Liturgia

No dia 3 de dezembro de 2023, começa o Advento, tempo litúrgico em que a Igreja nos convida a preparar o coração para celebrar o Nascimento de Jesus!

26 de fevereiro de 2020: Quarta-feira de Cinzas

26 de fevereiro de 2020: Quarta-feira de Cinzas

AS BOAS AÇÕES AGRADÁVEIS A DEUS

O evangelho do início da Quaresma apresenta a proposta de Jesus a respeito das “boas obras” ou “obras de piedade”: esmola, oração e jejum. Três práticas muito importantes para os judeus e os cristãos. Essas ações ganharam especial impulso durante o exílio na Babilônia, quando os judeus não tinham o templo para suas práticas religiosas e sacrifícios.

Jesus não pretende desprezá-las nem aboli-las. O que está em jogo não são as obras em si, mas o uso que faz delas o “hipócrita” – que pode ser qualquer um, já que nenhum ser humano é “anjo em estado puro”. O Mestre propõe apenas que sejam autênticas e não simples exibicionismo, situação em que se tornariam sem nenhum valor diante de Deus.

São três ações recomendáveis principalmente no tempo da Quaresma, quando somos convidados a intensificar nossa conversão. Elas nos põem em relação com os outros (esmola), com Deus (oração) e com nós mesmos (jejum).

A esmola vem em primeiro lugar e expressa o nosso compromisso e solidariedade com a vida dos outros, principalmente com os mais necessitados e empobrecidos. Deus age por intermédio de pessoas dispostas a “colocar a mão no bolso” para ajudar, como diz o papa Francisco – isto é, comprometidas com o bem da humanidade sofredora. Quem busca admiração e aplauso humanos dispensa a recompensa divina.

A oração estabelece nosso relacionamento com Deus. Jesus nos pede uma oração despojada de pretensões e de muito palavrório, sem alarde e sem hipocrisia, ou seja, uma oração que corresponda à nossa vivência cotidiana e seja do agrado do Pai.

O jejum nos confronta diretamente, convidando-nos a renunciar a algo que consideramos importante e abrindo-nos a mente para novos horizontes, nos quais descobrimos pessoas despojadas de tudo, jejuando diariamente. O jejum é um exercício de educação dos próprios instintos e paixões.

Reflexão e sugestão para a Quarta-feira de Cinzas 2020

Pe. Nilo Luza, ssp / Portal Kairós

Reflexão e sugestão para a Quarta-feira de Cinzas 2020

Quarta-feira de Cinzas 2020

Jl 2,12-18; Sl 50; 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18

Das atitudes aos gestos

A liturgia de hoje nos introduz no tempo da quaresma, convidando-nos à conversão profunda de vida. O profeta Joel ajuda-nos a compreender que esse tempo não pode ser vivido apenas ritualmente, com práticas exteriores. Ao costume da época de rasgar as vestes em sinal de penitência, o profeta conclama todos a “rasgarem o coração”. Com isso, a profecia não despreza as  práticas penitenciais, mas alerta que a sincera conversão começa no mais profundo de nosso ser.

Ao dar plenitude à Lei e aos Profetas, Jesus aponta a centralidade do amor de Deus em nosso projeto pessoal e comunitário de vida. Não é de exibicionismos que se vive a verdadeira fé, mas da comunhão profunda com Deus e com os irmãos. O encontro com o Pai misericordioso nos ensina que as obras de misericórdia não, são para nosso próprio engrandecimento, mas para crescermos no amor fraterno, que nos leva à reconciliação.

Atentos à Palavra de Jesus, façamos uma revisão de vida que nos permita rever nossas atitudes, pois são delas que brotam os gestos que concretizam a fé na vida cotidiana.

Eis o tempo favorável

As cinzas que hoje recebemos, recordam-nos a fragilidade de nossa natureza humana: “Tu és pó e ao pó retornarás”. O sentido profundo dessa frase é deixar claro que somos criaturas de Deus e alvos de sua misericórdia. Daí a frase “Convertei-vos e crede no evangelho”. Nossa fragilidade encontra a plenitude somente no amor redentor de Cristo, que nos faz criaturas novas.

