A Campanha da Fraternidade e a Quaresma 2022

Quaresma 2022

A Quaresma 2022

Quaresma é tempo favorável para a conversão do coração. Converter-se é também sair do individualismo, romper com a indiferença, vivendo a solidariedade em diálogo e como compromisso de amor. Coração transformado pelos exercícios espirituais que nos conduzem à
celebração da Páscoa de Jesus Cristo. Um convite à transformação interior que tem incidências concretas no cotidiano.

Desde 1964, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade como um dos modos de viver a espiritualidade quaresmal. Uma Campanha que contribui para uma mudança de vida profunda que nos leva, não somente a pedir a Deus perdão por nossos pecados, mas a unir forças na construção de uma sociedade que corresponda à mensagem do Evangelho (cf. Mc 1,15).

A Campanha da Fraternidade tem como grande objetivo despertar a solidariedade dos fiéis em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução à luz do Evangelho. A cada ano é escolhido um tema, que define a realidade concreta a ser transformada, e um lema, que explicita em que direção se busca a transformação. O Evangelho possui uma irrenunciável incidência social. “Deus está interessado no bem-estar completo do homem, e por isso também no desenvolvimento da comunidade na qual o homem participa de muitos modos”.

A Campanha da Fraternidade é realizada no tempo da quaresma 2022, porém, não se reduz a ele. Celebrando o amor redentor, a Páscoa de Jesus Cristo deve nos levar, já nesta vida, a passar de um mundo não fraterno, marcado pelo pecado, nas suas expressões de injustiças, omissões e opressões, para uma sociedade de irmãos. Em 2022, os bispos do Brasil nos fazem um convite de singular importância: à luz da fé, queremos refletir sobre a educação em nosso país, convictos de que ela é indispensável para a construção de um mundo mais justo e fraterno.

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Apresentando a Campanha da Fraternidade 2022

Campanha da Fraternidade 2022

A Campanha da Fraternidade 2022

Educar é um ato eminentemente humano. Somos renovados quando aprendemos mais a respeito da vida e seu sentido, quando nos ensinam novos conhecimentos e quando, percebemos que em nós existe a profunda sede de aprender e ensinar.

Educar é também uma ação divina. A Bíblia nos mostra a história de um Deus que educa seu povo, caminhando com ele, compreendendo suas fragilidades, respeitando suas etapas e alertando diante dos erros. Quando contemplamos as ações e palavras de Jesus, encontramos um caminhar educativo. Sua presença atenciosa junto às pessoas, a relação entre os milagres e a conversão, o uso de exemplos recolhidos do cotidiano, tudo, enfim, nos apresenta Jesus como o grande educador.

É, pois, com essa certeza que a Campanha da Fraternidade 2022 nos convida a refletir sobre a indispensável relação entre fraternidade e educação. Já tendo, por duas vezes, se debruçado sobre essa relação (1982 e 1998), a realidade de nossos dias fez com que o tema educação recebesse destaque, dentre os vários sugeridos, e fosse escolhido para mais uma Campanha da Fraternidade.

De fato, o mundo e nele o Brasil estão diante de um desafio: redescobrir caminhos para uma reconstrução que não é parcial, mas global; que não atinge somente alguns aspectos, mas que deve chegar às raízes do modo como pessoas e povos compreendem e organizam a totalidade da vida. O mundo de nosso tempo precisa encontrar caminhos para se reconstruir, ouvindo os clamores dos vulneráveis em uma casa comum cada vez mais vulnerabilizada. Por isso, pergunta-nos o Papa Francisco: “O que acontece quando não há a fraternidade conscientemente cultivada, quando não há uma vontade política de fraternidade, traduzida em uma educação para a fraternidade, o diálogo, a descoberta da reciprocidade e o enriquecimento mútuo como valores?”

Roma – O afresco Jesus no ensino na igreja Santa Maria em Monticelli

Trata-se, portanto, de uma Campanha da Fraternidade em forte linha de continuidade com os temas que nos vêm sendo propostos pelo menos desde 2018, quando éramos convidados a encontrar caminhos para a superação da violência. Esses caminhos passam por políticas públicas (CF 2019), fundados na ética do cuidado (CF 2020), em profunda atitude de diálogo (CFE 2021). Nada disso poderá, entretanto, ocorrer se não se considerar a importância da educação: educarmo-nos para o cuidado dialogal, nas relações interpessoais, e para o compromisso socioambiental; educarmo-nos para a redescoberta das motivações mais profundas ao próprio ato de educar.

