As faces da violência: a criança

A pobreza é uma das piores formas de violência que uma criança pode enfrentar, sendo uma dura realidade para todos aqueles que sofrem com a miséria diariamente. Segundo dados das Nações Unidas, a pobreza atinge 1 bilhão de crianças no mundo, sendo a causa da morte de pelo menos 17 mil crianças e jovens todos os dias e, por conta dela, 61 milhões de crianças, em dezenas de países, estão fora da escola.

Os impactos podem ser ainda maiores. Estudos divulgados pela revista The Lancet, uma das principais publicações científicas internacionais, trouxeram uma conclusão que deve ser levada em consideração por toda a sociedade: a pobreza e a desigualdade social diminuem o tempo de vida e impactam o desenvolvimento das crianças. Tornando a pobreza mais prejudicial para a saúde do que a pressão alta, o consumo excessivo de álcool e a obesidade.

Colégio Santa Cruz – @colegiosantacruzoficial – Maringá – PR Crianças em atividades da CF 2018

Para combater o ciclo vicioso que mantém a pobreza é preciso atuar nos primeiros 1000 dias do bebê (270 da gestação + 365 do primeiro ano + 365 do 2º ano). Uma vez que as crianças bem cuidadas desde a gestação têm melhor saúde, são mais inteligentes, vão melhor na escola e serão adultos com menos doenças.

Dra. Zilda

“Temos que ter atitudes de paz dentro de casa porque senão, a violência vai se perpetuando, vai passando de geração para geração.”

Papa Francisco

“Reconhecemos nós que as coisas não andam bem, quando explodem tantas guerras sem sentido e a violência fratricida se apodera até dos nossos bairros? Então digamo-lo sem medo: Precisamos e queremos uma mudança.”

Logo, terão melhores empregos e ganharão mais, como foi comprovado por pesquisas brasileiras que mostraram que crianças que mamaram no peito por mais de um ano, aos 30 anos de idade, ganham R$341,00 a mais por mês comparadas às crianças que mamaram pouco.

James J. Heckman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia e especialista em economia do desenvolvimento humano, defende que o investimento na criança, nos primeiros anos de vida, é a melhor e mais vantajosa aplicação que se pode fazer. Visto que investir R$1,00 na primeira infância economizaria R$7,00 em gastos com saúde, tratamento de usuários de drogas, carceragem e criminalidade, segundo sua pesquisa.

Vale lembrar, que toda criança necessita de apoio na primeira infância. As crianças em situação de pobreza precisam ainda mais apoio, pois possuem menos recursos educacionais, sociais e econômicos para possibilitar as oportunidades necessárias para seu pleno desenvolvimento.

Uma forma concreta de demonstrar nosso compromisso com a criança e a Campanha da Fraternidade de 2018, é mobilizar a sociedade e todos os segmentos e recursos possíveis para acabar com a pobreza e todas as outras formas de violência, garantindo que todo ser humano seja acolhido e protegido pela família, sociedade e governo desde a sua concepção.

Para sabermos mais sobre a violência contra a criança, conversamos com o Dr. Nelson Arns Neumann, Coordenador Adjunto da Pastoral da Criança e Coordenador da Pastoral da Criança Internacional.

De que forma a família e a sociedade podem combater a violência contra a criança?

A família é o melhor lugar em que a criança pode crescer e se desenvolver. Criar e cuidar com ternura, implica construir primeiro uma relação de amor e respeito com essa criança. Essa construção deve ser feita de forma firme, mas sem violência. A sociedade como um todo tem o dever de proteger a criança e promover espaços saudáveis para que ela possa crescer e se desenvolver. Mas o mais importante: cada família deveria ajudar seus vizinhos que têm dificuldade. Segundo o evangelho de São Mateus 18, 15-17: “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, tu e ele a sós! Se ele te ouvir, terá ganho o teu irmão. Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, de modo que toda questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não vos der ouvido, dize-o à igreja. Se nem mesmo à igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um publicano”, ou seja, a denúncia para autoridades é a última opção. E mais: lembrem que Jesus nos dá o exemplo de deixar as 99 ovelhas e ir atrás da ovelha perdida. Assim, mesmo que a solução seja buscar a autoridade, a comunidade deve continuar se esforçando para trazer “a ovelha perdida” para seu convívio novamente.

