Resumo e Estudo do Documento 109

Documentos da CNBB 109 – Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora 2019 – 2023

Documento 109

Documento 109 Subsídios:

Na Área Especial

O Documento 109 da igreja:

ABAIXO HÁ OS SEGUINTES SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DAS NOVAS DIRETRIZES (DOCUMENTO 109 – CNBB)

  1. SETE ENCONTROS POPULARES
  2. LEITURA TEMÁTICA DAS DIRETRIZES
  3. LEITURA RÁPIDA – PARÁGRAFO POR PARÁGRAFO – DO DOCUMENTO 109

1º SUBSÍDIO

SETE ENCONTROS POPULARES (documento 109 CNBB)

ORIENTAÇÕES GERAIS:  Estes encontros têm por objetivo possibilitar a todas as pequenas comunidades o contato com as ideias principais das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (2019 – 2023). Ao final da apresentação do conteúdo é proposta uma pergunta que ajudará os presentes a refletirem de forma espontânea as ideias apresentadas. Obviamente que outras perguntas podem surgir.

ORAÇÃO INICIAL PARA TODOS OS DIAS

Senhor, queremos evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em pequenas comunidades missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da casa comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude. (Rezar um Pai Nosso e dez Aves Maria seguido do Glória e Ó meu Jesus…

ORAÇÃO FINAL PARA TODOS OS DIAS

Esta oração é parecida com o terço. As Aves Maria são substituídas por frases que são repetidas por dez vezes.

PRIMEIRO MISTÉRIO – Que nossos corações se abram à Palavra de Deus

Rezar um Pai Nosso, seguido de dez invocações da frase abaixo:

== Tua Palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho

Depois das dez invocações: Glória… seguido do Ó meu Jesus…

SEGUNDO MISTÉRIO – Nossas casas são Igreja Doméstica

Rezar um Pai Nosso, seguido de dez invocações da frase abaixo:

== Eu e minha casa serviremos ao Senhor (Josué 24,15)

Depois das dez invocações: Glória… seguido do Ó meu Jesus…

TERCEIRO MISTÉRIO – Somos todos missionários enviados pelo Senhor

 Rezar um Pai Nosso, seguido de dez invocações da frase abaixo:

== Quem irá falar em nome do Senhor? Respondi: eis-me aqui, envia-me

Rezar um Pai Nosso, seguido de dez invocações da frase abaixo:

Depois das dez invocações: Glória… seguido do Ó meu Jesus…

QUARTO MISTÉRIO – Onde há o amor e a caridade, Deus aí está.

Rezar um Pai Nosso, seguido de dez invocações da frase abaixo:

== Tudo o que fizeram ao menor dos irmãos foi a mim que o fizeram

Depois das dez invocações: Glória… seguido do Ó meu Jesus…

QUINTO MISTÉRIO – Somos testemunhas do amor de Deus para o mundo

Rezar um Pai Nosso, seguido de dez invocações da frase abaixo:

== Senhor fazei-me instrumento de vossa Paz;

Depois das dez invocações: Glória… seguido do Ó meu Jesus…

Terminar com “Salve Rainha” e o cântico Ó minha Senhora e também minha mãe, eu me ofereço inteiramente todo a vós e em prova de minha devoção.

1º ENCONTRO – A igreja nas casas

ORAÇÃO INICIAL PARA TODOS OS DIAS

LEITOR 1 – A casa foi um dos lugares privilegiados para o encontro e o diálogo de Jesus e seus seguidores com as pessoas. Nas casas Ele curava e perdoava os pecados (Mc 2,1-12), partilhava a mesa com publicanos e pecadores (Mc 2,18-22), refletia sobre assuntos importantes como o jejum (Mc 2,18-22), orientava sobre o comportamento na comunidade (Mc 9,33 ss; 10,10) e a importância de se ouvir a Palavra de Deus (Mt 13,17.43).

LEITOR 2 – Os encontros de Jesus nas casas alargam as relações fraternas e comunitárias nos ambientes domésticos por onde ele passa (Mt 8,14; Lc 10, 38-42; Lc 19,1-10). A casa é assim assumida como lugar para cultivo e vivência dos valores do Reino.

TODOS: Na Igreja vivida nas casas, ninguém passava necessidade, pois tudo era partilhado conforme a necessidade de cada um (At 4,34-35).

LEITOR 1 – As comunidades nas casas eram organizadas, a partir de uma ordem fraterna com a participação ativa das mulheres e cuidado especial para com os mais fracos e pobres. Eles não queriam o isolamento, mas a responsabilidade de favorecer um testemunho capaz de atrair outras pessoas (1 Cor 14,23; 1 Ts 4,12).

LEITOR 2 – A casa permitiu que o cristianismo primitivo se organizasse em pequenas comunidades, com poucas pessoas, que se conheciam e compartilhavam a mesa da refeição cotidiana. A hospitalidade era aberta também a pecadores e pagãos.

TODOS: Na Igreja vivida nas casas, ninguém passava necessidade, pois tudo era partilhado conforme a necessidade de cada um (At 4,34-35).

LEITOR 1 – Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 10, 38-42: Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar. O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.

Palavra do Senhor – Todos: Graças a Deus.

PERGUNTA QUE AJUDA A REFLETIR: O que podemos fazer para que a nossa pequenas comunidade se pareça com aquelas que os primeiros cristãos reuniam em suas casas?

ORAÇÃO FINAL PARA TODOS OS DIAS

2º ENCONTRO – O que podemos encontrar na casa dos cristãos que se abrem para acolher as pequenas comunidades

ORAÇÃO INICIAL PARA TODOS OS DIAS

  1. CASA: lugar da ternura

LEITOR 1: Em nossas comunidades a afetividade, a empatia, a ternura com o irmão devem ser as marcas desta casa da fraternidade que o Papa Francisco chama de revolução da ternura.

TODOS: Os cristãos eram um só coração e uma só alma (At 4,32).

LEITOR 2: Por comungarmos do mesmo pão, na Eucaristia, na Palavra e na vida, somos irmãos que caminham juntos e nada que diga respeito à alegria e à dor do outro pode nos ser indiferente (Lc 10,25-37; 16,19-31 cf Jo 3,17).

LEITOR 1: Em um mundo marcado pela violência e ódio crescentes, com a destruição como resposta aos problemas, a comunidade cristã se torna profeta ao viver a fraterna e solidária convivência como resposta à violência.

TODOS: Os cristãos eram um só coração e uma só alma (At 4,32).

  • CASA: lugar das famílias

LEITOR 2: A proximidade com as famílias em sua condição real de vida ajudará a experimentar a misericórdia de Deus que, em Jesus, se aproximou da viúva que enterrava seu filho único (Lc 7, 11-17), da sogra de Pedro, que sofria doente (Lc 4, 38-40), de Jairo e de sua filha que estava morrendo (Lc 8, 40-56) e de outras famílias e pessoas que necessitavam da sua presença, da sua palavra e da sua consolação.

TODOS: Os cristãos eram um só coração e uma só alma (At 4,32).

LEITOR 1: A comunidade cristã missionária pode, de fato, acontecer nos lares e grupos de famílias que se tornam núcleos comunitários onde a Igreja se reúne para meditar a Palavra, rezar, partilhar o pão e a vida. A formação de núcleos familiares que formem pequenas comunidades é o ideal de toda ação missionária das comunidades.

TODOS: Os cristãos eram um só coração e uma só alma (At 4,32).

LEITOR 2:Leitura do Livro Atos dos Apóstolos 2, 42-45:Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Palavra do Senhor. TODOS: Graças a Deus

PERGUNTA QUE AJUDA A REFLETIR:

O que podemos fazer na nossa pequena comunidade para que exista mais partilha não só de tempo, mas de carinho e ternura entre nós?

ORAÇÃO FINAL PARA TODOS OS DIAS

3º ENCONTRO – quatro pilares da evangelização para 2019 a 2023

Temos que decorar os 4 pilares: PRIMEIRO PILAR: ==A PALAVRA

ORAÇÃO INICIAL PARA TODOS OS DIAS

LEITOR 1: O livro dos Atos dos Apóstolos relata que os cristãos ouviam a Palavra nas casas e discerniam a experiência da vida em Deus, conscientes de que a fé provém da escuta (Rm 10,17). Descobrem pela leitura Bíblica que é Deus quem toma a iniciativa de comunicar seu amor salvífico. Os primeiros cristãos assim faziam a iniciação cristã através do encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo através da celebração da Palavra e pela leitura orante da Bíblia.

TODOS: Senhor, que a vossa Palavra transforme a nossa vida.

LEITOR 2: Também hoje, a partir do encontro com a Palavra e da experiência de vida fraterna na comunidade que se reúne na casa, as pessoas são introduzidas no processo da iniciação da vida cristã. O Batismo, pelo qual somos configurados a Cristo, incorporados na Igreja e feitos filhos de Deus, é a porta de acesso a todos os sacramentos. TODOS: Senhor, que a vossa Palavra transforme a nossa vida.

LEITOR 1: Iniciação à Vida Cristã e Palavra de Deus estão intimamente ligadas. É importante ter consciência de que a Palavra de Deus nos é dada precisamente para construir a comunhão. Sendo uma Palavra que se dirige a cada um pessoalmente, é também uma palavra que constrói comunhão, que constrói a Igreja.

TODOS: Senhor, que a vossa Palavra transforme a nossa vida.

LEITOR 2: O contato intensivo e vivencial com a Palavra de Deus confere à comunidade cristã um caráter de formação discipular. O Evangelho passa a ser o critério decisivo para o discernimento em vista da vivência cristã.

TODOS: Senhor, que a vossa Palavra transforme a nossa vida.

LEITOR 1: Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos (10, 8b.-10.14b,-15): A Palavra está perto de você, em sua boca e em seu coração. Isto é, a Palavra de fé que nós pregamos. Pois se você confessa com sua boca que Jesus é o Senhor, e acredita com seu coração que Deus o ressuscitou dos mortos, você está salvo. É acreditando de coração que se obtém a justiça e é confessando com a boca que se chega à salvação. Como poderão acreditar se não ouviram falar dele? E como poderão ouvir se não houver quem anuncie? Como poderão anunciar se ninguém for enviado?

PERGUNTA QUE AJUDA A REFLETIR:

Quais as transformações que aconteceram nas nossas casas a partir do momento que passamos a nos reunir para refletir a Palavra de Deus?

Nossa vizinhança melhorou a partir das nossas reflexões sobre a Palavra?

ORAÇÃO FINAL PARA TODOS OS DIAS

Os efeitos da oração do Rosário

4º. ENCONTRO – segundo PILAR ==O PÃO

Eles eram perseverantes (…) na fração do pão e nas orações (At 2,42)

ORAÇÃO INICIAL PARA TODOS OS DIAS

LEITOR 1: Entre os primeiros cristãos, a comunhão se expressava principalmente na celebração da Eucaristia. A celebração eucarística alimentava a esperança do mundo que há de vir (1 Cor 11,17-32). Essa realidade implicava em trilhar um caminho pascal, para viver no mundo sem ser do mundo (Jo 17.14-16).

TODOS: Nós precisamos perseverar na fração do pão e nas orações

LEITOR 2: A mesa Eucarística no centro da celebração da fé cristã indica-a como núcleo transformador das pessoas em discípulas missionárias, que vivem a fraterna convivência e se dispõem a anunciar o amor ao mundo. Assim é que tomam consciência de que são colaboradores de Deus na missão e são impelidos a saírem ao encontro das pessoas e à prática da misericórdia.

TODOS: Nós precisamos perseverar na fração do pão e nas orações

LEITOR 1: É preciso sempre pedir ao Senhor: “ensina-nos a orar” (Lc 11,1). Orar, antes de ser o resultado de um esforço humano, é a ação do Espírito Santo em nós (Gl 4,6).

TODOS: Na pastoral, é preciso superar a ideia de que o agir já é uma forma de oração. Não se pode reduzir tudo ao fazer, nos contentando apenas com reuniões, planejamentos e eventos. Muitas atividades podem facilmente levar os cristãos a caírem em tentações como ativismo, vaidade, ambição e o desejo do poder.

LEITOR 2: A Espiritualidade cristã se traduz na busca da santidade e alimenta um jeito de ser Igreja. Jesus deseja uma Igreja servidora, samaritana, pobre com os pobres, que somente pode ser alimentada através da oração e da contemplação. Somente o agir, desvinculado da oração, pode esvaziar a coragem e audácia missionária para o enfrentamento de desafios somente superados por um ardor vivo mantido pela oração.

TODOS: Nós precisamos perseverar na fração do pão e nas orações

LEITOR 1: Os desafios dos nossos tempos são novos, mas a dor humana continua a mesma que sensibilizou e continua a impactar os santos e santas de todos os tempos, impelindo-os a uma saída efetiva do seu lugar em direção ao lugar onde o outro se encontra.

PERGUNTA QUE AJUDA A REFLETIR

O que de fato significa comungar a Santa Eucaristia?

Como podemos fazer a Eucaristia que comungamos tornar-se vida nova em nosso dia a dia?

ORAÇÃO FINAL PARA TODOS OS DIAS

5º ENCONTRO –  terceiro PILAR: ==A CARIDADE:

ORAÇÃO INICIAL PARA TODOS OS DIAS

LEITOR 1: Na fé cristã a espiritualidade está centrada na capacidade de amar a Deus e ao próximo. Rezar e servir, amar e contemplar são realidades indispensáveis para o discípulo missionário de Jesus Cristo. Somente contemplando o mundo com os olhos de Deus é possível perceber e acolher o grito que emerge das faces da pobreza e da agonia da criação.

TODOS: Fazei Senhor, que a exemplo de Cristo, e seguindo o seu mandamento, nos empenhemos no serviço aos que sofrem.

