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O bom Samaritano: tema da Campanha da Fraternidade 2020

O bom Samaritano

Em meio aos inúmeros e ricos textos bíblicos que podem iluminar a nossa Quaresma, um deles é destacado pela Campanha da Fraternidade deste ano, tornando-se referência para tudo o que viermos a rezar, refletir e agir: “Um doutor da Lei se levantou e, para experimentar Jesus, perguntou: “Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?” Jesus lhe disse: “Que está escrito na Lei? Como lês?”

Ele respondeu: “Amarás o Senhor; teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo!” Jesus lhe disse: “Respondeste corretamente. Faze isso e viverás”. Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” Jesus retomou: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes, que lhe arrancaram tudo, espancaram-no e foram embora, deixando-o meio morto.

Por acaso descia por aquele caminho um sacerdote, mas ao ver o homem, passou longe. Assim também um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante pelo outro lado. Um samaritano*, porém, que estava viajando, chegou perto dele e, ao vê-lo, moveu-se de compaixão. Aproximou-se dele e tratou-lhe as feridas, derramando nelas azeite e vinho. Depois, colocou-o sobre seu próprio animal e o levou a uma hospedaria, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou dois denários e deu-os ao dono da hospedaria, recomendando: “Cuida dele, e o que gastares a mais, eu o pagarei quando eu voltar”.

Lançado o vídeo da CF 2020 para as comunidades

No teu parecer, qual dos três fez-se o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele” Então Jesus lhe disse: “Vai e faze* o mesmo” (Lc 10,25-37).

Essa parábola, proposta por Jesus em seu caminho de subida a Jerusalém (Lc 9,51-19,27), é parte da explicação do que seria necessário fazer para entrar na vida eterna. Esse tipo de questionamento era muito comum naquele tempo já que existiam mais de 613 leis e outras prescrições pontuais a serem cumpridas para se chegar a esse fim. Por essa razão, vendo a impossibilidade de cumprir fielmente todos os mandamentos, o doutor da lei questiona Jesus sobre o que realmente não poderia deixar de ser feito para herdar a vida eterna.

“Que devo fazer?” A busca pelo cumprimento exato das prescrições da lei deveria ser seguida do esforço pessoal para colocá-las em prática. Diante da questão, Jesus responde com uma nova pergunta com a qual indaga sobre o conteúdo das Escrituras. O que elas dizem sobre o que fazer para herdar a vida eterna?

A resposta oferecida pelo doutor da lei a Jesus conecta Dt 6,5 a Lv 19,18 criando um mandamento único composto de duas partes: “Amarás o Senhor; teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo’’ (Lc 10,27).

A Jesus não interessava inserir um novo ensino teórico sobre os deveres em relação ao mandamento do amor a Deus e ao próximo. Diante da segunda pergunta do doutor da lei, “Quem é meu próximo?”, Jesus propõe uma nova perspectiva e uma nova possibilidade de realizar tal mandamento, divergindo do que havia sido proposto.

Os mestres fariseus já haviam ensaiado muitas vezes respostas sobre quem seria o próximo citado em Lv 19,18. No entanto, suas respostas oscilavam sempre entre as ligações nacionais, étnicas, afetivas, sociais e religiosas. No texto do Antigo Testamento, o próximo era o compatriota, membro do povo de Deus e também aquele que tinha sido inserido no povo na medida em que assumia sua religião e seus costumes (Lv 19,33-34).

A parábola do samaritano é composta por cinco personagens anônimos, indicados apenas por suas etnias ou funções, e ocorre em um local de fácil compreensão para alguém daquele tempo. Por isso, embora seja uma parábola, a história narrada possui grande possibilidade de ter sido, ao menos em parte, um fato que realmente aconteceu na estrada que ligava Jericó a Jerusalém. Um homem, vítima de salteadores, é deixado quase morto, à beira da estrada. O fato de ter sido agredido leva a pensar na possibilidade de ter resistido ao assalto, o que lhe teria ocasionado a agressão quase fatal e o abandono à beira da estrada, não sendo mais capaz de fazer algo por si mesmo.

Dois transeuntes oriundos do templo, o sacerdote, responsável pelos sacrifícios, e o levita, responsável pela animação da liturgia, retornam de Jerusalém após concluírem seus turnos de trabalho e agem com indiferença diante daquele que jaz sofrendo à beira da estrada. Não se descreve o motivo da indiferença. Poderia ser por motivos culturais, religiosos [se fossem contaminados com o sangue ou o homem viesse a morrer, ficariam impuros (Lvl5; 21,11)], ou simplesmente por não desejarem interromper a viagem, não mudarem seus planos, não terem seu trajeto e horário prejudicados por esse acontecimento. De qualquer forma, é dito que viram o homem e se distanciaram dele, seguindo o trajeto anteriormente proposto.

Um samaritano que passava, ao ver o homem, sentiu compaixão. Essa compaixão nasceu do seu modo diferente de olhar, do seu modo diferente de perceber aquela realidade. Essa compaixão o levou a se aproximar do homem, gastar tempo, modificar parcialmente sua viagem, tudo para não ser indiferente com aquele que sofria diante dele. Os cuidados práticos descritos na parábola são emergenciais: desinfeta as feridas com vinho e alivia a dor com o óleo, costumes daquele tempo; transporta o homem até a hospedaria e paga as despesas de sua estada.

