A fonte real de alegria

Vivemos na Igreja e desejamos oferecer a todos a grandeza do dom que é o anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo. Não é nosso projeto esconder o que temos de melhor, quando sabemos que ele é caminho de vida e felicidade para todos. Com o devido respeito às escolhas feitas pelas pessoas, arde em nosso coração o desejo de contribuir para que o mundo seja melhor e mais alegre! Num tempo de consumo, correria, afã de conquistar posições, identificamos com frequência os sinais de desgaste e de falta de sentido, na busca incessante de realização. E os alvos estabelecidos se tornam cada vez mais distantes, nos rostos tensos e preocupados que encontramos, cruzando com olhares ansiosos que suplicam a verdadeira alegria, que tem um nome, Jesus Cristo, que não veio para limitar todas as potencialidades humanas, mas para realizá-las no sentido mais verdadeiro.

A figura de São João Batista (Cf. Jo 1,6-8.19-28), tão presente e provocante nos Evangelhos e no tempo litúrgico do Advento que vive agora a Igreja, tem sua identidade bem definida, a partir da coragem de dizer quem não é! Não é o Messias, nem se afirma profeta, não quer competir com ninguém, faz a figura de um asceta com alimentação e hábitos frugais e até estranhos. É um homem feliz, de “cara fechada”! Não precisa fazer figura para a pose do momento, como uma paisagem colorida, mas sabe ser apenas uma voz que clama: “Preparai o caminho do Senhor”. Sua alegria é fazer o trabalho daqueles que abrem picadas nas matas, fixando piquetes para uma estrada que se abre. Interessa-lhe o outro que vem, aquele que batiza com o Espírito Santo! De fato, pessoa alegre é aquela que acolhe suas próprias potencialidades e limites, sem pretender ocupar um espaço que não lhe cabe, livre e solta por cumprir o próprio dever, transformando a vida em missão, com objetivos claros, sem medo dos riscos e do futuro!

Vivemos todos o maravilhoso desafio da liberdade. Nesta verdadeira aventura, há que fazer escolhas corretas. Examinar todas as coisas, ficar com o que bom, afastar-se da maldade, conservar-se sem mancha (Cf. 1 Ts 5,16-24). É a estrada do discernimento, cujo resultado é o equilíbrio e a felicidade, alegria consistente, com a qual se enfrentam as dificuldades. Aqui aparecem com frequência as figuras de homens e mulheres muito simples, que aprenderam apenas a fazer o bem, sem estrelismo, que passam como um filme diante de nossos olhos. Certamente percebemos o quanto existe em nossa memória de pessoas marcantes e ao mesmo tempo silenciosas. Memória agradecida e desejo de seguir tais exemplos é fonte de alegria!

Alegrar-se em Deus, olhar o futuro com os sinais deixados por ele à nossa disposição, deixar-se conduzir pelo Espírito de Deus, não apagar o fogo do Espírito! Levar Deus em conta, fazer-se pequeno diante dele! Maravilhosas propostas, nascidas do coração do próprio Deus, que não abandona a humanidade a um destino cego, mas cuida de sua criação com mãos de artista, pois esta continua a ser aperfeiçoada, com nossa participação e liberdade! Não tenhamos medo das lições de fé guardadas desde a infância no escrínio de nosso coração. Recuperemos o gosto de pedir com simplicidade na oração, agradecer, louvar a Deus, acolher as boas inspirações, aquelas que nos movem interiormente e nos conduzem ao bem.

Uma das figuras proeminentes do Tempo do Advento, o Profeta Isaías, uma espécie de evangelista do Antigo Testamento, anunciou aquele que teve em suas palavras seu programa de ação: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu. Enviou-me para levar a boa-nova aos pobres, para curar os de coração aflito anunciar aos cativos a libertação, aos prisioneiros o alvará de soltura; para anunciar o ano do agrado do Senhor, o dia de nosso Deus fazer justiça, para consolar os que estão tristes” (Is 61,1-2). Em Jesus, o programa é dar liberdade, consolo e alegria aos outros! Não será diferente conosco, se estivermos dispostos a percorrer a estrada da felicidade autêntica. Alegre é quem vive para os outros e não para si!

Nos dias de final do ano, corre uma onda de generosidade, desejo de partilha, serviço mútuo, atenção aos mais pobres, caridade! Em nossa Arquidiocese de Belém, é tempo do projeto “Belém, casa do pão”, com o apelo: “Na casa do pão, o pão para todos”. Na Igreja do Brasil inteiro, a Campanha para a Evangelização, com a qual desejamos crescer em nossa responsabilidade diante dos trabalhos pastorais levados adiante em nossas Dioceses. “Há mais alegria em dar do que em receber!” (At 20,35), é a palavra do Senhor que indica a fonte da felicidade e da alegria. Ninguém passe este final de ano sem abrir o bolso, a bolsa e o coração!