LEITOR 1: Saber chorar com os outros é santidade. Nós queremos chorar para que a sociedade também seja mais maternal para que, em vez de matar, aprenda a dar à luz.

TODOS: Fazei Senhor, que a exemplo de Cristo, e seguindo o seu mandamento, nos empenhemos no serviço aos que sofrem.

LEITOR 2: Anunciar Jesus é ensinar o que ele nos mandou: “aprendei a fazer o bem, buscai o direito, socorrei ao oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva” (Is 1,17). A evangelização do mundo urbano não pode prescindir da questão do trabalho. A solidariedade com quem sofre as consequências do desemprego e do trabalho precário é, pois, uma expressão importante de caridade, devendo se manifestar pela atuação organizada dos cristãos leigos e leigas.

TODOS: Fazei Senhor, que a exemplo de Cristo, e seguindo o seu mandamento, nos empenhemos no serviço aos que sofrem.

LEITOR 1: Igualmente a caridade se expressa no empenho e na atuação política dos cristãos e das comunidades cristãs. A boa política é um meio privilegiado para promover a paz e os direitos humanos fundamentais. A omissão dos cristãos neste campo traz gravíssimas consequências para a ação transformadora na Igreja e no mundo (CNBB Doc 105 cap. III).

TODOS: Fazei Senhor, que a exemplo de Cristo, e seguindo o seu mandamento, nos empenhemos no serviço aos que sofrem.

LEITOR 2: Leitura do Profeta Isaías (1, 16-18): Lavem-se, purifiquem-se, tirem da minha vista as maldade que vocês praticam. Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem; busquem o direito, socorram o oprimido, façam justiça ao órfão, defendam a causa da viúva. Então venham e escutarei vocês – diz Javé. Ainda que seus pecados sejam vermelhos como púrpura, ficarão brancos como a neve.  Palavra do Senhor.

PERGUNTA QUE AJUDA A REFLETIR – Há alguma família na nossa vizinhança que necessita de algum cuidado especial nosso? Nem sempre este cuidado significa coisas materiais

ORAÇÃO FINAL PARA TODOS OS DIAS

6º ENCONTRO –  ainda sobre o terceiro PILAR: A CARIDADE:

ORAÇÃO INICIAL PARA TODOS OS DIAS

LEITOR 1: O Papa Francisco diz que deseja uma Igreja pobre para os pobres. Obedecendo aos apelos do Para, e somente assim, a Igreja será casa dos pobres como proclamou São João Paulo II ao afirmar que os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho.

TODOS: É missão da comunidade cristã a promoção da cultura da vida

LEITOR 1: Contemplar o Cristo sofredor na pessoa dos pobres significa comprometer-se com todos os que sofrem, buscando compreender as cau                                                                                                                                         sas de seus flagelos, especialmente as que os jogam na exclusão.

TODOS: É missão da comunidade cristã a promoção da cultura da vida

LEITOR 2: A ausência do sentido da vida é fonte de sofrimento. Também os cristãos são afetados por essa crise de sentido que gera cansaço, depressão, pânico, transtornos de personalidade e até suicídio. Essa situação ocorre porque se vive em uma sociedade que sustenta tudo ser possível, especialmente com o avanço de novas tecnologias indiferentes aos sofrimentos de muitos excluídos.

TODOS: É missão da comunidade cristã a promoção da cultura da vida

LEITOR 2: A situação dos migrantes e refugiados preocupa a Igreja. Uma comunidade cristã precisa ter as portas abertas para o migrante, pois seus membros devem reconhecer que a acolhida ao estrangeiro é expressão concreta do amor que salva (Mt 25 cf. Hb 11,13).

TODOS: É missão da comunidade cristã a promoção da cultura da vida

LEITOR 1: A Igreja também olha para os povos indígenas, quilombolas e pescadores, reconhece e defende seus direitos, entre os quais a permanência em seus territórios. Reconhece a presença dos nômades e defende seus direitos. Esta pluralidade de culturas em nada ameaça a soberania nacional, ao contrário, enriquece uma grande nação formada por diversos povos.

TODOS: É missão da comunidade cristã a promoção da cultura da vida

LEITOR 2: Leitura do livro dos Hebreus 13, Perseverem no amor fraterno. Não se esqueçam da hospitalidade, pois, algumas pessoas, graças a ela, sem saber, acolheram anjos. Lembrem-se dos presos, como se estivessem na prisão com eles. Lembrem-se dos que são torturados (pelos sofrimentos da fome, falta de moradia, falta de remédios), pois vocês também têm um corpo. Palavra do Senhor.

PERGUNTA QUE AJUDA A REFLETIR:

O que podemos fazer para promover mais convivência entre as famílias que vivem ao redor da nossa pequena comunidade?

ORAÇÃO FINAL PARA TODOS OS DIAS

7º ENCONTRO – quarto pilar: ==A AÇÃO MISSIONÁRIA:

ORAÇÃO INICIAL PARA TODOS OS DIAS

LEITOR 1: A realidade urbana é porta para o Evangelho e as comunidades cristãs precisam ter um olhar propositivo sobre essa realidade, cientes de que Deus preparou uma cidade para eles (Hb 11,16; Ap 3,20). Cabe especialmente à Igreja como sacramento de união com Deus e da unidade de todo o gênero humano, guiada pelo Espírito Santo, incentivar a descoberta das sementes do Verbo, presentes nas várias culturas e promover o encontro dessas culturas com Jesus Cristo que as ilumina.

TODOS: Muitos irmãos nossos vivem sem a força e a consolação da amizade com Jesus Cristo. Que possamos levar esta luz para eles.

LEITOR 2: Precisamos perceber que, se alguma coisa nos deve santamente  preocupar a nossa consciência, é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida.

TODOS: Muitos irmãos nossos vivem sem a força e a consolação da amizade com Jesus Cristo. Que possamos levar esta luz para eles.

LEITOR 1: Infelizmente, os conhecimentos básicos da fé cristã não só deixaram de existir, como são até, frequentemente negados em grandes setores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas.

TODOS: Muitos irmãos nossos vivem sem a força e a consolação da amizade com Jesus Cristo. Que possamos levar esta luz para eles.

LEITOR 2: A comunidade expressa sua missionariedade quando assume a humanização das relações sociais, tais como gestos de acolhida, amparo nas tribulações, consolo no luto, defesa de direitos, sede de justiça. Merecem atenção especial os lugares de pobreza em suas diversas formas, nas grandes cidades e demais regiões do país.

TODOS: Muitos irmãos nossos vivem sem a força e a consolação da amizade com Jesus Cristo. Que possamos levar esta luz para eles.

LEITOR 1: Leitura de 2 Timóteo (4, 1-5) … proclame a Palavra de Deus, insista no tempo oportuno e inoportuno (…) com toda paciência e doutrina. Pois vai chegar o tempo em que não se suportará mais a doutrina; pelo contrário, com a comichão de ouvir alguma coisa, os homens se rodearão de mestres a seu bel prazer. Quanto a você, seja sóbrio em tudo, suporte o sofrimento, faça o trabalho de um anunciador do Evangelho, realize plenamente o seu ministério. Palavra do Senhor.

PROPOSTAS DE AÇÃO: Quais atividades podem tornar a nossa ação missionária mais eficaz junto às famílias que ainda não decidiram participar da nossa pequena comunidade?

ORAÇÃO FINAL PARA TODOS OS DIAS

Documento 109

CÂNTICOS

1- EIS-ME AQUI SENHOR! Eis-me aqui, Senhor! Pra fazer Tua Vontade, pra viver do Teu Amor / Pra fazer Tua Vontade, pra viver do Teu amor / Eis-me aqui, Senhor!

  1. O Senhor é o Pastor que me conduz / Por caminhos nunca vistos me enviou / Sou chamado a ser fermento, sal e luz / E por isso respondi: aqui estou!
  2. Ele pôs em minha boca uma canção / Me ungiu como profeta e trovador / Da história e da vida do meu povo / E por isso respondi: aqui estou!
  3. Ponho a minha confiança no Senhor / Da esperança sou chamado a ser sinal / Seu ouvido se inclinou ao meu clamor / E por isso respondi: aqui estou!

2- PELAS ESTRADAS DA VIDA

  1. Pelas estradas da vida, nunca sozinho estás / Contigo pelo caminho, Santa Maria vai – REFRÃO – Ó vem conosco, vem caminhar, Santa Maria vem / Ó vem conosco, vem caminhar, Santa Maria vem
  2. Se pelo mundo os homens, sem conhecer-se vão / Não negues nunca a tua mão a quem te encontrar / REFRÃO – Ó vem conosco, vem caminhar…
  3. Mesmo que digam os homens, tu nada podes mudar / Luta por um mundo novo de unidade e paz – REFRÃO – Ó vem conosco, vem caminhar…
  4. VEJAM! EU ANDEI PELAS VILAS
  5. Vejam: Eu andei pelas vilas, apontei as saídas como o Pai me pediu / Portas eu cheguei para abri-las, eu curei as feridas como nunca se viu

Refrão= Por onde formos também nós que brilhe a tua luz / Fala, Senhor, na nossa voz, em nossa vida / Nosso caminho então conduz, queremos ser assim / Que o pão da vida nos revigore em nosso sim.

  • Vejam: Fiz de novo a leitura das raízes da vida que meu Pai vê melhor / Luzes acendi com brandura, para a ovelha perdida não medi meu suor – Refrão= Por onde formos…
  • Vejam: Procurei bem aqueles que ninguém procurava e falei de meu Pai / Pobres, a esperança que é deles eu não quis ser escravo de um poder que retrai – Refrão
  • Vejam: Procurei ser bem claro; o meu reino é diverso, não precisa de Rei / Tronos, outro jeito mais raro de juntar os dispersos o meu Pai tem por lei –  Refrão

4- SENHOR SE TU ME CHAMAS EU QUERO TE OUVIR. / SE QUERES QUE EU TE SIGA, RESPONDO: EIS-ME AQUI.

  1. Profetas te ouviram e seguiram tua voz,  / andaram mundo afora e pregaram sem temor.  / seus passos tu firmastes sustentando seu vigor.  / profeta tu me chamas: vê Senhor, aqui estou.
    B- Nos passos do teu Filho toda Igreja também vai,  / seguindo teu chamado de ser santa qual Jesus.  / apóstolos e mártires se deram sem medir.  / apóstolo me chamas: vê Senhor, estou aqui.
    C- Os séculos passaram, não passou, porém tua voz  / que chama ainda hoje, que convida a te seguir. / há homens e mulheres que te amam mais que a si,  / e dizem com firmeza: vê Senhor, estou aqui.

5- VEM, VEM, VEM, ESPÍRITO SANTO / Transforma a minha vida, quero renascer (2x) Quero abandonar-me em seu amor / Encharcar-me em seus rios, Senhor / Derrubar as barreiras do meu coração (2x)

6- EU TE PEÇO DESTA ÁGUA QUE TU TENS, és água viva meu senhor! / tenho sede, tenho fome de amor, e acredito nesta fonte de onde vens. / vens de Deus, estás em Deus, também és Deus. / E Deus contigo faz um só, eu, porém, que vim da terra e volto ao pó, / quero viver eternamente ao lado teu.
És água viva, és vida nova, / e todo dia me batizas outra vez, / me fazes renascer, me fazes reviver, eu quero água desta fonte de onde vens!(bis)

2º SUBSÍDIO

LEITURA TEMÁTICA DAS DIRETRIZES

  1. MUNDO URBANO – o ambiente da Ação Missionária

“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali eu estarei, no meio deles” (Mt 18,20)

A fé ensina que Deus vive na cidade, em meio a alegrias, desejos e esperanças, como também em meio a dores e sofrimentos. Cabe à Igreja, iluminada pelo Espírito Santo, contemplar esta realidade, distinguindo nela o que esse mesmo Espírito já está dizendo e fazendo (Ap 2,7.11.17.29), identificando as sombras que negam o Reino de Deus e as luzes, sinais do que o próprio Senhor está realizando. xx

Para pensar a Igreja no Brasil, um país continental, é necessário ter algum parâmetro (ponto comparativo) que, nas DGAE 2019/2023 será a realidade urbana.  E a área rural? Fica de fora?– perguntará alguém. A resposta é que aonde chegam energia e internet, hoje, chegam também os valores do mundo urbano, trazendo junto o individualismo e a solidão, geradores também de suicídios que é um grande apelo à atuação da Igreja. Mas, temos que ter um cuidado no parâmetro (ponto comparativo) das cidades:

== Não cair na generalização de achar que todas as cidades sejam iguais ou que mantenham alguma identificação com o modelo das cidades do passado.

== Podemos afirmar que, hoje, há diferenças de uma cidade para outra.

== Embora com características diferenciadas, as cidades atuais são locais onde as pessoas escolhem caminhos para o sentido de suas vidas. Fazem escolhas motivadas pelo imediatismo de forma diversificada e fragmentada.

Devido a esta complexidade, a ação evangelizadora deve estar atenta aos efeitos da urbanização sobre as pessoas, grupos e sobre a sociedade como um todo. À Igreja cabe incentivar a descoberta de sementes do Verbo, presentes nas várias culturas que coexistem nas cidades e promover o encontro delas com Jesus para que a Palavra do Filho de Deus as ilumine.

ATENÇÕES IMPORTANTES NA EVANGELIZAÇÃO DAS CIDADES:

1- A evangelização do mundo urbano sobre a questão do trabalho. A solidariedade para com quem sofre as dores do desemprego e do trabalho precário é, pois, uma expressão importante de caridade da Igreja.

2- Igualmente a evangelização e caridade vividas nas cidades na atuação política dos cristãos e comunidades cristãs. A boa política é um meio privilegiado para viver a caridade e promover a paz e os direitos humanos fundamentais. A omissão dos cristãos neste campo traz gravíssimas consequências para a ação transformadora na Igreja e no mundo (CNBB Doc 105 cap. III).