Por isso São Paulo lança o apelo para que nos reconciliemos com Deus em Cristo, a fim de sermos sinais vivos da justiça misericordiosa de Deus. Se somos novas criaturas, é nele que somos renovados. Entendemos, então, que a quaresma não é um tempo de tristeza, mas de profunda interiorização para reencontrarmos a verdadeira felicidade de já termos sido todos salvos em Cristo.

O caminho quaresmal será norteado por três ações. A primeira é a oração, sem a qual não seremos capazes de reconhecera presença de Deus em nosso coração e na vida da comunidade. A segunda ação se refere ao jejum sincero de tudo que impede a vivência profunda do evangelho. Por fim, a caridade (esmola), prática que me leva a abrir o coração e as mãos diante da necessidade do outro para ajudá-lo a ter mais vida e dignidade.

Façamos desse tempo quaresmal um momento fecundo em nossa história pessoal e comunitária. Purifiquemos nosso coração por meio da escuta de Jesus, o Filho amado do Pai. Ele é a Palavra viva que transforma e faz novas todas as coisas.

Sugestões Litúrgicas

– Fazer uma pequena reflexão sobre o sentido das Cinzas, sem se preocupar com a Campanha da Fraternidade.
Ornamentação: o altar pode estar desnudo, sendo preparado imediatamente antes da procissão de entrada.
– Com as toalhas roxas do altar, ambão e credencia, uma faixa, com a palavra ORAÇÃO.
– Com as velas, o missal e o lecionário, também uma faixa com a palavra JEJUM.
– À frente da procissão de entrada, do lado da Cruz Processional, uma faixa com a palavra CARIDADE.
Liturgia da Palavra: após o evangelho e a homilia, pode-se fazer a entrada das cinzas, precedidas de uma pira de incenso e duas velas, dando o sentido místico e penitenciai do momento.
Oferendas: juntamente com o pão e o vinho, entrar a Palavra de Deus, verdadeiro alimento que sustenta a comunidade em seu caminho penitencial.
– Antes da oração pós-comunhão: pode-se rezar uma oração de adoração a Jesus Sacramentado, que ajude os fiéis a reconhecerem a misericórdia divina presente na comunidade. Essa oração pode ser entregue a cada um dos fiéis na saída da celebração.

Sugestões de repertório

Abertura: Senhor, eis aqui
Aclamação: Louvor e glória
Procissão de cinzas: Pecador, agora é tempo
Oferendas: O vosso coração
Comunhão: Reconciliai-vos

Cifras e partituras das sugestões CNBB

Semanário litúrgico – catequético – Cantos para a Celebração  – Quarta-feira de Cinzas – Ano A

Celebração Dominical da Palavra – Cantos para a Celebração Dominical da Palavra – Quarta-feira de Cinzas – Ano A

Áudios para a Quarta-feira de Cinzas (Salmo e refrão orante):

Refrão meditativo da CF 2020:

Padre Anísio Tavares, C.Ss.R. / Portal Kairós

Quarta-feira de Cinzas: o início da Quaresma 2020

A Quarta-feira de Cinzas marca em toda a Santa Igreja o início do tempo da Quaresma, um tempo em que somos convidados a praticar o jejum, a penitência e a caridade. Não devemos confundir o período quaresmal com tristeza, com um ar de velório, mas muito pelo contrário, é um tempo no qual somos chamados por Deus a mudar algumas atitudes e chegarmos renovados na celebração da Páscoa. É o tempo do deserto, do encontro com o Senhor. Ela nos encaminha para a Páscoa!

Na Quarta-feira de Cinzas, todo católico deve participar da Santa Missa e receber em sua cabeça a imposição das cinzas. O significado não é simplesmente de receber as cinzas na cabeça, mas quer nos chamar à conversão: Convertei-vos e crede no Evangelho, e também dizer que do pó viemos e ao pó voltaremos. O povo do Antigo Israel para reparação de seus pecados punha cinzas na cabeça e se vestia de saco em sinal de penitência: “No dia vinte e quatro desse sétimo mês, o povo de Israel se reuniu para jejuar a fim de mostrar a sua tristeza pelos seus pecados. Eles já haviam se separado de todos os estrangeiros. Em sinal de tristeza, vestiram roupas feitas de pano grosseiro e puseram terra na cabeça. Então, se levantaram e começaram a confessar os pecados que eles e os seus antepassados haviam cometido. Durante mais ou menos três horas, a Lei do Senhor, seu Deus, foi lida para eles. E nas três horas seguintes, eles confessaram os seus pecados e adoraram o Senhor” (cf. Ne 9, 1-2).

