Busca da Perfeição Cristã

Querido Padre Luiz Miguel Duarte

Querido Padre Luiz Miguel Duarte em busca da perfeição em Cristo

Em nossos dias, não obstante a dispersão ocasionada pelos meios de comunicação social com sua parafernália tecnológica que impede tantas vezes o bom senso, são inúmeros os que buscam sua unidade interior. São aqueles que, apesar de viverem num mundo digital repleto de equipamentos eletrônicos que causam tantas vezes uma dependência deletéria, desejam ser senhores de si mesmos numa vinculação completa a Deus. Davi, em tempos menos agitados do que os de hoje, pedia a Deus: “Mostra-me teu caminho, Senhor, que eu marche segundo a verdade, unifica meu coração para que tema teu nome” (Sl 65,11).

Trata-se da concentração no Ser Supremo, livrando-se das numerosas mensagens transmitidas pelas redes sociais, pela televisão, pelo rádio. Deste modo se abre o caminho para a reflexão pessoal diante do Senhor de tudo, libertando-se do excesso de informações que redirecionam para uma superficialidade nociva. Cumpre, se fato, desplugrar das máquinas os pensamentos e emoções para que eles se valorizemm interiormente, permitindo entrar em contato com Aquele que é o oceano da sabedoria, a luz verdadeira que ilumina e salva. Resulta então o progresso espiritual, o equilíbrio psicossomático. É o sair do universo das ilusões terrenas, para se imergir nas realidades eternas, tornando-se cada um senhor de si mesmo.

Deste modo, se apura o senso crítico, discernindo quais são os autênticos valores que enriquecem a existência humana. A frustração, o desalento, a depressão, a paranoia fluem inúmeras vezes da falta do autodomínio e da contemplação das verdades perenes. Do contato com a divindade resulta, em consequência, o aprimoramento das qualidades que cada um possui como dons maravilhosos do Criador. Deste modo, ainda que exteriormente surjam provações, interiormente o cristão fica firme na rocha de uma fé inquebrantável, de um amor sobrenatural insuperável a Deus e ao próximo. O grande modelo de tal atitude é o próprio Filho de Deus que asseverou: “Meu alimento é fazer a vontade do meu Pai” (Jo 4, 34). Ele foi então capaz de suportar os maiores tormentos pela salvação da humanidade.

Quem deseja avançar no progresso pessoal precisa se dispor a uma adesão incondicional aos desígnios divinos numa entrega sincera a Deus, seguindo sempre os impulsos de suas graças. Querer unicamente o que Ele quer de cada um e isto num abandono total em suas mãos. Deixar que Ele aja, correspondendo fielmente a suas moções. Para isto é preciso invocar continuamente as luzes divinas e solicitar coragem e determinação para realizar não a própria vontade, mas o que Ele quer. Não é fácil esta maleabilidade, mas o cristão sabe que é possível atingir esta disponibilidade e pode repetir com o salmista: “Com Deus faremos proezas” (Sl 108,13).

É necessário abrir espaço dentre de si mesmo para que a força celeste seja eficaz. Feliz aquele que deixa Deus regular todos os acontecimentos de sua vida. Ele é quem sabe o que é melhor para cada um. Para esta conformidade com o Senhor Onipotente há necessidade da luta permanece contra o amor próprio e suas sequelas. Cristo deixou o exemplo a ser seguido. Enquanto homem, foi humilde de coração, ostentou uma abnegação contínua, cumprindo inteiramente sua missão nesta terra. Como bem observou o Pe. Grou, “o espírito de Jesus Cristo foi um espírito de caridade e de doçura, espírito de paz e de união, um espírito de suporte e condescendência, uma terna compaixão pelos pecadores, para com aqueles mesmos que O caluniavam e ultrajavam, desejando sua morte”. Fez-se, portanto, o protótipo, indicando a seus seguidores com obter a perfeição.

Eis por que o cristão precisa sempre rogar a Ele: “Fazei o meu coração semelhante ao vosso”! Deste modo a serenidade impera na vida do fiel que trilha em tudo o caminho da santidade existencial. Este jamais será escravo da mídia, porque realiza em tudo o que recomenda um belo cântico: “Pensar como Jesus pensava”. Então possuirá este discípulo de Cristo uma alma limpa, jamais poluída pela maldade e terá encontrado o caminho da perfeição e da bem-aventurança.