3- Evangelização junto às pessoas que vivem a mobilidade social, forçada ou não. A vida das pessoas nas cidades já não acontece mais em um único local. Elas trabalham, moram, tem lazer e praticam a fé em bairros ou até mesmo cidades diferentes.  Isso é bom na medida em que se multiplicam as fontes da experiência da vida. Mas, são sombras, quando a mobilidade é forçada, como para as pessoas em situação de rua, refugiados e outros.

JESUS E OS DISCÍPULOS NAS CIDADES

Jesus percorria todas as cidades e povoados ensinando em suas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino. (Mt 9,35; At 8,40).

Os discípulos missionários são convocados a escutar e compreender a mentalidade urbana atual e perceber que Deus já está presente no meio de muitos grupos. Contudo, muitas vezes a comunidade cristã também se assusta com fenômenos que afetam as pessoas nas cidades. Eis alguns sustos:

O INDIVIDUALISMO QUE ASSUSTA

No mundo, há séculos, teorias acentuam a dimensão individual da existência. É certo que cada pessoa possui uma dignidade irrenunciável e insubstituível, fruto da ação criadora de Deus. Por outro lado, a dimensão individual não pode ficar isolada ou diminuir a fraternidade e a comunhão entre as pessoas. Quando isso acontece surge o individualismo que só valoriza outras pessoas enquanto são úteis e capazes de produzir e oferecer algo.

O individualismo enfraquece as instituições, principalmente a família. Quando importa para o indivíduo somente seus “quereres”, a vida comunitária familiar perde o valor. Eis o grande desafio da evangelização: enfrentar a mentalidade que afirma claramente ser a família uma realidade ultrapassada.

COMO ENFRENTAR MISSIONARIAMENTE O INDIVIDUALISMO

Em contraponto ao individualismo que se espalha nas cidades a Igreja, junto aos que sofrem especialmente os que sequer têm direito à sobrevivência, é chamada a reproduzir a imagem do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37).

A EXCLUSÃO QUE ASSUSTA

A redução da função social do Estado fere a dignidade das pessoas e enfraquece o exercício dos direitos humanos. Crianças, adolescentes, idosos, enfermos, deficientes ou pessoas com pouca escolaridade são as mais desprotegidas socialmente. O Estado se distancia destas pessoas e se aproxima só dos interesses do mercado. Modifica-se ao mesmo tempo o papel tradicional da família e da comunidade na transmissão dos valores humanos e cristãos. O grande valor apregoado é a produção e geração de riquezas.

COMO ENFRENTAR A MISSIONARIAMENTE A EXCLUSÃO

A comunidade cristã deve ser a voz dos que clamam por vida digna. Terra, trabalho e teto são três palavras chave, expressão das preocupações do Papa Francisco com a situação dos excluídos do mundo contemporâneo. Por isso a comunidade cristã não pode acovardar-se diante das lutas por terra, trabalho e moradia.

O CONSUMISMO QUE ASSUSTA

O grande valor apregoado é o consumo desenfreado. As pessoas passam a ser avaliadas em virtude de sua capacidade de participar do mercado como consumidoras. Essa individualização consumista da vida está diretamente ligada a diversos fenômenos que nos assustam cada dia mais. == Corruptos que pensam somente em seus próprios interesses. == Traficantes que destroem pessoas e famílias, buscando recursos para consumos desenfreados. == A busca pela legalização da morte de quem ainda nem nasceu. == O aumento do número dos grupos de extermínio na busca pelo conforto de indivíduos. Tudo isso chega às portas dos hospitais públicos sem recursos para atender à demanda de pessoas fora do núcleo consumista. As cidades são divididas em áreas: algumas controladas pelo Estado de Direito e outras pelo poder paralelo. Neste sentido é que se pode afirmar que individualismo/consumismo e violência são dois lados da mesma moeda.

COMO ENFRENTAR MISSIONARIAMENTE O CONSUMISMO

Em meio a esta mentalidade consumista, pela fé, reconhecemos o Senhor presente e atuante junto a nós (Jo 14,18). Se por um lado == constatamos a expansão da mentalidade do “indivíduo consumista”, por outro == verificamos atitudes culturais de resistência, que valorizam mais as pessoas que o consumo, mais a obediência a Deus que adesão às tendências e modismos do momento presente (At 5,29). Ser discípulo implica deixar-se encontrar pelo Senhor e com ele estar (Mc 8,13-15) e formar comunidade com os outros discípulos e discípulas (At 2, 42-47).

As luzes que se enxergam na ação da Igreja são as pessoas que não medem distância para o encontro entre as comunidades. Nestes encontros acontece a ajuda solidária, não só de recursos financeiros como também humano.

CONCLUINDO- Existem muitos modos de compreender as cidades e com elas interagir. Como evangelizadores devemos olhar para cada pessoa, em especial a que sofre, nela enxergando o Cristo Senhor (Mt 25,40) e, por isso, agindo firmemente em vista da superação de todo sofrimento.

ENCAMINHAMENTOS

1- Ter pessoas atentas ao acompanhamento da cidade, reconhecendo novas coisas ou novos ambientes onde a evangelização precisa chegar.

2- Desenvolver visitas missionárias em áreas e ambientes distantes da vida da Igreja. Estabelecer uma agenda (cronograma) de visitas de modo que se possa acompanhar o amadurecimento das pessoas e estimular a formação de novas pequenas comunidades.

3- Favorecer a comunicação das Paróquias que atuam numa mesma cidade para troca de experiências e possíveis trabalhos em comum.

4- Valorizar urgentemente como espaços missionários hospitais e velórios, escolas, universidades, o mundo da cultura e das ciências, os presídios e outros lugares de detenção. Em espaços assim, a presença fraterna e orante é o ponto de partida para o anúncio e a formação de comunidades.

5- Priorizar a pessoa como “objetivo da ação missionária”. (Lc 24,13-35)

  1. UM NOVO JEITO DE SER IGREJA:

A IMAGEM DA IGREJA COMO “CASA”

No momento atual a conversão pastoral se apresenta como desafio irrenunciável que se concretiza na formação de pequenas comunidades cristãs missionárias em variados ambientes, inclusive nas casas.

As DGAE 2019-2023 orientam que as pequenas comunidades missionárias se configurem como casas da Palavra, do Pão, da Caridade e abertas constantemente à missão. Esta abertura missionária possibilita o crescimento na fé e consequente comunhão fraterna e engajamento de seus membros para a transformação social.

JESUS E OS DISCÍPULOS PRESENTE NAS CASAS

A casa, como o espaço familiar, foi lugar privilegiado para o encontro e o diálogo de Jesus e seus seguidores com diversas pessoas. Nas casas Ele curava e perdoava os pecados (Mc 2,1-12), partilhava a mesa com publicanos e pecadores (Mc 2,18-22), refletia sobre assuntos importantes como o jejum (Mc 2,18-22), orientava sobre o comportamento na comunidade (Mc 9,33ss; 10,10) e a importância de se ouvir a Palavra de Deus (Mt 13,17.43).

Os encontros de Jesus nas casas criavam oportunidades para experiências nas relações fraternas e comunitárias nos ambientes domésticos por onde ele passava (Mt 8,14; Lc 10,38-42; Lc 19,1-10).

A casa é lugar privilegiado para viver os valores do Reino Divino.

A Igreja nas casas, na experiência dos primeiros cristãos, garantia o senso de pertença à família de Deus (Mc 3,31-35), já não importando ser judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou mulher, mas somente ser de Cristo (Cl 3,11; Gal 3,28). Entre eles ninguém passava necessidade, pois tudo era partilhado e distribuído conforme a necessidade de cada um (At 4,34-35). Na primeira Carta aos Coríntios, São Paulo transmite a saudação da comunidade que se reúne na casa de Priscila e Áquila (1 Cor 16,19). Naquela casa a Igreja escutava a convocação de Cristo celebrando os Mistérios Sagrados.

PEQUENA COMUNIDADE MISSIONÁRIA: lugar da iniciação à vida cristã

Tendo a missão como eixo fundamental, as comunidades vividas nas casas são a Casa da Palavra, do Pão, da Caridade e da Missão. A partir do encontro com a Palavra e da experiência de vida fraterna na comunidade doméstica, as pessoas partilham suas alegrias e tristezas e como o encontro com o Senhor Jesus transformou suas vidas. É justamente esta partilha que possibilita a introdução no processo da iniciação da vida cristã das pessoas recém-chegadas à comunidade. Por isso a pequena comunidade é o lugar privilegiado para a iniciação à vida cristã, do cuidado para com os pobres, abertura aos jovens e, principalmente, o anúncio do Evangelho à Família, tornando-se verdadeiramente sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14).

A casa permitiu que o cristianismo primitivo se tornasse local privilegiado para a iniciação à vida cristã. Por isso é que houve a intenção de uma organização em pequenas comunidades, com poucas pessoas, que se conheciam e compartilhavam a vida e a fé na mesa da refeição cotidiana. Nas primeiras comunidades a hospitalidade era aberta também a pecadores e pagãos como forma de despertá-los para o encontro com o Senhor Jesus. Outra característica das primeiras comunidades cristãs era a organização, a partir de uma ordem fraterna, com mulheres atuantes na sua organização e todos, homens e mulheres, cuidadores dos membros mais fracos e pobres.

A Iniciação à Vida Cristã e a escuta à Palavra de Deus não podem ser separadas. Na pequena comunidade os catecúmenos vivenciam a partilha do pão e, pela escuta da Palavra e testemunho dos cristãos com mais tempo de caminhada, podem viver o querigma, catecumenato, purificação-iluminação e mistagogia. Este itinerário fundamentado na Escritura e na Liturgia é capaz de educar para a escuta da Palavra, para a oração pessoal e para o compromisso social.

As pequenas comunidades, hoje, enquanto casa da comunhão, são chamadas a celebrar o perdão e a misericórdia do Senhor. A experiência do amor misericordioso de Deus faz dos discípulos do Senhor embaixadores da misericórdia, abertos ao diálogo, acolhida, compreensão e compaixão (Lc 15,11-32). Igualmente é necessário formar comunidades dispostas a percorrer um caminho de discernimento espiritual, buscando a verdade do Evangelho.

                   COMPROMISSO DA IGREJA NO BRASIL:

A Igreja no Brasil, na ação evangelizadora, assume o compromisso de formar pequenas comunidades que vivam como Casa da Palavra, do Pão, da Caridade e da Ação Missionária. As pequenas comunidades que queremos devem ser espaços do encontro, da ternura e da solidariedade, o lugar da família que têm suas portas abertas. Abrir as portas para acolher os irmãos e as irmãs é um sinal profético que deseja mudar um mundo onde o individualismo, consumismo, medo da violência e o predomínio das relações através de celulares tornam as casas menos vivenciais. Neste contexto, ser comunidade é, em si, profecia.

Nossas comunidades precisam ser oásis de misericórdia no deserto da história, casas de oração profunda de mergulho no sagrado mistério revelado pelo Amor do Pai.

Nas pequenas comunidades cristãs a afetividade, a empatia, a ternura com o irmão devem ser as marcas desta casa da fraternidade que o Papa Francisco chama de revolução da ternura.

CONCLUINDO – Enfim, nossa ação evangelizadora pressupõe atitude discipular para escutar o que o Mestre está pedindo à Igreja no Brasil, na certeza de que:== se o Senhor não construir a casa, em vão trabalham os que a constroem; ==se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia aquele que a guarda (Salmo 127[126], 1).

ENCAMINHAMENTO

1- A ação pastoral junto às famílias e aos jovens deve abrir espaços para diferentes formas de vivência da mesma fé,

2- Investir em pequenas comunidades missionárias que vão além de uma pastoral de manutenção. Novos lugares, novos horários, linguagem renovada e pastoral adequada às novas exigências da população são algumas características das respostas esperadas.

3- Os Conselhos de Pastoral Paroquial e Comunitários e os Conselhos Missionários Paroquiais devem ser articuladores da colhida e presença do espírito missionário nas pequenas comunidades por meio da programação, execução e revisão das ações missionárias.

4- Valorizar a devoção mariana e outras formas de piedade popular na evangelização e missionariedade da Igreja junto às pequenas comunidades, considerando que Maria foi a primeira missionária, que animou a comunidade primitiva com sua presença, fé e esperança.

  1. PÃO – LITURGIA: Os cristãos eram um só coração e uma só alma (At 4,32).

MUITO IMPORTANTE: ==Em qualquer realidade brasileira o modelo principal para nossa ação é e sempre será a comunidade dos primeiros cristãos, perseverantes na escuta dos apóstolos, na comunhão fraterna, na partilha do pão, nas orações e na missão (At 2,42; 8,4).

A credibilidade das primeiras comunidades cristãs se embasava no testemunho de comunhão e fidelidade ao ensinamento dos apóstolos, na liturgia, na caridade fraterna assumida pela fé e comprometimento com a justiça do Reino de Deus, na autêntica vida cristã que é missão, profecia e serviço.

A EVANGELIZAÇÃO DA IGREJA NO BRASIL

Em um mundo marcado pela violência e ódio crescentes, com a destruição como resposta aos problemas, a comunidade cristã se torna profeta ao viver e celebrar a fraterna e solidária convivência como resposta à violência.

==A ação pastoral só terá eficácia e sustentabilidade na afeição, no bem querer, no desejo de estar juntos e de partilhar a vida, inspirando-nos na vivência fraterna e solidárias das primeiras comunidades que celebravam e se alimentavam espiritualmente com o Pão Eucarístico.

Por comungarmos do mesmo Pão e da mesma Palavra, somos irmãos que caminham juntos e nada que diga respeito à alegria e à dor do outro pode nos ser indiferente (Lc 10,25-37; 16,19-31 cf Jo 3,17). Dito isto, fica claro que a Igreja no Brasil, em sua ação evangelizadora, assim como os primeiros cristãos, assume o compromisso de formar comunidades que vivam como Casa da do Pão Eucarístico, iluminada pela Palavra, provocadora da Caridade e da Ação Missionária. Enquanto casa, as comunidades devem provocar o encontro, a ternura e solidariedade sempre com suas portas abertas.