Quais são as formas de violência que existem contra a criança?

Há muitas formas de violência contra a criança (física, psicológica, sexual, social – esgoto a céu aberto, tráfico de drogas, falta de espaço seguro para brincar e conviver com outras crianças), mas consideramos que a pior forma ainda é a pobreza. A pobreza reforça outros tipos de violência e é algo que as pessoas têm que conviver todos os dias.

Como a Igreja pode auxiliar para que essa violência diminua ou deixe de acontecer?

A Pastoral da Criança defende que o principal caminho para acabar com a violência é o fortalecimento das famílias. Não apenas em relação ao acesso à informação sobre os cuidados com a criança, mas também seu empoderamento por meio de redes de famílias e comunidades que não somente exigem do Estado mas, principalmente, fazem o que está ao seu alcance.

 

Esse texto foi publicado originalmente na 11ª edição da Revista da Pastoral da Criança.
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Fala de presidente da CNBB é alvo de falsas notícias (Fake News)

A proliferação de notícias falsas nas redes sociais, as chamadas “fake news” (notícias falsas), tem sido o fenômeno da atualidade. Boa parte da produção deste conteúdo é de baixa qualidade e não possui o mínimo necessário de apuração, ou seja, verificação da veracidade da informação com ambos os lados envolvidos. Apenas, joga-se o conteúdo nas redes e, rapidamente, ele é disseminado como “verdade”.

Em janeiro deste ano, o papa Francisco condenou o “mal” das falsas notícias, frisando que jornalistas, assim como os usuários de redes sociais, devem evitar e desmascarar as “táticas de cobras” manipuladoras que, segundo o Pontífice, fomentam a desunião para servir interesses políticos e econômicos.

“Divulgar fake news pode servir para conquistar objetivos específicos, influenciar decisões políticas, e servir para interesses econômicos”, escreveu o papa no documento, condenando “a manipulação nas redes sociais” e em outros meios de comunicação. A declaração faz parte da mensagem intitulada “A verdade vos tornara livres – fake news e jornalismo de paz”, lançada em preparação para o Dia Mundial das Comunicações Sociais da Igreja Católica, a ser celebrado em 13 de maio.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem sido vítima frequente de boatos, manipulações da informação e notícias truncadas. Durante a coletiva de imprensa no lançamento da Campanha da Fraternidade 2018, dia 14/02, o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da entidade, cardeal Sergio da Rocha, respondeu a jornalistas sobre apoio político nas próximas eleições e disse: “Nós queremos candidatos comprometidos com a justiça social e a paz. Não candidatos que promovam ainda mais a violência”, declarou o cardeal sem fazer referência direta a nenhum dos pré-candidatos.

Alguns site, blogs e canais de vídeos modificaram a fala do cardeal e afirmaram que a Igreja estava orientando o povo a não votar em um determinado pré-candidato à presidência da República. Tal notícia dada como “verdade” repercutiu nas redes, foi comentada, compartilhada milhares de vezes como sendo “verdade”. Porém, não houve consulta alguma da parte dos blogs e sites que disseminaram este conteúdo à CNBB sobre a veracidade da declaração.

A CNBB, que vem trabalhando para combater as “fake news”, se pronunciou e respondeu aos jornalistas que procuraram a entidade com a seguinte resposta:

“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não se pronuncia sobre candidatos e/ou partidos. A Igreja no Brasil oferece critérios cristãos para o discernimento sem substituir a consciência do eleitor”.

Voltando ao documento do papa sobre notícias falsas, ele destacou que as “fake news” já começaram quando Eva, seduzida pelas informações falsas divulgadas pelo demônio em forma de serpente, foi tentada, no Éden, a comer dos frutos da árvore proibida.