 

 Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
 Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

A fé extraordinária de Maria

A fé de Maria

Nos instantes dolorosos da Paixão de seu Filho ei-la na Rua da Amargura rumo ao Calvário.

 

Um aspecto da existência da Mãe de Jesus que merece especial atenção é que ela se submeteu inteiramente às luzes da fé. Foi o que salientou Isabel: “Bem-aventurada tu que creste, porque se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas! (Lc 1,45). Tal atitude de Maria foi sempre uma característica constante de sua conduta, ainda quando misteriosos e cheios de aparentes contradições se apresentassem no futuro os desígnios divinos. É que, unida profundamente a Deus, seguia os impulsos da graça numa fidelidade sem limites. Nenhuma restrição às inspirações divinas. Por isto mesmo todos os seus atos interiores e exteriores não objetivavam senão estarem eles integralmente de acordo com a vontade do Criador. Tornou-se assim o modelo perfeito da alma que se entrega totalmente a seu Senhor.

Maria concita então a seus devotos a estarem atentos, pois funestos são os efeitos da concupiscência que induz a tantos a se desviarem do projeto traçado pelo Ser Supremo. Este sempre agiu nos seres humanos e os quer conduzir à verdadeira felicidade, respeitando, porém, a liberdade dada a cada um. Por isto nem todos seguem as diretrizes traçadas no Decálogo, rota segura de perfeição e salvação. Maria, porém, pela obediência às inspirações do Espírito Santo, numa adesão radical ao mesmo, jamais manchou sua existência nem mesmo com a mínima falta. Eis por que nela brilharam todas as virtudes, uma vez que ela rejeitava prontamente qualquer sugestão do espírito das trevas. Sua fé estava alicerçada numa profunda humildade. Apesar de Deus ter realizado nela grandes coisas, o orgulho não encontrava jamais abrigo em sua alma privilegiada.

Mãe do Messias, o Esperado das Nações, quando Cristo era o aclamado das multidões pelo brilho de seus ensinamentos e de seus milagres, ela não aparecia. Nos instantes dolorosos da Paixão de seu Filho ei-la na Rua da Amargura rumo ao Calvário. Depois recebeu em seus braços o Corpo dilacerado de seu amado Jesus desfalecido. Com Ele se imolou aos pés da Cruz e se tornou a Co-Redendora, cooperadora de Cristo na salvação da humanidade. Graças a sua fé inabalável suportou estes e todos os golpes anteriores da espada de dor que Simeão lhe profetizara no templo de Jerusalém. Sua vida foi uma oração contínua, mesmo porque Jesus foi o único objeto de seus pensamentos e de seu amor. Cumprida sua missão, Cristo após sua ressurreição retornou para junto do Pai, mas a missão de Maria prosseguiria ainda nesta terra.

Sua fé deveria sustentar a Igreja nascente. Junto com os Apóstolos estava em preces no Cenáculo quando da vinda do Espírito Santo. Nesta trajetória de fé, após realizar plenamente os planos divinos, assunta aos céus, “por sua multíplice intercessão continuou a granjear–nos os dons da salvação eterna”. Como ressaltou o Concílio Vaticano II na Constituição Dogmática Lumen Gentium,, lá no céu, “com materna caridade cuida dos irmãos de seu Filho que ainda peregrinam rodeados de perigos e de dificuldades até que sejam conduzidos à feliz pátria (nn 61-64 Só resta então aos seguidores de Cristo imitar a fé desta Mãe celeste, seu amor ao silêncio, sua fidelidade à graça, sua simplicidade, sua união com Deus. Como aconselha o Pe. Grou, “que ela nos sirva de guia e modelo na vida interior, e que ela nos obtenha as graças que nos são necessárias para responder aos planos de Deus sobre nós”.

 

A fé extraordinária de Maria
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Crônica de um papa chamado Francisco

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O CARDEAL BERGOGLIO não se ofereceu às câmeras nem aos microfones. Estava quieto evangelizando sua querida Buenos Aires (bons ares), quando os cardeais do mundo inteiro o chamaram para levar bons ares para o mundo e o puseram em Roma!