CELEBRAR O QUE SE VIVE E VIVER O QUE SE REZA

Ao celebrar a liturgia, a Igreja, dirigindo-se ao Pai, recorda que Jesus sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, doentes e pecadores. Por isso a Igreja reza na Oração Eucarística VI-D: “Dai-nos olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos (ãs); inspirai-nos palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos e fazei que, a exemplo de Cristo, e seguindo o seu mandamento, nos empenhemos no serviço a eles”. Ouvindo a “catequese litúrgica” os cristãos se abrem à dimensão da vivência dos sacramentos. Por isso que Eucaristia e Palavra são elementos essenciais e insubstituíveis para a vida cristã (Jo 6,35).

A liturgia é o coração da comunidade e é ela que remete ao Mistério e compromisso fraterno e missionário. Em consequência as comunidades cristãs precisam valorizar o domingo, o Dia do Senhor, o dia em que a família cristã se reúne para o encontro com Cristo. Por isso, no dia do Senhor, as portas das Igrejas devem estar abertas com equipes de acolhida de prontidão. Necessário também é criar horários celebrativos alternativos para acolher e atender as pessoas com agendas diferenciadas. Favorecer a celebração da Palavra onde a celebração Eucarística não for possível. Destaque deve ser dado para as equipes de liturgia que devem preparar com amor e afinco as celebrações com leituras bem proclamadas, homilias bem feitas e qualidade dos cânticos.

É URGENTE: == promover uma liturgia que possibilite o verdadeiro encontro com Jesus Cristo, evitando-se ações litúrgicas frias ou demasiadamente subjetivistas e emotivas. As celebrações devem ter os pés firmados na realidade da vida das pessoas levando-as a mergulhar no mistério de Deus.

ENCAMINHAMENTOS:

1- Resgatar o Domingo como o Dia do Senhor.

2- É preciso que as celebrações contemplem as esperanças, alegrias, tristezas e derrotas da comunidade em sua realidade sócio-política.  

3- Incentivar a piedade popular como caminho de aprofundamento da fé e não apenas como realidade cultural ou folclórica.

4- Valorizar o canto litúrgico, o espaço sagrado e tudo o que diz respeito ao belo serviço à vida espiritual. Incentive-se a comunhão entre as pastorais litúrgicas e a Catequese.

5- Zelar pela qualidade das homilias.

  1. PALAVRA

==A Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela (Jo 1,14). Por isso a Sagrada Escritura precisa estar sempre presente nos encontros, nas celebrações e nas mais variadas reuniões.

IMPORTANTE:== Não devemos esquecer que a Igreja, sacramento universal da salvação anuncia sempre o mesmo evangelho. E dialoga a partir da Palavra de Deus com a realidade à qual é enviada para evangelizar. Só a partir deste diálogo ela é capaz de fazer com que a Boa Nova chegue aos corações das pessoas, às estruturas sociais e às diversas culturas.

No momento atual a conversão pastoral, diálogo da comunidade com a realidade a ser evangelizada, se apresenta como desafio irrenunciável. Esta conversão pastoral se realiza na formação de pequenas comunidades cristãs que se deixam tocar pela Palavra nos mais variados ambientes, sendo sempre casas da Palavra, do Pão, da Caridade e abertas constantemente à missão que possibilita o crescimento na fé e consequente comunhão fraterna e engajamento de seus membros para a transformação social. A Palavra revela que a vivência cotidiana do amor fraterno e solidário em comunidade constitui forma privilegiada de testemunho cristão (Jo 13,35; At 2,44-47; 4,32).

Rompendo com a “pastoral de conservação” e tocada pelo diálogo entre a Palavra e a realidade a ser missionada, as comunidades cristãs se tornam oásis de misericórdia no deserto da história, casas de oração profunda de mergulho no sagrado mistério revelado pelo Amor do Pai. Comunidades que fazem o processo da conversão pastoral deixam de lado toda burocratização que afasta, assim como abandona a aparência de empresa que presta serviços religiosos. Estas comunidades assumem o compromisso de serem instrumentos de transformação da vizinhança em lugar do encontro com Deus.

O encontro com Deus se dá na celebração cheia de vida, no silêncio que permite a escuta reveladora da plena beleza de Deus. O encontro com Deus é também intermediado pelo encontro com o irmão que tem nome, história, dores, alegrias, sonhos, conquistas e deseja ser acolhido, tornando-se presença significativa na vida da comunidade. Este cuidado mútuo é que santifica cada membro porque o amor torna real a presença do Ressuscitado.

A PALAVRA É QUE TRANSFORMA A VIDA COMUNITÁRIA

O livro dos Atos dos Apóstolos relata que os cristãos, nas casas ouviam a Palavra e, iluminados por ela, discerniam a experiência da vida em Deus, conscientes de que a fé provém da escuta (Rm 10,17). É indispensável, pois, a leitura orante comunitária da Palavra de Deus que evita o risco de uma abordagem individualista, tendo presente que a Palavra de Deus nos é dada precisamente para construir a comunhão. Sendo Palavra que se dirige a cada pessoa, é também palavra que constrói comunhão da Igreja.

O contato intensivo, vivencial e orante com a Palavra de Deus confere à pequena comunidade um caráter de formação discipular. O Evangelho passa a ser critério decisivo para o discernimento em vista da vivência cristã.

Na comunidade, em torno da mesa Eucarística, vive-se uma verdadeira vida de oração, enraizada na Palavra de Deus. Assim é que tomam consciência de que são colaboradores de Deus na missão e são impelidos a saírem ao encontro das pessoas e à prática da misericórdia.

VIVER A PALAVRA HOJE

Atualmente, diante da complexidade urbana e mudança de época, retoma-se a indicação do Documento de Aparecida sobre as pequenas comunidades cristãs, consideradas o ambiente propício para escutar a Palavra de Deus, viver a fraternidade, animar a oração, aprofundar processos de formação continuada da fé, fortalecer o firme compromisso do apostolado na sociedade de hoje (DAp n. 309; At, 2,42-47; 4, 32-37).

A partir do encontro com a Palavra e experiência de vida fraterna da comunidade reunida na casa, pessoas, antes distantes da vida da Igreja e que foram atraídas pelo testemunho dos cristãos, podem ser introduzidas no processo da iniciação da vida cristã.

==A Palavra de Deus não é de forma alguma letra morta. Ela entra na mente, toca o coração, nutre o espírito e transforma a vida tornando o critério da experiência comunitária e da ação missionária. ==Através da sua Palavra, Deus convoca os cristãos das mais variadas denominações a se unirem, buscando na prática ecumênica caminhar na superação do escândalo da divisão.

ENCAMINHAMENTOS:

1- Revisar, a partir dos desafios do mundo urbano, o dinamismo das comunidades cristãs missionárias, possibilitando que o anúncio de Jesus Cristo transforme pessoas, famílias, ambientes, instituições e estruturas sociais.   

2- É preciso apresentar o querigma de forma constante, mesmo para pessoas que já tenham recebido os três sacramentos da iniciação cristã.   

3- Sem ser só teoria, o anúncio precisa possibilitar experiências concretas da vida cristã a partir do relacionamento fraterno (At 2,4-5), diante de um forte contexto de individualização e consumo, inclusive religioso.

4- Incentivar iniciativas ecumênicas (denominações cristãs) de encontros fraternos e de formação bíblica em nossas comunidades.

5- Facilitar o acesso à Bíblia para as pessoas tornando-a fonte de estudo, oração, celebração, etc.

6- Assumir a leitura orante da Palavra como método por excelência.

7- Implantar centros de estudo sobre a Palavra de Deus tais como Escola da fé Paroquial ou Escolas de Teologia Paroquial e Diocesana.

  • CARIDADE – primeiro testemunho missionário

==O serviço da caridade é dimensão constitutiva da missão da Igreja e expressão irrenunciável da sua própria essência.

A credibilidade das primeiras comunidades se embasava no seu testemunho de comunhão que se exprimia na fidelidade ao ensinamento dos apóstolos, na liturgia celebrada, na caridade fraterna, no martírio assumido pela fé e comprometimento com a justiça do Reino de Deus, na autêntica vida cristã que se faz missão, profecia e serviço.

O Papa Francisco insiste numa Igreja pobre para os pobres. Atendendo ao Para Francisco a Igreja será casa dos pobres como proclamou São João Paulo II ao afirmar que os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho.

Na Sagrada Escritura a misericórdia é a palavra chave para indicar o agir de Deus para conosco. A misericórdia é critério de credibilidade para a nossa fé, pois a credibilidade da Igreja passa pela estrada do amor misericordioso e compassivo de Deus.

Devemos destacar que a misericórdia é a compreensão diante das fraquezas do próximo. A caridade é ação, que movida pela misericórdia, se volta para o próximo apesar de suas fraquezas. É a misericórdia que nos torna caridosos mesmo para com aquelas pessoas que nos fizeram algum mal (Lc 6,28-31)

A vivência do amor fraterno e solidário em comunidade constitui uma forma privilegiada de testemunho cristão (Jo 13,35; At 2,44-47; 4,32). A vida fraterna em pequenas comunidades – abertas e acolhedoras, misericordiosas e caridosas– constitui fundamento sólido para o testemunho da fé, que faz brilhar a Palavra de Jesus através da caridade que é ir ao encontro dos sofredores e ter capacidade de perdoar para manter a unidade da comunidade cristã.

VIVER A CARIDADE A PARTIR DA EUCARISTIA

Jesus sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, doentes e pecadores. Por isso a Igreja reza em sua liturgia (Oração Eucarística VI-D): “Dai-nos olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos(ãs); inspirai-nos palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos e fazei que, a exemplo de Cristo, e seguindo o seu mandamento, nos empenhemos no serviço a eles.

Saber chorar com os outros é santidade. Não sejamos Igreja que não chora diante dos dramas dos seus filhos. Nós queremos chorar para que a sociedade também seja mais maternal para que, em vez de matar, aprenda a dar à luz.

A Igreja anuncia o Evangelho da Paz, que é Jesus Cristo em pessoa e proclama o que ele nos mandou: “aprendei a fazer o bem, buscai o direito, socorrei ao oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva” (Is 1,17).

OUTRAS FACES DA CARIDADE POUCO REFLETIDAS

1- A evangelização do mundo urbano precisa também ser solidária com quem sofre as consequências do desemprego e do trabalho precário. Esta é uma expressão importante de caridade, devendo se manifestar pela atuação organizada dos cristãos leigos e leigas para ajudar quem assim sofre.

2- A Caridade também se expressa na atuação política dos cristãos e das comunidades. A boa política é instrumento privilegiado para viver a caridade que promove a paz e os direitos humanos fundamentais. A omissão neste campo traz consequências para a ação transformadora na Igreja e no mundo (CNBB Doc 105 cap. III).

3- A Igreja, diante da crescente propagação de novas formas de segregacionismo e racismo é conclamada a ser testemunha do amor de Cristo e a cumprir e inspirar gestos que possam contribuir para construir sociedades fundadas no princípio da sacralidade da vida humana e no respeito pela dignidade de cada pessoa, na caridade, na fraternidade e na solidariedade.

ENCAMINHAMENTOS

1- Contrapondo ao individualismo a Igreja é chamada à solidariedade aos que sofrem – Igreja como a imagem do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37).

2- A pastoral junto às famílias e jovens deve estar presente em todas as comunidades, abrindo-espaços para diferentes formas da vida da mesma fé,

3- Devemos ter atenção para com as inúmeras e novas formas de sofrimentos e exclusões – pois, em cada irmão que sofre, é o Senhor sofrendo nele.

4- Criar grupos de apoio às vítimas da violência, especialmente dependentes químicos, as que perderam entes queridos em razão da violência etc.

5- Encorajar leigos a continuar o empenho apostólico, inspirado na Doutrina Social da Igreja, pela transformação da realidade a partir do engajamento consciente em todas as realidades temporais: política partidária, pastorais sociais, conselhos paritários, cuidado com a natureza, etc.

6- Contribuir para o resgate do espaço público das cidades como local da vivência da plena cidadania.

7- Colocar como uma das prioridades da comunidade cristã o cuidado com o meio ambiente, quem sabe implantado a Pastoral da Ecologia.

8- Em um mundo que está todo em movimento, a questão migratória tem que ter atenção das comunidades cristãs.

9- Assumir como prioridade a promoção da paz, favorecendo a unidade das pessoas nos Conselhos de Segurança, ajudando nas reconciliações, etc.

10- A comunidade cristã deve ser a voz dos que clamam por vida digna. Terra, trabalho e teto são três palavras chave, expressão das preocupações do Papa Francisco com a situação dos excluídos do mundo contemporâneo.

11- Firmar e fortalecer, a partir da identidade cristã, as iniciativas de diálogo ecumênico e inter-religioso, empenhados na defesa dos direitos humanos e na promoção de uma cultura de paz e caminhar decididamente para formas comuns de anúncio, de serviço e de testemunho.

COMPROMISSO DA IGREJA NO BRASIL:

A Igreja no Brasil, na ação evangelizadora, assume o compromisso de formar pequenas comunidades que vivam como Casa da Palavra, do Pão, da Caridade e da Ação Missionária. As pequenas comunidades que queremos devem ser espaços do encontro, da ternura e da solidariedade, o lugar da família que têm suas portas abertas. Abrir as portas para acolher os irmãos e as irmãs é um sinal profético que deseja mudar um mundo onde o individualismo, consumismo, medo da violência e o predomínio das relações através de celulares tornam as casas menos vivenciais. Neste contexto, ser comunidade é, em si, profecia.