Essa é a razão pela qual, em 2022, mais do que abordar um ou outro aspecto específico da problemática educacional, a Campanha da Fraternidade nos convoca a refletir sobre os fundamentos do ato de educar. Ao longo da caminhada quaresmal, em que a conversão se faz
meta primeira, recebemos o convite para buscar os motivos de nossas escolhas em todas as ações e, por certo, naquelas que dizem respeito mais diretamente ao mundo da educação. Leia mais

Oração da Campanha da Fraternidade 2022

Oração da Campanha da Fraternidade 2022

Pai Santo, neste tempo favorável de conversão e compromisso,
dai-nos a graça de sermos educados pela Palavra que liberta e salva.

Livrai-nos da influência negativa
de uma cultura em que
a educação não é assumida como ato de amor aos irmãos
e de esperança no ser humano.

Renovai-nos com a vossa graça para vencermos
o medo, o desânimo e o cansaço,
e ajudai-nos a promover uma educação integral, fraterna e solidária.

Fortalecei-nos, para que sejamos corajosos
na missão de educar para a vida plena em família,
em comunidades eclesiais missionárias,
nas escolas, nas universidades e em todos os ambientes.

Ensinai-nos a falar com sabedoria e educar com amor!
Permiti que a Virgem Maria, Mãe educadora,
com a sabedoria dos pequenos e pobres,
nos ajude a educar e servir
com a pedagogia do diálogo, da solidariedade e da paz.

Por Jesus, vosso Filho amado,
no Espírito, Senhor que dá a vida.

Amém.

 

 

CNBB / Portal Kairós

A liturgia do mês de fevereiro de 2022

Somos todos irmãos!

Liturgia do mês de fevereiro de 2022

Quando Jesus foi apresentado no templo de Jerusalém por Maria e José, um homem “justo e piedoso”, chamado Simeão, tomou-o nos braços e louvou a Deus, reconhecendo o Menino como “luz para iluminar as nações” (Lc 2,32). O louvor e a alegria de Simeão, recordados na celebração da Apresentação do Senhor, prolongam-se na Igreja, que continua a proclamar que Jesus é a luz para as nações, sem excluir ninguém.

O amor de Deus e a redenção em Cristo são para todos. A universalidade do amor de Deus, em quem cremos, leva-nos a reconhecer no outro um irmão ou uma irmã a serem amados. O papa Francisco, em sua encíclica Fratelli Tutti, ressalta justamente a necessidade de alargarmos nosso amor fraterno, sem excluir ninguém, a fim de sermos, de fato, “todos irmãos”. Ele se refere a uma “fraternidade sem fronteiras” ou ao “próximo sem fronteiras”(n. 80),ressaltando a importância de amar a todos, e não somente a quem nos agrada, pensa como nós ou está vizinho. A palavra de Jesus “Todos vós sois irmãos” (Mt 23,8) é recordada pelo papa (n. 95) para inspirar nossas atitudes pessoais e ações comunitárias.

Intenção da liturgia do mês de fevereiro de 2022: Rezemos pelas religiosas e consagradas, agradecendo-lhes a sua missão e a sua coragem, para que continuem a encontrar novas respostas diante dos desafios do nosso tempo.

A fé nos leva a atestar que Deus ama a todos, proclamar que cada pessoa tem uma dignidade infinita o “reconhecer o próprio Cristo em cada irmão abandonado ou excluído” (n. 85). Necessitamos amar a todos, a começar das pessoas com as quais convivemos diariamente, sem nos deixarmos mover por antipatias ou ideologias. Necessitamos amar, de modo especial, quem não é amado, respeitado e valorizado. O papa alerta para a gravidade do “descarte”, que exclui e sacrifica “partes da humanidade”, adquirindo proporções de “descarte mundial”(n. 18-21). Ao invés de reproduzir ou alimentar a tendência ao descarte de pessoas e grupos fragilizados, necessitamos incluir a todos em nosso amor fraterno.

O coração de quem ora a Deus, chamando-o do Pai, seja também um coração aberto ao “próximo sem fronteiras” Nossas mãos levantadas em oração, reconhecendo Jesus como “luz do mundo”, sejam também mãos fraternalmente estendidas aos irmãos, especialmente aos pobres, aos enfermos e aos mais fragilizados. Possamos testemunhar a cada dia, com gestos concretos de fraternidade, que somos “todos irmãos”!