A cinza feita com a queima dos ramos secos que foram abençoados no Domingo de Ramos do ano passado quer recordar que o sinal de nossa vida cristã e de nossa profissão de fé precisa ser renovado. Aliás, serão muitos os sinais que nos serão tirados durante a Quaresma e que só retornarão a partir da Semana Santa, culminando com a renovação das promessas batismais na noite da Vigília Pascal.

A Igreja no Brasil com a Quarta-feira de Cinzas também inicia a Campanha da Fraternidade, que é uma forma de tomarmos consciência de situações de pecados que têm repercussão no social e nos chama à conversão, além de toda a mudança de vida que nós somos chamados a vivenciar neste tempo favorável de jejum e penitência. Na Campanha da Fraternidade todo ano é escolhido um tema social, no qual somos chamados a viver e pô-lo em prática como um gesto concreto durante o período quaresmal. Um tema que alerta a todos nós católicos, mas também a nossa sociedade e os nossos governantes para olharem por aqueles que mais sofrem e que estão feridos em sua dignidade. Neste ano de 2020, o tema da Campanha da Fraternidade é: Fraternidade e Vida – Dom e compromisso, e o lema, “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (cf. Lc 10,33-34). Somos convidados a partir deste tema e deste lema a cuidar daqueles que estão feridos, esquecidos pela sociedade, que ninguém cuida, que as pessoas fingem que veem e não veem, passam adiante. Somos convidados a sermos bons samaritanos para essas pessoas e cuidar daqueles que se encontram feridos.

A intenção ao iniciar a Quaresma impondo cinzas em nossas cabeças é levar-nos ao arrependimento dos pecados, marcando o início da Quaresma, é fazer-nos lembrar de que não podemos nos apegar a esta vida, achando que a felicidade plena possa ser construída aqui. É uma ilusão perigosa. A morada definitiva é o céu.

Ao celebrarmos a Quarta-feira de Cinzas iniciamos o tempo que tem como símbolo o número 40, como encontramos em tantas outras situações do povo de Deus. Mas, de modo especial, recordamos os 40 dias que Jesus passou no deserto, sendo tentado por Satanás (iremos ouvir esse texto no primeiro domingo da Quaresma). Somos convidados a vencermos as tentações do mal no dia a dia, assim como Jesus conseguiu vencer. É o que o período quaresmal nos convida a vencer as tentações e procurar mudar de vida.

Recordamos, também, os 40 anos de peregrinação do Povo de Israel no deserto, até chegar na Terra Prometida, recordando-nos, assim, que a nossa vida é um caminhar (sair das escravidões de nossas vidas e caminhar para a vida da graça). Em cada ano renovamos essa passagem pelo deserto até chegar na Terra em que corre leite e mel. E para nós cristãos, peregrinamos aqui na Terra rumo ao Céu, onde nos encontraremos definitivamente com Deus e aguardaremos a ressurreição, assim como Jesus.

Isso nos mostra que a vida está em nós, mas não é nossa. Quando vemos uma bela rosa murchar, é como se ela estivesse nos dizendo que a beleza está nela, mas não lhe pertence.

Com a celebração da Quarta-feira de Cinzas, somos convidados a refletir que desta vida não levaremos nada, não adianta acumularmos riquezas, rancor ou ódio, ou mesmo revanchismos. Não levaremos nada daqui, mas somente o amor, a misericórdia e a compaixão, que demonstraremos aos nossos irmãos. Somente o bem que aqui plantamos e vamos colher no céu. Definitivamente, nos recorda que do pó viemos e ao pó voltaremos, por isso: convertei-vos e crede no Evangelho. Que a nossa vida não nos pertence, mas pertence a Deus.

