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Comentários para o Quarto Domingo do Advento 2023

Para o Domingo: 24/12/2023

Quarto Domingo do Advento 2023

Quarto Domingo do Advento 2023

CONOSCO ESTÁ O SENHOR DEUS DE ISRAEL

O projeto de vida plena anunciado no Antigo Testamento se torna uma realidade concreta com a Encarnação do Verbo, embora ainda não terminada. Deus nunca abandonou seu povo, nem as promessas que lhe fez. Ao contrário, ao longo da história, preparou a humanidade para a vinda do Salvador e, com ele, a instauração de seu projeto de amor. Isso significa que a história universal não é caótica, não está fora de controle, pois Deus governa os acontecimentos, os quais servem a seu propósito de revelar-se ao mundo. Deus se utilizou de todos os eventos da história para, através deles, vir ao encontro do ser humano. Esteve sempre conosco fazendo alianças, oferecendo-nos um modo alternativo de viver: em vez de egoísmo e violência, o amor e a paz. Deus sempre nos apontará um caminho para a vida e liberdade verdadeiras.

COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

01 – Evangelho (Lc 1,26-38): Ele será chamado Filho do Altíssimo

O Evangelho de hoje nos diz que Maria dialogou com Deus por meio de Gabriel e mostra que o Senhor não se impõe, não subjuga, mas dialoga, busca um interlocutor humano e necessita da palavra de Maria, uma mulher, para que seu Filho nasça. Nesse momento decisivo, a mulher tem de agir como sujeito, quer dizer, com autonomia. Da palavra da mulher depende a Palavra de Deus, e nessa linha, no final do Advento, descobrimos Maria como uma mulher autônoma, amorosa, livre e determinada, capaz de colocar sua vida a serviço de Deus.

Deus pede a Maria um compromisso que ela deve assumir de forma pessoal, sem a consulta ou a permissão de um homem, seja pai, irmão ou marido. É a mulher (antes foi Eva, agora é Maria) quem decide. Isso é muito significativo, porque a história de Israel foi narrada muitas vezes sob a perspectiva de que Deus agia, geralmente, por meio do sexo masculino, com o qual fazia alianças. Mas , nesse Evangelho, Deus rompe com essa visão de supremacia do varão, expressando seu mistério por intermédio da fé e da acolhida de Maria à sua proposta.
Maria compreende a seriedade do que Deus propõe, e, por isso, pergunta. Não resiste, não procura apoio em ninguém, simplesmente expressa sua dificuldade diante daquela proposta de Deus. Ela se sabe autônoma diante de Deus, e é a partir de sua própria solidão e autonomia que responde com um sim.

O anjo dialogou a sós com Maria, considerando-a portadora da esperança messiânica. Isso rompe com o messianismo de tipo masculino, que se expressa numa visão segundo a qual o masculino aparece como privilegiado por causa de seu poder de engendramento e por sua capacidade de imposição e violência. Esse messianismo masculino está vinculado à figura de um rei triunfante, com insígnias de poder e guerra. Mas o anjo não se dirige ao homem, e sim à mulher Maria, que não aparece em confronto com ninguém. O messianismo proposto aqui é bem diferente do messianismo de cunho masculino, pois, em vez da violência humana, é por pura graça de Deus e pela ação de uma mulher que emerge o Messias no mundo.

Foi porque Deus não lhe impôs nenhum tipo de tarefa, foi porque Deus pediu permissão, porque dialogou com ela, porque a chamou livremente, que ela pôde responder: “Eis a serva, faça em mim, com meu consentimento, aquilo que me foi dito”. Somente desta forma, com a colaboração ativa, se pode compreender o cumprimento das esperanças de Israel.
A concretização do projeto de Deus somente é possível quando as pessoas dizem “sim” a Deus. Foi assim desde os tempos antigos de Israel, foi assim com Maria e com os discípulos de Jesus, e é assim conosco hoje.