Outra figura do Tempo do Advento é a Mãe de Deus e nossa, a Virgem Maria, quando exclama: “Meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador!” (Lc 1,46) O louvor de Maria pode ser o nosso! Isabel reconhece a ação de Deus em Maria e Maria reconhece Deus em sua ação. Reconhecer a ação de Deus sempre causa alegria. Temos a possibilidade de reconhecer a presença dele em cada momento e particularmente na dor. Em Deus, cada desafio, e mesmo a dor, pode se transformar em louvor e alegria, quando transformada em amor a Deus e ao próximo. Está em nossas mãos a tarefa da alegria verdadeira, não mais um sentimento superficial, mas a plena realização do plano de Deus, que nos fez para sermos felizes e alegres na comunhão com ele.

 

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
CNBB

Preparar novos caminhos em 2018

A modernidade é a era em que a existência social depende da opinião e do olhar dos outros: somos quem conseguimos fazer que os outros acreditem que somos; importante é a imagem que oferecemos de nós mesmos.

Tal situação está produzindo sinais de um vazio existencial. A depressão, doença que caracteriza a atualidade, pode ser expressão desse cenário. São também preocupantes os sintomas dessa realidade entre jovens e adolescentes. A automutilação, tentativas suicídio – e suicídios! – nessa fase da vida se tornam sempre mais frequentes.

A comunidade de fé, durante o tempo do Advento, é exortada a avaliar a qualidade de sua vida. O seguimento do Senhor oferece horizontes, expectativas, esperança.

Nas semanas que antecedem o Natal ressoa uma constante exortação: uma voz grita no deserto! Essa voz recorda o núcleo da vida cristã: conversão! Conversão compreendida como determinação para assumir sempre e de novo o caminho de vida proposto por Jesus Cristo.

A voz clama no deserto! Ela é veículo para deixar chegar a palavra aos ouvidos dos seres humanos. João Batista era voz forte e potente. Era uma “voz que clama”, destinada a romper a surdez das pessoas e a chegar aos que estão longe de Deus. É uma voz que clama “no deserto”, convocando todas as pessoas de boa vontade a uma nova travessia para a liberdade, como outrora aconteceu com o povo da antiga aliança quando, sob a guia de Moisés, soube pôr-se em marcha para a busca do novo. A missão daquela voz era preparar os caminhos do Senhor, para que a esperança pudesse encontrar espaço nos corações de todos.

A voz clama no deserto! No final do século 19 e início do século 20, Nietzsche anunciou o crescimento do deserto: “O deserto cresce. Ai dos que abrigam desertos dentro de si”. Esse parece ser um fato! Pode ser considerado o destino no Ocidente. Os sinais de que o deserto cresceu e cresce são visíveis: individualismo, autorreferencialidade, consumismo, degradação ambiental, corrupção, violência, pobreza crescente, desprezo pela vida, falta de perspectivas, perda da capacidade de sonhar e esperar.

Nesse contexto sócio-político-econômico-religioso uma voz grita: “endireitai os caminhos do Senhor!”.

É sempre maior o número de pessoas, religiosas ou não, que buscam solução para suas dificuldades e desafios em coisas que não têm o poder que muitos imaginam, O mercado da autoajuda cresce sempre mais. Também o mercado religioso dá sinais de vitalidade. Tal situação pode ser sinal de uma doença profunda que parece marcar a história de muitos e que necessitaria de atenção e cuidado.

O tempo que antecede o Natal pode representar oportunidade vigorosa para o resgate do essencial: rever posições, comportamentos, práticas, opiniões e dispor-se a realizar um caminho de vida capaz de afastar da superficialidade e levar pessoas de boa vontade para o mais profundo da vida. As perturbações encontram solução no coração humano. Elas poder ser anímicas, afetivas, espirituais. Superá-las pressupõe mudar algo no abismo interior da pessoa.

“À sede de sentido e de valor que hoje o mundo experimenta; à procura de bem-estar e de paz que caracteriza a vida de toda a humanidade; às expectativas dos pobres, Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, responde com seu Natal. Não temas os indivíduos e as nações reconhecê-Lo e acolhê-Lo: com Ele, uma ‘esplêndida luz’ ilumina o horizonte da humanidade; com Ele, abre-se ‘um dia santo’ que não conhece acaso” (Bento XVI).

