Cardeal Turkson: acordo urgente sobre proteção dos oceanos

“Durante anos, a saúde dos oceanos e dos mares não foi considerada adequadamente. Privilegiamos o nosso direito e a liberdade de desfrutar sem considerar as responsabilidades pessoais e nacionais em relação a esses bens tão preciosos.”

Estas foram as palavras proferidas pelo prefeito do dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Cardeal Peter Turkson, na Conferência da ONU, em Nova Iorque, sobre a tutela e o uso dos oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. A conferência prossegue até a próxima sexta-feira, dia 9.

Valor dos oceanos

O chefe da delegação da Santa Sé recordou que hoje “não existe nenhum acordo global ou uma entidade institucional que enfrente especificamente a questão do cuidado e da proteção dos recursos dos oceanos. Faltam quadros jurídicos adequados e muitas vezes as leis existentes não são implementadas. Um acordo desse tipo se torna cada vez mais urgente, olhando ao uso maciço desses recursos”.

O valor dos oceanos vai além da pesca e da navegação. “Os oceanos são uma grande fonte de energia renovável e uma riqueza biológica e mineral. Fornecem alimento e matérias-primas, oferecem benefícios insubstituíveis ao ambiente como a purificação do ar e têm um papel significativo na estabilidade climática, no ciclo dos resíduos e na manutenção de habitats importantes para a vida sobre a terra”.

Conversão ecológica

“A abordagem não pode ser egoísta”, frisou o purpurado, que exortou a pensar nas futuras gerações que receberão como herança os frutos do nosso comportamento. “Em muitas tradições religiosas a água é símbolo de limpeza, renascimento e renovação”, sublinhou.

O convite é de uma conversão ecológica conforme feito pelo Papa Francisco: “O cuidado da nossa Casa comum é e será sempre um imperativo moral.”
O Cardeal Turkson reiterou o compromisso da Santa Sé em favor do desenvolvimento sustentável no interesse de todos, “pois a gravidade das questões relativas aos nossos oceanos envolve a própria existência da humanidade”.

Abordagem ética

O prefeito do dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral renovou o convite do Papa Francisco na Encíclica ‘Laudato si’ de modificar estilos de vida prejudiciais para a tutela da Criação. O uso desconsiderado dos recursos do Planeta deve ser enfrentado em todos os níveis, desde o comportamento individual às políticas de cada país, e os acordos internacionais multilaterais.

“A deterioração ambiental e a degradação ética e humana estão estritamente ligadas. O meio ambiente não pode ser considerado algo separado de nós ou simplesmente um espaço em que vivemos. A abordagem deve ser ética e não exclusivamente fundada na lógica do lucro, mas é preciso integrar tutela da Criação, combate à pobreza e exclusão social. Somente assim, será possível usufruir coletivamente do bem comum e haver solidariedade entre as gerações. Preocupar-se com o meio ambiente significa proteger os mais vulneráveis”, concluiu o Cardeal Turkson.

 

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