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Reflexão e sugestão para a Missa do 4° Domingo do Advento 2023 do Ano B

Para o Domingo: 24/12/2023

Missa do 4° Domingo do Advento 2023 do Ano B

2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16; Sl 88; Rm 16,25-27; Lc1,26-38

4° Domingo do Advento 2023

“Céus, deixai cair o orvalho, nuvens, chovei o justo; abra-se a terra, e brote o Salvador!” Belém, a menor entre as menores cidades de Judá, pôde oferecer ao mundo, o Senhor, o Deus de toda a terra. Aquele que nasceu humilde, escolheu os pobres, os fracos e pequenos, como seus melhores amigos. Estava sempre ao lado deles. O projeto divino de vida plena realizou-se entre nós no Sim resoluto de Maria. Não há beleza para confrontar, pois a beleza maior é sua simplicidade e humildade. A promessa do Pai realizou-se em um filho de Davi.

Maria é a primeira vocacionada do Reino. Ouviu o chamado do Pai e tornou-se a Mãe do Redentor. Ouviu seu próprio Filho, tornando- se a Mãe da Igreja e da humanidade inteira. Desde o dia em que o Anjo Gabriel levou a Maria a formidável notícia de sua escolha maternal e da vinda do Salvador, iniciou-se uma nova criação, a nova humanidade, e Maria é a primicia da nova criação, da nova humanidade. Ela ouviu, acolheu e disponibilizou-se ao plano de Deus.

A Virgem de Nazaré certamente já tinha seus planos para o futuro. Mas, diante da presença do Senhor em sua vida e em sua obediência a Ele, não hesitou em mudar seu futuro, pois agora “não conta o meu”, mas “sim o dele”. Abraçou com alegria a missão de oferecer ao mundo o Redentor. Tornou-se Mãe também de uma grande multidão de povos, de todos, sem exceção, pois em Cristo fomos regenerados para uma vida nova.

O Sim de Maria nos fez experimentar a graça, a presença, o amor, a redenção de Cristo, verdade indispensável para cada ser humano. No Evangelho, encontramos exatamente essa oferta salvífica de Cristo iniciada em Maria. Ao aproximar-se de Isabel, ela reconheceu o grande significado da presença de Maria: o Deus que veio ao encontro dos mais abandonados! Ali realizou-se um encontro profético, que apontava para o futuro, nas palavras de Isabel e de Maria, seu Magnificat.

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Comentários para o Terceiro Domingo do Advento 2023

Para o Domingo: 17/12/2023

Terceiro Domingo do Advento 2023

Terceiro Domingo do Advento 2023

MEU ESPÍRITO SE ALEGRA EM DEUS, MEU SALVADOR

No passado, assim como hoje, as pessoas viviam em situação de miséria, violência, guerra e muitos outros sofrimentos. Por meio de diversas pessoas, Deus garantiu que amava seu povo, que não o abandonaria nos sofrimentos e dificuldades, e que tinha um plano segundo o qual o mal chegaria ao final. Por isso, as leituras de hoje chamam atenção para a alegria alicerçada na garantia de que Deus nos ama e nos propõe ajudá-lo na construção do seu reino. Deus espera nosso consentimento e nosso empenho nesse empreendimento de edificação de fraternidade, justiça, amor e paz. Portanto, nossa alegria é real, mesmo quando passamos por problemas e dificuldades, porque ela se baseia no amor de Deus por nós e em sua ação na história, sempre presente em nossa vida, assegurando sua fidelidade e realizando seu reino, que em breve se plenificará.

COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

01 – Evangelho (Jo 1,6-8.19-28): Ele está em meio a vós

O Evangelho de hoje afirma que o profeta João foi “enviado por Deus”. Essa expressão é frequentemente utilizada no Antigo Testamento, e aqui significa que a missão do precursor não tem sua origem neste mundo, mas está alicerçada na vontade de Deus.
Após essa afirmação sobre João, o Evangelho faz clara distinção entre o precursor e Jesus. João veio como testemunha, o que indica o propósito da missão que Deus conferiu ao Batista. A afirmação de que João veio para “dar testemunho da luz” define mais especificamente a missão do precursor.