 

Dom Jaime Spengler
Arcebispo metropolitano de Porto Alegre (RS)
CNBB

Literatura para trabalhar a Campanha da Fraternidade 2018

A Campanha da Fraternidade 2018 reúne um material focado na literatura como forma de superar a violência. É uma oportunidade para educadores desenvolverem a consciência de mundo e das relações sociais dos alunos. Comece a usar o materiais agora! Faça o download abaixo.

Texto do catálogo da Editora do Brasil para a Campanha da Fraternidade 2018 – Fraternidade e superação da violência.
O valentão da rua está disposto a arranjar mais uma briga. O preguiçoso, por sua vez, não quer ter muito trabalho com nada. Valter Valente e Pedro Preguiça se encontram e a confusão está pronta pra começar. Com um texto divertido e inteligente, Tânia Alexandre Martinelli conta a história desses dois meninos e de como pessoas aparentemente tão diferentes podem, no fim das contas, ter muita coisa em comum.
Para crianças de 8, 9 anos.

Baixe mais sugestões de livros sobre a temática da CF 2018
Link de download:

SM fornece material para professores trabalharem a Campanha da Fraternidade 2018 em sala de aula

Material pretende fazer com que educadores e educandos trilhem caminhos para uma cultura da paz com a superação da violência

Começa em março a Campanha da Fraternidade 2018 com o tema “fraternidade e superação da violência”, definido pela Conferência Nacional dos Bispos (CNBB). E a SM preparou um material especial para os professores trabalharem nas escolas durante o ano letivo.

Disponibilizado para download, o material traz planos de aula baseados no tema da Campanha da Fraternidade que auxiliarão o professor a trabalhar o assunto em sala de aula. Trata-se de um caderno de atividades com sequência didática para os alunos do Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio.

O material é dividido em três partes. Na primeira, são discutidas as diversas formas de violência, considerando suas causas e consequências para a sociedade brasileira. Na segunda, o tema da violência é trabalhado por meio da literatura, buscando na fruição artística uma possibilidade de fortalecimento da personalidade e de conscientização dos alunos. Assim, ampliam-se as oportunidades de participação social, anunciando a bondade e denunciando toda forma de violência.

Já na última etapa, os alunos são convidados a refletir sobre o pensar, o sentir e o agir cotidianos, optando por uma cultura de paz que supere todas as formas de violência.

Atividades didáticas para refletir a problemática da violência

A Campanha da Fraternidade 2018 reúne um material focado na literatura como forma de superar a violência. É uma oportunidade para educadores desenvolverem a consciência de mundo e das relações sociais dos alunos.

Cada etapa apresenta cinco proposições de atividades que o professor poderá adaptar para as turmas em que leciona. Para favorecer os diferentes tempos e ritmos de aprendizagem, conforme as fases da educação escolar, essa organização permite realizar uma ou várias atividades por etapa, não comprometendo a coesão entre elas.

Além disso, os materiais da campanha buscam relação com obras da literatura brasileira. As janelas literárias são propostas em cada uma das atividades. Assim, todas podem ser vistas, iniciadas ou concluídas com uma obra literária. Para conferir as obras que abordam o tema da CF2018 é só clicar no link de download acima. Que também tem sugestões de outras editoras.

Sobre a editora: Fundada em 1937, a SM não se intitula uma empresa mas, sim, um projeto cultural e educativo com duas áreas de atuação plenamente integradas: em primeiro lugar, na elaboração e oferta de conteúdos e serviços educativos de prima excelência, sobretudo didáticos e de literatura infanto-juvenil, e, em segundo, no trabalho social realizado pela Fundação SM, que destina todos os recursos provenientes da atividade comercial da SM para melhorar a qualidade da educação e levar a docência e cultura aos setores menos favorecidos da sociedade. Focada no âmbito ibero-americano, a SM está presente em 10 países e são mais de 2.300 profissionais e voluntários se dedicando a este projeto. No Brasil, atua desde 2004.

 

Portal Kairós

Padre Zezinho: A Imaculada sem mácula alguma

Eu tinha dez anos quando perguntei ao Frater André o que era “Imaculada!” Ele mostrou minha camisa de domingo, branca e sem mancha e disse: “Imagine a sua alma sem nódoa e sem mancha como esta camisa e imagine Nossa Senhora toda vestida de branco e a alma dela que nunca foi manchada”.