“A estratégia desse inteligente ‘pai da mentira’ é precisamente a imitação, essa forma de sedução traiçoeira e perigosa que se insinua no coração com argumentos falsos e atrativos”, disse Francisco referindo-se ao diabo.

O Pontífice ressalta ainda no documento que vê o papel do jornalismo como “uma missão” e que os jornalistas têm a responsabilidade de eliminar as fake news.

CF 2019

A Campanha da Fraternidade do próximo ano – Quaresma 2019 – terá como tema Fraternidade e Políticas Públicas, e como lema Serás libertado pelo direito e pela justiça (Is 1,27).

O tema será, sem dúvida, difícil de ser trabalhado, especialmente porque não somos uma nação que prima pela cidadania, haja vista o nosso sistema educacional. Porém, a urgência é tamanha que, quanto antes e quanto mais, investirmos na reflexão e na ação, é melhor.

Fraternidade e Políticas Públicas
“Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1,27)

 

CNBB

Sem mudanças não haverá superação da violência

A Campanha da Fraternidade 2018 foi aberta na quarta-feira, 14, com a proposta de construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência. Este caminho de conversão quaresmal, em vista de uma cultura da paz, exige o enfrentamento da realidade de exclusão. É o que aponta o secretário executivo de Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Luís Fernando da Silva.

Em entrevista, ele ressalta que “sem a justiça social não haverá superação da violência”.

Qual é o grande convite da CF 2018 para os cristãos?

A violência é o não reconhecimento do outro, é coisificar a pessoa humana e toda vez que a pessoa humana é coisificada também é manipulada, se exerce força e brutalidade para com ela. O grande objetivo da Igreja com a Campanha da Fraternidade 2018 é: construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência.

Quais são os caminhos de superação da violência?

Nessa Campanha ouvimos um tríplice chamado de Jesus. O primeiro chamado é o da valorização da vida. A vida é dom divino, portanto precisa ser respeitada do seu início ao seu fim natural. O segundo chamado é o da fraternidade, essa Campanha quer recordar que somos irmãos e irmãs filhos do mesmo Pai do céu, o grande sonho do Pai é que seus filhos vivam em paz e em harmonia. Por fim, o terceiro chamado é ao profetismo. Por causa da dimensão profética, recebida no batismo, nós lutamos pela preservação e garantia dos direitos elementares do ser humano.

A superação da violência, condição para uma sociedade e cultura da paz, exige comprometimento e ações envolvendo a sociedade civil organizada, a Igreja e os poderes constituídos para a formulação de políticas públicas emancipatórias que assegurem a vida e o direito das pessoas em uma sociedade e cultura de Paz.

A não consolidação dessas necessidades básicas é uma das principais causas da violência física, psicológica e social na sociedade brasileira. Portanto, superar a violência em vista de uma cultura da paz, exige o enfrentamento dessa realidade, pois sem a justiça social não haverá superação da violência.

Como relacionar a vivência da CF e a quaresma?

A Campanha da Fraternidade nasceu como um apelo de conversão comunitária e social, para ser vivido no Tempo da Quaresma, tempo propício para essa realidade. Contudo hoje fica muito claro que a reflexão da Campanha da Fraternidade ultrapassa o tempo da Quaresma. Em muitos lugares do Brasil, a Campanha é trabalhada durante todo o ano. Em alguns lugares a reflexão de alguns temas dura muito mais que um ano. Por exemplo, outro dia encontrei-me com um grupo que se reúne todos os meses para discutir a CF de 2004. Com isso vamos percebendo que o papel da CNBB é muito mais que lançar a semente. A semente lançada segue florescendo e dando frutos de acordo com cada realidade.

 

CNBB
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Suas ações e atitudes para Campanha da Fraternidade 2018

O que fazer para ajudar a construir a cultura de paz?
Veja ações e atitudes que a Campanha da Fraternidade faz nesse ano de 2018.