3º SUBSÍDIO

LEITURA RÁPIDA – PARÁGRAFO POR PARÁGRAFO – DO DOCUMENTO 109 (NOVAS DIRETRIZES 2019 – 2023)

A preocupação da Igreja, com as novas diretrizes, não é com a quantidade, mas com a qualidade de cristãos que, tendo feito a experiência do encontro com Cristo, sejam testemunhas da alegria no mundo carente de sentido.  O eixo fundamental das novas diretrizes é a recuperação do sentido da casa da Misericórdia onde moram também a Comunhão e a Caridade. “A imagem da casa da Misericórdia tem um sentido pedagógico e é entendida como lar e espaço de vida”. A casa, no texto das diretrizes, é entendida como comunidade eclesial missionária sustentada por quatro pilares:

Primeiro Pilar: A Palavra – que aprofunda a iniciação à vida cristão e a iniciação bíblica e a ideia de ter comunidades fundadas em torno da palavra;

Segundo Pilar: O Pão – que aprofunda a liturgia e a busca por viver a espiritualidade rumo à santidade  que nos leva, obrigatoriamente, ao encontro do outro;

Terceiro Pilar: A Caridade – Baseado no que disse Paulo VI na ONU: “Que a Igreja é especialista em humanidade”, o texto das diretrizes aponta a necessidade das comunidades se preocuparem com os que mais sofrem e a defesa da vida em todos os sentidos.

Quarto Pilar: A ação  Missionária – A exemplo do que pede o papa, o sentido da comunidade se realiza quando ela sai em missão e vai ao encontro das periferias existenciais.

Como pensar a Igreja no Brasil, um país continental? Por isto é necessário ter um parâmetro. O Parâmetro será a realidade urbana.  E a área rural? – perguntará alguém. A resposta é que aonde chega a energia e a internet hoje chegam os valores do mundo urbano, trazendo junto os valores do individualismo e a solidão, que gera também suicídios que é um grande apelo à atuação da Igreja.

O ponto central das novas diretrizes é a proposta de uma experiência de Igreja que seja comunitária em oposição a uma fé que é vivida de forma “privatizada”. A ideia do humanismo integral e solidário, presente na Doutrina Social da Igreja, é expressa nas diretrizes nos desafios que falam de uma sociedade mais justa e fraterna.

CAPÍTULO 1 – O anúncio do Evangelho de Jesus Cristo

Jesus percorria todas as cidades e povoados ensinando em suas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino (Mt 9,35)

10. O mundo urbano atual é lugar da presença de Deus, espaço aberto para a vivência do Evangelho e a consequente coexistência fraterna:

“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali eu estarei, no meio deles” (Mt 18,20)

11. Inserida na vida de pessoas e povos, a Igreja busca escutar suas angústias e alegrias, interpelando seus contra valores. Por isso ela anuncia e testemunha o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus. O testemunho e o anúncio rejuvenescem a Igreja.

1.1 FIDELIDADE A JESUS CRISTO, MISSIONÁRIO DO PAI

12. “Para mim, de fato, o viver é Cristo” (Fl 1,21). Somos todos convidados a renovar o encontro pessoal com Cristo. Esse encontro provoca uma conversão de vida que leva à convivência na comunidade cristã que impele os discípulos/missionários a saírem em missão.

13. O anúncio de Cristo tem como horizonte e centro de sua vida e a pregação o Reino De Deus. (1Cor 3,9; 1Ts 3,2).

14. (Por isso) não se pode conceber Cristo sem o Reino que Ele veio trazer. A missão que a Igreja recebeu requer o compromisso de construir com Cristo este Reino de amor, justiça e paz para todos.

15. A compreensão deste princípio fundamental torna atraente o Evangelho e sua mensagem, sal da terra e luz do mundo (Mt 5,14). Não é a capacidade humana do evangelizador que torna atraente o anúncio, mas sim a ação da graça que ilumina aquele que anuncia o Reino de Deus.

16. Temos que ter a certeza de que o dom da graça ultrapassa as capacidades da Inteligência e as forças da vontade humana.

17. A experiência dessa graça, deste amor gratuito e transformador gera a fraternidade nas comunidades de fé fortalecidas pela vida de oração e em estado permanente de missão que sai ao encontro das pessoas chegando mesmo às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos.

18. Dois verbos marcam a relação de Jesus com os discípulos: “vinde” e “ide”. Jesus chama os discípulos para estarem consigo e também os envia em missão. As primeiras comunidades acolherem esta integração entre a experiência comunitária da fé e a ação missionária (At 5,42; 12,1-5).

1.2 – IGREJA: comunidade de discípulos missionários de Cristo

19. A Igreja é a comunidade dos discípulos missionários de Jesus Cristo, que é a luz única para pessoas e povos (Jo 14,6 cf 1 Jo 1,3-4). A Igreja é consciente de que é enviada ao mundo para evangelizar e testemunhar, com entusiasmo e esperança, que a plenitude de vida, experimentada na comunidade fraterna, é dádiva oferecida por todas as pessoas.

20. A experiência do amor de Deus manifestado em Jesus Cristo, dom salvífico para toda a humanidade, acontece através da mediação dos outros (Rm 10,14). Sabedores de que somos todos peregrinos neste mundo, torna-se urgente superar – pelo testemunho do amor fraterno – o escândalo da divisão entre os seguidores de Jesus através do respeito, do diálogo para realizar a oração de Jesus: “Pai, que todos sejam um, para que o mundo creia” (Jo 17,21).

1.3- MISSÃO: anúncio que se traduz em palavras e gestos

21. Com as palavras: “Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-os a observar tudo o que vos mandei” (Mt 28,19-20ª), Jesus conferiu aos discípulos/missionários uma identidade que os projeta para além de si, na comunhão com a Santíssima Trindade, em favor do mundo inteiro, por meio do testemunho, do serviço e do anúncio do Reino de Deus.

22. A missão da Igreja tem sua fonte e origem em Deus mesmo (Jo 3,16; cf Jo 1,14; Fl 2,5; 2 Cor 8,9; Jo 20,22-23). Esta obra reconciliadora no decurso do tempo humano foi confiada aos Apóstolos e à Igreja. E é o Espírito Santo quem permanece o sujeito protagonista transcendente da realização dessa obra, no espírito do homem e na história do mundo.

23. A missão da Igreja sempre parte do encontro com Cristo e a Ele conduz. Por isso esta missão não pode ser compreendida como um negócio, um projeto empresarial ou uma organização humanitária. A missão é a partilha de uma alegria que deve atrair as pessoas especialmente através da solidariedade.

24. A vida fraterna em pequenas comunidades – abertas e acolhedoras, misericordiosas que, pelo espírito missionário, vão ao encontro dos sofredores e, pelo espírito da Caridade, mantem a unidade pelo perdão mútuo. Somente unidos pela caridade os cristãos podem sair em missão.

25. Por isso o serviço da caridade é uma dimensão constitutiva da missão da Igreja e expressão irrenunciável da sua própria essência.

26. Na Sagrada Escritura a misericórdia é a palavra chave para indicar o agir de Deus para conosco. Por isso a Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus. A misericórdia é critério de credibilidade para a nossa fé, pois a credibilidade da Igreja passa pela estrada do amor misericordioso e compassivo de Deus.

1.4 CULTURA URBANA: desafio à missão

27. Quando diz “ide” (Mc 16,15), Jesus nos aponta a origem trinitária da missão. A cada época há desafios específicos para obedecer ao “Ide”. Nos dias atuais, há o relativismo que retira a forma da essência dos valores humanos, tornando-os adaptáveis aos “quereres” de cada pessoa (liquidez dos valores) o que induz ao indiferentismo diante dos sofrimentos de outros.

28. Nosso mundo vai se tornando cada vez mais urbana cuja cultura relativista acirra ainda mais o individualismo. Isso acontece não só porque as pessoas tendem a residir nas cidades, mas também porque a mentalidade do ambiente da cidade (relativista e individualista) se espalha até pelos rincões mais distantes através dos meios de comunicação.

29. As cidades atuais são ambientes onde as pessoas escolhem caminhos para o sentido de suas vidas e fazem estas escolhas motivadas pelo imediatismo de forma diversificada e fragmentada. São cidades diferentes das de outras épocas, exigindo, portanto, que a ação evangelizadora leve em conta sua complexidade.

30. O olhar missionário identifica nas cidades de hoje muitas formas de sofrimento: desemprego, pobreza, condições precárias de trabalho e moradia, falta de saneamento básico, violência, solidão. Como evangelizar e ser missionário neste ambiente?

31. Quando a Igreja fala em evangelização da cultura urbana, não se trata de propagar aleatoriamente a Boa Nova, mas de fazer com que este anúncio atinja e possa modificar, pela força do Evangelho, a realidade do sofrimento das pessoas.

32. Os discípulos missionários são convocados a escutar e compreender a mentalidade urbana atual. As cidades, embora algumas vezes consideradas assustadoras, devem ser vistas como um ambiente a ser contemplado na busca dialogal por perceber Deus já presente no meio delas.

1.5 – Comunidades eclesiais missionárias no contexto urbano

33. No momento atual a conversão pastoral se apresenta como desafio irrenunciável. Esta conversão pastoral se realiza na formação de pequenas comunidades cristãs missionárias, nos mais variados ambientes, para serem casas da Misericórdia alimentadas pela Palavra, o Pão e a Caridade sempre abertas à missão. Esta abertura missionária é que possibilita o crescimento na fé e consequente comunhão fraterna e engajamento de seus membros para a transformação social.

34. É importante que estas pequenas comunidades estejam em profunda comunhão com a Paróquia e que os coordenadores recebam formação.

35. Nas pequenas comunidades muitas pessoas podem encontrar o ambiente para partilhar suas angústias, alegrias e necessidades que podem ser supressas pela Igreja. A grande comunidade só pode romper com o anonimato das pessoas – que sentando próximas, não se conhecem – através das atividades das pequenas comunidades.

36. A formação de pequenas comunidades missionárias – como prioridade da ação evangelizadora possibilita aos cristãos leigos(as) a participação na Vida da Igreja Particular para que vivam de forma responsável sua vocação e missão. Podem os cristãos, nas pequenas comunidades, receber formação adequada e permanente para o seu ministério e por isso são espaços propícios para o crescimento espiritual através da partilha da experiência de fé e da fidelidade a Cristo e a seu Evangelho.

37. É importante ter presente o que indica o Papa Francisco a respeito dos tipos de pessoas (interlocutores) que os missionários podem encontrar: a- os que frequentam regularmente a comunidade e os que conservam a fé católica, mesmo sem participar assiduamente (devem ser despertados ao compromisso cristão); b- os que foram batizados, porém, não vivem mais de acordo com a sua fé (devem ser chamados à conversão); c- os que não conhecem Jesus Cristo ou que o recusaram (têm o direito de receber o Evangelho como partilha da alegre experiência do encontro com Jesus Cristo).

38. Importa evangelizar não de maneira decorativa, como que aplicando um verniz superficial, mas de maneira vital, chegando às raízes das culturas. Inculturar o Evangelho é anunciar a Boa Nova para que este anúncio provoque uma nova síntese com a cultura onde o anúncio se faz.

39. Todo o povo de Deus deve ter participação ativa na vida e na missão da Igreja, exercendo os diversos e específicos ministérios e carismas, unidos todos na energia do único Senhor (1 Cor 15,45).

40. Sabemos bem que a vida com Jesus se torna plena e, com Ele, é mais fácil encontrar o sentido para a vida. É por isso que evangelizamos.

CAPÍTULO 2 – Olhar de discípulos missionários

2.1 – Contemplar para sair em missão em um mundo que se transforma

41. A Igreja, sacramento universal da salvação anuncia sempre o mesmo evangelho. E dialoga a partir da Palavra de Deus com a realidade à qual é enviada para evangelizar. Só a partir deste diálogo ela é capaz de fazer com que a Boa Nova chegue aos corações das pessoas, às estruturas sociais e às diversas culturas.

42. A Igreja como discípula missionária sempre procura compreender o que está ocorrendo à sua volta. Sabe que o ressuscitado a envia ao mundo repleto de luzes e sombras. E se pergunta: Em que aspectos o atual momento histórico interpela o modo de viver a sua missão?

43. Estamos em uma mudança de época. Estão em mudança as compreensões a respeito da vida, de Deus, do ser humano, da família e de toda realidade. Neste sentido preocupa a difusão da ideologia de gênero, que ignora e subverte a inviolável compreensão do que seja o ser humano, atingindo o próprio futuro da família, célula mãe da sociedade.

44. Os rumos do futuro desta época de mudança ainda estão em aberto. Por isso buscamos compreendê-la para melhor interagir, em vista do crescimento do Reino de Deus. Esta é a missão de toda a Igreja.

45. Em um mundo que se torna cada vez mais urbano, cresce o papel das grandes cidades. Por isso a ação evangelizadora deve estar ainda mais atenta aos efeitos da urbanização sobre as pessoas, grupos e sobre a sociedade como um todo.

2.2. Uma cidade onde Deus habita

46. O discípulo missionário reconhece a presença amorosa de Deus entre as pessoas que o adoram e vivem nas cidades. Aliás, o mundo vai se tornando uma grande cidade onde, mesmo os mais distantes pontos do planeta, principalmente em decorrência do influxo dos atuais meios de comunicação, influem no comportamento das pessoas.

47. A fé nos ensina que Deus vive na cidade, em meio a suas alegrias, desejos e esperanças, como também em meio a suas dores e sofrimentos. Cabe à Igreja, iluminada pelo Espírito Santo, contemplar esta realidade, distinguindo nela o que esse mesmo Espírito já está dizendo e fazendo (Ap 2,7.11.17.29), identificando as sombras que negam o Reino de Deus e as luzes, sinais do que o próprio Senhor está realizando.

