Lançando o Mês da Bíblia de 2021

É com imensa alegria que celebramos, neste ano de 2021, o 50º aniversário do “Mês da Bíblia”. Essa iniciativa teve início no Brasil em 1971, por ocasião do jubileu de ouro da Arquidiocese de Belo Horizonte. O “Mês da Bíblia” foi recomendado pelas Irmãs Paulinas, após a solicitação de sugestões a Dom João Resende Costa, então arcebispo metropolitano. Essa atividade expandiu-se pelas dioceses do regional Leste 2 da CNBB.

O Mês da Bíblia de 2021

Em 1985, essa atividade foi assumida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), juntamente com o Serviço de Animação Bíblica (SAB), sendo, assim, proposta a todas as dioceses do país. Esse convênio entre SAB e CNBB foi concluído em 1995.

Em 1999, o tema e o lema começaram a ser escolhidos pela Dimensão Bíblico Catequética da CNBB em sintonia com as instituições bíblicas, entre elas o SABs (Serviço de Animação Bíblica) de todo o Brasil. Hoje o “Mês da Bíblia” é também realizado em várias dioceses e arquidioceses da América Latina e da África, tornando-se todos os anos um tempo privilegiado para aprofundar determinado livro ou tema bíblico.

Lema: “Todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28d)

O mês de setembro foi escolhido por causa da memória da morte de São Jerônimo, que, com Paula e Eustáquia, traduziram a Bíblia dos originais hebraico e grego para o latim, a tradução chamada Vulgata.

Neste ano, o tema do “Mês da Bíblia” é a Carta de Paulo aos Gálatas e o lema é “Todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28d), extraído do “hino batismal”, descrito em Gl 3,26-28, quando Paulo afirma que todos são filhos e filhas de Deus. Portanto, pelo Batismo, as divisões foram superadas e, dessa forma, “não há mais judeu ou grego, nem escravo ou livre, nem macho ou fêmea”, pois somos um em Cristo Jesus. Acreditamos que o aprofundamento da Carta aos Gálatas será uma linda forma de celebrar os 50 anos da realização do “Mês da Bíblia”.

Por quem, quando e onde foi escrita a carta aos Gálatas?

A Carta aos Gálatas é considerada autenticamente de Paulo, o apóstolo, por isso é chamada protopaulina. Há duas propostas de datação da carta, bem como do local onde ela surgiu. A primeira hipótese propõe que tenha sido escrita entre os anos 56-57 d.C., na Macedônia. A segunda afirma que foi redigida em Éfeso, em meados dos anos 50 d.C. (entre 54 e 57).

Esta última proposta parece ser a mais provável, ao considerarmos os estudos atuais e a revisão da datação das outras cartas de Paulo.

Interlocutores

Quanto à identificação dos destinatários dessa carta, temos um problema, dado a indicação genérica do cabeçalho (“igrejas da Galácia”) e por individuarmos duas áreas geográficas com o mesmo nome: a região da Galácia, chamada de região norte (Galácia setentrional), e a província romana da Galácia, que englobava a região sul da Ásia Menor (Galácia meridional). A opção pela região, e não pela província, é a mais plausível, pois sabe-se que Paulo não costumava citar os nomes oficiais das províncias romanas em suas cartas, e sim os nomes originais das regiões (Gl 1,17.21; 4,25; 1Ts 2,14; Rm 15,24).

A Galácia era formada por uma população de origem celta, que, no século III a.C., emigrou da Europa para o centro-norte da Ásia Menor, e corresponde à região central da atual Turquia. No período do domínio grego não houve resistência dos gálatas, tendo ocorrido a helenização da região. Mas depois, diante das vantagens que os romanos prometiam, os gálatas os apoiaram, sendo recompensados com a ampliação de seu território, por Pompeu e Augusto, e em 25 a.C. a Galácia tornou-se província romana.

Paulo passou pela Galácia e ali permaneceu por um tempo, por causa de uma enfermidade (Gl 4,13-14), provavelmente contagiosa, sendo acolhido pelas pessoas dessa região como um mensageiro de Deus. Nesse período foi fundada a comunidade, constituída, em sua maioria, por pessoas de origem pagã (Gl 4,8; 5,2; 6,12-13), da cultura greco-romana, pois era rara a presença de judeus nessas cidades. Não há muitos dados sobre os costumes dos gálatas, porém, sabe-se que frequentavam as religiões pagãs, que adoravam deuses e deusas e veneravam fenômenos da natureza, tais como as estrelas, o sol e a lua. Havia uma miscigenação de elementos de culturas religiosas primitivas, com suas diversas concepções de mundo, diferentes da cultura judaica.

 

SAB / Portal Kairós