasil”. Todo ser humano é educável. O que se esquece, porém, é que a escolaridade tem por obrigação preparar as crianças, os adolescentes e jovens para levar uma vida moral decente. Quando qualquer um dos preceitos do Decálogo são depreciados, não é possível uma ética consistente.

Matar ou roubar é ir diretamente contra dois princípios fundamentais, mas são esquecidos, sobretudo, o sexto e o nono mandamentos. Abre-se então a porta para todas as aberrações. Impera uma sexualidade degradante e o matrimônio é vilipendiado. Fala-se até em casamento entre pessoas do mesmo sexo, o que é um desvirtuamento do termo casamento e da própria finalidade do sexo. Falta, além disto, a muitos educadores desenvolver a capacidade cognitiva dos alunos, levando-os a raciocinar, para tomarem decisões corretas e não simplesmente aceitando o que é propalado pela mídia. O senso crítico, realmente, não é cultivado, mesmo porque a indolência intelectual é alimentada por falta de uma pedagogia verdadeiramente formativa. Que se formem brasileiros colaborativos que, de fato, pensem e tenham responsabilidade diante da vida e do desenvolvimento do meio humano no qual cada um se acha integrado, sob pena de se ver agravado o caos social.

Nem se pode esquecer o mau exemplo dado por tantos políticos e o quadro de corrupção que enlameia a história atual deste país não favorece em nada uma perspectiva de novos dias e novas esperanças de uma pátria onde impere realmente a “ordem e o progresso”. Em síntese, razão tem João Paulo dos Reis Velloso, Presidente do Instituto Nacional de Altos Estudos, ao afirmar que há “necessidade de transformar a Educação, para que a Educação transforme o Brasil”. Uma cruzada patriótica para que surja a perspectiva de dias melhores, começando pelas ações educacionais, precisa então ser urgentemente incrementada.

 

Solução para um grave problema social
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Entenda ponto a ponto a encíclica Laudato Si, do papa Francisco

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A mensagem central da encíclica “Laudato Si” (“Louvado Sejas”), a primeira do papado de Francisco produzida integralmente por ele, é uma frase repetida três vezes ao longo de suas mais de 190 páginas: “tudo está conectado”. O ser humano não está dissociado da Terra ou da natureza, eles são partes de um mesmo todo. Portanto, destruir a natureza equivale a destruir o homem. E destruir o homem, para os católicos, é pecado. Da mesma forma, não é possível falar em proteção ambiental sem que esta envolva também a proteção ao ser humano, em especial os mais pobres e vulneráveis.

Esse raciocínio, que o papa chama de “ecologia integral”, permeia toda a construção da carta encíclica, tanto do ponto de vista da argumentação religiosa quanto das prescrições políticas – que Francisco faz num nível de detalhe assombroso, como quando critica a incapacidade das conferências internacionais de responder à crise climática, sugere uma saída gradual dos combustíveis fósseis e até mesmo propõe mudanças no modelo atual de licenciamento ambiental.

A crise climática, segundo o texto da encíclica, é uma das faces de uma mesma grande crise ética da humanidade. Esta é produzida pela ruptura das relações com Deus, com o próximo e com a terra, que o papa chama de as “três relações fundamentais da existência”. Os padrões insustentáveis de produção e consumo da sociedade global, impulsionados pela tecnociência fora de controle, levam à degradação das relações humanas e à degradação também da “nossa casa comum”, que é como Francisco chama o planeta.

Pouca coisa na agenda socioambiental parece ter escapado à análise de Sua Santidade: além do clima, Francisco pontifica sobre proteção dos oceanos, poluição da água, espécies ameaçadas, florestas e povos indígenas. Em relação a todos esses temas, as principais críticas recaem sobre os países ricos (a expressão “produção e consumo” aparece cinco vezes no texto), que são chamados a compensar os pobres pela degradação. Mas os países em desenvolvimento são também exortados a examinar o “superconsumo” de suas classes abastadas e a não repetir a história dos ricos durante seu desenvolvimento.

Em vários pontos da encíclica o papa entra “con gioia”, como dizem os italianos, em campos minados. Defende abertamente, por exemplo, uma ideia ainda maldita nos círculos econômicos, a de que as sociedades abastadas precisarão “decrescer” para que haja recursos para os pobres se desenvolverem.

Também compra uma briga histórica com a direita evangélica norte-americana ao sugerir que a noção de que o homem deve “sujeitar” a natureza é uma interpretação errada da Bíblia: jamais se supôs uma “sujeição selvagem”, diz, e sim um “cuidado”. A diferença é fundamental, já que os republicanos nos EUA frequentemente justificam a degradação ambiental citando as Escrituras, que colocam o homem numa posição se domínio sobre o ambiente. “Laudado Si” apresenta uma pequena revolução teológica ao colocar o homem como parte da natureza – uma parte especialmente criada por Deus, é verdade –, não como algo separado dela. Francisco amarra os evangélicos declarando, de saída, que a encíclica não é feita apenas para os católicos, mas para toda a humanidade, de todas as religiões, crentes e não-crentes.

A Carta Encíclica ‘Louvado Sejas’ do Santo Padre Francisco sobre o Cuidado da Nossa Casa Comum, nome completo do documento, está dividida em seis capítulos e 246 parágrafos, seguidos de duas orações escritas pelo próprio papa (uma delas intitulada Oração pela Nossa Terra). No primeiro capítulo, o papa faz um apanhado geral sobre “o que está acontecendo com a nossa casa”, resumindo as aflições ambientais do mundo amparado na ciência. No segundo, “O Evangelho da Criação”, ele traça uma argumentação teológica sobre as ligações entre ser humano e natureza. No terceiro, aborda as raízes humanas da crise ecológica; no quarto, discorre sobre sua “Ecologia Integral”. No quinto, apresenta seu chamado à ação, inclusive política, no âmbito internacional, mas também no dos governos locais – fazendo eco ao princípio do “pense globalmente, aja localmente” consagrado na Eco-92. No sexto, trata de educação, cultura e “espiritualidade ecológica”.

Leia aqui a íntegra do texto papal, em português; aqui, um guia de leitura para jornalistas feito pela Rádio Vaticana; abaixo, uma análise de alguns dos principais pontos da encíclica, precedidos do respectivo número de parágrafo:

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