48. Existem muitos modos de compreender as cidades e com elas interagir. Como evangelizadores, preocupam-nos, acima de tudo, os critérios de julgar, os valores escolhidos, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade. A partir destes aspectos, olhamos para cada pessoa, em especial a que sofre, nela enxergando o Cristo Senhor (Mt 25,40) e, por isso, agindo firmemente em vista da superação de todo sofrimento.

2.3- A vida na grande cidade mundial

49. Há séculos o mundo é atingido por processos sociais e culturais que acentuam a dimensão individual da existência. É certo que cada pessoa possui uma dignidade irrenunciável e insubstituível, fruto da ação criadora de Deus. Por outro lado, o destaque da dimensão do indivíduo não pode diminuir a fraternidade e a comunhão entre as pessoas. Quando isso acontece surgem atitudes de agudo individualismo, onde as outras pessoas só tem valor e contam enquanto são úteis e capazes de produzir e oferecer algo.

50. A redução da função social do Estado fere a dignidade das pessoas e enfraquece o exercício dos direitos humanos. Idosos, crianças, adolescentes, enfermos, deficientes ou pessoas com pouca escolaridade são aquelas cada vez mais desprotegidas socialmente. O Estado se distancia destas pessoas e se aproxima mais e mais dos interesses do mercado. Modifica-se ao mesmo tempo o papel tradicional da família e da comunidade na transmissão dos valores humanos e cristãos. O grande valor apregoado é a produção e geração de riquezas.

51. O grande valor apregoado é o consumo desenfreado. As pessoas passam a ser avaliadas em virtude de sua capacidade de participar dos mecanismos do mercado como efetivas consumidoras.

52. Essa individualização consumista da vida está diretamente ligada a diversos fenômenos que nos assustam cada dia mais. Corruptos que pensam somente em seus próprios interesses. Traficantes que destroem pessoas e famílias, buscando recursos para consumos desenfreados. A busca pela legalização da morte de quem ainda nem nasceu e o aumento do número dos grupos de extermínio na busca pelo conforto de indivíduos. Tudo isso chega às portas dos hospitais públicos sem recursos para atender à demanda de pessoas fora do núcleo consumista. As cidades são divididas em áreas: algumas controladas pelo Estado de Direito e outras pelo poder paralelo. Neste sentido é que se pode afirmar que individualismo e violência são dois lados da mesma moeda.

53. O individualismo enfraquece muitas instituições. Aquela mais afetada é, sem dúvida, a família. Quando o que importa é somente o indivíduo e seus “quereres”, a vida familiar já não importa. Esse é o grande desafio da evangelização: enfrentar uma mentalidade que afirma claramente ser a família uma realidade ultrapassada.

54. Outra marca do nosso tempo é a pluralidade, que é uma coisa boa na medida em que permite à pessoa exercer o dom da liberdade nas suas escolhas. Porém, quando a pluralidade é assumida a partir do individualismo consumista, não se pensando mais nos outros ou no planeta, os resultados são catastróficos.

55. Entristece ver que, em um mundo de individualismo consumista, até mesmo a religião é, às vezes, assumida sob a ótica comercial e da prosperidade financeira (Jo 12, 2-17; Lc 9, 53-55).

56. O combate do cristão é sempre ao pecado pessoal e social. O empenho é sempre pela paz. Neste sentido, somos convocados a utilizar expressões e manifestações religiosas marcadas pela fraternidade, perdão e amor, que não são instrumentalizadas para justificar mais violência.

57. As grandes cidades são ainda locais de alta mobilidade. A vida já não acontece mais em um único local. Isso é luz, na medida em que as pessoas se encontram com diferentes modos de lidar com a vida. Mas, são sombras, quando a mobilidade é forçada, como para as pessoas em situação de rua. Os refugiados, especialmente nas áreas pressionadas pelo mercado imobiliário ou outros interesses econômicos.

58. Um mundo marcado pelo individualismo consumista gera enormes desigualdades sociais, com excluídos para os quais não existe alternativa ou esperança de viver a não ser no próprio Deus que lhes ouve o clamor (Lc 10, 31-37). = Não é autêntica a experiência religiosa que não se concretiza na solidariedade.

59. A pobreza se alarga desde a fecundação até a morte natural. A crise do sentido existencial gera a desesperança, esgotamento existencial, depressão, chegando até ao suicídio, realidade que ninguém está isento, nem mesmo ministros religiosos.

60. A pobreza se alarga, enfim, para o modo como lidamos com o planeta e seus recursos. A degradação ambiental está diretamente ligada à degradação social. O gemido da irmã terra se une ao gemido dos abandonados do mundo, um lamento que reclama de nós outro rumo.

61. As conquistas tecnológicas e científicas são inegáveis, mas não podem isentar os dirigentes do cuidado com o planeta. Por isso é urgente repensar a exploração da natureza, como exemplo, a mineração que tem gerado tantas mortes. Esses elementos geram uma verdadeira dívida ecológica que lança profundos questionamentos à evangelização e presença da Igreja nos cenários urbanos.

62. Em meio a tudo isso se percebe o desafio experimentado pelos jovens. Os jovens movem-se entre abordagens tão extremas quanto ingênuas. Muitos são induzidos a pensar que o destino social já foi escrito e não pode ser modificado. Também são motivados a uma ação competitiva sem fim, desordenada e violenta.

63. Diante da aguda fragilidade de referências, a verdade é relativizada e individualizada. Tudo fica à mercê das demanda oportunistas do mercado. Valores como honestidade, integridade e abnegação correm o risco de serem absorvidos pela mentalidade de só pensar em si, sem se preocupar com as consequências para o futuro e mesmo para o presente. A busca pelo dinheiro com vistas ao consumo fica desprovida da ética e da função social.

64. Vivemos em um sistema social e econômico que é injusta em sua raiz. É o mal cristalizado nas estruturas sociais injustas que, em si mesmas, geram exclusão.

65. Em todo o mundo, e também no Brasil, vive-se um tempo em que se faz necessário redescobrir os caminhos da democracia, que tem os olhos voltados para o bem comum, respeito às diferenças e à liberdade de expressão e, principalmente, a preocupação para com os mais frágeis.

66. Devemos lembrar-nos de que peregrinamos juntos, cristãos e membros de outras religiões. Por isso devemos abrir os corações ao companheiro de estrada, sem medos nem desconfianças e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus.

2.4- O Senhor está no meio de nós

67. Em meio a esta complexa conjuntura, pela fé, reconhecemos o Senhor presente e atuante junto a nós (Jo 14,18). Se por um lado constatamos a expansão da mentalidade individualista e consumista, por outro verificamos também atitudes culturais de resistência, que valorizam mais as pessoas que o consumo, mais a obediência a Deus que adesão às tendências e modismos do momento presente (At 5,29).

68. A luz do Senhor se manifesta também nos esforços por compreender o mundo das cidades e sua influência sobre a vida de todo o país e do planeta. As conclusões do 14º Intereclesial das CEBs nos convidam a a olharmos com alegria  e esperança todas as iniciativas que se voltam para as cidades, buscando compreender seu jeito de pensar, sentir e agir, nelas intervindo com o óleo da solidariedade que cura as feridas (Lc 10,34), com a palavra profética que interpela e chama à conversão (Mq 3,3) e com o anúncio do Evangelho a quem nunca o ouviu ou dele se esqueceu.

69. Os Documentos da CNBB, diretamente ligados à urgência da ação evangelizadora, têm impulsionado as Igrejas particulares a darem passos rumo a um estilo novo de evangelizar.

70. Reconhecendo o bem que tem feito ao longo da história, o que se convencionou chamar de pastoral de conservação, somos atualmente interpelados a perceber que não é mais possível continuar somente com este modelo pastoral.

71. Este breve olhar sobre a atual realidade do Brasil mostra que a ação evangelizadora necessita investir ainda mais no discipulado e na missionariedade. O discipulado implica deixar-se encontrar pelo Senhor e com ele estar (Mc 8,13-15) e formar comunidade com os outros discípulos e discípulas (At 2, 42-47). As luzes que se enxergam na ação da Igreja são as pessoas que não medem distância para o encontro entre as comunidades. As sombras, entretanto, ainda existentes, são a falta de diálogo entre as paróquias e também entre suas comunidades. O fechamento de pastorais só nos seus interesses imediatos ou a pouca motivação destas em assumir os desafios de ir ao encontro das periferias sociais e existenciais, buscando somente uma religiosidade difusa e consumista.

72. Em meio a tudo isso, o discípulo missionário afirma: Deus habita a cidade, isto é, Ele está no meio de nós (Mt 28,20).  Se a realidade se manifesta embaçada, com dores que parecem invencíveis, os discípulos missionários reconhecem, testemunham e anunciam que o Senhor não está inerte, que Ele não nos abandonou à própria sorte. Pela força do seu Espírito, o Reino anunciado por Jesus se faz presente como a pequena semente que pode chegar a transformar-se numa grande árvore, como um punhado de fermento que leveda uma grande massa e, como a boa semente que cresce no meio do joio. Por isso não podemos ficar tranquilos em espera passiva em nossos templos, mas é urgente ir em todas as direções para proclamar que o amor é  mais forte.

CAPÍTULO 3 – A igreja nas casas

3.1 – A casa da comunidade

73. A casa enquanto espaço familiar foi um dos lugares privilegiados para o encontro e o diálogo de Jesus e seus seguidores com diversas pessoas. Nas casas Ele curava e perdoava os pecados (Mc 2,1-12), partilhava a mesa com publicanos e pecadores (Mc 2,18-22), refletia sobre assuntos importantes como o jejum (Mc 2,18-22), orientava sobre o comportamento na comunidade (Mc 9,33ss; 10,10) e a importância de se ouvir a Palavra de Deus (Mt 13,17.43).

74. Os encontros de Jesus, ao longo do seu caminhar, criam oportunidades para experiências que reforçam e alargam as relações fraternas e comunitárias nos ambientes domésticos por onde ele passa (Mt 8,14; Lc 10,38-42; Lc 19,1-10). A casa é assim assumida como lugar para cultivo e vivência dos valores do Reino.

75. Os discípulos de Jesus reuniam-se nas casas, a exemplo do Cenáculo, onde eles se encontravam no dia de Pentecostes (At 2,1-3).

76. A Igreja nas casas, na experiência dos primeiros cristãos, garantia o senso de pertença à família de Deus (Mc 3,31-35), já não importando ser judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou mulher, mas somente ser de Cristo (Cl 3,11; Gal 3,28). Entre eles ninguém passava necessidade, pois tudo era partilhado e distribuído conforme a necessidade de cada um (At 4,34-35).

77. As comunidades que se reuniam nas casas eram organizadas, a partir de uma ordem fraterna, com participação ativa das mulheres, e cuidado especial para com os membros mais fracos e pobres.

78. Na primeira Carta aos Coríntios, São Paulo transmite a saudação da comunidade que se reúne na casa de Priscila e Áquila (1 Cor 16,19). Naquela casa a Igreja escuta a convocação de Cristo celebrando os Mistérios Sagrados.

79. O estilo de vida dos cristãos não tinha como finalidade o isolamento, mas a responsabilidade de favorecer um testemunho capaz de atrair outras pessoas (1 Cor 14,23; 1 Ts 4,12).

80. A casa permitiu que o cristianismo primitivo se organizasse em pequenas comunidades, com poucas pessoas, que se conheciam e compartilhavam a mesa da refeição cotidiana. A hospitalidade era aberta também a pecadores e pagãos.

81. A credibilidade da comunidade se embasava no seu testemunho de comunhão que se exprimia na fidelidade ao ensinamento dos apóstolos, na liturgia celebrada, na caridade fraterna, no martírio assumido pela fé e comprometimento com a justiça do Reino de Deus, na autêntica vida cristã que se faz missão, profecia e serviço.

3.2 – COMUNIDADE DE COMUNIDADES

82. Atualmente, diante da complexidade urbana e da mudança de época, retoma-se a indicação do Documento de Aparecida sobre as pequenas comunidades eclesiais, consideradas o ambiente propício para escutar a Palavra de Deus, viver a fraternidade, animar a oração, aprofundar processos de formação continuada da fé, fortalecer o firme compromisso do apostolado na sociedade de hoje (DAp n. 309; At, 2,42-47; 4, 32-37).

83. Tendo a missão como eixo fundamental, essas comunidades são configuradas como a Casa da Palavra, do Pão, da Caridade e da Missão. É também o lugar privilegiado para a iniciação à vida cristã, do cuidado para com os pobres, abertura aos jovens e, principalmente, o anúncio do Evangelho à Família, tornando-se verdadeiramente sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14).

84. As pequenas comunidades eclesiais missionárias devem se configurar como verdadeira rede, em comunhão com a Paróquia e a Diocese.

85. A participação na mesma celebração da Eucaristia, juntamente com outras comunidades, é a expressão da comunhão de todas as pequenas comunidades com a Igreja local.

86. Quem coordena a pequena comunidade deve sentir-se pertencente à Igreja e amá-la (Rm 16,3-5).

87. O ministro ordenado (Bispo, Padre, Diácono) há de ser o cuidador e o animador das pequenas comunidades missionárias, promovendo a unidade entre todas e também descentralizando as decisões, que devem sempre ser iluminadas pelos projetos missionários de toda a Igreja.

3.2.1 – PILAR DA PALAVRA: iniciação à vida cristã

            e animação Bíblica da vida e da Pastoral

88. O livro dos Atos dos Apóstolos relata que os cristãos, nas casas, ouviam a Palavra e, por esta iluminados discerniam a experiência da vida em Deus, conscientes de que a fé provém da escuta (Rm 10,17). É Deus quem toma a iniciativa de comunicar seu desígnio salvífico de amor. Por isso, todo esse processo de iniciação cristã supõe um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, proporcionado de forma privilegiada pela celebração da Palavra e pela leitura orante da Bíblia.

