Santuário do Despojamento inaugurado em Assis

Assis (RV) – A Igreja de Santa Maria Maior, em Assis, foi proclamada na tarde de 20 de maio, como Santuário do Despojamento, em missa presidida pelo Arcebispo Dom Domenico Sorrentino.

Para a ocasião, em 16 de abril passado, o Papa Francisco havia enviado ao prelado uma carta, em que considerava o novo santuário como uma “pérola no panorama espiritual de Assis”. A Rádio Vaticano conversou com Dom Sorrentino a respeito:

“É um evento que o próprio Papa quis sublinhar com uma mensagem estupenda que me enviou e que remete à visita que fez aqui em Assis em 4 de outubro de 2013. O despojamento evoca o gesto que Francisco fez quando, aqui no episcopado, despojou-se até a nudez total diante de seu pai, Pietro Bernardone, e diante do Bispo Guido, para manifestar que era um homem de Cristo, todo de Deus e todo dos irmãos. E nós quisemos solenizar de alguma forma, dar visibilidade a este ícone bem conhecido, mas que nunca havia sido bastante valorizado no panorama religioso e franciscano de Assis. Assim, quis instituir um novo Santuário na antiga Catedral anexa ao episcopado – a Igreja de Santa Maria Maior – para sugerir aos peregrinos esta ulterior etapa tão importante, porque o despojamento é algo que toca de perto o sentido de nossa vida. No entanto o despojamento é o mistério próprio de Jesus porque Ele, como Filho de Deus, despojou-se da sua glória para se fazer um de nós até morrer por nós. Depois, o despojamento é aquilo que nos é pedido no Batismo, quando mergulhamos n’Ele, entregando a Ele a nossa vida com todas as nossas misérias, a fragilidade, “o homem velho” – como diz a Escritura – para ressurgir com Ele, como homens novos. Aqui Francisco reviveu, de alguma forma, o seu Batismo: despojou-se de si mesmo e se revestiu de Cristo. Portanto existe um projeto de vida, um projeto batismal a ser vivido em maneira plena e que tem tantas consequências de origem pessoal, comunitária e social. Para nós, portanto, o Santuário do Despojamento é algo de muito provocatório: nos compromete, nos envolve e nos sugere uma vida nova”.

RV: Como se apresenta este Santuário?

“É um Santuário articulado, porque existe a antiga Igreja de Santa Maria Maior, realmente muito bonita, uma preciosidade, muito sóbria nas suas linhas e precisamente com esta sobriedade se presta para ser o Santuário do Despojamento. Existe a sala do bispado onde nós seguidamente fazemos reviver este evento de Francisco; depois existe o lugar onde, com toda probabilidade, o próprio fato ocorreu: o pequeno claustro que está entre o bispado e a antiga Catedral de Santa Maria Maior. Normalmente, quando se pensa neste episódio, se considera que tenha ocorrido na praça; mas não me parece que tenha sido assim: aconteceu dentro do bispado, onde o bispo costumava receber as pessoas também para estes momentos de caráter público, judiciário. Portanto, é justamente dentro do bispado que o fato ocorre e é aqui, portanto, que nós buscaremos revivê-lo. Devo dizer que há meses existe um fluxo de peregrinos realmente muito edificante. Tivemos uma semana de encontros, momentos de oração e momentos de aprofundamento muito, muito participativos. Existe realmente a bênção de Deus para este evento e também para esta iniciativa”.

RV: O Papa na carta endereçada ao senhor, disse que este novo Santuário nasce como profecia de uma sociedade mais justa e solidária…

“O Santuário se apresenta realmente como uma profecia. Pede a todos nós alguma coisa e reflete uma situação no mundo que realmente não é segundo o coração de Deus e deve absolutamente ser mudada. Nós cristãos devemos nos sentir em primeira linha nesta mudança. Temos o Evangelho que nos acompanha; é realmente a hora de um comprometimento novo, sério, profundo, que nos coloque como crentes também na condição de estimular uma mudança geral dos costumes da sociedade, para que não domine mais tanta pobreza e tanta miséria, para que aqueles que têm tanto – são poucos em relação à multidão de indigentes – aprendam como Francisco a doar-se e a doar para que exista mais justiça e solidariedade”. (SC/JE)

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