A Campanha da Fraternidade 2018 convida à superação da violência. O assunto é de interesse de todos e atinge a todos.
Mas, o que cada um de nós pode fazer para superar a violência e construir a paz?

Uma indicação importante antes de considerar qualquer ação ou atitude nossa é ter como centralidade o Evangelho:

“Um agir que supera a violência tem como fundamento o Evangelho que aponta para a grandeza da vida e da beleza de viver. Testemunhar a beleza da vida e a graça de vivermos todos como irmãos! Essa verdade do Evangelho deveria ecoar em nossos corações, em nossas comunidades e em nossa sociedade”. (cf. Texto-Base nº 205)

Confira a lista com de ações e atitudes que a Campanha da Fraternidade apresenta nesse ano de 2018. Encontre ações que você, sua comunidade ou grupo possam se identificar e assumir como compromisso nesse ano.

01 – Misericórdia, solidariedade e desejo de superação devem ser os elementos que fundamentam a ação diante da injustiça, sofrimento, conflito, insegurança;

02 – Ninguém deve pagar o mal com o mal, mas com o bem;

03 – Renunciar a qualquer forma de violência;

04 – Não colocar nas armas a solução para os conflitos humanos;

05 – Criar novos relacionamentos, a partir da fraternidade e da necessidade de um projeto social comum;

06 – A solidariedade para com as vítimas da violência;

07 – O respeito pela dignidade em todas as condições da vida;

08 – A luta pela conversão pessoal e pela conversão de todos;

09 – Respeito às diferenças, contra o preconceito e a discriminação;

10 – Refletir nas famílias sobre a cultura da reconciliação e da paz e sobre estratégias de solução;

11 – Repensar a própria responsabilidade em relação à sociedade;

12 – Promover momentos para exercer o discernimento evangélico acerca do que ocorre na comunidade, bairro, cidade, e identificar situações de violência;

13 – Desenvolver o diálogo com outras religiões e posições diferentes;

14 – A comunidade insira o tema da paz em sua liturgia e oração;

15 – Articular por meio do Ecumenismo e do Diálogo inter-religioso, momentos de oração pela paz em lugares simbólicos;

16 – Conhecer realidades que apresentem conflitos, para um discernimento sobre as melhores soluções e contribuições possíveis;

17 – Acompanhar famílias, escolas, locais e situações de conflitos para superá-los;

18 – Apoiar as iniciativas que visem à cultura da paz;

19 – Divulgar as iniciativas onde a Igreja se faz solidária às vítimas da violência;

20 – Incluir os Conselhos Paritários no plano pastoral para a participação da Igreja na edificação do bem comum;

21 – Formar leigos e leigas para a superação da violência;

22 – Incluir o tema da superação da violência na Iniciação Cristã, Catequese e com a Juventude;

23 – Promover uma Pastoral Familiar capaz de ajudar a superar a violência doméstica;

24 – Envolver jornais na superação da violência;

25 – Resgatar documentos do magistério da Igreja referentes ao valor e à dignidade da pessoa humana;

26 – Utilizar os meios de formação da paróquia e comunidade para aprofundar temas relativos à superação da violência, para atingir quem participa da Igreja;

27 – Promover palestras e cursos destinados a lideranças da igreja, bispos, presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, com especial atenção às pastorais da criança, do menor, da juventude, da família, da saúde, da educação, carcerária e da sobriedade;

 

Iniciativas fomentadas pela sociedade, assumidas pelo Poder Público, em que também podemos atuar conjuntamente:

Estatuto da Criança e Adolescente

28 – Denunciar a violência sexual contra crianças e adolescentes;

29 – Promover parcerias com os Conselhos Tutelares (CT), Conselho Municipal da Criança e Adolescente (CMDCA), Conselho de Alimentação Escolar (CAE) e Pastoral do Menor;

30 – Defender o ECA como caminho para a superação da violência;

31 – A partir da Doutrina Social da Igreja, promover debates envolvendo as secretarias de inclusão, cidadania, direitos humanos e conselhos de direitos para buscar formas de superação da violência;