89. A partir do encontro com a Palavra e da experiência de vida fraterna na comunidade que se reúne na casa, as pessoas são introduzidas no processo da iniciação da vida cristã. O Batismo, pelo qual somos configurados a Cristo, incorporados na Igreja e feitos filhos de Deus, é a porta de acesso a todos os sacramentos. Disto resulta a firme decisão da comunidade cristã, coragem e criatividade para trilhar os caminhos de uma verdadeira iniciação cristã aos que são atraídos à comunidade pelo testemunho dos cristãos.

90. A Iniciação à Vida Cristã e a Palavra de Deus estão intimamente ligadas. Os processos de Iniciação e formação dos agentes evangelizadores precisam levar em conta as etapas que lhes são próprias: querigma, catecumenato, purificação-iluminação e mistagogia. Assim, este itinerário fundamentado na Sagrada Escritura e na Liturgia é capaz de educar para a escuta da Palavra, para a oração pessoal e para o compromisso social.

91. É indispensável uma leitura orante comunitária da Palavra de Deus que evite o risco de uma abordagem individualista, tendo presente que a Palavra de Deus nos é dada precisamente para construir a comunhão. Sendo uma Palavra que se dirige a cada um pessoalmente, é também uma palavra que constrói comunhão, que constrói a Igreja.

92. O contato intensivo, vivencial e orante com a Palavra de Deus confere à reunião da comunidade um caráter de formação discipular. O Evangelho passa a ser o critério decisivo para o discernimento em vista da vivência cristã.

3.2.2 – PILAR DO PÃO: liturgia e espiritualidade

Eles eram perseverantes (…) na fração do pão e nas orações (At 2,42)

93. Entre os primeiros cristãos, a comunhão se expressava principalmente na celebração da Eucaristia. A celebração eucarística alimentava a esperança do mundo que há de vir (1 Cor 11,17-32). Essa realidade implicava em trilhar um caminho pascal, para viver no mundo sem ser do mundo (Jo 17.14-16).

94. A mesa Eucarística no centro da celebração da fé cristã indica-a como núcleo transformador das pessoas em discípulas missionárias, que vivem a fraterna convivência e se dispõem a anunciar o amor ao mundo,

95. Na comunidade, em torno da mesa Eucarística, vive-se uma verdadeira vida de oração, enraizada na Palavra de Deus. Assim é que tomam consciência de que são colaboradores de Deus na missão e são impelidos a saírem ao encontro das pessoas e à prática da misericórdia.

96. É preciso sempre pedir ao Senhor: “ensina-nos a orar” (Lc 11,1). Orar, antes de ser o resultado de um esforço humano, é a ação do Espírito Santo em nós (Gl 4,6).

97. Na pastoral, é preciso superar a ideia de que o agir já é uma forma de oração. Muitas atividades podem facilmente levar os cristãos a caírem em tentações como ativismo, vaidade, ambição e o desejo do poder.

98. A Espiritualidade cristã se traduz na busca da santidade e alimenta um jeito de ser Igreja. Jesus deseja uma Igreja servidora, samaritana, pobre com os pobres, que somente pode ser alimentada através da oração e da contemplação. Somente o agir, desvinculado da oração, pode esvaziar a coragem e audácia missionária para o enfrentamento de desafios somente superados por um ardor vivo mantido pela oração.

99. Os desafios dos nossos tempos são novos, mas a dor humana continua a mesma que sensibilizou e continua a impactar os santos e santas de todos os tempos, impelindo-os a uma saída efetiva do seu lugar em direção ao lugar onde o outro se encontra.

100. A piedade popular há de ser valorizada na comunidade como uma força evangelizadora que não podemos desconsiderar. É preciso, porém, ter atenção para os riscos de instrumentalização da piedade popular, quando é apresentada de modo intimista, consumista e imediatista.

101. Enquanto casa da comunhão, a comunidade é chamada a celebrar frequentemente o perdão e a misericórdia do Senhor. A experiência do amor misericordioso de Deus faz dos discípulos do Senhor embaixadores da misericórdia. Estes são impelidos a constituir comunidades de discípulos missionários abertos ao diálogo, à acolhida, à compreensão e à compaixão (Lc 15,11-32). Igualmente é necessário formar comunidades dispostas a percorrer um caminho de discernimento espiritual, buscando a verdade do Evangelho.

3.2.3 – PILAR DA CARIDADE: serviço à vida plena

102. Na fé cristã a espiritualidade está centrada na capacidade de amar a Deus e ao próximo. Rezar e servir, amar e contemplar são realidades indispensáveis para o discípulo missionário de Jesus Cristo. Somente contemplando o mundo com os olhos de Deus é possível perceber e acolher o grito que emerge das faces da pobreza e da agonia da criação.

103. A Igreja reza em sua liturgia, dirigindo-se ao Pai, recordando que Jesus sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, doentes e pecadores. Por isso a Igreja reza em sua liturgia (Oração Eucarística VI-D): “Dai-nos olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos(ãs); inspirai-nos palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos e fazei que, a exemplo de Cristo, e seguindo o seu mandamento, nos empenhemos no serviço a eles.

104. Saber chorar com os outros é santidade. Não sejamos uma Igreja que não chora diante dos dramas dos seus filhos. Nós queremos chorar para que a sociedade também seja mais maternal para que, em vez de matar, aprenda a dar à luz.

105. A Igreja anuncia o Evangelho da Paz, que é Jesus Cristo em pessoa. A justiça é fidelidade à vontade de Deus e se concretiza especialmente no compromisso com os excluídos e demais marginalizados que vivem nas periferias. Anunciar Jesus é ensinar o que ele nos mandou: “aprendei a fazer o bem, buscai o direito, socorrei ao oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva” (Is 1,17).

106. A evangelização do mundo urbano não pode prescindir da questão do trabalho. A solidariedade com quem sofre as consequências do desemprego e do trabalho precário é, pois, uma expressão importante de caridade, devendo se manifestar pela atuação organizada dos cristãos leigos e leigas.

107. Igualmente a caridade se expressa no empenho e na atuação política dos cristãos e das comunidades cristãs. A boa política é um meio privilegiado para promover a paz e os direitos humanos fundamentais. A omissão dos cristãos neste campo traz gravíssimas consequências para a ação transformadora na Igreja e no mundo (CNBB Doc 105 cap. III).

108. O Papa Francisco insiste em dizer que deseja uma Igreja pobre para os pobres. Obedecendo aos apelos do Para Francisco, e somente assim, a Igreja será casa dos pobres como proclamou São João Paulo II ao afirmar que os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho.

109.  É missão da comunidade cristã a promoção da cultura da vida através do enfrentamento dos desafios que a ela se impõe: a violência, falta de moradia digna, migrações, falta de perspectiva para os jovens, etc.

110. Contemplar o Cristo sofredor na pessoa dos pobres significa comprometer-se com todos os que sofrem, buscando compreender as causas de seus flagelos, especialmente as que os jogam na exclusão. A ausência do sentido da vida é fonte de sofrimento. Também os cristãos são afetados por essa crise de sentido que gera cansaço, depressão, pânico, transtornos de personalidade e até suicídio. Essa situação ocorre porque se vive em uma sociedade que sustenta tudo ser possível, especialmente com o avanço de novas tecnologias indiferentes aos sofrimentos de muitos excluídos.

111. A situação dos migrantes e refugiados preocupa a Igreja. Uma comunidade cristã precisa ter as portas abertas para o migrante, pois seus membros devem reconhecer que a acolhida ao estrangeiro é expressão concreta do amor que salva (Mt 25 cf. Hb 11,13).

112. A Igreja, diante da crescente propagação de novas formas de segregacionismo e racismo é conclamada a tornar-se testemunha humilde e laboriosa do amor de Cristo e a cumprir e inspirar gestos que possam contribuir para construir sociedades fundadas no princípio da sacralidade da vida humana e no respeito pela dignidade de cada pessoa, na caridade, na fraternidade e na solidariedade.

113. A Igreja igualmente preocupa-se com os povos indígenas, quilombolas e pescadores, reconhece e defende seus direitos, entre os quais a permanência em seus territórios. Reconhece a presença dos nômades e defende seus direitos. Esta pluralidade de culturas em nada ameaça a soberania nacional, ao contrário, enriquece uma grande nação formada por diversos povos.

3.2.4 – PILAR DA AÇÃO MISSIONÁRIA:

            Estado Permanente de Missão

             Passando adiante, anunciava o Evangelho a todas as cidades (At 8,40)

114. Um mundo cada vez mais urbano, embora possa assustar, é, na verdade, porta para o Evangelho e as comunidades cristãs que precisam ter um olhar propositivo sobre essa realidade, cientes de que Deus preparou uma cidade para eles (Hb 11,16; Ap 3,20). Cabe especialmente à Igreja, guiada pelo Espírito Santo, incentivar a descoberta das sementes do Verbo, presentes nas várias culturas e promover o encontro dessas culturas com Jesus Cristo que as ilumina.

115. Precisamos perceber que, se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência, é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida.

116. Atualmente o querigma não pode ser dado como pressuposto. Os conhecimentos básicos da fé cristã não só deixaram de existir, como são até, frequentemente negados em grandes setores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas.

117. A comunidade expressa sua missionariedade quando assume a humanização das relações sociais, tais como gestos de acolhida, amparo nas tribulações, consolo no luto, defesa de direitos, sede de justiça. Merecem atenção especial os cinturões de pobreza em suas diversas formas, nas grandes cidades e demais regiões do país.

118. Para ser missionária a comunidade cristã também necessita se inserir ativa e coerentemente nas redes sociais. Por isso é necessário restituir à comunicação uma perspectiva ampla, baseada na pessoa, onde a interação é entendida sempre como diálogo e oportunidade de encontro com o outro.

119. A Igreja e o mundo podem ouvir a voz de Deus também por meio dos jovens. O testemunho deles pode contribuir para renovado ardor espiritual e o vigor apostólico das comunidades. Nessa comunhão os jovens poderão ser ainda mais missionários entre os jovens.

3.3 – RUMO À CASA DA SANTÍSSIMA TRINDADE

121. A Igreja peregrina atua na sociedade porque se autocompreende como sacramento universal de salvação que tem um fim escatológico. Salvação que se entende integral: da alma e do corpo, é o destino final ao qual Deus chama todos os homens. Essa dimensão escatológica suscita a esperança que vence a morte. Por isso a comunidade cristã reúne um povo de peregrinos a caminho do Reino de Deus, rumo à Pátria Trinitária (Fl 3,20).

122. O povo da Nova Aliança cumpre papel preponderante, criando por meio de sua participação responsável, especialmente na vida pública, novas condições de existência promissoras de uma nova humanidade. Assim acontece a vitória do amor de Cristo sobre os mecanismos da morte.

123. Em seu empenho missionário, a ação evangelizadora da Igreja no Brasil tem como fundamento o querigma e expressa a necessidade de fortalecer a esperança dos cristãos como testemunhas da ressurreição de Cristo em um mundo carente de sentido e de ética. Pela esperança fomos salvos (Rm 8,24), por isso a Igreja, lar dos cristãos, vive da certeza de que habitará na tenda divina, casa da Trindade, em uma aliança eterna e definitiva com Deus (Ap 21, 2-5).

CAPÍTULO 4: A Igreja em Missão

124. As dimensões do Brasil nos levam a acreditar que é impossível pensar de maneira uniforme a ação evangelizadora.

125. Em qualquer realidade brasileira o modelo principal para nossa ação é e será sempre a comunidade dos primeiros cristãos, perseverantes na escuta dos apóstolos, na comunhão fraterna, na partilha do pão, nas orações e na missão (At 2,42; 8,4).

126. Existem muitas possibilidades para aplicar as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. Todas partem da comunidade e continuam a fazer referência a ela. Pequenas ou grandes no campo ou na cidade, a partir de paróquias ou de grupos reconhecidos pela autoridade eclesial, a comunidade é o ambiente de testemunho determinante para anunciar a Boa Nova e acolher quem dela se aproxima e ir ao encontro das pessoas.

127. É necessário que os planos de pastoral sejam cronologicamente elaborados para períodos curtos para poderem acompanhar e se adequarem às rápidas transformações em um mundo cada vez mais urbano.

128. A vida comunitária é terreno fértil para o anúncio e o encontro com Jesus Cristo. Ela interpela o individualismo reinante, o subjetivismo que potencializa o eu como parâmetro da verdade, o egoísmo que gera e se alimenta da cultura da morte, evitando que o homem e a mulher contemporâneos virem náufragos de si mesmos. O empenho por constituir comunidades cristãs maduras na fé deve, portanto, ser a meta das dioceses, paróquias, CEBs, comunidades novas, movimentos, associações, serviços e famílias.

4.1 – A COMUNIDADE CASA

129. A Igreja no Brasil, em sua ação evangelizadora, assume o compromisso de formar comunidade que viva como Casa da Misericórdia, alimentada pela Palavra, o Pão e a Caridade e que assume a Ação Missionária como tarefa de todos. Enquanto casa, as comunidades que queremos são espaços do encontro, da ternura e da solidariedade, o lugar da família e têm suas portas abertas.

130. Abrir as portas para acolher os irmãos e as irmãs é um sinal profético em um mundo no qual o individualismo, o medo da violência e o predomínio das relações virtualizadas, e no qual os espaços físicos das casas se tornam cada vez menores e menos vivenciais. Neste contexto, ser comunidade é, em si, profecia.

131. As comunidades eclesiais missionárias se reúnem também em espaços que não sejam residências, por exemplo, salões comunitários, espaços nas igrejas, espaços públicos e até mesmo improvisados. As relações fraternas, e não o local em que se reúnem, é que são significadas pela imagem da casa.