O texto esclarece que a luz era o Verbo, o Filho de Deus.

“Para que todos cressem por meio dele” indica que o propósito da missão de João é despertar a fé nas pessoas. Fé que é muito mais que mero sentimento, pois exige mudança de pensamento e testemunho de vida.

O relato do Evangelho continua com a vinda de uma delegação oficial dos fariseus, enviada de Jerusalém para investigar o Batista. Os fariseus insistem em saber a identidade de João e a natureza da missão dele, ou seja, queriam ter certeza da ortodoxia dele, se ele ensinava ou não de acordo com a doutrina.

Além disso, era dever dos líderes judeus, perante as autoridades romanas, a manutenção da paz na Judeia, pois, caso contrário, eles corriam o risco de perder sua posição de autoridade. João era uma daquelas pessoas que atraíam multidões, o que o tornava suspeito de provocar uma revolução.

João, ao final, identifica-se, recorrendo a uma citação do profeta Isaías (Is 40,3). Ele não é o Cristo, nem o profeta, mas apenas uma voz conclamando as pessoas a se prepararem para a vinda de Cristo. É aqui que a missão de João diz respeito a nós hoje, que nos preparamos para o Natal e para a segunda vinda de Cristo. É necessário preparar o caminho, isto é, remover todos os obstáculos que impedem a marcha da ação de Cristo em nossa vida.

Os fariseus também queriam saber com que autoridade João exigia dos judeus o batismo. O profeta responde, marcando nítido contraste entre si e seu sucessor: deixa de lado a questão do batismo e aponta para o Cristo, desconhecido deles. Estabelece a grandeza daquele que está chegando, em comparação à indignidade pessoal do precursor. Ele usa uma imagem do cotidiano daquela época, pois o escravo tinha a tarefa de desatar a sandália de seu amo, mas João não se sente digno nem disso. Dessa forma, o Batista rejeita categoricamente qualquer pretensão de grandeza.

Devemos nos situar na mesma atitude de João: dar a oportunidade, ao mundo atual, de acolher e “conhecer” Jesus, “aquele” que o Pai enviou. Cristo é o único que tem uma proposta de vida plena para a humanidade.

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Reflexão e sugestão para a Missa do 3° Domingo do Advento 2023 do Ano B

Para o Domingo: 17/12/2023

Missa do 3° Domingo do Advento 2023 do Ano B

Is 61,1-2a.10-11; Ct. Lc 1,46-54; 1Ts 5,16-24; Jo 1,6-8.19-28

3° Domingo do Advento 2023

O Terceiro Domingo do Advento é tido como o DOMINGO da ALEGRIA, porque rezamos na antífona inicial da missa: “Alegrai- os sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”. A Palavra de Deus também nos diz que é para o povo cantar de alegria e exultar no coração…

Sim, o Tempo do Advento 2023 vai nos conduzindo para a alegria de nos encontrarmos com o Senhor. Ele é a plena,total e completa alegria. A alegria é estar com o Senhor, viver nele, esperar nele, trazer o céu à terra. Há uma santa que escreveu sobre a alegria, e aqui colocamos um pequeno indício de seu longo texto: “A alegria é a oração, a alegria é fortaleza, a alegria é amor, a alegria é uma rede de amor com a qual podeis chegar às almas. Deus ama quem dá com alegria… Não deixeis entrar em vós nada de triste que possa fazer-vos esquecer a alegria do Cristo ressuscitado… Todos desejamos o céu, onde Deus habita, mas depende de nós o estarmos no céu com ele já agora, o sermos felizes com ele neste momento. Mas sermos felizes com ele agora significa: amar como ele ama, ajudar como ele ajuda, servir como ele serve…” (Santa [Madre] Teresa de Calcutá).