 

A violência doméstica e a Lei Maria da Penha

32 – Incluir a superação da violência nos programas de formação para a Iniciação Cristã, Catequese e Juventude;

33 – Promover uma Pastoral familiar capaz de ajudar cada família a superar os problemas de violência doméstica;

34 – Promover atos públicos em função de uma sociedade mais segura, chamando a atenção da população sobre a violência doméstica e a Lei Maria da Penha

 

Direitos Humanos

35 – Lutar contra toda forma de violência e discriminação e apoiar iniciativas na defesa dos direitos humanos;

36 – Apoiar as pessoas de boa vontade que militam nos difíceis campos da política, direitos humanos e relações internacionais;

37 – Fortalecer a ação educativa e evangelizadora, objetivando a construção da cultura da paz, a conscientização sobre a negação de direitos e o rompimento com a violência como solução para a violência;

 

Superação da violência gerada pela exploração sexual e pelo tráfico humano

38 – Exigir do Estado a efetivação do III Plano Nacional dos Direitos Humanos;

39 – Contribuir na articulação de uma rede de entidades que atuam na prevenção ao tráfico humano e na assistência às vítimas;

 

Violência e juventude

40 – Erradicar definitivamente o analfabetismo;

41 – Esclarecer a comunidade sobre a importância da participação nos Conselhos da Juventude;

42 – No acompanhamento aos usuários de drogas, estar ao lado do dependente para ajudá-lo a vencer esta enfermidade;

43 – Estabelecer políticas públicas de inclusão principalmente da juventude negra;

44 – Promover o perdão e a reconciliação, sobretudo nas famílias;

 

Negros e negras e a superação da violência

45 – Valorizar as datas comemorativas dos povos indígenas e quilombolas;

46 – Realizar a Semana dos Povos Indígenas e a Semana da Consciência Negra;

47 – Facilitar o desenvolvimento da agricultura familiar, consumindo produtos artesanais das comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas;

 

Superação da violência no campo

48 – Comprometimento com a demarcação das terras indígenas;

49 – Estimular a Reforma Agrária e a melhoria das condições do trabalho no campo;

50 – Impedir a depredação dos recursos naturais revertendo a tendência destrutiva dos agentes causadores das mudanças climáticas, pois estes são uma violência contra o meio ambiente;

 

A superação da violência fruto do narcotráfico

51 – Denunciar a criminalidade dos narcotraficantes;

52 – Incentivar programas de governos e entidades civis que trabalham neste sentido;

53 – Implementação de políticas públicas desenvolvidas pelo Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD);

54 – Atuação efetiva do Centro de Referência Especializada em Assistência Social (CREAS), bem como as práticas de Polícia Comunitária;

55 – Fortalecer a Pastoral da Sobriedade;

 

Estatuto do Desarmamento

56 – Realização de campanhas educacionais sobre os problemas que geram insegurança e medo às pessoas, com o apoio dos meios de comunicação social e das instituições presentes na sociedade comprometidas com o bem social e a educação;

57 – Formação e valorização de Comissões Diocesanas de Justiça e Paz e Comissões de Defesa dos Direitos Humanos;

 

Defensoria pública

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Como surgiu as Campanhas da Fraternidade?

Em 1961, três padres responsáveis pela Cáritas Brasileira idealizaram uma campanha para arrecadar fundos para as atividades assistenciais e promocionais da instituição e torná-Ia, assim, autônoma financeiramente. A atividade foi chamada Campanha da Fraternidade e realizada, pela primeira vez, na Quaresma de 1962, em Natal (RN), com adesão de outras três dioceses e apoio financeiro dos bispos norte-americanos. No ano seguinte, dezesseis dioceses do Nordeste realizaram a Campanha. Não teve êxito financeiro, mas foi o embrião de um projeto anual dos Organismos Nacionais da CNBB e das Igrejas Particulares no Brasil, realizado à luz e na perspectiva das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral (Evangelizadora) da Igreja em nosso país.