Não pediu para ser famoso nem procurou isso. Adotou o nome de Papa Francisco, porque o Diácono Frei Francisco e hoje São Francisco de Assis, há mais de 800 anos, dizia que seus frades deveriam levar simplicidade e alegria por onde passassem. Deveriam ser instrumentos da paz de Jesus.

É o que o Francisco de Buenos Aires e de Roma está fazendo. O Francisco de Assis era João e ganhou o apelido de Francisco. O Jorge Bergoglio de Buenos Aires adotou o nome de Francisco porque admirava o santo pobre. E o admirador do “santo pobre” tornou-se um”santo padre”. É o que ele quer ser.

Assim, a Igreja Católica e o mundo ganharam um papa Jesuíta-Franciscano que organiza e milita como um Inácio e age e se aproxima do mundo como um Francisco!

 

Crônica de um papa chamado Francisco
Pe Zezinho, scj

Como obter a paz interior

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“Eu sei, efetivamente, que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem. Querer o bem está, sim, ao meu alcance, mas realizá-lo, não. Deste não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero” (Rm 7,18-20)

Muitos cristãos, até piedosos, buscam a paz interior e não a encontram. Para se alcançar a verdadeira liberdade oferecida por Cristo há condições basilares. Nem sempre existe um autêntico conceito do que é ser livre. Não há liberdade para se praticar o mal. Quem assim pensasse se julgaria superior ao próprio Deus. Com efeito, o Ser Supremo, fonte de toda a liberdade não pode nunca fazer o mal. Ele somente faz o bem. O ser racional, portanto, só é livre quando não perpetra qualquer mal. Não se deve viver ao léu dos próprios desejos, ser escravo de hábitos malignos. Daí surgem os vícios e até a libertinagem.

É verdade que, por força do pecado original, possuindo o ser humano uma imperfeição radical, muitas vezes ele não emprega retamente a liberdade. Donde ser necessário não apenas abominar qualquer atitude errada, como também sempre pedir as luzes divinas para agir corretamente em tudo. Isto devido à inclinação para o mal inerente ao homem após a expulsão do paraíso de Adão e Eva. São Paulo deste modo se expressou: “Eu sei, efetivamente, que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem. Querer o bem está, sim, ao meu alcance, mas realizá-lo, não. Deste não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero” (Rm 7,18-20). Mostra, porém, em seguida este Apóstolo que a libertação vem através de Cristo. Não é fácil vencer o espírito de rebeldia, o orgulho nascente dos desregramentos mais lamentáveis.

É preciso frear o amor próprio e escutar a voz das inspirações do Divino Espírito Santo. Nem ininterruptamente, contudo, isto acontece mesmo com pessoas devotas que não se dispõem a vencer o amor de si mesmo, a vaidade, a soberba, a presunção. Tudo isto impede frontalmente usufruir a paz interior. Com a ajuda da graça divina os esforços alcançam admirável êxito e os resultados são faustosos. Passa-se a gozar uma paz profunda, longe das agitações ocasionadas pelas paixões. Atinge-se a imperturbabilidade, afastados o mar das iniquidades e os ventos furiosos das tentações. Tudo isto porque são cortados logo no início os primeiros movimentos desregrados.

O Espírito de Deus, que é seguido generosamente, comunica, no meio dos combates interiores, a quietude, a serenidade. Então o cristão mesmo por entre as tribulações inevitáveis a este exílio terreno ou por entre as contradições as mais variadas possíveis fica sossegado, firme na harmonia que contempla dentro de si. Confia inteiramente no poder do Deus cuja liberdade imita e este Deus é seu sustentáculo e a fonte desta serenidade interior. O domínio de si mesmo permite então superar todas as dificuldades e tal cristão não se abala nunca e se torna um grande vencedor.