Dia / Comemorações da liturgia do mês de fevereiro de 2022

02 – Apresentação do Senhor / Dia mundial da vida consagrada
03 – São Brás; Santo Oscar
04 – 1ª sexta-feira
05 – Santa Águeda

06 – 5º domingo do Tempo Comum

08 – Jerônimo Emiliani; Santa Josefina Bakhita
10 – Santa Escolástica
11 – Nossa Senhora de Lourdes / dia do enfermo

13 – 6º domingo do Tempo Comum

14 – Santos Cirilo e Metódico
17 – Santos fundadores dos Servitas

20 – 7º domingo do Tempo Comum

21 – São Pedro Damião
22 – Cátedra de São Pedro
23 – São Policarpo

27 – 8º domingo do Tempo Comum

 

D. Sérgio da Rocha – Cardeal Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil / Portal Kairós

A liturgia do mês de janeiro de 2022

Recomeçar com Esperança

Liturgia do mês de janeiro de 2022

A carta encíclica do papa Francisco denominada Fratelli Tutti, de 3 de outubro de 2020, sobre “a fraternidade e a amizade social” pela importância e urgência de sua temática, continua a nos interpelar e produzir frutos. Por ser uma “encíclica social”, nos seus argumentos e destinatários, ultrapassa as fronteiras da Igreja católica, interpelando a todos. Os critérios e valores do Evangelho, transmitidos pela Doutrina Social da Igreja, fundamentam a reflexão. No seu ensinamento, a Igreja não tem a pretensão de oferecer soluções técnicas para os problemas sociais, e sim o que ela tem de mais precioso, o Evangelho de Jesus Cristo.

Intenção da liturgia do mês de janeiro de 2022: Para que todas as pessoas que sofrem discriminação e perseguição religiosa encontrem nas sociedades onde vivem o reconhecimento dos próprios direitos e da dignidade que nasce de sermos irmãos.

O título italiano Fratelli Tutti, traduzido como “Todos irmãos”, provém do modo como “escrevia São Francisco de Assis, dirigindo-se a seus irmãos e irmãs”, segundo explica o papa, logo no início.  A encíclica é um convite à vivência, no mundo de hoje, da “fraternidade e amizade social” Os títulos dos seus oito capítulos despertam interesse e reflexão, iniciando-se com “As sombras de um mundo fechado” (capítulo I) e terminando com “As religiões a serviço da fraternidade no mundo” (capítulo VIII). “Mundo aberto”, “coração aberto”, “diálogo”, “fraternidade”, “amizade social” e “encontro” são termos que aparecem nos títulos dos seus capítulos e na reflexão desenvolvida, indicando-nos o caminho a seguir.

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A Fratelli Tutti desinstala quem está acomodado diante dos problemas sociais, reacende a esperança e estimula a caminhar na “fraternidade sem fronteiras” O papa não quer que permaneçamos nas “sombras de um mundo fechado”, mas nos motiva a pensar e trilhar “caminhos de esperança” (n. 54). “Deus continua a espalhar sementes de bem na humanidade”, sendo nossa vida “tecida e sustentada” pelo amor de tantas pessoas que se dedicam a servir e a cuidar de nós.

Neste início de 2022, temos oportunidade privilegiada de recomeçar, trilhando, com esperança, o caminho da fraternidade indicado pelo papa Francisco.” A esperança é ousada, sabe olhar para além das comodidades pessoais, das pequenas seguranças e compensações que reduzem o horizonte, para se abrir aos grandes ideais que tornam a vida mais bela e digna” (n. 55). Neste novo ano, possa ecoar, em nosso
coração e no mundo, o convite do papa: “Caminhemos na esperança!”

Dia / Comemorações da liturgia do mês de janeiro de 2022

01 – Santa Maria, Mãe de Deus – Dia mundial da paz

02 – Epifania do Senhor

03 – Santíssimo Nome de Jesus
07 – São Raimundo de Penyafort – Beata Lindalva J. de Oliveira / 1ª sexta-feira
09 – Batismo do Senhor
13 – Santo Hilário
15 – Santo Arnaldo Janssen

16 – 2° domingo do Tempo Comum

17 – Santo Antão
20 – São Fabiano; São Sebastião
21 – Santa Inês
22 – São Vicente (diácono); São Vicente Pallotti

23 – 3° domingo do Tempo Comum

24 – São Francisco de Sales
25 – Conversão de São Paulo
26 – Santos Timóteo e Tito
27 – Santa Ângela Mérici
28 – Santo Tomás de Aquino
29 – São José Freinademetz

30 – 4° domingo do Tempo Comum

31 – São João Bosco

 

D. Sérgio da Rocha – Cardeal Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil / Portal Kairós