Na Quarta-feira de Cinzas e durante o tempo quaresmal, na liturgia não se canta e nem se recita o Hino do Glória e nem o Aleluia, que só retomaremos (salvo exceções), com alegria e entusiasmo, na Vigília Pascal, na Noite Santa da Ressurreição do Senhor, porque assim entramos no sentido espiritual que esse tempo nos convida. Portanto, vivenciamos a Quaresma como um tempo voltado para a oração, a penitência e o jejum. O sacerdote durante esse tempo usa o paramento na cor roxa, chamando-nos a atenção para fazermos penitência. Há dois momentos durante o ano em que a Igreja nos exorta a fazer uma boa confissão, que é na Quaresma e no Advento. Para nos preparar para duas grandes celebrações da nossa fé – Páscoa e Natal. É claro que isso é mínimo, pois somos convidados a, em outros momentos do ano, nos confessarmos, mas esses são dois momentos fortes e propícios para isso.

Esmola, jejum e oração: tripé da espiritualidade quaresmal. Estas três palavras são propostas como características da espiritualidade da Quaresma: esmola, jejum e oração. A oração, sobretudo, deve animar a espiritualidade da Quaresma. Uma oração feita no silêncio do próprio quarto, da interioridade para meditar a Palavra, para deixar que a Palavra compenetre e transforme a nossa vida. E então, seremos capazes de jejum. Que a oração em que pedimos que o Senhor venha ao nosso encontro ilumine nosso itinerário quaresmal, para uma profunda conversão. Lembrando que não é só jejum da carne, dos alimentos, mas de palavras inúteis, do uso do celular em excesso, do uso das redes sociais em excesso, um jejum de multiplicar as fake news. A dimensão da esmola que se torna sensibilidade social, atenção aos mais pobres e solidariedade.

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Reflexão e sugestão para a missa do 7° Domingo do Tempo Comum 2020

7° Domingo do Tempo Comum 2020 – Ano A

Lv 19 ,1-2.17-18; SI 102;ICor 3,16-23;Mt 5,38-48

O convite universal à santidade!

A santidade não é privilégio de poucos. Todos estamos imersos na santidade de Deus,ao ponto de podermos dizer que difícil é não ser santo! A santidade em Deus é perfeição. Para nós, pecadores, ela se constitui como um caminho a ser trilhado sem se desviar nem para a direita nem para a esquerda, ou seja, com convicção e perseverança.

O livro do Levítico apresenta a santidade do povo ligada à santidade de Deus. Se somos filhos de Deus, envoltos em seu amor, seguindo seus mandamentos, logo estamos envolvidos na maneira santa de Deus ser e agir. Negar a santidade ou achar-se indigno dela significa rejeitar a própria presença de Deus no mais íntimo de nós mesmos e de nossas comunidades. Por isso que a santidade é proposta de modo claro, direto e prático. Deixar de lado o ódio, a vingança e o rancor é comprometer-se com o modo de ser misericordioso próprio de Deus, conforme canta o salmo 102.

Jesus mostra que a perfeição de Deus passa pela lógica do amor. Ao analisar a lei dos antigos, constata que a obediência, sem o elemento do amor misericordioso, não leva o ser humano à perfeição. Enquanto o mal for respondido com o mal, ele reinará. O que é racionalmente óbvio nem sempre se traduz na prática do coração humano endurecido. Ainda hoje muitos acreditam que se possa praticar o mal para conter o mal, tudo em nome da justiça. Para Jesus, a justiça se cumpre no momento em que se coloca um ponto final na maldade que fere a vida fraterna em todos os seus âmbitos. Assim a santidade floresce, no meio da comunidade, e a vida se transforma.

A santidade vem de dentro, não de fora!

Paulo entende a proposta do Nazareno. Para anunciá-la aos Coríntios, ele procura não dar novos preceitos, mas mostrar que a raiz do agir justo está em reconhecer que o Justo mora no mais íntimo de nós. Ser templo de Deus, habitação de seu Espírito, significa afirmar que a Lei da justiça está em nossa essência, e não em mandamentos externos. A sabedoria verdadeira, em última instância, é sabermos que somos de Cristo. Essa consciência da presença da Trindade em nós vai nos deixando cada vez mais evidente que nosso agir tem de ser continuação do agir de Deus, ainda que nas limitações próprias de nossa existência. A santidade vai tomando conta de nosso ser à medida que deixamos Deus agir em nós de modo efetivo.