Em seu início, teve destacada atuação o Secretariado Nacional de Ação Social da CNBB, sob cuja dependência estava a Cáritas Brasileira, que fora fundada no Brasil, em 1957. Na época, o responsável pelo Secretariado de Ação Social era Dom Eugênio de Araújo Sales, que, por isso, era presidente da Cáritas Brasileira. O fato de ser administrador apostólico de Natal (RN) explica que a Campanha tenha iniciado naquela circunscrição eclesiástica e em todo o Rio Grande do Norte.

Esse projeto foi lançado, em âmbito nacional, no dia 26 de dezembro de 1963, sob o impulso renovador do espírito do Concílio Vaticano II, em andamento na época, e realizado pela primeira vez na Quaresma de 1964. O tempo do Concílio foi fundamental para a concepção, estruturação e encaminhamentos da CF, do Plano de Pastoral de Emergência, do Plano de Pastoral de Conjunto e de outras iniciativas de renovação eclesial. Ao longo de quatro anos seguidos, por um período extenso em cada um, os bispos ficaram hospedados na mesma casa, em Roma, participando das sessões do Concílio e de diversos momentos de reunião, estudo, troca de experiências. Nesse
contexto, nasceu e cresceu a CF.

Em 20 de dezembro de 1964, os bispos aprovaram o projeto inicial da CF, intitulado: “Campanha da Fraternidade: pontos fundamentais apreciados pelo episcopado em Roma”. Em 1965, tanto a Cáritas quanto a Campanha da Fraternidade, que estavam vinculadas ao Secretariado Nacional de Ação Social, foram vinculadas diretamente ao Secretariado Geral da CNBB. A CNBB passou a assumir a CF. Nessa transição, foi estabelecida a estruturação básica da CF. Em 1967, começou a ser redigido um subsídio, maior que os anteriores, para a organização anual da CF. Nesse mesmo ano, iniciaram-se, também, os encontros nacionais das Coordenações Nacional e Regionais da CF.

A partir de 1971, tanto a Presidência da CNBB como a Comissão Episcopal de Pastoral começaram a ter uma participação mais intensa em todo o processo da CF.

Em 1970, a CF ganhou um especial e significativo apoio: a mensagem do Papa, transmitida em cadeia nacional de rádio e televisão, quando de sua abertura, na Quarta-feira de Cinzas. A mensagem papal continua enriquecendo a abertura da CF.

Os temas da CF, inicialmente, contemplaram mais a vida interna da Igreja. A consciência sempre maior da situação de injustiça, de exclusão e de crescente miséria levou à escolha de aspectos bem determinados da realidade socioeconômica e política brasileira. O restabelecimento da justiça e da fraternidade nessas situações era compromisso urgente da fé.

Conheça todos os temas e lemas

1ª fase: Em busca da renovação interna da Igreja

a) Renovação da Igreja
b) Renovação do cristão

2ª fase: A Igreja se preocupa com a realidade social do povo, denunciando o pecado social e promovendo a justiça (Vaticano II, Medellín e Puebla)

Neste período marcado por graves injustiças e restrições sociopolíticas no país, a Igreja, por meio da Campanha da Fraternidade, contribuiu para que o chamado à conversão próprio da Quaresma se estendesse ao âmbito comunitário e social, despertando as consciências para as graves injustiças existentes nas estruturas do país, em vista de ações transformadoras. Assim, a Páscoa repercutiu na história do povo brasileiro gerando fraternidade e vida.

3ª fase: A Igreja se volta para situações existenciais do povo brasileiro

Nesta fase, a Igreja, com a realização das Campanhas da Fraternidade, tem contribuído ao evidenciar situações que causam sofrimento e morte em meio ao povo brasileiro, nem sempre percebidas por todos, quando o Brasil reencontra seu longo caminho rumo à construção de uma sociedade democrática, capaz de integrar todos os seus filhos e filhas.

O itinerário da Campanha da Fraternidade continua em 2018 com o tema: “Fraternidade e superação da violência” e o lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).

 

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