4.1.1 – CASA: espaço do encontro

132. Nossas comunidades precisam ser oásis de misericórdia no deserto da história, casas de oração profunda de mergulho no sagrado mistério revelado pelo Amor do Pai. Devem deixar de lado a burocratização que afasta e toda aparência de empresa que presta serviços religiosos para caminhar apressadamente no compromisso de se transformarem em lugar do encontro com Deus.

133. Este encontro com Deus se dá na celebração cheia de vida, no silêncio que permite a escuta, na harmonia que revela a plena beleza de Deus. O encontro com Deus é também intermediado pelo encontro com o irmão que tem nome, história, dores, alegrias, sonhos, conquistas e deseja ser acolhido, tornando-se presença significativa na vida da comunidade. Este cuidado mútuo é que santifica cada membro porque o amor torna real a presença do Ressuscitado na comunidade.

4.1.2 – CASA: lugar da ternura

134. Em nossas comunidades a afetividade, a empatia, a ternura com o irmão devem ser as marcas desta casa da fraternidade que o Papa Francisco chama de revolução da ternura.

135. Os cristãos eram um só coração e uma só alma (At 4,32). Por comungarmos do mesmo pão, na Eucaristia, na Palavra e na vida, somos irmãos que caminham juntos e nada que diga respeito à alegria e à dor do outro pode nos ser indiferente (Lc 10,25-37; 16,19-31 cf Jo 3,17).

136. Nossa ação pastoral só terá eficácia e sustentabilidade na afeição, no bem querer, no desejo de estar juntos e de partilhar a vida, inspirando-nos na vivência fraterna e solidárias das primeiras comunidades.

137. Em um mundo marcado pela violência e ódio crescentes, com a destruição como resposta aos problemas, a comunidade cristã se torna profeta ao viver a fraterna e solidária convivência como resposta à violência.

4.1.3 – CASA: lugar das famílias

138. A Exortação Apostólica Amoris Laetitia nos impele a ir ao encontro das famílias com atenção especial e ternura de quem coloca uma ovelha ferida no colo. Ir ao encontro das famílias, em sua realidade concreta, com as luzes e sombras, com as contradições próprias à condição humana e acolhê-las na comunidade cristã há de ser meta de toda ação pastoral.

139. A proximidade com as famílias em sua condição real de vida ajudará a experimentar a misericórdia de Deus que, em Jesus, se aproximou da viúva que enterrava seu filho único (Lc 7, 11-17), da sogra de Pedro, que sofria doente (Lc 4,38-40), de Jairo e de sua filha que estava morrendo (Lc 8, 40-56) e de outras famílias e pessoas que necessitavam da sua presença, da sua palavra e da sua consolação.

140. A comunidade cristã missionária pode, de fato, acontecer nos lares e grupos de famílias que se tornam núcleos comunitários onde a Igreja se reúne para meditar a Palavra, rezar, partilhar o pão e a vida. A formação de núcleos familiares que formem pequenas comunidades é o ideal de toda ação missionária das comunidades.

4.1.4- CASA: lugar de portas sempre abertas

141. Não poderá haver uma comunidade autenticamente cristã que não seja Porta da Misericórdia para todos que precisam, É chegada a hora de multiplicar essas portas nas igrejas, capelas, obras sociais, escolas… É hora de assumirmos com maior radicalidade a proposta de descentralização da experiência da comunidade cristã gerando redes de comunidades conforme apresentado no Documento de Aparecida (n. 172 e 372) e pelo documento Comunidade de Comunidades: uma nova paróquia.

142. Não basta só abrir as portas e esperar. É preciso ir ao encontro do outro onde quer que ele esteja. Seguindo o exemplo do mestre, que alcança os discípulos que voltavam desanimados para Emaús (Lc 24, 13-35), precisamos praticar um acolhimento ativo (Lc 15), que vá ao encontro dos que precisam de socorro.

143. Naquele “ide” de Jesus (Mt 28,19) estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja e, hoje, todos somos chamados a esta nova saída missionária. Sair implica em ter ousadia missionária. Esta santa ousadia impulsiona a novas atitudes e novas posturas, à descoberta de novos lugares e de antigas possibilidades esquecidas, de novos interlocutores, no desejo ardente de fazer o outro experimentar o amor de Deus que se revela na atitude misericordiosa.

4.2 – OS PILARES DA COMUNIDADE

144. A comunidade cristã missionária, como ambiente de vivência da fé e forma da presença da Igreja na sociedade é sustentada por quatro pilares fundamentais: PALAVRA; PÃO; CARIDADE; AÇÃO MISSIONÁRIA.

4.2.1- PILAR DA PALAVRA: Iniciação à vida cristã e animação bíblica da vida e da pastoral

145. A iniciação à vida cristã se refere, principalmente, à adesão a Jesus Cristo, não se esgotando na preparação aos sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia. Fundamenta-se na centralidade do querigma, o primeiro anúncio. Primeiro anúncio significa que é o principal, que sempre se tem de voltar a anunciar. Nossas comunidades precisam ser mistagógica, lugar por excelência da iniciação à vida cristã, preparadas para favorecer que o encontro com Jesus Cristo se faça e se refaça permanentemente.

146.  A Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela (Jo 1,14 – centralidade na Palavra que se fez carne e habitou entre nós). Por isso a Sagrada Escritura precisa estar sempre presente nos encontros,  nas celebrações e nas mais variadas reuniões.

147. Em consequência, a Igreja deve se esforçar para introduzir os discípulos em um percurso de iniciação à vida cristã, com inspiração catecumenal, centrado na leitura orante da Palavra de Deus. Esse itinerário é decisivo para dar respostas adequadas aos desafios da catequese em nosso tempo. É a centralidade na Palavra que também anima as comunidades a buscarem as águas mais profundas.

148. A Palavra de Deus não é de forma alguma letra morta. Ela entra na mente, toca o coração, nutre o espírito e transforma a vida tornando o critério da experiência comunitária e da ação missionária.

149. Através Palavra de Deus, patrimônio comum de todas as igrejas cristãs, convoca os cristãos das mais variadas denominações a se unirem, buscando na prática ecumênica seu único Senhor e caminhar na superação do escândalo da divisão.

4.2.2 – PILAR DO PÃO: liturgia e espiritualidade

160. A Eucaristia e a Palavra são elementos essenciais e insubstituíveis para a vida cristã (Jo 6,35). A liturgia é o coração da comunidade. Ela remete ao Mistério e ao compromisso fraterno e missionário.

161.  Em consequência as comunidades cristãs precisam valorizar o domingo, o Dia do Senhor, como o dia em que a família cristã se reúne para o encontro com Cristo. Por isso, no dia do Senhor, as portas das Igrejas devem estar abertas com equipes de acolhida de prontidão. Necessário também é a flexibilização dos horários celebrativo para acolher e atender as pessoas com agendas diferenciadas. Favorecer a celebração da Palavra onde a celebração Eucarística não for possível. Destaque deve ser dado para as equipes de liturgia que devem preparar com amor e afinco as celebrações, bem como o ministérios da música cuidar da qualidade dos cânticos.

162. É necessário promover uma liturgia que possibilite o verdadeiro encontro com Jesus Cristo, evitando-se ações litúrgicas frias ou demasiadamente subjetivistas e emotivas. As celebrações devem ter os pés firmados na realidade da vida das pessoas levando-as a mergulhar no mistério de Deus.

163. Em tempos de individualismo extremo, em que o eu parece ser o centro de tudo, é preciso dar u salto para uma espiritualidade comunitária. É preciso evi8tar a separação entre o culto e a misericórdia, liturgia e ética, celebração e serviço aos irmãos.

4.2.3- PILAR DA CARIDADE: serviço à vida

171. Em atenção à Palavra de Jesus e ao ensinamento da Igreja, especialmente sua doutrina social, nossas comunidades devem ser defensoras da vida desde a fecundação até o seu fim natural. O cuidado para com os direitos humanos, as políticas públicas que sustentam sua aplicação, hão de estar hão horizonte da ação dos discípulos de Jesus, chamados a realizar as obras de misericórdia tanto no âmbito pessoal quanto comunitário social.

172. As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo e nada existe de verdadeiramente humano que não encontre eco em seu coração. Todas as pessoas, especialmente quando feridas pelas marcas da cultura de morte que existe devido ao pecado, estejam no âmbito do nosso olhar pastoral.

173. É cada vez mais comum em muitas famílias haver membros de várias Igrejas e até de diferentes religiões. A solidariedade pode ser vivenciada por todos, por isso, maior testemunho haverá se, na defesa da vida e no cuidado para que ela seja vivida com dignidade, os cristãos trabalharem juntos em projetos comuns.

4.2.4- PILAR DA AÇÃO MISSIONÁRIA: estado permanente de missão

186. Onde Jesus nos envia? Não há fronteiras, não há limites: envia a todos. Por isso o Papa Francisco apresenta um modelo missionário para os nossos tempos: a iniciativa de procurar as pessoas necessitadas da alegria e da fé; envolvimento com sua vida diária e seus desafios, tocando nelas a carne sofredora de Cristo; o acompanhamento paciente em seu caminho de crescimento na fé; o reconhecimento dos frutos, mesmo que imperfeitos; a alegria e a festa de cada pequena vitória.

187. O cristão e convidado a comprometer-se missionariamente, como tarefa diária, em levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais íntimos como aos desconhecidos, de forma informal, durante uma conversa, espontaneamente em qualquer lugar, de modo respeitoso e amável. O primeiro momento é o diálogo, que estimula a partilhar alegrias, esperanças e preocupações. O segundo momento é a apresentação da Palavra, sempre recordando  o anúncio fundamental: o amor de Deus que se fez homem, entregou-se por nós e, vivo, oferece sua salvação e sua amizade. O último momento, se parecer prudente e houver condições, é bom que esse encontro fraterno e missionário se conclua com uma breve oração que se relacione com as preocupações que a pessoa manifestou.

188. Só podemos imaginar comunidade de fé, que segue os passos de Cristo Jesus e busca nele o seu modo de vida, se vamos ao encontro do outro no seu lugar concreto, anunciando o próprio Senhor com sua presença amorosa. Uma palavra que seja vida é a mais eloquente ação missionária. É esta presença e este testemunho que o mundo espera das comunidades cristãs. Um desejo de cheiro de ovelha deve permear toda missão e preparar o caminho para o anúncio explícito de Jesus Cristo.

CONCLUSÃO

203. Estas Diretrizes foram elaboradas para ajudar a Igreja no Brasil a responder aos desafios evangelizadores de Brasil cada vez mais urbano. Como resposta inculturada a esses desafios, as Diretrizes destacam a centralidade das comunidades cristãs com a imagem da casa sustentada por quatro pilares: Palavra; Pão; Caridade; Ação Missionária.

204.  O sucesso da implantação das Diretrizes nos ambientes diocesano e paroquiais requer que os membros das comunidades cristãs se sintam Povo de Deus a caminho do Reino, em processo que é iluminado, agora com as indicações destas Diretrizes.

205. Os pilares – Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária – correspondem à natureza mesma da Igreja, que busca em seu tesouro coisas novas e velhas (Mt 13,52). Em um tempo em rápida mutação, no qual se valoriza a novidade pela novidade, os quatro pilares podem deixar a impressão de que se está apenas repetindo o que sempre foi dito. No entanto, não se trata de inventar um programa novo. O programa já existe: é o mesmo de sempre, expresso no Evangelho e na Tradição viva. Concentra-se, em última análise, no próprio Cristo que temos de conhecer, amar e imitar para nele viver a vida trinitária e com Ele transformar a história até a sua plenitude na Jerusalém celeste. Mas, é necessário que cada comunidade ajuste estas orientações à sua realidade.

206. Por isso, importa transformar estas Diretrizes em projetos pastorais que, respeitando a unidade da Igreja em todo o Brasil, respondam às realidades regionalmente diversificadas. Uma recepção criativa levará em conta o que ora é apresentado; avaliará o caminho pastoral feito até o momento e realizará um planejamento aberto à participação de todas as pessoas que atuam nos vários âmbitos da Igreja.

207. Essas Diretrizes precisão inspirar a formação, o planejamento e as práticas de todas as instâncias da Igreja.

208. Por isso, além de uma leitura pessoal atenta dessas Diretrizes, é indispensável a realização de encontros reflexivos e estudo delas em todos os grupos, de forma separada. Depois, a realização de assembleia que colha as reflexões e avalie as escolhas dos encaminhamentos de cada um dos quatro pilares: Palavra; Pão. Caridade; Ação Missionária. Novamente os grupos avaliam as escolhas e por fim, realiza-se a grande assembleia para a elaboração do plano de ação pastoral com todas as indicações de o que se fará, quando fará, quem fará, com que recursos serão realizadas as tarefas.

209.  Estas Diretrizes foram elaboradas com a participação de diversos segmentos da Igreja no Brasil, em uma dinâmica sinodal, que significa a corresponsabilidade de todos que das reflexões participaram e na execução de todas as tarefas listadas. Neste momento em que a Igreja volta seu olhar para a Amazônia, elevamos ações de graças a Deus pelos incontáveis missionários e missionárias que, entregando suas vidas, algumas vezes silenciosamente e outras de forma martirial, mantém vivo, na realidade amazônica, o anúncio do Evangelho da vida e da paz.

210. Sob a proteção da Bem aventurada Virgem Maria, Senhora da Conceição Aparecida, a Igreja se coloca confiante, na esperança de que as Diretrizes cumpram a função para a qual foram elaboradas, e sirvam como instrumento para manifestar a alegria do Evangelho a todos os corações, especialmente os sofridos e desesperançados. Enfim, toda a nossa ação evangelizadora pressupõe uma atitude discipular para escutar o que o Mestre está pedindo à Igreja no Brasil, na certeza de que se o Senhor não construir a casa, em vão trabalham os que a constroem; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia aquele que a guarda (Salmo 127[126], 1).

 

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