Portanto, quando dizemos que é o “Domingo da Alegria”, essas dimensões que Madre Teresa coloca diante de nós não poderão ficar esquecidas. A dificuldade de nossos dias é que há um forte individualismo presente em nossas relações humanas,e facilmente nos esquecemos de que o amor que traz alegria, é doação, é encontro, é partilha… Sim, podemos mudar nossas atitudes, pois se fizermos o esforço necessário para nossa conversão, podemos contar com a graça de Deus.

Voltamos nosso olhar para a Palavra de Deus, vemos o profeta trazendo uma boa notícia para o povo de Israel e de Jerusalém, a capital. Anuncia o tempo novo, de vida abundante, de felicidade sem-fim. É o tempo da salvação que Deus oferece aos “pobres”, ou seja, a todos os necessitados de vida e de salvação.

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Comentários para o Segundo Domingo do Advento 2023

Para o Domingo: 10/12/2023

Segundo Domingo do Advento 2023

Segundo Domingo do Advento 2023

CONSOLAI, CONSOLAI O MEU POVO

As leituras de hoje têm duas tônicas complementares: conversão e consolação. Deus está empenhado em nos conduzir para um mundo novo, ou realidade nova. Isso nos consola e nos enche de esperança, porque significa que não ficaremos para sempre sofrendo as consequências do egoísmo, e que há solução para o problema do mal, o qual, um dia, terá seu fim. No entanto, o mundo novo que nos é oferecido por Deus somente poderá acontecer quando o ser humano fizer uma reforma íntima. Isso exige que estejamos sempre dentro de uma dinâmica de conversão, de transformação do homem velho em nova criatura, que nos empenhemos em pôr em prática a vontade de Deus e caminhemos na fidelidade ao legado de Jesus.

COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

01 – Evangelho (Mc 1,1-8): Preparai o caminho do Senhor

A liturgia de hoje nos oferece um texto que enfatiza a identidade de João Batista como mensageiro de Deus e iniciador do caminho de Jesus. Portanto, quem quiser celebrar bem o nascimento de Jesus deve passar por João Batista, entendendo o objetivo de sua vinda antes do Cristo.

A figura de João no deserto insere-se no advento do Evangelho e do cristianismo, à semelhança da passagem do povo pelo deserto durante quarenta anos, a qual antecipou o nascimento de Israel como um povo consagrado a Deus. O deserto é um lugar de provação intensa ou tentação, mas também evoca o caminho do retorno, conforme as palavras de Is 40,3. Por isso, o Evangelho de hoje apresenta João não apenas batizando, mas proclamando um batismo de arrependimento e conversão. O verbo proclamar indica que o batismo realizado por João não é mero ritual, mas evento de salvação que ele veio para proclamar. Por isso, também, João não batiza em qualquer lugar, mas no rio Jordão, entrada para Israel, à semelhança dos hebreus, quando foram libertados da escravidão do Egito e, atravessando o deserto, entraram na Terra Prometida através do mesmo rio.

Marcos relata que o batismo de João era com água e tinha como objetivo a conversão. Com a chegada do mais forte, ou seja, mais apto, o batismo será com o Espírito Santo e com o fogo. Este que virá, ou seja, o Cristo, é quem realizará a obra de Deus para a qual João está preparando as pessoas.

João está convicto de que a vinda do Cristo trará consigo o fim dos tempos. Por isso, o profeta estabelece um movimento final de conversão, antes do fim iminente. Ele expõe a seus ouvintes aquilo que considera ser a última oportunidade de conversão, porque, em seu modo de pensar, não haverá mais nenhuma outra oportunidade.

Dessa forma, João fica na fronteira entre o deserto e a Terra Prometida, abordando todos os habitantes de Jerusalém e da Judeia, como um personagem do fim dos tempos, e oferecendo uma oportunidade de conversão, antes da chegada do Cristo, a cada um daqueles que vêm ali e confessam seus pecados. João nos convida a acolher o Cristo libertador, que nos dá o Espírito Santo para gerar vida nova, ao nos introduzir na dinâmica do mundo novo que está por vir, a dinâmica do amor.

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