Materiais e subsídios para a Campanha da Fraternidade 2020
Materiais de formação sobre a Santa Dulce

Procuremos viver em união, em espírito de caridade, perdoando uns aos outros as nossas pequenas faltas e defeitos. É necessário saber desculpar para viver em paz e união. Jesus nos pediu que perdoássemos setenta vezes sete vezes, quer dizer, infinitamente. Procuremos fazer isso, além de amar e servir. Santa Dulce dos pobres

A postura inesperada do samaritano contém o centro do ensinamento de Jesus: o próximo não é apenas alguém com quem possuímos vínculos, mas todo aquele de quem nos aproximamos. E todo aquele que sofre diante de nós. Não é a lei que estabelece prioridades, mas a compaixão que impulsiona a fazer pelo outro aquilo que é possível, rompendo, dessa forma, com a indiferença. A fé leva necessariamente à ação, à fraternidade e à caridade.

A vida nos traz oportunidades de concretizar a fé em atitudes bem específicas. Para perceber os outros, principalmente em suas necessidades, não bastam os conceitos, mas, sim, a compaixão e a proximidade. Não se deve questionar quem é o destinatário do amor. Importa identificar quem deve amar e não tanto quem deve ser amado, pois todos devem ser amados, sem distinção. Não importa quem é o próximo. Importa quem, por compaixão, se torna próximo do outro (Lc 10,36). A medida do amor para com o próximo não é estabelecida com base em pertença religiosa, grupo social ou visão de mundo. Ela é estabelecida pela necessidade do outro, acolhendo como próximo qualquer pessoa de quem se possa acercar com amor generoso e operativo. Isso abre uma nova perspectiva nos relacionamentos, excluindo a indiferença diante da dor alheia.

No final da narrativa (do samaritano), Jesus se dirige novamente ao doutor da lei com uma nova pergunta: “No teu parecer, qual dos três fez-se próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” (Lc 10,36). Desse modo, afirma Papa Francisco, Jesus inverte a pergunta do seu interlocutor e também a lógica de todos nós. Cristo nos faz entender que não somos nós, com base em nossos critérios, que definimos quem é o próximo e quem não é, mas é a pessoa em situação de necessidade a quem devemos reconhecer como próximo, isto é, usar de misericórdia para com ela.

* O que é Samaritano?

Samaritano é uma palavra referente ao povo ou indivíduo natural da antiga região de Samaria e também à língua falada naquela região.

Samaria é o nome de uma província referenciada por diversas vezes no Novo Testamento da Bíblia Sagrada, situada no alto de um monte entre a Judeia e a Galileia. Atualmente, a região está situada na Palestina, entre Israel e a Cisjordânia, no Oriente Médio. No total, existem cerca de 700 samaritanos que vivem em Holon, Israel, e em Nablus, Cisjordânia.

Em sentido figurado, a palavra samaritano significa uma pessoa caridosa, que tem bom coração e se preocupa com os outros. Este significado teve origem na parábola do “Bom Samaritano”, contada por Jesus em Lucas 10, 30-37.

O povo samaritano não se considera um povo judeu, e sim descendentes dos antigos israelitas que habitaram a histórica província de Samaria. Os Samaritanos eram considerados impuros pelos judeus. Da Bíblia do Judaísmo, seguem apenas o Pentateuco. Os samaritanos têm a sua própria doutrina religiosa: o Samaritanismo.

Atualmente, a língua falada pelos samaritanos é o hebraico e o árabe. Nos cultos religiosos, resgatam a antiga língua falada pelos seus ascendentes: o hebraico e o aramaico samaritano.

* Na conjugação do verbo fazer, a forma faz corresponde quer à terceira pessoa do singular do presente do indicativo (como em “O João faz o jantar”), quer à segunda pessoa do singular do imperativo (“João, faz o jantar”). A forma verbal faze, de natureza culta, é, por sua vez, a segunda pessoa do singular do imperativo do verbo fazer, frequente, por exemplo, em romances do século XIX e dos primeiros decénios do século XX.

Nosso artigo também publicado na Aleteia

 

Portal Kairós

Avanços na formulação dos objetivos da CF 2020

CONSEP avança na formulação dos objetivos da Campanha da Fraternidade 2020

Campanha da Fraternidade 2020 – CF 2020
Lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34)
Tema: “Fraternidade e vida: dom e compromisso”

No primeiro dia, 23 de outubro, da 22ª reunião do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a última do ano, na sede da entidade em Brasília (DF), os bispos avançaram na formulação do objetivo geral e dos objetivos específicos da Campanha da Fraternidade 2020, CF 2020 – cujo tema é Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso.

O presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha, não participa da reunião em função de estar exercendo o papel de relator geral do Sínodo dos Bispos, em Roma, até domingo 27 de outubro. Contudo, não deixou de enviar sua mensagem pastoral e de ânimo aos bispos do Consep. Outros dois membros do Consep, o arcebispo de Porto Alegre (RS) dom Jaime Spengler, presidente da Comissão Episcopal Pastoral de Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, e o bispo de Imperatriz (MA), dom Vilsom Basso, também estão em Roma, participando do Sínodo dos Bispos.

O assessor político da CNBB, padre Paulo Renato, apresentou aos bispos o quadro de composição do Congresso Nacional (Senado e Câmara dos Deputados Federais) após o primeiro turno das eleições 2018. O destaque, segundo o assessor, é a não eleição de vários políticos tradicionais. A CNBB buscará, a partir de janeiro de 2018, fortalecer uma articulação junto a deputados e senadores católicos que se elegeram no pleito. Os bispos também aprovaram a elaboração de uma Nota da CNBB sobre o cenário político colocado pelas Eleições 2018. O documento, após aprovação dos membros do CONSEP será publicado no dia 24 de outubro.

Comissões Pastorais

Parte da reunião foi dedicada ao comunicado do trabalho que vem desenvolvendo as Comissões Episcopais Pastorais. A Comissão de Educação e Cultura comunicou que está revisando o documento nº 102 da CNBB, “O seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário”. Segundo o arcebispo coadjutor de Montes Claros (MG) dom João Justino de Medeiros Silva, que preside a Comissão, o material será apresentado à próxima reunião do Conselho Permanente da CNBB, no mês de novembro. O bispo também falou da realização do 19º Encontro Nacional da Pastoral da Educação, realizado de 28 a 30 de setembro, no Centro de Estudos do Sumaré, no Rio de Janeiro. O tema escolhido para esta edição é O atual cenário da Educação Brasileira e as perspectivas para a Pastoral da Educação.

O bispo auxiliar de São Luís (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e a Cooperação Inter-eclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Esmeraldo Barreto de Farias, disse ser necessário reforçar que os bispos recuperem, em suas igrejas locais, o sentido da Coleta do Mês Missionário. Segundo ele, este pequeno gesto colabora para ricas experiências missionárias da Igreja no mundo.

Com o tema “A eclesiologia do Papa Francisco e a Pastoral Familiar numa Igreja em saída”, a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) através da Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF), comunicou a realização nos dias 29 e 30 de novembro, em Salvador (BA), do Encontro Nacional de Referenciais e Assessores da Pastoral Familiar. De acordo com o bispo de Osasco e presidente da Comissão para a Vida e a Família, dom João Bosco Barbosa de Sousa o encontro, direcionado aos bispos referenciais e religiosos assessores (regionais e diocesanos), será um importante momento de aprendizado, reflexão, partilha, e, principalmente, unidade da Pastoral Familiar e suas lideranças em âmbito nacional.

A Comissão do Laicato da CNBB e representante do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) apresentaram os resultados da participação, dias 25 e 28 de setembro, em um encontro promovido pelo Dicastério dos Leigos, Família e Vida sobre a “Promoção e Formação dos Fieis Leigos: Boas Práticas”, em Roma. Segundo o bispo de Caçador (SC), dom Severino Clasen, presidente da Comissão para o Laicato, 15 conferências episcopais da África, América do Sul, América do Norte, América Central, Ásia, Oceania e Europa foram convidadas para compartilhar suas experiências e refletir sobre os processos e indicativos para a formação de leigos. “Dialogamos com outras conferências encorajando-as para que valorizem o laicato como vem fazendo a CNBB”, disse.

Segundo a presidente do CNLB, Marilza Lopes Schuina, os representantes brasileiros apresentaram em Roma: a) o Ano Nacional do Laicato no Brasil; b) a experiência do Centro Nacional de Fé e Política e das Escolas de Formação; c) formação organizada pelo Instituto de Pastoral Regional (IPAR), Regional Norte; e c) O processo de formação desenvolvido pelo Conselho Nacional do Laicato do Brasil, organismo de Comunhão Eclesial que busca o aprofundamento da vocação laical.

Dom Darci José Nicioli, presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação,  disse que o documento de estudos da CNBB número 111, intitulado “Orientações pastorais para as mídias católicas: Imprensa, Rádio, TV e novas mídias”, enviado às dioceses, recebeu contribuições que serão incorporadas em um revisão e apresentada aos bispos do Conselho Permanente, em novembro. A expectativa do religioso é que também seja apresentado aos bispos na 57ª Assembleia Geral, no próximo ano.

O padre Antonio Marcos Depizzoli, assessor da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, também fez os informes da comissão. Com destaque para a realização da 4ª Semana Brasileira de Catequese, de 14 a 18 de novembro de 2018, em Itaici/Indaiatuba (SP). O encontro tem como lema “nós ouvimos e sabemos que ele é Salvador do mundo” (Jo 4,42).

O assessor da Comissão para Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, padre João Cândido da Silva Neto informou da reunião ampliada com todos os organismos que da Comissão para avaliar e planejar a caminhada.  Falou ainda da realização do IV Congresso Vocacional do Brasil, de 05 a 08 de setembro, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida (SP).

CNBB / Portal Kairós
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