CFE-2016 motiva a reflexão sobre o relacionamento com o outro

cf2016_seminarios_01O tema escolhido para a reflexão na Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 é “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” do livro de Amós 5.24. A proposta está em sintonia com a Encíclica do papa Francisco, “Laudato Si”.

“Nesse tema e lema, duas dimensões básicas para a subsistência da vida são abarcadas a um só tempo: o cuidado com a criação e a luta pela justiça, sobretudo dos países pobres e vulneráveis. Nessa Campanha da Fraternidade Ecumênica, queremos instaurar processos de diálogos que contribuam para a reflexão crítica dos modelos de desenvolvimento que têm orientado a política e a economia”, explica a coordenação geral, representada pelo bispo da Igreja Anglicana e presidente do Conic, dom Flávio Irala, e a secretária-geral, pastora Romi Márcia Bencke.

O profeta Amós afirma em seu texto que a situação social do povo é importante para Deus, e que o culto se torna vazio e mentiroso se as pessoas vão aos templos, oferecem sacrifícios para Deus, mas permitem que a injustiça degrade a vida dos pobres, filhos amados e filhas amadas de Deus.

O profeta deixa bem claro que a fidelidade a Deus, tem tudo a ver com o cuidado que temos que ter, uns com os outros e com os dons da natureza.

O texto destaca questões como o caos social, o rompimento das relações afetivas e da relação com Deus. Como lema da Campanha, a proposta é que as pessoas repensem suas vidas e mudem suas atitudes em prol do bem comum.

Padre Leandro Alves de Souza, assessor da sub-região pastoral Aparecida da Campanha da Fraternidade, explicou as inspirações do lema da Campanha desse ano, e salientou que dentre as várias questões para reflexão, está à importância das pessoas estabelecerem relações verdadeiras e não de interesses.

 

a12.com

Cuidar de nossa “Casa Comum”

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Como família, entendemos bem o termo utilizado na Campanha da Fraternidade (CF) deste ano: Casa Comum. Lugar onde todos habitam e, portanto, todos são responsáveis por ela. Por isso, as famílias são especialmente tocadas nesta CF, porque a moradia (seja a casa ou o ambiente como um todo) refere-se diretamente à situação de vida delas. E os “sinais dos tempos” têm sido mais de morte do que de vida.

Olhando para o saneamento básico, ponto focal desta CF, a sua falta ou precarização é motivo de graves problemas de saúde. Só para exemplificar, crianças ainda morrem por doenças adquiridas por contaminação da água e não tratamento do esgoto no Brasil, e o não cuidado com as águas da chuva, por exemplo, ajuda na proliferação do mosquito da dengue, do zika e da chikungunya. Quer mais? O desperdício de água e o não tratamento adequado do lixo (residencial e industrial) colocam em situação grave nossas cidades e nossas famílias.

A palavra de Deus ilumina nossa realidade, nos convocando a unir profundamente a fé e a vida. Deus alerta, por meio do profeta Amós: viver o culto sem praticar o direito e a justiça não é lhe é agradável! (cf. Am 5, 21-24). Então, não promover a vida das pessoas e de todos os seres criados por Deus é deixá-los na insegurança, na impossibilidade de uma vida digna e plena, ao contrário do que quer Jesus (cf. Jo 10,10). E ainda, alerta o papa Francisco, que, ao não cuidar do meio ambiente, negamos a existência aos outros (LS n. 95). Ou seja, podemos escolher o caminho da morte e não o da vida (cf. Dt 30,15).

As famílias atingidas pela seca, ou pelas enchentes, ou pelos “desastres ambientais”, como vimos recentemente no Brasil, ou aquelas que são obrigadas a viver em meio ao esgoto e lixo a céu aberto, gritam dia e noite, clamando por justiça. Quem as ouve? O sistema econômico gerador de desigualdades, que oprime e manipula a vida? O sistema político movido pelos interesses dos grandes? Como o povo no Egito, seu clamor chega a Deus (cf. Ex 3,7) e ele suscita homens e mulheres, nas diversas condições, para profetizar em seu nome e libertar o seu povo.

Famílias, comunidades, igrejas, lideranças políticas e de movimentos sociais são convocadas a educar as consciências e a participar da construção de políticas públicas que gerem vida para todos. Comecemos pelas nossas famílias na quaresma: oração e jejum que modifiquem nossas ações (consumir menos e participar das reivindicações por melhorias, por exemplo).

 

Suzana Coutinho

Artigo do Pe. Dr. Brendan Coleman sobre a CFE 2016

Artigo do Pe. Dr. Brendan Coleman sobre a CFE 2016

Está à venda nas livrarias católicas e evangélicas a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016. O Tema da Campanha é: “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema é: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5, 24). O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) é responsável pela CF 2016. O CONIC é composto pelas seguintes igrejas: A Igreja Católica Apostólica Romana; A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; A Igreja Presbiteriana Unida do Brasil; e A Igreja Sirian Ortodoxo de Antioquia.

Além dessas Igrejas três organizações participaram na Comissão da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016: O Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), Visão Mundial, Aliança de Batistas do Brasil. As Igrejas que integram o CONIC assumem como missão expressar em gestos e ações o mandato evangélico da unidade, que diz: “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em Ti; que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste”(Jo 17,21). Seria importante mencionar também a contribuição da Misereor dos católicos da Alemanha para a CF 2016, que desde uma perspectiva de fé, significa também assumir a responsabilidade comum pelo futuro da Terra.

Entre várias importantes fontes que marcaram o ano 2015 preocupadas com as mudanças climáticas precisamos mencionar duas: “Peregrinação por justiça e paz” do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) que destaca a necessidade urgente da superação desse modelo de desenvolvimento que está baseado no consumo e na ganância; e a Encíclica do Papa Francisco Laudato Sí sobre o cuidado da Casa Comum.

O Objetivo Geral da Campanha é: “Assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum”. Os oito Objetivos Específicos da CF mostram a preocupação com o saneamento básico no Brasil:

a) Unir Igrejas, diferentes expressões religiosas e pessoas de boa vontade na promoção da justiça e do direito ao saneamento básico; b) Estimular o conhecimento da realidade local em relação aos serviços de saneamento básico; c) Incentivar o consumo responsável dos dons da natureza, principalmente da água; d) Apoiar e incentivar os municípios para que elaborem e executem o seu Plano de Saneamento Básico; e) Acompanhar a elaboração e a excussão dos Planos Municipais de Saneamento Básico; f) Desenvolver a consciência de que políticas públicas na área de saneamento básico apenas tornar-se-ão realidade pelo trabalho e esforço conjunto; g) Denunciar a privatização dos serviços de saneamento básico, pois eles devem ser política pública como obrigação do Estado; e h) Desenvolver a compreensão da relação entre ecumenismo, fidelidade à proposta cristã e envolvimento com as necessidades humanas básicas. As noventa páginas do Pe. Dr. Brendan Coleman são realmente uma enciclopédia sobre saneamento básico.

 

Artigo do Pe. Dr. Brendan Coleman sobre a Campanha da Fraternidade de 2016
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald
Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1