Sua vontade se torna estável como um rochedo. Em consequência, sim, podem vir as ondas mais furiosas dos sofrimentos, ou as tempestades violentas das insinuações do maligno, pois fica o fiel inabalável, firme no seu Senhor. É a superação de si mesmo diante do maligno e suas invectivas. Todas as ações são então feitas segundo os parâmetros espirituais e não de acordo com o espírito mundano. O eu humano se abre à união com Deus em Cristo, esvaziando-se de si mesmo, mas repleto das luzes celestiais. É o efeito do morrer para si mesmo, para que a paz divina se aposse de todo o seu ser. Aquilo que era na verdade uma diminuição, por ser escravidão dos maus hábitos, desaparece. Impera a força universal da graça a penetrar definitivamente dentro do coração.

O cristão já é não mais manipulado pelo espírito das trevas, mas se assimila a Jesus no qual depara seu único refúgio. Vive num vale de lágrimas, mas degusta dentro de si um pouco da beatitude eterna que terá na outra vida. A própria morte já não envolve em vãos temores, pois está encarregada de realizar em plenitude a quietude que se terá além-túmulo. É necessária, entretanto, uma disponibilidade radical à fidelidade a Deus nas menores ações. Uma maleabilidade para que o Espírito Santo possa construir no íntimo de cada um aquela bem-aventurança que não é privilégio apenas dos grandes santos.

 

Como obter a paz interior
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Cônego José Geraldo: A Situação Nacional

A Situação Nacional

O 7 de setembro que se aproxima precisa mexer com os brios dos autênticos patriotas.

Não é fácil resumir numa palavra o atual panorama político brasileiro. O termo, talvez, mais apropriado seja diagnosticá-lo como complexo. É, de fato, sob vários aspectos, complicado. O Governo está perplexo e sem rumo. A Oposição não sabe o que fazer para não parecer conspiração. Nota-se uma cautela até exagerada dos oposicionistas ao remexerem o caldeirão político do atual contexto histórico. Cumpre, é verdade, evitar contradição, mera reação, simples idiossincrasia. Enquanto isto o povo fica desorientado. O Governo não governa. Tomas pequenas medidas esparsas. Aqui e ali encanta, sobretudo, o padecido povo nordestino. Inaugura pequenas obras diante de grupos seletos preparados para os aplausos. Ficam afastados os que refletiriam o verdadeiro sentimento popular. Escorchado por insuportáveis impostos, o povo se viu estes dias ameaçado pela volta da famigerada CPMF.

Não fora a oportuna intervenção do enigmático Vice-presidente e mais este fulminante ataque às finanças do cidadão estaria perpetrado. Aliás, seja dito, que, na Câmara e no Senado, Parlamentares sensatos da base aliada e da oposição divergiram sobre a proposta da Presidente. Faltou consenso até dentro do partido da mandatária suprema da nação. Inclusive, se o novo imposto fosse sancionado a já abalada popularidade da Presidente cairia ainda mais. Está na hora, então, os Políticos, sejam de qual partido forem, tomarem uma atitude. Nesta emergência não se pode ser getuliano, “deixando como está para ver como é que fica”. Cumpre oferecer perspectivas concretas mais confortáveis para a população.

O 7 de setembro que se aproxima precisa mexer com os brios dos autênticos patriotas. Do contrário, o Brasil estará nas próximas eleições presidenciais entregue mais uma vez a uma demagogia perversa. É preciso evitar a má política, a política antipolítica, a política dos oportunistas, desobstruindo o caminho para os capazes. Isto significa amar a pátria, que é “a mãe comum de todos nós”, como bem sentenciou o escritor latino Marco Túlio Cícero. Este amor é um sentimento sagrado que deve borbulhar em todos os corações. Quando a situação é esta que se contempla no Brasil de hoje há deveres para todos no sentido de contribuir na medida do possível para que surjam dias melhores.

O verdadeiro patriotismo não é de nenhum partido, pois todos os partidos podem e devem oferecer políticos abalizados, probos, competentes que, realmente, trabalhem para o bem comum. O Brasil, que pode se blasonar de notáveis Presidentes da República que se mostraram extraordinários estadistas, promovendo a grandeza desta nação, não pode ficar ao léo de improvisações e gastos astronômicos. Depois passam a conta para um povo sofrido. A carga tributária já é horrípila, aumentá-la será mais uma prova da incompetência dos atuais governantes.

 

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos / Portal Kairós