A liturgia de hoje nos leva a compreender como estamos longe da compreensão do que seja a verdadeira santidade. Admiramos os testemunhos heroicos daqueles que foram elevados à gloria dos altares, mas ainda não conseguimos chegar a compreender que a santidade é também uma realidade comunitária, na qual a ajuda mútua nos leva todos a sermos mais humanos e fraternos, mais justos e pacíficos, ou seja, mais santos. Vivamos, cada vez mais, a santidade nossas comunidades!

SUGESTÕES LITÚRGICAS

– Liturgia propícia para mostrar a força santificadora da comunidade.
– Na intenção da missa, pode-se colocar uma intenção especial pelas pessoas falecidas que se doaram pela vida da comunidade em modo santo e profético.
– Ato penitenciai: recordar que a santidade é fruto da misericórdia vivida em comum, na compreensão e na ajuda mútua. Por isso, motiva-se o pedido de perdão.
– Oferendas: durante as oferendas, destacar os agentes de diversas pastorais, juntamente com seus participantes, que constroem juntos a vida de santidade na comunidade.
– Integrar as pastorais voltadas à vida sacramental e social, mostrando que fé e caridade cristãs caminham juntas.
– Envio da comunidade: ao final, representantes da pastoral familiar poderiam ler uma mensagem sobre a santidade na família, inspirando-se na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (baixe), de Papa Francisco.

SUGESTÕES DE REPERTÓRIO

Abertura: Sê a rocha
Aclamação: Aleluia! Pois o verbo
Oferendas: A vós, Senhor
Comunhão: Felizes os pobres

Padre Anísio Tavares, C.Ss.R. / Portal Kairós

23 de fevereiro: Missa do 7° Domingo do Tempo Comum 2020

Missa do 7° Domingo do Tempo Comum

Jesus nos convida à santidade, que se revela na vivência do amor a Deus e ao próximo. Esse amor é sinal da nossa pertença a Cristo e do nosso compromisso em viver como irmãos e irmãs. A liturgia de hoje nos ajude em nosso esforço de sermos construtores da paz e da concórdia e de fazermos o bem a todas as pessoas, sem distinção.

Viver a santidade requer a firme decisão de seguir Jesus, amando nosso próximo do jeito que o Senhor nos pede.

ALGO A MAIS PELA PAZ

A lei do talião, “olho por olho, dente por dente”, ainda impera impiedosa acima das leis da compaixão e do amor. O que, porém, nos diferencia na sociedade, se simplesmente devolvemos agressividade a quem nos agride? Ou se simplesmente revidamos a ofensa? Ou se nos aprisionamos na mentalidade segundo a qual é preciso receber antes para dar depois? O que fazemos de mais?

O Mestre, que amou sem impor condições, ensinou que acolher o pecador não significa aceitar o pecado dele. Daí o desafio de estar abertos à justiça do Reino com um modo diferente de ser e agir, desarmando o agressor com uma atitude de resistência pacífica, que quebre o círculo vicioso da agressão, da violência e do mal.

Todos somos, de algum modo, vítimas da maldade humana. E, mesmo sem querer ou perceber, podemos também agir mal. Não é fácil desejar o bem a quem não nos ama ou nos maltrata, amar os inimigos e rezar por eles, deixar de ter pessoas em quem despejar nossos ódios, dissabores e frustrações.

Somos, porém, filhos de um mesmo Pai, o Deus que é bondoso para com todos. Deus é íntegro, completo, e por isso não faz injustiça. Sua perfeição é sua integridade. Sua justiça é seu amor, que não exclui os que erram. Daí a integridade a que Deus nos chama: ter um coração completo para amar a todos, não um coração que ama pela metade, dividindo as pessoas em boas e más.

É fundamental, então, nos perguntarmos: o que estamos fazendo de mais, sobretudo nestes tempos em que ondas de intolerância, ódio e violência invadem até os ambientes religiosos?

Deus não nos trata segundo nossas falhas, mas segundo sua própria bondade. Por isso mesmo, enquanto rezamos por nossos inimigos e não cedemos à lógica de retribuir o mal com o mal, continuamos a descobrir a bondade que se encontra dentro de nós mesmos e nos outros. E então, com atitudes concretas, podemos dar ao mundo o testemunho de que a justiça do Reino é a resposta transformadora, criativa e pacífica contra toda maldade e violência.

Pe. Paulo Bazaglia, ssp / Portal Kairós

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