Minha mãe em casa acrescentou mostrando uma outra camisa com nódoa de manga. Estava lá com a marca que não saia.
Nunca esqueci aquela catequese. Maria nunca conheceu a mancha do pecado, em vista do Filho que teria. Pura como o Filho e por causa do Filho! Esta é Maria de Nazaré!

Há cristãos que não celebram isso. Eu celebro. Jesus nunca pode ser acusado de pecado, por ser o Filho que o Pai nos mandou.
Maria não pode ser comparada com qualquer mãe, que também é pura como muitas mães que vivem por seus amores: marido e filhos.
Mas Maria, segundo nós católicos, foi a mais pura das virgens e a mais pura das esposas e das mães.

A festa de 8 de Dezembro é nosso jeito de dizer: Isto mesmo: Nós temos mãe.
E Ela é a puríssima mãe do puríssimo Jesus.

Não é idolatria. É o reconhecimento de que Jesus nasceu da pessoa mais santa depois dele.
Por isso eu creio e celebro a festa da IMACULADA!

 

Oração a Nossa Senhora Imaculada Conceição

Conheça a devoção a Nossa Senhora Imaculada Conceição

Santa Maria, Rainha dos céus,
Mãe de nosso Senhor Jesus Cristo,
Senhora do mundo, que a nenhum pecador desamparais nem desprezais;
Lançai sobre mim vosso olhar Imaculado
e alcançai-me de Vosso amado Filho o perdão de todos os meus pecados,
para que eu, que agora venero com devoção a Vossa santa e Imaculada Conceição,
mereça alcançar o prêmio da vida plena nos céus .
Por intermédio do vosso Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor,
que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina para sempre.
Amém.

 

Padre Zezinho, scj

Campanha da Fraternidade: Superação da violência

Para 2018 o tema da Campanha da Fraternidade (CF) 2018 é “Fraternidade e superação da violência” e o lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). O seu objetivo é “Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência” (CF 2018 Texto-Base).

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove todos os anos a CF que tem início no período quaresmal – tempo em que o cristão é convocado à conversão, à mudança de vida. A Campanha da Fraternidade é um “caminho pessoal, comunitário e social que visibilize a salvação paterna de Deus”, explicou Dom Leonardo Ulrich Steiner, Bispo Auxiliar de Brasília e Secretário-Geral da CNBB, no subsídio CF 2018 Texto-Base.

Igreja X Violência

A humanidade tem vivido oprimida diante das inúmeras formas de violência que perturbam sua paz: agressividade nos gestos e palavras, mortes, corrupção, drogas. Uma realidade que demonstra que o ser humano tem perdido a capacidade de viver como irmãos – o que precisa ser resgatado.

Tudo sobre a CF 2018

À luz da palavra de Deus, a Igreja quer unir forças com os cristãos buscando meios de libertar-se da violência. A própria Sagrada Escritura está repleta de episódios de violência, sobretudo no Antigo Testamento desde o livro do Gênesis, quando “o pecado passa a fazer parte da história humana sussurrando o mal em seu ouvido” (CF 2018 Texto-Base n. 153), passando pelos Salmos e pelo livro das Lamentações. Contudo, em todos esses episódios, aponta o documento da CNBB, “a oração e a confiança em Deus são as únicas armas utilizadas pelos não violentos” (CF 2018 Texto-Base n. 163) para combater o mal.

Já no Novo Testamento, Cristo emerge do caos oferecendo e pregando o amor. Para combater a violência Ele pediu: “Convertei-vos e crede no Evangelho”! (MC 1,12-15). Jesus chama a atenção dos seus discípulos alertando-os que a violência brota do interior da pessoa: “é de dentro, do coração humano, que saem as más intenções: imoralidade sexual, roubos, homicídios, adultérios, ambições desmedidas, perversidades; fraude, devassidão, inveja, calúnia, orgulho e insensatez. Todas essas coisas saem de dentro, e são elas que tornam alguém impuro” (Mc 7, 21-23).

É, portanto, o coração humano que precisa ser pacificado. “A superação da violência passa necessariamente pela conversão dos atos do homem que pressupõe uma conversão de seu coração” (CF 2018 Texto-Base n. 172). A Igreja aponta a espiritualidade como o “instrumento necessário” para extirpar o mal: “brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16).

Ao longo desse ano litúrgico CF 2018 quer recordar que “a promoção da paz se torna um ministério de todo cristão” (CF 2018 Texto-Base n. 169). Por isso nos convida a promover a paz por meio da reconciliação e da misericórdia. Se a violência se caracteriza pela ausência do amor e da fraternidade, cabe a cada cristão amar e semear o amor, pois somos filhos amados de Deus.

 

CNBB